A informação não é uma medida mas um facto. Melhor, uma sucessão de factos. A informação significa sinais que podem chegar à descodificação e/ou interpretação. Se ela se mantiver como sinal, causa embaraço, náusea, necessidade de ir/vir embora. Houve um tempo de silêncio e tempo para fazer e reflectir as coisas, hoje a informação abunda, excede a nossa compreensão. Podia concluir ao escrever que a informação está em toda a parte, persegue-nos. E informação sem emoção fecha-nos como claustrofobia e a sua quantidade dispersa-nos.
Talvez partindo destas premissas, Caryl Churchill (1938) escreveu Amor e Informação, agora em cena no Teatro Aberto. Conjunto de pequenas histórias, que obriga a uma permanente mudança de cenário, a peça fala do mundo contemporâneo, da sociedade de consumo, com mensagens constantes de telemóveis e computadores, das relações fáceis e descartáveis, onde os valores se desprezam nos contactos entre familiares, amigos ou casais. A informação é igual a oportunidade, facilidade, arranjo, apreço ou desprezo, modernidade e bit (unidade de informação). O amor, afecto ou emoção, nem parecem existir.
Pela sucessão rápida dos cenários e do vazio de muitas situações, saí cansado, quase deprimido, apesar das boas interpretações. Se os recursos (imagens em vídeo, figurinos) são bastantes, a entrada e saída contínua de artistas provoca perda de ritmo nestes e na leitura feita pelo espectador. Durante algum tempo, vou deixar de ir ao teatro.
Ficha técnica aqui.
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