Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
SOBRE LIVROS
Jorge Manuel Martins, cujo livro Profissões do livro. Editores e gráficos, críticos e livreiros (2005) comentei aqui e aqui, publicou uma separata ao mesmo livro, editada pelo Centro de Línguas e Culturas, da Universidade de Aveiro, com o título Livros: difícil é vendê-los (2007).
Neste trabalho de 20 páginas, o autor propõe-se abandonar a teoria da cadeia de valor (diferentes etapas na produção de um bem, estruturadas segundo saberes e profissões diferentes e que introduzem valor económico em cada uma delas) e falar da rede social do livro. Para compreender a rede social do livro, Jorge Manuel Martins diz que "cada um dos mediadores do livro «interpreta e filtra, selecciona e produz sentido, contribuindo com a sua própria marca, ou com o seu capital simbólico socialmente reconhecido, para transformar um produto base num valor acrescentado e num pacote de benefícios» e que, na nova rede do livro, cruzam-se agora vidas tão especializadas quanto convergentes, sem actores principais nem secundários, em equilíbrio culturalmente desafiante" (p. 43).
Na página seguinte do texto, o autor apresenta um quadro de oferta (produção, difusão) e procura (organizações, indivíduos).
Destaco ainda no trabalho de Jorge Manuel Martins aquilo a que chama de auxiliares de diagnóstico, em que apresenta as fontes de análise dos actores sociais da difusão do livro (pp. 51-57). Um dos elementos que igualmente destaco é a observância de algumas tendências: concentração versus excesso de produto, prioridade aos best-sellers versus ausência de livros de fundo, novos consumidores, aumento das devoluções e descontos crescentes, e proliferação de feiras e saldos enquanto diminuem as livrarias tradicionais e se disputa o espaço nas lojas.
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