quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tim Suter sobre o serviço público de media

Ontem, integrado na conferência organizada pela RTP, Tim Suter, consultor da BBC para o projecto Vision 2020 da European Broadcasting Union (EBU), falou do que se espera do serviço público de media nos próximos anos (ouvir o início da sua comunicação no podcast abaixo). Por serviço público de media pode definir-se a conjugação e articulação, nos media (rádio, televisão e internet), de serviços de interesse prestados aos cidadãos e às comunidades por parte do Estado na promoção da democracia e no fortalecimento do bem comum.

tim sluter

Tirei algumas notas do que ele disse, nomeadamente as principais características dos media actuais. Estes precisam de estar atentos às múltiplas escolhas, pois diferentes aparelhos e ecrãs chamam a atenção do cidadão e consumidor. De outras características dos media, detive-me em: 1) entrada de novos parceiros e actores de media, 2) concretização do cidadão como criador, 3) o que os indivíduos fazem com os aparelhos de comunicação (blogues, YouTube, jornalista-cidadão), e 4) interatividade dos media.

Tudo isto representa uma grande expectativa em termos de responsabilidade e abertura (incentivar e aceitar contributos). Suter demonstrou as diferenças com um passado recente e identificou a necessidade de redefinir o âmbito do serviço público de media, de encontrar respostas para novas parcerias, atrair as populações mais jovens, adequação às novas tendências de consumo. E centrou a discussão na obtenção de novas formas de financiamento, dado os modelos presentes estarem a esgotar-se, caso do financiamento do Estado. Ao mesmo tempo em que se propõe um retorno à sociedade, a alternativa económica, que julgo inegavelmente neoliberal, é buscar modelos de financiamento orientados para o mercado. Mas não é isto o que as empresas comerciais fazem? Por isso, o equilíbrio - disse ele ou concluí eu do que ouvi dele - entre qualidade e audiência parece resultar numa aposta muito difícil.

Pode acontecer mesmo estarem a fazer-se experiências, desprezando a experiência e o orgulho e a crença individual e de grupo dos profissionais do serviço público e a marca que está representada na empresa de serviço público, que mais tarde vão custar caro. Claro que acredito em outras palavras e ideias de Tim Suter, tais como haver o interesse do serviço público acompanhar as mudanças tecnológicas, liderando-as se possível, conhecer as suas audiências, saber recrutar bem o seu pessoal, estabelecer parcerias sólidas com produtores independentes e empresas concorrentes (em algumas actividades, presumo, seguindo o pensamento de Suter). O mesmo consultor adiantou ainda a importância de criar pluralismo interno e diversificação de conteúdos.