
Da sua juventude, recorda o Liceu Alexandre Herculano, as leituras que fez (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, a casa de quem foi e de quem tem um livro autografado), as tertúlias no café Majestic, mesmo em frente à loja do seu pai, onde privavam vultos da cultura e das artes portuenses, e as férias de verão nos Estados Unidos, onde um tio seu era engenheiro na General Motors. No regresso às aulas, ele contava o que tinha visto naquele país e que ainda não havia em Portugal: autoestradas, supermercados, televisão a cores.
Entrou em engenharia mas não concluiu pois sucedeu ao pai no negócio dos eletrodomésticos e dos discos. Dos discos, ele passou às gravações. Lançou a Orfeu em 1956, inicialmente com discos de poesia. Demorou mas conseguiu convencer Miguel Torga a ler os seus poemas; depois, vieram José Régio e Alberto Serpa. As capas dos discos eram criadas por artistas como Moreira Azevedo e Isolino Vaz ou fotógrafos como Fernando Aroso. A seguir, vieram os discos de jazz, tendo gravado jovens talentos.

Arnaldo Trindade tornara-se representante em Portugal de etiquetas como Tamla Motown, Island, Durim e Pye Records. Organiza convenções do disco, onde músicos internacionais e seus representantes aparecem. Concertos com Marino Marini, Sylvie Vartan, Sandie Shaw, Diana Ross e Jackson Five foram organizados. Investe no Festival da Canção, onde ganham artistas representados na sua etiqueta: Carlos Mendes, José Cid, Armando Gama. Arnaldo Trindade compraria a Rádio Triunfo, outra marca do Porto, mas algumas das etiquetas representantes desta, como a CBS e a Warner Brothers, estavam de saída, pelo que a Triunfo perdeu muito do seu valor, acabando por desaparecer.