DEFENDIDA TESE DE MESTRADO SOBRE JORNAIS DE PROXIMIDADE
Cláudia Costa defendeu hoje, na Universidade do Minho, uma tese de mestrado intitulada O impacto das câmaras municipais na imprensa regional. Um olhar sobre os dois jornais diários da cidade de Braga.
Jornalista num desses dois jornais (Diário do Minho; o outro jornal analisado foi o Correio do Minho), a agora mestre em Comunicação traçou, em metodologia rigorosa, o perfil dos jornalistas, bem como as principais características das fontes de informação identificadas com as autarquias dos distritos de Braga e Viana do Castelo. Os seus dados empíricos esclarecem um universo de trabalho que, frequentes vezes, surge estereotipado. Assim, por exemplo, Cláudia Costa, a partir de um inquérito a 20 jornalistas dos dois diários de Braga, conclui que os jornalistas são profissionais jovens (média de idade: 30,5 anos; moda - valores mais frequentes: 27 e 29 anos), 80% têm licenciatura (muitos saídos da Universidade do Minho), 12º ano (10%) e pós-graduação (5%)(não houve uma resposta ao inquérito). 75% desses jornalistas trabalham há menos de cinco anos num dos jornais, 10% entre 5 e 9 anos, 5% entre 10 e 14 anos e 10% entre 15 e 20 anos. 75% dos profissionais possuem a carteira profissional, sinal do vínculo contratual forte com as empresas jornalísticas. Em termos de remunerações, 60% auferem salários entre € 500 e 749, 20% entre € 750 e 999 e 10% entre € 1000 e 1249. Mau grado os valores monetários relativamente baixos, a autora frisa a ligação laboral estável, elemento importante num momento menos positivo da economia nacional.
Para além do inquérito aos jornalistas, Cláudia Costa entrevistou 24 responsáveis nas autarquias pelos contactos com os media (presidentes, vice-presidentes, assessores de imprensa e de imagem), dando uma ideia forte e muito próxima da realidade das rotinas produtivas de assessores e fontes de informação no seu relacionamento habitual com os jornalistas.
Vista a partir de uma experiência local (Braga), fica-se com uma perspectiva diferente da que é dado observar se estivermos em Lisboa. Daí a nova mestre referir muitas vezes a ideia de proximidade, tema que encontramos em autores como Carlos Camponez, que destaquei aqui há pouco tempo. Por proximidade entende-se uma ligação de maior cercania entre os agentes sociais (fontes e jornalistas). Mas isso, e na linguagem de Cláudia Costa, pode acarretar um constrangimento: o facilitismo. Como há confiança e colaboração entre as duas partes, e como as peças produzidas pelas fontes são perfeitas (comunicados com leads e fotografias, enviados por correio electrónico), existe uma tendência para o jornalista aceitar trabalhar por cima desses materiais, sem um distanciamento crítico. Ora, não podemos esquecer que há fontes interessantes (as que dão materiais de interesse jornalístico) e fontes interessadas (na promoção das suas acções).
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