segunda-feira, 9 de julho de 2018

João Moreira dos Santos, as relações públicas e a APT

Hoje, no ISCTE, João Moreira dos Santos defendeu tese de doutoramento em Ciências da Comunicação com o título As Primeiras Manifestações de Relações Públicas Empresariais no Portugal do Início do Século XX (1910-1948). Modelos de Comunicação no caso The Anglo-Portuguese Telephone Co. Ltd. O aluno teve como orientadora a professora Sandra Pereira e como co-orientadora a professora Maria Inácia Rezola.

Retiro do resumo da tese o seguinte: "O presente estudo tem como objeto de análise as primeiras manifestações de Relações Públicas (RP) empresariais em Portugal, muito particularmente os modelos de RP adotados (Grunig e Hunt, 1984), procurando evidenciar o papel do contexto histórico na sua prática. Cingindo-nos ao período compreendido entre 1910 e 1948, seguimos como estratégia de pesquisa a metodologia de estudo de caso. Para o efeito, elegemos a The Anglo-Portuguese Telephone Company, Ltd. (APT), também conhecida como Companhia dos Telefones, que desenvolveu atividade em Portugal entre 1887 e 1967. Cientificamente, pretendeu-se contribuir para colmatar as lacunas existentes na historiografia nacional e europeia das RP empresariais".

Como arguente, interessou-me sobremaneira a análise da APT, presente nos capítulos V e VI. Daquele (A APT em Portugal e o contexto para as Relações Públicas), o agora doutor trabalhou breve historial da APT, introdução e adaptação (1882-1902), sistema de bateria central (1903-1930), sistema automático (1930-1967), contexto para as Relações Públicas, enquadramento contratual, ambiente político e regulatório, ambiente laboral, ambiente social, ambiente operacional e comercial, ambiente mediático, cultura empresarial e ambiente concorrencial. Do segundo (As Relações Públicas na APT), retiro os seguintes subcapítulos: organização, terminologia e conceptualização, dos secretários da administração à departamentalização, origem e progressão do termo, conceptualização teórica, influências estrangeiras na aquisição de competências, influência britânica, influência norte-americana, práticas e modelos de Relações Públicas, relações com o poder político e regulador, relações com os empregados, relações com a comunidade, relações com os clientes e relações com a comunicação social.

Das conclusões, o autor menciona indícios de que durante o terceiro quartel do século XIX algumas empresas e organizações enviavam aos jornais informação referente às suas iniciativas, serviços e produtos, numa atividade do tipo publicity. A nível empresarial, João Moreira dos Santos considera o pioneirismos das RP na APT, enquadradas sob esse mesmo termo – Relações com o Público – a partir dos anos 1930. Em 1948, Mello Portugal, funcionário do departamento de tipo-RP da APT, defendeu, contudo, que seria mais apropriado usar o termo Relações Públicas (Portugal, 1948), sendo essa, possivelmente, a primeira referência ao mesmo em Portugal. Nos anos 1950, o designativo Relações Públicas era já utilizado por empresas/organizações como a APT, Shell Portuguesa e CTT.

A APT (Anglo-Portuguese Telephone) era a empresa de telefones conhecida como Companhia dos Telefones, a operar nas áreas de Lisboa e Porto até 1967, quando deu origem aos TLP, fundidos com a parte de telecomunicações dos CTT em 1994, originando a Portugal Telecom.


Fonte: Ilustração, 16 de dezembro de 1933


Adaptação de anúncio da realidade inglesa à portuguesa. O júri da prova, mais o novo doutor, aparece na fotografia a seguir.


[da esquerda para a direita: Jorge Vieira, ISCTE, Nuno Estêvão Ferreira, Universidade Católica, Sandra Pereira, Escola Superior de Comunicação Social, João Moreira dos Santos, Gustavo Cardoso, ISCTE e presidente do júri, Gisela Gonçalves, Universidade da Beira Interior, e Rogério Santos, Universidade Católica]

 

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