O NOVO CAMPO PEQUENO
Os jornais Público (dia 7) e Diário de Notícias (dia 12) e a televisão estão a dar muito relevo à abertura da renovada praça de touros do Campo Pequeno, agora convertida numa área de actividades multiuso e centro comercial.
Eu já reflecti aqui sobre o assunto (17 de Dezembro de 2005). Então, mostrara o meu desapontamento, no que resultou em dois comentários críticos. Num deles, uma leitora escrevia: "Estamos para ver se o tratamento do espaço envolvente virá, ou não, enriquecer a praça e a sua apreensão pelos transeuntes, utentes e ... fotógrafos :)". No outro, mais sério, um leitor assinalou: "lendo o seu post relativamente à actualização de algumas das silhuetas da nossa (minha de certeza) cidade de Lisboa, sinceramente deixa-me com uma subtil mas vincada sensação [...] de uma visão e opinião completamente retrógrada e sem visão de futuro da mesma. É, efectivamente com alguma reserva que faço uma leitura do seu comentário... Se possível agradecia que enquadrasse a sua opinião numa época que todos vivemos e discutimos da necessidade e, quase, obrigatoriedade de nos actualizarmos e renovarmos a nossa perspectiva e posicionamento na actualidade Portuguesa".
Reconheço que, então, me enganei ao escrever AFINAL, O CAMPO PEQUENO NÃO VAI FICAR TÃO BONITO COMO EU PENSARA. Ao ler "Campo Pequeno espera dez milhões de visitantes por ano" (Diário de Notícias) e "As actividades tauromáquicas deixam de ser a principal fonte de receitas do emblemático edifício lisboeta, que nesta segunda vida se transforma num recinto multiusos", com cinemas e uma livraria no conjunto de lojas (60), para além dos espectáculos e de hotéis, não posso deixar de reconsiderar o que pensei no final do ano passado.
O edifício neo-árabe, projectado pelo arquitecto António José Dias da Silva e inaugurado a 18 de Agosto de 1892, volta a ter vida, após ser encerrado há seis anos por degradação visível.
3 comentários:
Caro RS
A propósito da sua (prudente) reconciliação :) com o ‘lugar’ da (ainda) denominada ‘Praça de Touros’, e da eventualidade de aí poder ‘acontecer arte’, restar-me-ia fazer uma ressalva à simbologia das lides tauromáquicas e à impossível reconciliação com essa forma residual de barbárie, para a qual só me resta arranjar ‘paciência’.
Baseando-me na teoria de René Girard, que encontra na ‘mimesis de rivalidade’ a fonte de todos os nossos conflitos, diria que, quanto à nossa relação com os ‘irracionais’, nos falta percorrer um longo caminho numa ‘mimesis de aprendizagem’.
MJE
Caro RS
A propósito da sua (prudente) reconciliação :) com o ‘lugar’ da (ainda) denominada ‘Praça de Touros’, e da eventualidade de aí poder ‘acontecer arte’, restar-me-ia fazer uma ressalva à simbologia das lides tauromáquicas e à impossível reconciliação com essa forma residual de barbárie, para a qual só me resta arranjar ‘paciência’.
Baseando-me na teoria de René Girard, que encontra na ‘mimesis de rivalidade’ a fonte de todos os nossos conflitos, diria que, quanto à nossa relação com os ‘irracionais’, nos falta percorrer um longo caminho numa ‘mimesis de aprendizagem’.
MJE
Obrigado pelo comentário.
Ontem, durante todo o dia, houve uma fila ininterrupta de compradores de bilhetes para as touradas que se seguem.
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