
Maria (interpretada por Francisca Maria, já falecida) acabaria por conhecer um jovem de boas famílias a acabar medicina, Alberto (João Lourenço, actual responsável pelo Teatro Aberto), de quem engravidou e teve um filho, Tony (interpretado por Carlos Queiroz, a trabalhar actualmente no Reino Unido) [Francisca Maria, na imagem]. A família de Alberto, que condenou o romance entre ele e Maria, mandou-o para África. Outras personagens principais seriam a patroa de Maria (Adelaide João no papel), Teresa, a criada da casa ao lado (com Mimi Gaspar no papel), Carlos, o amigo de Alberto (desempenhado por Rui Mendes), que namorava Teresa. Se Teresa critica a jovem criada de trabalhar muito e lhe dava dicas para se relacionar com a patroa, Carlos gracejava sobre os avanços da conquista de Alberto.
A radionovela traçava uma realidade social das décadas de 1950 e 1960, quando jovens mulheres arribavam à grande cidade para trabalhar em casas abastadas. Na história, Maria, por exemplo, trazia uma autorização do pai para trabalhar, marca significativa da época e da condição da mulher. Original da Argentina, com Tomé de Barros Queiroz como produtor e Paulo Renato como director, a radionovela teve um enorme impacto na sociedade portuguesa em grande transformação. Na altura, as alterações tecnológicas favoreciam a escuta, sendo habitual as pessoas levarem os seus pequenos rádios transistorizados ao ouvido, como hoje se vêem as pessoas a telefonar.
Não se conhecia a identidade das personagens. Esse segredo aumentava o mistério e a curiosidade em volta de Simplesmente Maria. Só agora é que se terá revelado publicamente o nome de Francisca Maria, então com 29 anos, no papel de Maria Ramos. Mas, na época, o nome do actor que desempenhava o papel de Tony, o filho de Maria, foi revelado acidentalmente. Carlos Queiroz casou-se (na vida real) com Rossalyn Edwards e a revista Plateia conseguiu revelar que ele era a personagem Tony, o que o obrigou a pedir desculpas a toda a equipa de produção da radionovela, por ter quebrado a obrigação de não mostrar a sua identidade.

A radionovela passou a telenovela no Brasil, através da TV Tupi, ao cinema em Espanha e a história de Maria também chegou à Rússia. Em Portugal, a presença de uma criança na história levou a que a produtora (e a Renascença) recebessem presentes, como brinquedos, cartas e dinheiro. A Maria, por seu lado, eram enviadas máquinas de costura, para ajudar na sua nova carreira.
Em 1973, a radionovela foi acompanhada pela produção de uma revista semanal, ao passo que a cantora Tonicha fazia sucesso com a cantiga Simplesmente Maria, uma adaptação do original.
A peça transmitida na SIC tem a duração de 17:03 e é de autoria da jornalista Isabel Osório.