sábado, 2 de dezembro de 2006

REVITALIZAR AS CIDADES


Diário de Notícias e Expresso de ontem e Guardian de hoje dão destaque à questão das cidades, povoamento ou despovoamento e acessibilidades, transportes e equipamentos colectivos.


O Diário de Notícias de ontem reportava um debate público sobre a linha de Sintra e o IC19, estrada que liga aquela cidade a Lisboa e palco diário de congestionamentos de trânsito (textos de Luís Galrão e Katia Catulo). Lê-se na notícia que, entre 1991 e 2001, a percentagem de munícipes que optaram pelo transporte privado subiu de 26% para 46%, e correspondente quebra no transporte público. Presentes no debate, dirigentes autárquicos e ministro com a tutela da área.

Para o Expresso (texto de Valentina Marcelino), Lisboa e Porto perderam 75 mil habitantes. A capital tem actualmente 519 mil habitantes, perdendo crecentemente para Sintra, e o Porto tem 233 mil habitantes, já ultrapassado por Vila Nova de Gaia. O grande perigo da quebra de habitantes nas duas principais cidades do país é que as populações a viverem nas cidades satélite ou arredores trabalham nessas principais cidades, provocando um movimento de vaivém diário. O Expresso estima que as deslocações custem 14,3% do PIB (€150 mil milhões). Estudiosos dos fenómenos demográficos indicam a especulação imobiliária, a falta de estratégias governamentais e a ausência de rejuvenescimento da população como os principais pontos de questionamento. Ora, diz a notícia, a qualificação de uma cidade é motor da qualificação económica e social de um país.

É também por este ângulo que começa o texto de Richard Rogers, arquitecto com responsabilidades numa comissão de urbanização do Reino Unido, saído no Guardian. Para ele, se as cidades, há um século, eram locais sujos, cheios de multidões e perigosos, no presente a governação vê as cidades como espaços que garantem soluções sustentáveis para a procura de habitação. Daí, ter-se tornado necessário implementar uma mudança cultural significativa. Melhor uso da terra (sua recuperação e descontaminação) e melhor planeamento são duas faces dessa mudança. Se a descontaminação de terras constitui um grande problema financeiro e ecológico, a pressão dos construtores civis (e a especulação imobiliária que trazem) representa outro factor a não negligenciar. O fundamental é dotar as cidades de espaços - parques, equipamentos, serviços e lazer - que atraiam novos habitantes. E a questão da insegurança baixa exponencialmente se houver ruas cheias de movimento.

Ou seja - é necessário o renascimento das cidades. Limpas, acolhedoras, com habitação acessível economicamente e de boa qualidade. Porque as indústrias culturais e criativas têm o seu acolhimento central nas cidades.

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