sexta-feira, 6 de julho de 2018

A imprensa católica açoriana segundo José Paulo Machado

Hoje, na Universidade Católica Portuguesa, defendeu tese de doutoramento José Paulo Machado, com o título A Imprensa Católica nos Açores: do Início do Século XX ao Concílio Plenário Português.

Da introdução, retiro uma questão que segue o título da tese: como se organizaram os media religiosos nos Açores nos três primeiros decénios do século XX, atendendo a escassos recursos financeiros e humanos? Por diversas vezes, os jornalistas desses meios apelaram à ajuda. Ou, como escreveu o aluno: "colocavam-se junto dos seus leitores de mão estendida" (p. 46). No todo, a tese procurou saber as causas que levaram a igreja a abraçar a imprensa, a imprensa nos Açores no início do século XX e as principais temáticas dos editoriais católicos açorianos.

O padre e agora doutor José Paulo Machado estudou 17 periódicos (jornais nacionalistas, boletins paroquiais, jornais associados ao Centro Católico Português, imprensa diarista de Angra do Heroísmo e revistas de foro cultural) num total de 5132 jornais, focando a sua análise empírica nos editoriais ("entrevista", aspas colocadas por mim, âmbitos religioso, político, locais-regionais e sociais-económicos, sobre o ensino, patrióticos, sobre a imprensa, âmbito literário-científico-cultural e sobre política internacional).

Como um resultado da investigação, em antecipação ao Concílio Plenário Português (1926), a reunião dos jornalistas católicos açorianos (1923) delineou, como grande linha de força, a unidade temática da imprensa católica insular. Seguindo esta orientação, com a extinção ou persistência dos periódicos estudados, seria criado o órgão oficial da Diocese, A União, em consonância com as deliberações do Concílio Plenário Português de 1926. Isto numa altura de grandes mudanças políticas (ditadura e Estado Novo) e situação económica (preço crescente do papel de jornal).

Além do trabalho escrito e apresentação oral do mesmo, a arguição tem um papel importante no valor da prova pública. Aqui, a leitura atenta e crítica de Alexandre Manuel Leite e Maria Inácia Rezola, bem como os contributos dos meus colegas da Universidade Católica, alargou muito a perspetiva do texto, num verdadeiro contributo científico. Enquanto orientador desta tese de doutoramento, senti-me gratificado pelo rigor das intervenções. E manifesto ainda a minha alegria pelo presidente do júri ser o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e muito recentemente nomeado arcebispo e com os cargos de arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Vaticana, a assumir no começo de setembro de 2018.


[da esquerda para a direita: Alexandre Manuel Leite, Universidade Autónoma de Lisboa, José Miguel Sardica, Universidade Católica Portuguesa, Nelson Ribeiro, Universidade Católica Portuguesa, José Tolentino Mendonça, Universidade Católica Portuguesa, José Paulo Machado, Rogério Santos, Universidade Católica Portuguesa, e Maria Inácia Rezola, Escola Superior de Comunicação Social]

Em último, fica aqui um apontamento em vídeo do próprio José Paulo Machado.

 

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