Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 12 de março de 2015
Estuário do Sado
Do barco abandonado, recupero mentalmente os seus remos, dois poderosos braços que percorriam o rio e eram a base de sustentação do pescador na busca de peixe ou marisco. E lembrei-me de um senhor de 81 anos, nascido em Portalegre e que sempre trabalhou na construção civil. Ele esteve em Caminha, trabalhou na altura de um terramoto em ilhas dos Açores, vivia em Queluz e calcorreava Lisboa. Ali, na rua de Entrecampos, ele lembrava-se do tempo em que ainda não havia os prédios actuais mas moradias (burguesas, acrescento eu), e rebanhos de carneiros que pastavam no Campo Grande. Nos últimos cinco anos, vive com uma filha em Madrid. Ele viera a Lisboa tratar de um assunto na Segurança Social. Sem ter dormido durante a viagem, voltaria a casa no mesmo dia.
Lembrei-me dele, porque, ainda rijo mentalmente, trazia duas muletas de apoio ao andar. O equivalente aos remos do barco Dilar Espada.
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