O COMEÇO DO FIM DOS BLOGUES GRATUITOS
Desde o início de adesão ao mundo dos blogues que eu esperei o dia em que iria acabar o acesso gratuito, dúvidas que cresceram quando passei a incluir imagens fixas (fotografia), sons e, em especial, imagens em movimento (vídeo).
O caso mais paradigmático de mundo de blogues é a Blogger, que começou como uma pequena empresa em Agosto de 1999, localizada em S. Francisco, chamada Pyra Labs. Em 2002, foi comprada pela Google e, desde então, não tem deixado de surpreender por manter os serviços gratuitos. Agora, no começo desta semana, a Google comprou a You Tube, onde se alojam vídeos até dez minutos, serviço que eu tenho usado desde o princípio deste ano. Tenho-me mantido mais ou menos informado sobre as movimentações da Google, mas não acredito na eternidade da gratuitidade dos serviços. Certamente que pagarei para continuar a usufruir desta liberdade criativa do blogue, quando a empresa americana me pedir para tal.
Já a Filelodge, onde alojei registos sonoros, retirou-os, sem qualquer informação adicional, quando foi comprada pela Bolt. Mais recentemente, a Flickr pôs termo ao alojamento gratuito de imagens a partir de um dado número de imagens colocadas. A estratégia foi diferente: não se acede a mais do que 200 imagens; se houver mais, elas ficam inacessíveis (mas não são apagadas), voltando à visibilidade quando se efectuar um pagamento determinado. Como não monitorizo todo o blogue, dada a sua extensão, não sei quantas imagens estão inacessíveis. Eu, que me habituara a trabalhar com a Flickr, sabendo as dimensões certas para colocar as imagens, ainda ponderei durante dias aderir ao serviço pago. O problema que se coloca é o número de entidades a pagar os serviços.
Anteriormente, eu usava os serviços do Sapo, mas deixei de recorrer a esta empresa quando houve mudança de plataforma. Mesmo antes, eu recebera a indicação que as imagens que ali alojava num blogue seriam apagadas, caso não continuasse a alimentar o blogue com nova informação. Cheguei a trocar emails com responsáveis pelo Sapo, indicando que estava disponível a pagar o serviço, mas recebi a mensagem que o serviço era apenas gratuito.
A razão principal desta mensagem é que outra empresa fornecedora de blogues gratuitos mudou de estratégia. Estou a falar da Eponym, onde alojei um blogue chamado EUMedia, fazendo alusão a um livro sobre o impacto do alargamento da União Europeia nos media, coordenado por Paulo Faustino (MediaXXI). Com data de ontem, a Eponym anuncia que vai acabar com os seus serviços de blogues gratuitos.
Por duas razões, como o texto em inglês diz: "First, we did not like having to put advertisements on people's blogs. We know that our users would put up with the ads to have a free blog, but we don't want you to have to "put up" with anything, especially an invasive and annoying ad on your blog that you can't control. Second, the advertising revenue from the free blogs that we did receive was not nearly enough to cover the costs of providing the free blogs". Isto é, a fornecedora do serviço não punha anúncios nos blogues, mas os blogueiros que não gastavam dinheiro pela construção do blogue punham publicidade nos seus blogues, além de que a publicidade recebida pela Eponym não dava para cobrir os custos de fornecimento do serviço.
Mais cristalino e compreensível que isto não é possível. Um serviço não pode ser gratuito, pois alguém o paga para ter essa vantagem. Como escreve um articulista do Diário de Notícias, não há almoços grátis. Por isso, se um blogueiro quer manter o seu espaço de contacto, ele precisa de ajustar contrato com uma empresa, por um valor adequado, para colocar imagens fixas e em movimento, sons e textos, mudando sempre que quiser o seu layout, de modo a tornar dinâmico aquele espaço.
2 comentários:
Caro Rogério Santos:
Você está a pensar em termos da economia Web 1.0. Na verdade, a Web 2.0 abastece-se do conteúdo dos utilizadores - crowdsourcing. Empresas como o MySpace e a Youtube obtêm dinheiro através da publicidade com uma força de trabalho mínima, tudo à custa da participação voluntária de amadores. A YouTube, por exemplo, só tinha cerca de 20 funcionários. Essas companhias não teriam obtido o crescimento exponencial que registaram se os utilizadores não tivessem aderido.
Mas o maior exemplo de uma empresa gigantesca que depende do conteúdo produzido pelos utilizadores é o próprio Google, cujo negócio assenta basicamente em vender publicidade.
Qualquer plataforma que passe a restringir o acesso aos seus conteúdos será imediatamente preterida por outra. A receita consiste em combinar a dose certa de publicidade com o acesso aberto.
Parece-me uma visão demasiado pessimista.
No caso particular do Google/YouTube, não creio que existam razões para crer que a empresa acabe com o serviço gratuito de alojamento de vídeos.
Em primeiro lugar, porque não tem sido essa a política da Google, que oferece vários serviços gratuitos (e o número tem vindo a crescer).
Em segundo lugar, porque a Google tentará rentabilizar o YouTube através de - ou de uma variante do - seu bem sucedido sistema de publicidade contextual, bem como através de acordos com editoras (alguns já celebrados).
A força do YouTube reside precisamente no grande número de utilizadores. É esse número que permite vender publicidade e que torna o serviço atractivo para as editoras que queiram promover os seus artistas. E esses utilizadores só existem enquanto o serviço se mantiver gratuito.
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