O Público traz hoje uma entrevista importante feita por Vanessa Rato a Martha Rosler. Para esta, o papel do artista no século XXI é o de resistente, pelo menos é o que sobressai do título. Estou de acordo com Rosler quando ela tece comentários muito críticos a Richard Florida. O conceito de cidade ou bairro criativo tem fragilidades. Hoje sabe-se que a transferência do conceito de indústria cultural para indústria criativa foi um braço de ferro ganho pela economia sobre a arte e a cultura.
Porém, já não compreendo o que Rosler diz sobre Pollock e a arte abstracta versus realismo: Para ela, os públicos burgueses de finais do século XIX fugiram ao realismo e apoiaram os abstraccionismos. E Pollock estaria a destronar Picasso como artista mais importante, assegura Rosler. Talvez não tenha lido bem a entrevista, mas Pollock estaria assim tão livre do dinheiro como Rosler diz? Ou, pegando num artista pop como Andy Warhol, qual a relação do artista com a economia? Ele é mais livre do que Miguel Ângelo a cumprir o contrato de trabalho na Capela Sistina? Parece-me que a entrevistada é demasiado polémica e não vê a verdade toda. A arte abstracta corresponde a um momento alto da economia norte-americana, que necessita de ter passado e glória antiga. A abstracção trouxe esse consolo.
Na sua página da internet, Martha Rosler diz que trabalha em vídeo, fotografia, texto, instalação e performance.
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