São duas irmãs mais velhas - Breda e Clara - que recordam a juventude dos seus 17 anos de idade e Roller Royle, o cantor que apareceu na aldeia piscatória irlandesa, repleta de peixes e mexericos (coscuvilhices), e encantou as raparigas com a sua voz e, especialmente,o ritmar das suas ancas a lembrar o outro, o americano Elvis Presley. As mulheres acabaram por ficar sozinhas em casa, a verem a juventude a fugir, restando a memória das deslocações de bicicleta - longos quinze quilómetros - até ao Novo Dancing Elétrico. Elas e as outras mulheres ficaram apaixonadas e formaram logo sonhos, que permaneceram sem realização efetiva até à velhice. Ensaiam todos os dias, como se fosse a preparação para uma representação final. Elas conhecem tão bem as deixas que as duas repetem o papel de cada uma. Deixam as roupas de trazer em casa e engalam-se como se fossem para a discoteca, calçando sapatos de tacão alto e maquilhando-se. Mas aqui a ilusão revela-se dramática, quando a maquilhagem atinge formas ridículas.

O Novo Dancing Elétrico, de Enda Walsh, tradução de Joana Frazão, com Andreia Bento, Antónia Terrinha, Isabel Muñoz Cardoso e Pedro Carraca, cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, luz de Pedro Domingos, assistência de encenação de Andreia Bento e Pedro Carraca e encenação Jorge Silva Melo para Artistas Unidos - Teatro da Politécnica. O desempenho das três atrizes é muito bom, mas quero destacar o papel de Antónia Terrinha. A vantagem de estar na primeira fila a ver o desenrolar da história quase que me transporta para dentro da cena e perscrutar melhor os ambientes e o que pensam as personagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário