terça-feira, 12 de abril de 2005

DESTRUIR PARA CRIARcorreiaguedes.jpg

Este é o título da coluna saída no Diário de Notícias de ontem, no caderno de "Negócios", assinada por José Correia Guedes, da Universidade Católica (eu não o conhecia até ler o texto).

Começa bem o artigo: "Grandes transformações económicas, com impacto generalizado no bem-estar da sociedade, conseguiram-se sempre à custa de rupturas com interesses instalados. Foi assim na aurora da revolução industrial, com a introdução do conceito de fábrica no sentido moderno, e é hoje com as novas tecnologias e processos de negócio assentes na Internet".

Fonografia e telecomunicações

Depois de analisar a introdução da máquina a vapor e da produção em massa sob um mesmo tecto (a fábrica), com uma transformação total em termos de trabalho e das suas relações, onde até tem espaço para recordar os luditas (que partiam as máquinas), Correia Guedes olha para a Internet e as mudanças que ela antecipa. Aponta duas indústrias essenciais no decurso do séc. XX: a discográfica e a de telecomunicações. Aquela foi ameaçada com empresas como a Napster: os modelos de partilha de ficheiros "tornaram obsoleto o sistema tradicional de produção e comercialização de música. Os incumbentes [empresas previamente existentes e com poder de decisão] usaram todos os meios ao seu alcance para neutralizar os novos piratas; conseguiram, finalmente, fechar a Napster por sentença judicial. Tarde de mais: o génio já estava fora da lâmpada".

Agora, cabe a vez aos incumbentes das telecomunicações fixas. Niklas Zennstrom e Janus Friis, jovens escandinavos criaram a Skype, uma espécie de Napster para as comunicações: esta permitia ouvir música de forma gratuita, aquela possibilita fazer chamadas telefónicas sem pagar. E, ao contrário da Napster, a Skype tem uma base sólida legal. Escreve Correia Guedes: "O modelo da Skype, tal como anteriormente o da Napster, assenta em tecnologia peer-to-peer: redes informais de computadores pessoais interligados por conexões de banda larga, via Internet, que permitem a circulação de conteúdos digitais, sejam eles ficheiros musicais ou ficheiros de voz". As chamadas entre aderentes do Skype são gratuitas.

O que aqui se noticia é de uma importância enorme. Se as telecomunicações fixas chegarem a um ponto de gratuitidade como o são hoje o e-mail e os web-browsers [e acrescento eu: a possibilidade de fazer páginas pessoais como o meu blogue], isso significa que os nossos consumos podem alargar muito pois o dispêndio económico é nulo ou muito baixo. Mas fica uma pergunta: quem monta e mantém as infra-estruturas e as paga? O Estado? Através de impostos?

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