quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Fuenteovejuna em 1973

"A cada minuto que passa o perigo aumenta" parece ser o motivo inicial de Fuenteovejuna de Lope da Vega na versão livre de Natália Correia para o Teatro Experimental de Cascais, com direção de Carlos Avilez em 1973. A ação decorre em Espanha durante uma sucessão dinástica, com dois partidos divididos após a morte de Henrique IV. Um centra-se na irmã do defunto, a futura Isabel de Castela, outro (que inclui o nosso rei D. Afonso) a filha do próprio Henrique IV, D. Joana. O povo de Fuenteovejuna está no centro da história.

O recorte do Diário Popular, de 14 de maio de 1973, é a crítica de teatro sobre a peça. Dias depois, o mesmo jornal indicava que a companhia de Cascais ia em tournée para Angola. Vi-a em Luanda entre julho e agosto desse ano, já não posso precisar. Fiquei entusiasmado. Pela interpretação, parecia-me que muita coisa podia mudar também em Portugal. Lembro-me do desempenho de Zita Duarte (1944-2000). Creio que vi ainda outra peça do Experimental.

Não soube, então, do discurso de Américo Tomás em Aveiro, no final de junho. Ele sentia que "em muitos postos de comando se inseriram pessoas que deliberadamente procuram minar os alicerces da ordem social". Naquela cidade, em 4 de abril, começara o III congresso da oposição democrática. Entre outros, eram oradores iniciais José Manuel Tengarrinha e Maria Barroso. Depois, como que a responder a este congresso, a ANP (partido único) reunia-se em maio. A rádio transmitia o folhetim Simplesmente Maria. Vera Lagoa e outros organizavam o concurso de miss Portugal 1973, com transmissão direta na RTP em 30 de abril. Neste mesmo dia, informava-se de rebentamento de petardos em várias partes do país, a 21 de junho noticiava-se a perturbação de aulas na faculdade de Ciências do Porto, sem mais detalhes.

Fuenteovejuna pode ser vista em http://www.rtp.pt/rtpmemoria/?article=1477&visual=2&tm=8&layout=5.


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