quarta-feira, 27 de maio de 2015

Percurso

O livro de Yves Eyot era sobre arte, cultura e estética. Havia um capítulo longo dedicado à arte pré-histórica nas suas formas de arquitetura e escultura. Fixei esta parte e escolhi para apoio à aula. Utilizei alguns diapositivos com imagens retiradas de livros de história da arte. De repente, dei-me conta da discrepância de datas face a outra fonte bibliográfica. Dois autores sobre a mesma ocorrência identificavam anos diferentes. A aula estava a correr bem, mas a incongruência embaraçou-me. Era ao começo da noite de um dia de outubro de 1981. No final do semestre, a turma e os professores fizeram um almoço de confraternização, onde evoquei a falha.

Logo depois, iniciava o ensino de teorias da comunicação, percurso até hoje prolongado, nos últimos 12 anos na Universidade Católica Portuguesa. Por isso, hoje, no final do ano letivo, apresentei o pensamento de autores da teoria da ação linguística, entre os quais John Austin e Paul Grice. Atos de fala, performatividade, sujeito locutório, ilocutório e perlucotório, princípio cooperativo e relevância foram tópicos referidos. Noutra aula da semana, noutra matéria, lemos um capítulo do livro de David Hesmondhalgh sobre indústrias culturais, que me acompanha desde o começo deste blogue.

No decurso destes anos, além das teorias da comunicação desfiei sociologia do jornalismo, história dos media e análise de públicos e muito mais e autores como Michael Schudson, Nelson Traquina, Paddy Scannell, Michel Foucault, Gilles Deleuze (muito menos) e Harold Adam Innis. Nunca falei de Paul Ricoeur, embora tenha preparado uma aula, adiada por decisão própria, em que ele, Innis e Braudel dialogavam com outros. Mesmo sabendo que estes dois últimos estão fora de moda, o texto está guardado no computador há quase um ano, à espera de ser retomado.

Quando chegava a casa, o perfume das tílias invadia a rua, anunciando junho. E os jacarandás já mostravam as suas flores azuis. A natureza está exuberante.


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