O blogue http://industrias-culturais.blogspot.com/ (agora http://industrias-culturais.blogspot.pt/) começou em 17 de março de 2003, faz hoje nove anos, numa aplicação disponibilizada pela Pyra, de Evan Williams e Meg Hourihan. Em 1999, ainda na fase beta, a aplicação tomara o nome de Blogger e foi remodelada em 2002. No final deste último ano, eu e vários colegas iniciámos um blogue ligado a um centro de investigação na área dos media. Verifiquei a facilidade de escrita e interatividade dos blogues.
Então, eu começara a lecionar um seminário de mestrado sobre indústrias culturais na Universidade Católica, numa altura em que saira um magnífico livro de David Hesmondhalgh com o título de Cultural Industries. Descobrira algum tempo antes o texto fundador do conceito em Portugal, de Maria de Lourdes Lima dos Santos, e que me foi sempre inspirador. As minhas aulas do seminário assentaram muito nesses dois textos. Ao mesmo tempo, senti necessidade de pensar e escrever sobre o assunto e, como a página da intranet da universidade ainda não estava muito desenvolvida, decidi aproveitar a facilidade da ferramenta da Blogger para o efeito. O layout inicial era simples, como se vê a seguir. Depois, fui evoluindo, não sei se bem ou não, às vezes com ajuda de quem sabe liguagem html, outras vezes com a minha imaginação.
Do texto, passei lentamente para a imagem fixa e vídeo. Coloquei poucos podcasts, mas a empresa onde alojava os sons desapareceu e perdi esses sons, nomeadamente uma conferência. Muito mais recentemente, ao longo deste mês de março de 2012, uma empresa de slides encerrou a sua atividade e eu perdi (estou a perder) mais de uma trintena de ficheiros em forma de slide, o que significa alguns "buracos" na informação disponibilizada no blogue.
Neste momento, já escrevi 7266 mensagens. Reconheço que algumas são mais interessantes do que outras, umas mais profundas do que outras, diversas sobre eventos do momento e sem qualquer esforço analítico. Do grupo muito restrito de leitores, o blogue foi crescendo em termos de audiência. Há três anos, o número de visitantes únicos por dia atingiu mil, número hoje mais limitado mas ainda na casa das centenas de visitantes.
Como escrevo na coluna fixa ao lado, a escrita do blogue serviu para o núcleo de um livro, publicado em 2007 pela editora Edições 70. Serviu ainda para que me convidassem a falar sobre blogues e cultura no período áureo dos blogues, sensivelmente entre 2003 e 2006. Com o advento do Facebook, leitores e produtores de conteúdos fizeram uma espécie de migração, no que considero ser uma transformação de moda.
Escrever no blogue implica regularidade nas mensagens (postais) que aqui se coloca e procura de isenção em termos de pontos de vista, embora se reconheça que é um espaço individual, uma montra pessoal. A regularidade e a busca de isenção pode produzir credibilidade, embora o próprio tenha dificuldade de falar disso em causa própria. A regularidade significa rotina, quer dizer: procurar matéria diferente, fazer um esforço pedagógico, arranjar um pouco de tempo por dia. É como escrever uma carta a alguém, com notícias sempre novas sobre comunicação e cultura da nossa cidade ou país. A rotina diária torna-se uma quase obrigação para leitores que não sabemos quem são, mas que se vão revelando nos emails que se recebe, nas conversas que se têm em encontros ou congressos.
Algum tempo atrás, estive para parar. A rotina cansa. Acabei por continuar. No ano passado, criei uma espécie de extensão noutra plataforma que não a Blogger e comecei a desenhar uma espécie de divisão de tarefas: os textos maiores na extensão, os textos sobre eventos aqui. Até há algumas semanas, segui esse sentido, mas estou a reconsiderar. Esta é a casa inicial, pelo que devo continuar a colocar os textos mais interessantes aqui. E espero fazer dez anos de escrita de blogue em 2013. Depois, ver-se-á. Talvez então me reforme do blogue.
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