Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
MEDIA E ATENÇÃO
Na Europa, entre 1/3 e 2/3 das crianças têm televisão no quarto. Um estudo de 2004 indica que os bebés e as crianças entre um e três anos, expostos a programas de televisão, estão mais propensos ao risco de sofrer um défice de atenção quando chegam aos sete anos. Bernard Stiegler (2007: 146) olha estes dados e interliga perturbações de atenção e predisposição para adopção de comportamentos anti-sociais. Um estudo já deste ano realça que a indústria da televisão destrói a educação. Isto porque a televisão provoca um colossal défice de atenção.
Continua Stiegler: perto do final do século XX, as indústrias de programas (ou indústrias culturais) têm uma posição preponderante nas sociedades industriais. A saturação informacional dessocializa o consumidor de informação, pois os conhecimentos e os saberes devem ser psiquicamente assimilados. Agora, a informação é uma mercadoria consumível, descartável e descartada, lançada nas descargas da informação. Há uma agitação contínua em cada indivíduo de que o constante uso do telecomando quando se vê televisão é um indicador.
Esta é uma posição pessimista. Contudo, eu juntaria ao défice de atenção e à saturação informacional a incapacidade de estar quieto, afinal a desconcentração provocada pelo excesso de informação e consequente perda de atenção. Não há reflexão, recolhimento, análise, mas imediatismo, resposta automática.
Leitura: Bernard Stiegler (2007). "Tomar cuidado: sobre a solicitude no século XXI". In Homi K. Bhabha et al. A urgência da teoria. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
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