O texto e a dramaturgia pertence a Zeferino Mota, a encenação é de João Paulo Costa. O piano tem Ernesto Coelho como seu executante e os atores são Ana Luísa Queirós, Beatriz Frutuoso, Miguel Lemos, Pedro Roquette, Rita Lagarto e Tiago Araújo. A Revolução. Dos que não Sabem Dizer Nós representa-se num redescoberto (e magnífico, ainda a cheirar a tinta nova) Palácio do Bolhão, mesmo perto do mercado com o mesmo nome (agora que se volta a falar na sua requalificação).
A peça fala das revoluções, numa época em que a política parece menos interessante. Texto entre recordações (da revolução francesa ao movimento anonymus, passando pelo maio de 1968 e pelo 25 de abril de 1974), música (como a de José Mário Branco e Victor Jara e a recolha de Fernando Lopes Graça) e music-hall. A peça fala dos descamisados, dos pobres, dos desempregados e dos (e)imigrantes. Por um momento, lembrei-me do primeiro-ministro britânico hoje na televisão a falar dos barcos de patrulha que o seu governo ia dispensar para patrulhamento do mar Mediterrâneo, a propósito dos naufrágios de barcos vindos da Líbia com gente fugida à guerra e que morre nesses abarrotados barcos.
Gostei bastante do desenho de luz (Cárin Geada) e dos figurinos (Lola Sousa). Peça alegre e ritmada mas a procurar despertar consciências. Sala cheia.
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