NOTÍCIA? OU PUBLICIDADE?
Coloquei, hoje de manhã, um postal seguindo o texto de Catarina Nunes, editado no Expresso de ontem, sobre marcas, publicidade e relações públicas. A jornalista escreve sobre um livro de Al & Laura Ries. Fiquei convencido que o livro que pai e filha vão lançar esta próxima 4ª feira se chamava A queda da publicidade e a ascensão das relações públicas (uma das imagens que acompanhava o texto era exactamente a capa desse livro na edição original).
Ora, o livro tem tradução portuguesa de 2003. O tradutor e prefaciador é Luís Paixão Martins. E quem visita o sítio da Unimagem, por estes dias, encontra a indicação de uma conferência com um título levemente distinto - A queda da publicidade e a ascensão da comunicação -, organizada pela promotora da vinda de Al Ries a Portugal.
Por seu lado, no sítio da Apecom (Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas), encontramos a seguinte informação: "Um dos maiores pensadores do Marketing, o norte americano Al Ries, estará pela primeira vez em Lisboa no dia 8 de Fevereiro, para proferir uma palestra sobre o seu último livro A Origem das Marcas e participar na conferência-debate sobre A Queda da Publicidade e a Ascensão da Comunicação. E, um pouco à frente, lê-se: "recentemente, Al Ries lançou uma nova pedrada no charco ao escrever que para se lançar uma marca esta tem de resultar da Comunicação e a Publicidade só vem depois, servindo apenas para a manutenção da marca. «O caminho para construir uma marca é através da comunicação» – diz Al Ries, realçando que «um anúncio não pode ser um argumento, é apenas um recordatório». No mesmo sítio ainda, somos informados que "O promotor da vinda de Al Ries a Portugal é a Unimagem, consultora de comunicação filiada na APECOM, com o apoio da Pedro Celeste & Associados – Estratégias de Marketing, que representa Al Ries no mercado português".
Porque não informou a jornalista que a Unimagem representa o autor no nosso país? E porque foi colocada a capa de um livro quando possuímos a sua tradução? Para despistar? Ainda: porque não disse que o ingresso nessa conferência, com almoço e debate, oscila entre €700 e 800?
Um artigo aparentemente neutro esconde a promoção de um encontro bem remunerado. Eu, confesso, deixei-me enganar por um bom par de horas. Já agora deixo uma pequena parcela do livro traduzido em 2003: "O cemitério das relações públicas está cheio de lápides a dizer: «Aqui jaz a assessoria mediática do produto X». Será que a disciplina da assessoria mediática não funciona bem com a comunicação de produto?" (p. 7, começo do prefácio). Duas páginas volvidas, a mesma expressão ocupa igualmente três linhas, mas o final do parágrafo tem algumas alterações. Será de propósito? Ou foi erro do autor ou do tradutor?
1 comentário:
Rogério,
Proponho-lhe um exercício. Leia atentamente a secção de marketing e publicidade do Expresso todas as semanas. Irá constatar que é feita de acordo com a agendas dos principais anunciantes e das maiores agências de comunicação do país.
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