
O texto do Lisboa veio à baila após a leitura do livro de Paulo Lemos, Vida Suburbana, este ano editado pela Associação Cultural Burra de Milho. O livro, como já aqui escrevi, resultante da sua tese de mestrado na Universidade de Coimbra, trabalha o movimento punk (contexto da música popular urbana, semelhança de ideais políticos com o surrealismo, grafismo, fanzines e elementos e símbolos de identificação do movimento), enquadramento histórico desde a década de 1970 e sub-estilos, movimento punk em Portugal e caso dos Mata-Ratos. Durante anos, Paulo Lemos fez parte da banda punk açoriana Resposta Simples.
Como declaração inicial, eu não gosto da sonoridade dos Mata-Ratos, mas estou atento às mensagens contidas nas letras cantadas por Miguel Newton, aliás, co-orientador da tese de Paulo Lemos, e com um interessante prefácio no livro. A tese contou ainda com a orientação de Paulo Estudante. Embora o movimento punk tenha diversas raízes musicais na sua origem, ele soube desenvolver a sua própria identidade (p. 129), com os seus elementos e fãs a serem vistos como desestabilizadores sociais, visto no recorte de jornal acima, e que os conduziu a uma subcultura com um comportamento próprio. O autor identifica bandas como Crise Total, Kú de Judas, Mata-Ratos, Grito Final (todas de Lisboa), Cães Vadios (Porto), Bastardos do Cardeal (Viseu) e Cagalhões (Aveiro), com concertos em pequenos espaços e circuitos especiais.
Os media tiveram importância na promoção do punk, em especial em programas de rádio de António Sérgio e Luís Filipe Barros (p. 131). Se na década de 1980, as bandas divulgaram o seu trabalho através de auto-promoção dos espetáculos musicais e gravações em maqueta, na década seguinte surgiram editoras independentes e que possibilitaram a consolidação desta tribo na cena musical e cultural do país.
Leitura: Paulo Lemos (2015). Vida Suburbana. Terceira: Associação Cultural Burra de Milho, 148 páginas, 7,42 euros
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