segunda-feira, 15 de agosto de 2005

AS RÁDIOS DA MEDIA CAPITAL

Lê-se no Diário de Notícias de 9 de Agosto passado (peça escrita por Paula Brito) que a Media Capital Rádio (MCR) quer aumentar o seu mercado de emissoras de rádio. Pela notícia, é-nos dito que o grupo detém quatro estações: Cidade FM, Comercial, Best Rock e Rádio Clube Português. Com destaque por cima da notícia, fica-se ainda a saber que a antiga Voxx (91,6 Mhz) servirá para emitir a Cidade FM.

A peça do Diário de Notícias salienta uma entrevista de António Craveiro, administrador do grupo, que "não descarta a hipótese de juntar ao seu porta-fólio uma rádio de notícias ou de informação desportiva". O mesmo quadro dirigente das rádios da MCR quer atingir a "liderança nos segmentos mais relevantes do mercado", que tem cabido ao grupo Renascença.

Recordo que escrevi aqui sobre o grupo Media Capital várias vezes, caso de 6 de Março do ano passado, quando se anunciava a compra da Voxx e da Luna, e de eu me ter manifestado que isso ia para além do permitido pela lei da rádio, que inibe um grupo de acumular mais de cinco estações (legislação que não me parece adequada mas é a que existe). Então, foi negada a compra da Voxx e da Luna pela Media Capital mas por Nobre Guedes, posteriormente ministro.

Na notícia de agora, nada nos é dito sobre a Romântica FM, que fazia parte do conjunto de estações da MCR. Terá desaparecido (fusão, aproveitamento da frequência para outra estação) e eu não dei conta? Como a aquisição de mais estações esbarraria ainda mais na lei, não percebo o discurso de António Craveiro.

Mas vale a pena continuar a ler o que diz o administrador da MCR: "queremos consistência em todo o «edifício» MCR para gerar confiança e para um pacto duradouro com os clientes, parceiros de negócios, rádios locais que integram as nossas cadeias, reguladores, com os nossos 200 colaboradores e com os accionistas". Duas questões: 1) a jornalista não percebeu que isto são palavras de newsletter (ou de relatório de contas), pelo que seria oportuno contextualizar a afirmação, enquadrada num espírito empresarial (que devemos louvar, mas não escrito assim num jornal pago); 2) além das estações acima mencionadas, a MCR dispõe de rádios locais, que não sabemos quais são.

Curioso é ver uma notícia publicada no mesmo jornal, no dia seguinte, e com o título BES revê em baixa receitas da Media Capital. Os analistas daquele banco estimam que o crescimento do grupo de media seja 6,3% face a 2004 e não 7,1%, como fora identificado anteriormente. O problema nem sequer se liga à televisão (TVI), mas exactamente à rádio (que descerá de 19,1% para 12,9%) [na entrevista, António Craveiro falava em 1,3 milhões de ouvintes, quando em 2003 eram 800 mil, um crescimento de 50% nas vendas (receitas publicitárias) e uma quota de mercado de 36%, quando há dois anos estava em 27%].

Será que a entrevista de António Craveiro foi dada na ocasião adequada? Os números que ele forneceu correspondem ao que os analistas do banco Espírito Santo estudaram? A rádio não será um problema no grupo de Paes do Amaral, agora que ele vendeu parte da TVI à Prisa (do jornal El Pais)?

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