terça-feira, 2 de setembro de 2014

Da vida dos festivais culturais

Um estudo de Tino Carreño sobre festivais culturais fala sobre o desaparecimento de muitos deles e procura saber das causas. O trabalho, agora reconhecido com o Prémio Internacional Ramon Roca Boncompte de Gestão Cultural 2014, baseia-se na análise do impacto da crise na gestão de vários festivais (artes cénicas, música e audiovisual) do Estado (Portal Iberoamericano de Cooperación y Gestión Cultural). A obra trabalha quatro sectores: caracterização dos modelos de festivais de gestão, estratégias de financiamento, estratégias de gestão de recursos humanos e impacto da recessão no período 2008-2013.

Os festivais culturais são "uma área onde é fácil entrar, mas onde também é fácil de sair, se a proposta não criar raízes", acrescentou Carreño. Isso é o que aconteceu com 20% de 800 festivais nos últimos três anos, desaparecidos, embora substituídos por outros. Uma das saídas mais faladas foi o festival Jiwapop Montcada i Reixach (Barcelona). Apesar dos bilhetes de entrada terem sido vendidos, o festival foi cancelado e não houve ainda devolução de dinheiro. "Os festivais são muito dependentes da bilheteira porque caiu o patrocínio governamental e porque os investidores privados apoiaram menos. Assim, sem um mínimo de entradas vendidas, os organizadores optam por cancelar o festival". Neste sentido, a crise ultrapassa-se com mais facilidade se o festival for numa grande cidade ou numa zona turística forte. 40% dos 158 festivais que nasceram em Espanha nos últimos três anos residem em Madrid ou Barcelona, concluiu o estudo de Carreño.

Carreño é gestor cultural e especialista na gestão e produção de espectáculos e festivais de música e artes cénicas e docente na Universidade de Barcelona.

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