Publicou ontem Marcos André Carvalho Lins, em Cultura e Mercado, um texto sobre economia criativa. Entre outras coisas, escreveu:
- Ao se forjar a expressão economia criativa, provavelmente, ter-se-ia em mente algo bem definido e delimitado. Algo como aproximar política económica e arte, visão empresarial e orquestração cultural, em suma, um intercâmbio mais amplo e íntimo entre estores vistos, até então, como completamente dissociados e com raros pontos em comum. Não obstante, a economia criativa ganhou tons mais fortes e firmes, trazendo para si uma carga ideológica sem precedentes tanto quanto ao seu conceito quanto à sua repercussão.
Hoje, a economia criativa responde por um grande número de iniciativas no sector privado, tendo por matriz uma espécie de campo cinzento entre tais manifestações particulares e o apoio governamental. Podemos, em cima dos mais variados exemplos que perpassam nosso quotidiano, aventar uma dimensão menos nítida e mais especulativa para a ideia de criatividade associada ao mercado, assim como o conhecemos nos nossos dias.
A economia, como pretendem alguns, não se restringe a uma mediação entre trabalhador e o produto do seu trabalho, ou entre os trabalhadores e suas relações intermediadas por uma moeda. Quando tratamos coloquialmente de economia, imediatamente e mecanicamente, nos vem à mente a questão monetária e as intervenções públicas no sentido de tornar este ou aquele país mais sadio e governável em termos de deficit ou superavit comercial. Pois bem, propomos uma inovação nesse status que os cadernos de economia dos maiores jornais do mundo vêm consolidando há décadas: troquemos as páginas de economia com as manchetes do suplemento cultural mas misturemos a tudo isso o conteúdo do carro chefe de alguns periódicos, os eventos e ocorrências quotidianas.
Marcos André Carvalho Lins, profissional judiciário em Pernambuco (Brasil), é escritor diletante.
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