Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
PINTURAS CANTADAS: ARTE E PERFORMANCE DAS MULHERES DE NAYA
Pinturas cantadas: arte e performance das mulheres de Naya é a exposição a inaugurar no dia 5 de Julho, pelas 18:30, no Museu Nacional de Etnologia.
Retiro da apresentação do catálogo, a seguinte indicação de Joaquim Pais de Brito, o director do museu:
As exposições nascem muitas vezes por acaso. Assim foi com as Pinturas cantadas que este catálogo dá a conhecer. No seu começo está o encontro com Lina Fruzzetti e Ákos Östör que, numa visita a Portugal em Maio de 2006 para apresentar o filme com o mesmo nome, traziam com eles algumas das pinturas feitas pelas mulheres de Naya, aldeia do Estado de Bengala por eles estudada ao longo de muitos anos.
Abrir aqueles rolos foi para nós uma revelação e um encantamento. São pinturas em folhas de papel justapostas, coladas em tecido, muitas vezes reaproveitadas de outros usos, que as torna mais flexíveis e resistentes à sua continuada manipulação. Ali se encontram representados os mais variados temas, uns retomados da tradição oral, onde divindades e personagens de toda a índole são protagonistas de histórias inúmeras vezes repetidas, outros abordam assuntos da mais próxima actualidade. Pode tratar-se da narração de acontecimentos de grande ressonância mediática e planetária, como o ataque ao World Trade Center de Nova Iorque em 11 de Setembro de 2001, ou o tsunami de Dezembro de 2005. Mas podem também ter o alcance de uma campanha informativa e cívica, como ocorre com a luta contra a Sida ou contra a discriminação de género, que no infanticídio de bebés do sexo feminino encontra uma das suas mais radicais e violentas manifestações.
São rolos pintados, mas que nos dão a perceber "estilos pessoais, variações de linguagem e a profusa diversidade dos temas", continua o mesmo responsável do museu.
Da Cantiga da pintura Tsunami, de Snehalata Chitrakar, extrai-se o seguinte texto:
Ó, mãe do mar, Mãe do Ganges, porque ceifaste tantas vidas. Ó, irmão, a água do mar veio com toda a fúria, com árvores e folhas a flutuar. Morreram tantos homens! O meu coração chora por eles.
Mães foram privadas dos filhos, filhos perderam as mães, mulheres ficaram sem marido. Que dor! Ó, misericordioso Dayal do meu coração, como chora o meu coração! O céu chora, o vento grita, a mãe infeliz chora os filhos perdidos.
É difícil entender o teu jogo Lila, como fazes uns chorar e outros sorrir.
O exército apareceu quando soube da notícia. Salvaram as pessoas, derramando lágrimas.
Sri Lanka, Tailândia, Andaman – pessoas de doze países tiveram mortes prematuras.
Lina Fruzzetti e Ákos Östör estarão em Portugal entre os dias 3 e 5 de Julho.
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