Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
UM PROJECTO DE PÓS-DOUTORAMENTO – QUE ME LEMBREI DE ESBOÇAR HOJE MAS NÃO VOU FAZER (3)
[continuação do texto dos dias 6 e 9]
Dois equipamentos que mudaram muito a vida das pessoas foram a caixa multibanco e a via verde, aquela para levantar dinheiro de um banco, esta para pagar electronicamente a passagem na autoestrada, sem parar o automóvel. São tecnologias desenvolvidas a primeira há cerca de vinte anos, a segunda perto de dez anos atrás.
A caixa multibanco (ATM) reduz as idas ao banco, do mesmo modo que o pagamento de serviços pela internet evita as filas junto ao balcão. Os profissionais bancários foram reduzidos em número e a relação de confiança que se depositava nos que nos atendiam no balcão desapareceu. Nesse sentido, houve uma desumanização, ou uma maior maquinização, do mesmo modo que o atendimento da telefonista. O dinheiro passou a ser virtual, com as notas a serem substituídas por transacções electrónicas nas caixas ATM também nas lojas, nos supermercados e em qualquer espaço comercial e de serviços.
A caderneta de cheques – e o próprio cheque – perderam terreno, do mesmo modo que a necessidade de apor a assinatura nesses bocados de papel. Agora digita-se um código. As instalações bancárias reduziram de dimensão e de número de balcões após uma concentração banqueira durante a década passada. As sequelas disso ainda se vêem em alguns locais em Lisboa e Porto, pois os espaços não foram reaproveitados, como nos anos de 1960 ou 1970, quando cafés tradicionais deram lugar a filiais de bancos.
Trata-se de tecnologias muito sensíveis, pois mexem com dinheiro. Do mesmo modo que olhamos com alguma desconfiança o pagamento de chamadas telefónicas, embora não haja o eco de queixas como até à década de 1980, reflectimos sempre quando levantamos dinheiro ou pagamos na via verde. A pergunta é: e se a máquina falha.
Já fiz centenas de operações com as caixas multibanco; houve duas falhas, a primeira logo no início do serviço, quando a máquina “engoliu” o cartão, a segunda no final do ano passado quando me deu menos 40 euros do que o solicitado (o banco onde levantei não aceitou a reclamação e o meu banco devolveu o dinheiro, acreditando em mim, mas retirando-o depois, com uma comissão de serviço, ficando ainda a perder mais dinheiro, deixando de acreditar em mim).
A via verde é, dizem os entendidos, uma invenção (ou pelo menos uma adaptação inicial) portuguesa, do mesmo modo que o cartão pré-pago dos telefones celulares. Facilita a entrada e saída na autoestrada, sem espera junto ao portageiro. Há condutores que abrandam nestas passagens mas outros gostam de testar a eficácia do equipamento passando a velocidades quase idênticas como as que praticam na autoestrada.
O processo é simples: basta colocar um pequeno aparelho junto do vidro da frente do automóvel que, quando passa numa dessas passagens, funciona como emissor-receptor. Funcionando a bateria, precisa de ser substituido de vez em quando.
[continua]
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