terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Boyhood

Uma mulher divorciada com dois filhos, a procura da reconstituição familiar e dois fracassos quanto a esse motivo constituem a teia principal da história. Mas o filme mostra a evolução das crianças, em especial o rapaz (Mason, representado por Elgar Coltrane), da passagem da infância até ao final da adolescência. A escola, os amigos, as brincadeiras nem sempre seguras, o despertar sexual, os gostos e, em especial, o modo como analisa a sua vida familiar são elementos cruciais. Neste sentido, o filme é denso, de narrativa regular e com emoção, de uma América em recomposição (família, emprego, escola, reconhecimento social e cultural).

O filme de Richard Linklater (2014) adquire maior tessitura quando se descobre que realizador e actores se reuniram para filmar uma semana cada ao longo de doze anos. Assim, o filme não foi feito de uma só vez, mas continuando ao longo do tempo, experiência brutal que mostra o envelhecimento da mãe (Patrícia Arquette) (e do pai das crianças - representado por Ethan Hawke -, que as leva a passear ao fim-de-semana) e o crescimento, com a mudança de voz e de estrutura física, dos filhos tornados adultos na fase final do filme.

Esta experiência ilustra uma aposta no tempo e um risco maior de o projecto não ser concluído. Agora que o vemos, gostaríamos que ele fosse compensado nos prémios cinematográficos que se anunciam.

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