Há dias, publiquei um recorte de imprensa do Diário Popular (22 de setembro de 1969), artigo de Fernando Correia com o título "Televisão e Sociedade".
Agora recolho memórias do autor e do texto. Em 1969, Fernando Correia estava na tropa, e ia escrevendo em casa umas coisas para o jornal. Por simpatia de Pinto Balsemão, e para poder ganhar algum dinheiro visto não receber salário, até colaborou com crítica de televisão, assinando António Pinheiro. O cumprimento do serviço militar não era compatível com o exercício da profissão, que ele iniciara em 1966, no mesmo Diário Popular.
Fernando Correia, ao recordar este texto, mostrou-se surpreendido com a leitura de algumas passagens. Em princípio, a censura cortaria, embora em textos deste tipo, mais "difíceis" para os leitores habituais de um jornal como o Popular, a censura fosse, por vezes, mais "condescendente". Mas o então jovem jornalista também recorreu a metáforas como sistema englobante em vez de sociedade capitalista. Há ainda uma referência cifrada à ação da censura, implícita na equívoca alusão à falta de espaço para poder escrever mais: "De tudo isto (e de muito mais que não pode ser dito) resulta".
As entrelinhas funcionavam para alguns leitores!
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