segunda-feira, 5 de abril de 2004

AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAR

Nós já o sabíamos. Mas é sempre bom ouvir os especialistas. Coube, desta vez, a Adrian Wheeler falar ao El Pais (4 de Abril). Wheeler é responsável para a Europa da GCI, empresa de comunicação e relações públicas, pertencente ao Grey Global Group. Para ele, o modo como os telemóveis foram usados em Espanha na sequência dos trágicos acontecimentos de 11 de Março último quer dizer que estamos perante novas formas de comunicar.

O “experto” em novos modos de comunicar entende que a mobilização por mensagem de telemóveis anuncia uma era de movimentos sociais mais proactivos. E compara com o movimento de marketing em mensagens de telemóveis (que referi um destes dias). Hoje, na Dinamarca e no Reino Unido, existe um negócio florescente de mensagens de publicidade e promoção de marcas e produtos. Mas é tão só um movimento comercial, distinto do movimento social que emergiu após a tragédia em Madrid.

Para Wheeler, o SMS tornou-se “uma ferramenta de comunicação muito poderosa, porque muito eficaz, barata e de agrado à gente jovem”. A comunicação móvel e a internet mudaram o mundo da comunicação e das relações públicas. Sobre a internet, entende que as pessoas procuram nesta a verdade para além de qualquer declaração oficial pensada ou retocada. Isto apesar de não se saber, frequentemente, quem são as fontes que geram a informação. Mas o acesso cada vez mais universal aos novos meios, conduz a que cada indivíduo procure “checar” e comprovar tal informação.

Diz ainda Wheeler que, nos Estados Unidos, há uma nova ciência no campo da teoria da informação que entende que as pessoas formam a sua opinião simultaneamente graças aos novos media e às conversas com os seus amigos e colegas. Julgo eu que é um mix das teorias dos efeitos totais (a mensagem atinge o receptor de forma total e duradoura) e dos efeitos limitados (os media exercem um efeito reduzido, contrabalançado pela formação da opinião dos líderes de grupo).

UM LIVRO DE FOTOJORNALISMO

Foi editado o ano passado um álbum com fotografias do repórter Álvaro Ferreira da Cunha (1901-1970). Após a morte deste prolixo fotógrafo de jornais e revistas, a família resolveu depositar a colecção em mãos seguras, estando neste momento à carga do Arquivo Fotográfico de Lisboa, num total de 2270 negativos em chapas de vidro.

A colecção é mais representativa da década de 1920, seguindo-se-lhe em importância as de 1910 e 1930. Em termos temáticos, e que o álbum reflecte, agrupa-se em: 1) acontecimentos e figuras da Primeira República até ao Estado Novo, 2) aspectos da sociedade (greves, práticas sociais, quotidiano, lazer), 3) aviação, 4) vida militar, 5) religião e culto (clero, procissões e cerimónias religiosas).

Ferreira da Cunha trabalhou nomeadamente em O Século, Notícias Ilustrado, Século Ilustrado e Diário de Notícias (de 1933 até à morte, tendo chegado a chefe da secção de reportagem fotográfica). Participou ainda em filmes e obras editadas pelo Secretariado de Propaganda Nacional (arquivo que continua no Pendão em processo burocrático de transporte – falta verba para o seu transporte até à Torre do Tombo! – para irritação dos investigadores). Mas Ferreira da Cunha também participou na vida sindical, tendo-se batido pela atribuição da carteira profissional aos fotógrafos de jornais e revistas.

Edição conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e Edições Asa. Preço: €25.

500 MIL PÁGINAS DE CORREIO ELECTRÓNICO GRATUITAS

Os jornais e blogs já se referiram à novidade da Google, que lançou um serviço gratuito que permite a cada um de nós acumular 500 mil páginas de correio electrónico (cerca de um gigabyte), de modo gratuito. A notícia foi lançada em 1 de Abril, e muitos pensaram tratar-se da mentira do dia das mentiras. Agora, o Sunday Times (4 de Abril) traz mais informações.

Se a pesquisa é a segunda actividade on-line, o correio electrónico é a primeira. Foi isto que levou os responsáveis do Google a avançarem neste projecto, o Gmail. Até agora, os fornecedores maiores eram a Microsoft, a Yahoo e a AOL, num total de 100 milhões de endereços electrónicos. Quando o Gmail disponibiliza uma caixa de correio, automaticamente prepara o arquivo de mensagens e elimina a necessidade de limpar a caixa por causa do espaço disponibilizado.

Diz a notícia do Sunday Times que o Google é o oráculo do séc. XXI, com 138 mil consultas em 90 línguas por minuto em todo o mundo! No espaço de cinco anos, Google tornou-se sinónimo de pesquisar na internet. E como vem o dinheiro para subsidiar a existência da empresa? Através da publicidade naquelas caixinhas irritantes que se colocam no topo do ecrã ou que saltam pelo mesmo ecrã. Diga-se que o Google está avaliado em 12 biliões de dólares e que a Microsoft já tentou comprar a empresa de Segey Brin (30 anos) e Larry Page (31). Uma oferta de 10 biliões de dólares por parte de Gates foi rejeitada prontamente.

Ao mesmo tempo, as relações outrora frutuosas entre o Google e a Yahoo terminaram o mês passado no tocante ao desenvolvimento de uma nova máquina de busca de informação. Com a entrada no domínio do correio electrónico a guerra promete ser aberta. E há quem vaticine que o Google não saia vencedor.

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