terça-feira, 15 de janeiro de 2008

INDÚSTRIA DE VIDEOJOGOS


Video Games in the 21st Century. Economic Contributions of the US Entertainment Software Industry é um relatório sobre a indústria de videojogos, escrito por Stephen E. Siwek para a Entertainment Software Association, publicado em 2007 e disponível aqui.

Trata-se do primeiro estudo que quantifica em detalhe as contribuições específicas da indústria de software de entretenimento americana dentro da economia dos Estados Unidos.

No sumário executivo deste relatório de 36 páginas lê-se que: 1) a indústria emprega mais de 24 mil pessoas em 31 estados americanos, 2) em 2006, este total de empregados recebeu um total de 2,2 mil milhões de dólares de vencimentos, 3) o total de emprego nos Estados Unidos que depende directa ou indirectamente da indústria de software de entretenimento ultrapassa os 80 mil postos de trabalho, 4) no período 2002-2006, o emprego na indústria de edição do software de entretenimento cresceu anualmente 4,4%, 5) em 2006, a média por empregado (incluindo salários, férias e contribuições para a segurança social) foi de 92.368 dólares, 6) o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria vale 3,8 mil milhões de dólares, 7) o crescimento anual real da indústria de software de entretenimento ultrapassou os 17% nos períodos de 2003-04 e 2005-06; durante esses anos, o crescimento real da economia americana foi abaixo dos 4%, 8) por via disso, a indústria de software de entretenimento dá um grande contributo ao crescimento da economia americana, pois nos períodos de 2003-04 e 2005-06, o seu valor no PIB foi de quatro vezes superior ao resto das indústrias.

NOVA EXPOSIÇÃO NO MUSEU DO CHIADO

FOTOGRAFIA - 1


Hoje, terça-feira, dia 15, pelas 19:00, Memórias e Sonhos, conferência da fotógrafa brasileira Eliane Velozo. No Instituto Português de Fotografia (IPF), Rua da Ilha Terceira, 31A, em Lisboa.

FOTOGRAFIA - 2


O workshop Fotografia de Espectáculo, por Susana Paiva, vai decorrer nos dias 3, 5 e 10 de Fevereiro das 15:00 às 20:30 e 8 de Fevereiro das 20:00 às 23:00. Local: Kabuki - Centro d'Arte, à rua Newton, nº 10 B, em Lisboa (perto do metro dos Anjos).

Objectivos: "Falar de fotografia de espectáculo é falar de uma disciplina tão vasta e complexa como o seu objecto – um caleidoscópio de práticas e metodologias transversais que abarca todas as possíveis especializações fotográficas. Da arquitectura do efémero ao retrato dos actores e criativos, passando pela fotografia de espectáculo, se espelha na perfeição essa forma de Arte Total que está longe de se esgotar na fotografia de cena. Partindo do real observável, próximo do registo documental, para chegar à narrativa ficcional, tão próximo da fotografia publicitária e de moda, se traça a rota do workshop que se adivinha uma pequena incursão na história da fotografia contemporânea" (programa da organização).

Conteúdos:
1 - Imagem e memória. A materialização do efémero.
2 - Do texto ao palco. Dramaturgia da imagem.
3 - Do visível e invisível em teatro.
4 - Sarah Moon e Martine Franck. A fotografia de teatro em França.
5 - Retratos de Actores. O estúdio Harcourt.
6 - Imagens que mentem – a fotografia em Duane Michals.
7 - A realidade da ficção - Sophie Calle e Jeff Wall.
8 - Arquitecturas efémeras. Cenários materiais e virtuais

Inscrições: até 26 de Janeiro de 2008.

Participantes: o workshop destina-se a um número máximo de 14 participantes, a partir dos 16 anos de idade. Os participantes deverão ter acesso a uma máquina fotográfica digital e idealmente a um computador portátil.

Mais informações, como preços e perfil da orientadora do curso, no sítio da escola
Kabuki.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

BOA NOTÍCIA - 1


Retiro uma fatia do texto O futuro de Portugal visto de NYC, escrito por Francisco Veloso e publicado no Público de hoje (p. 35):

O que realmente surpreende no conteúdo dos artigos é o facto de a tónica dominante ser um Portugal que não esquece as suas tradições, mas também que aposta no moderno, criativo e mesmo na vanguarda (ver caixa). O apontamento sobre o Porto menciona os locais históricos da cidade, mas dá destaque à Casa da Música e à Fundação Serralves como expoentes de um "taste for new" que impregna a cidade. O foco do texto sobre Cascais não é a praia, mas antes o Farol Design Hotel e a colecção de arte moderna da Fundação Ellipse. Quando reporta sobre Aveiro, a herança piscatória é usada como mote no artigo, mas o ênfase é a nova dinâmica criada pela Universidade e experiências como a bicicleta de utilização gratuita ou o Mercado Negro, mistura de centro cultural e lojas de vanguarda. O artigo de Novembro sobre Lisboa, com o sugestivo título: "On the Waterfront, With Style", ignora mesmo a dimensão histórica e apresenta antes vários exemplos que mostram como a zona de Santos representa o pináculo no emergir de Portugal como um dos destinos onde se pode encontrar a vanguarda do design.

Portugal precisa de optimismo; a notícia parece despertar-nos para isso.

Talvez valha a pena juntar o terno e melodioso filme de Manoel de Oliveira, Cristóvão Colombo - o enigma.

BOA NOTÍCIA - 2


O artigo publicado hoje no Diário de Notícias sobre a indústria de calçado (assinado por Ilídia Pinho) começa assim:
  • A indústria portuguesa de calçado, depois de um processo de ajustamento provocado pela deslocalização de algumas das maiores multinacionais, parece ter atingido um novo patamar de estabilidade. Os novos desafios levantados por uma concorrência mais agressiva de produtores asiáticos foram vencidos com uma aposta em produtos mais inovadores e investimentos em tecnologia.

  • "A área comercial e de marketing é uma das grandes prioridades para a indústria. De um modo geral, consideramos que poderemos, ainda, acrescentar maior valor à nossa produção, aproximando-nos crescentemente do consumidor final", diz [Fortunato Frederico, presidente da APICCAPS]. Sendo, por isso, natural, que se assista a um número cada vez maior de empresas, designadamente pequenas e médias empresas (PME) a investir no retalho.
Com um destaque informando que mais de 90% da produção é exportada, a segunda página do destaque salienta três casos de sucesso: uma nova fábrica, um novo calçado postural e a criação da sandália-camaleão (as tiras desta sandália são de sete cores, que se podem facilmente montar e desmontar).

[texto disponível aqui]

TELEVISÃO POR CABO


A newsletter Meios e Publicidade informa hoje que a compra das opeadoras de televisão por cabo, Pluricanal e Bragatel, à PT Multimedia, está suspensa à espera de um parecer da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social).

Esta operação de concentração terá sido um dos assuntos discutidos na última reunião do conselho regulador da ERC na semana passada. As duas empresas pertencem a Joe Berardo, segundo a mesma notícia.

AUDIÊNCIAS DE IMPRENSA


Também de acordo com a newsletter de hoje da Meios e Publicidade, a próxima vaga do Bareme Imprensa já irá conter alterações na metodologia de recolha de informação, ao incluir uma percentagem (5,4%) realizada através da internet na amostra. Também o próximo Bareme Rádio verá incluído na amostra contactos pela internet.

Igualmente o telemóvel será um meio de contacto com os inquiridos, mas apenas para solicitar outro meio de contacto (telefone fixo ou e-mail). A localização geográfica, que o telemóvel não dá, é uma variável importante na recolha de dados.

domingo, 13 de janeiro de 2008

JORNALISMO LITERÁRIO


Vai decorrer, nos próximos dias 15 a 17 de Maio, a III Conferência Internacional sobre Jornalismo Literário (ver aqui para fazer o download para o call for papers, até ao dia 31 deste mês). A entidade de acolhimento é o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa, e a organização pertence à International Association for Literary Journalism Studies (IALJS).

As anteriores conferências anuais decorreram na Universidade de Nancy 2 (2006) e no Institut des Sciences Politiques (Sciences Po) de Paris (2007). A IALJS é uma associação multi-disciplinar focada na investigação académica e no seu estímulo em termos de jornalismo literário.

[a partir de informação recolhida na 3ª newsletter da SOPCOM]

sábado, 12 de janeiro de 2008

O MAGMA DA CAMPANHA DA OPTIMUS


A imagem central da nova campanha da Optimus (telecomunicações móveis) é o magma. "O investimento na campanha de promoção da nova marca ascenderá, a preços de tabela, a 32 milhões de euros, mas poderá subir aos 200 milhões de euros até ao final do ano com as alterações que será necessário introduzir em termos de imagem, nomeadamente nas lojas", escrevia o jornal Público de anteontem. E ainda se lia na mesma notícia que se tratava do maior rejuvenescimento de sempre de uma marca nacional, a Optimus, empresa criada há dez anos por Paulo Azevedo e que hoje representa 20% do mercado.


A nova imagem, criada pela Euro RSCG, apresenta-se com a assinatura De que é que precisas?, tendo os filmes sido feitos na Argentina. Mas ainda, em diferentes suportes, nas mensagens Ninguém vive sem mudança, Ninguém vive sem filmes, Ninguém vive sem paixão, Ninguém vive sem amigos e Ninguém vive sem emoções. No sítio da Optimus, estão disponíveis a música (mp3, toque, my ring) e downloads (gadget, wallpapers e screensavers), num sentido preciso de públicos-alvo, de que abaixo falarei, e um curioso making of do anúncio de televisão e internet.

Ora, na imagem - o magma, "elemento orgânico laranja, quente e moldável, que estabelece o paralelo entre a marca e um organismo vivo" -, surge a controvérsia, segundo aponta o Expresso de hoje. Há semelhanças com o elemento central da nova imagem corporativa da Nokia, mas o responsável da agência de publicidade rejeita e indica que a inspiração partiu dos candeeiros-lava inventados por Craven Walker nos anos de 1960 (pode ler-se a história dos lava lamps aqui; basicamente estes candeeiros tinham óleo, cera e outros sólidos que, percorridos por uma corrente eléctrica e após cerca de 30 minutos de aquecimento, se transformavam num magma colorido). Por seu lado, um administrador ligado à Optimus disse ao Expresso que a imagem do sítio da Nokia foi concebido para a Orange, empresa de telecomunicações móveis da France Télécom que detém parte da Optimus. O que significa uma partilha de identidade visual entre as duas empresas numa internacionalização do capital dessas empresas.


Vendo o filme publicitário que passa na televisão e na internet, não há qualquer modelo de telefone. O referente desaparece para dar lugar à marca, dada a notoriedade dela. Melhor dizendo: vivemos num mundo de símbolos; Optimus significa um estilo de vida jovem e divertido. No filme, vê-se o sol (o magma) a nascer, a iluminar uma jovem que acorda, uma rapariga no sofá parecendo sonhar enquanto molda o magma, jovens num autocarro e num carro descapotável, rapaz fazendo uma acrobacia no jardim, uma banda musical de garagem, jovens dançando na discoteca - indo a mensagem no sentido do indivíduo para o grupo, do isolamento para o grupo. O magma é o elemento aglutinador e contagiante.

Nas imagens não há crianças nem velhos, apenas tardo-adolescentes e jovens adultos. Aparentemente, o público-alvo da mensagem está restrito a essa faixa etária. Mas, pensando melhor, as crianças tem como padrão de referência os adolescentes (como a popularidade da série Morangos com Açúcar nos mostrou) e os mais velhos revêem-se na juventude como etapa da vida mais bem recordada. Logo, há uma maior abrangência, dos 10 aos 45 anos. Nos mupis, o jovem par de namorados e o grupo de raparigas (numa das imagens, elas têm por detrás de si rapazes, numa situação de interesse mas sem compromisso) reflectem outro elemento para além da juventude. No fundo de cada imagem, há paisagens urbanas modernas, tais como prédios e esplanadas, mas pouco reais e mais virtuais. O sorriso amplo das figuras humanas remete para as relações humanas, internas e externas, explica a agência de publicidade.

Eu acrescentaria mais: do mesmo modo que o serviço ou produto se apaga na marca, também as telecomunicações da Optimus se transformam em entretenimento, em multimedia. O telefone celular tem múltiplas funções, em que uma é, quase por acaso, o telefone. E, para além das funções oferecidas, junta-se a juventude e um certo modelo de vida, a certeza de que tudo está assegurado (De que é que precisas?), o ambiente e a música, recuperando a Optimus, com a banda musical, a magia da sua publicidade nos anos iniciais.

Gostei da campanha. Mas fica uma pergunta: porque uma mudança após apenas dez anos de existência? Os clientes da Optimus já estavam cansados da sua imagem? Ou é necessário reinventar a marca para buscar uma quota maior de mercado? Ou, como escrevi acima, há uma viragem estratégica de produtos e serviços, dando primazia ao entretenimento (internet, toques de telemóvel, música partilhada como no iPod, jogos, televisão) em detrimento do telefone?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

UM BLOGUE DEDICADO AOS POSTAIS ILUSTRADOS

Postais Ilustrados é o blogue que revela a investigação em torno do projecto Os postais Ilustrados: para uma sócio-semiótica da imagem e do imaginário, projecto a decorrer no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade desde 2007, sob a coordenação de Moisés de Lemos Martins, e aprovado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

A equipa de investigação é constituída por
Maria da Luz Correia, Moisés de Lemos Martins e Madalena Oliveira. Na sua mensagem fundadora, a 9 deste mês, escrevem os autores do projecto

  • Pertencem talvez a um tempo em que a comunicação à distância se permitia também uma certa partilha íntima da caligrafia. São contemporâneos da imagem fotográfica. Estão quiçá para a história da escrita epistolar como estarão já os weblogues para a história da cibercomunicação. Os postais ilustrados compõem um universo extremamente rico de representações. Só na aparência eles poderiam ser considerados meios de comunicação marginais.
O tema é interessante. Os postais ilustrados são, se quisermos, uma pequena indústria cultural, muito específica dos locais que representam. Quando vamos a uma cidade nova procuramos sempre, de entre as recordações dessa visita, comprar postais ilustrados.

[via Madalena Oliveira, do blogue
Jornalismo & Comunicação]

BLOGUES DE JORNALISMO


Embora apresentado publicamente no começo de Dezembro último, só agora tomei conhecimento do livro Medios de Comunicación-El Escenario Iberoamericano. Tendencias ‘07, editado pela Fundación Telefónica e pela Ariel, em que mais de meia centena de especialistas espanhóis, portugueses e latino-americanos analisou os modelos mediáticos de 20 países ibero-americanos.

O relatório, coordenado e dirigido por Bernardo Díaz Nosty, professor catedrático da Universidade de Málaga, analisa, entre outros pontos, os novos usos tecnológicos, a cultura em Rede e os fluxos de população nas nações ibero-americanas capazes de permitir futuros processos de convergência, baseados na internacionalização dos meios e na inexistência de barreiras linguísticas significativas.

Há um capítulo dedicado aos jornalistas que usam blogues na sua actividade, resumindo-se aqui os principais resultados (a partir de uma mensagem de Bella Pallomo, igualmente docente na Universidade de Málaga, e autora do capítulo Periodistas en Internet. Blogs en el espacio iberoamericano):

1) 75% têm menos de 40 anos,
2) Três em cada dez blogues são elaborados por mulheres (jornalistas),
3) Metade dos jornalistas ibero-americanos com blogue tem várias ocupações profissionais,
4) Os jornalistas menos atraídos pelo jornalismo digital são os que trabalham no sector audiovisual e na comunicação institucional,
5) Três em cada quatro inquiridos consideram que com o blogue praticam jornalismo de opinião,
6) 61,9% crê que a maior vantagem do seu blogue é falar com a audiência,
7) 52,4% conseguiram uma liberdade editorial que não têm no meio em que trabalham,
8) Apenas 3% conseguiram com os blogues uma outra forma de ganho económico,
9) 63% recebe comentários ofensivos,
10) 40% recebem ofertas de trabalho através do blogue (presumo que pedidos de emprego),
11) 63% não se preocupam com a questão do copyright,
12) 35% estimam que, numa qualquer ocasião, foram plagiados conteúdos do seu blogue,
13) 60% incorporam elementos multimedia no seu blogue.

STOCKHOLM LISBOA PROJECT

O Stockholm Lisboa Project reune o sueco Simon Stålspets, os portugueses Sérgio Crisóstomo (At-Tambur), Liana (vencedora da Grande Noite do Fado, em 1994 e 1996 e do Festival RTP da Canção; em 2000, fez de Amália no musical de Filipe la Féria, e vive actualmente em Londres) e Luis Peixoto (Dazkarieh). Em Setembro de 2007, lançaram o disco Sol. Tocam polskas e fados.

Podem saber mais no seu sítio (biografias, faixas do CD, agenda de concertos, etc.) e no My Space e em vídeos aqui (acima referido) e aqui.

NUNO GALOPIM: RÁDIO, MÚSICA E BLOGUE


Nuno Galopim participou na minha aula de Indústrias Culturais na passada quarta-feira. O meu obrigado ao seu contributo.



Nuno Galopim é jornalista do Diário de Notícias (editor de Artes), radialista da Radar (programa Discos Voadores) e tem um blogue (http://sound--vision.blogspot.com/), conjuntamente com João Lopes.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A NOVA GERAÇÃO DA TELEVISÃO


Titulam os jornais, como o Público de hoje, que os Gato Fedorento vão regressar à televisão em Outubro e na SIC. É um regresso ao grupo televisivo onde nasceram, depois de blogues e livros.



O Público escreve que esta é a primeira conquista do novo director de programas da SIC, Nuno Santos, ele próprio regressado à SIC depois de ter estado na RTP. O grupo Gato Fedorento (Ricardo Araújo Pereira, Miguel Góis, Tiago Dores e José Diogo Quintela) é o produto televisivo mais rentável na televisão depois do futebol, adianta a mesma notícia. Ponce Leão, que dirigiu o canal público no intervalo entre a saída de Almerindo Marques e a entrada da nova administração, terá recusado renovar com o Gato Fedorento.

Na primeira temporada, a audiência do Gato Fedorento com a série Lopes da Silva foi de um milhão de espectadores, ao passo que as duas temporadas seguintes com Diz que é uma espécie de magazine alcançaram os dois milhões de espectadores.

Há aqui duas reflexões a fazer. A primeira é que a RTP perdeu para a SIC, logo numa altura em que ultrapassara o canal comercial em termos de audiência. Isto é: perdeu o director de programas e perdeu um programa âncora. A SIC, por seu lado, renova a geração. Os Gato são a geração depois de Herman José, igualmente um humor inteligente mas mais "limpo" (isto é, sem obsessões sexuais). Depois, são uma espécie de contracorrente ao pessimismo e conformismo dos seus espectadores. Francisco Penim, possivelmente, foi um gestor de transição da geração mais velha (Emídio Rangel, Manuel S. Fonseca) para a mais nova (Nuno Santos).

A nova geração da televisão poderá estar igualmente na entrada de Nuno Artur Silva para a direcção de programas da RTP (notícia igualmente retirada do mesmo jornal). Grande responsável pelas Produções Fictícias, de que escrevi nomeadamente
aqui e aqui, empresa de êxitos como Contra-Informação, Inimigo Público e colaborações com Herman José (Parabéns, Herman 98, Herman 99, Herman SIC), com 45 anos, Nuno Artur Silva, a concretizar-se a informação, leva um talento associado a áreas distintas como a imprensa, o teatro e a televisão para o canal público.

A segunda reflexão tem a ver com a análise que muitos fazem, considerando a televisão um meio a perder influência (como se diz dos jornais e da rádio), devido à internet e aos canais de cabo. Estas mudanças (contratações) revelam apostas de grande vitalidade. Humor, notícias, séries e novelas parecem estar a atrair uma geração mais jovem de espectadores, como estudos do OberCom mostram e os gostos dos meus alunos em trabalhos realizados nos últimos três anos indicam. Coisa que os canais generalistas de feixe hertziano continuam a saber fazer.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

CAMPANHA DA OPTIMUS


Em tendo tempo, gostaria de estudar o clip da nova campanha da Optimus, a começar pelo vídeo no YouTube, aqui. Ou, havendo comentários, solicito aos meus leitores.

LANÇAMENTO DE NOVO LIVRO DE RITA FIGUEIRAS


Rita Rigueiras vai lançar o livro O Comentário Político e a Política do Comentário, no dia 22 de Janeiro, às 18:30, na Universidade Católica Portuguesa (Sala Científica, 1.º Piso do Edifício da Biblioteca).

O livro, com chancela da Paulus, tem prefácio de J.M. Paquete de Oliveira. A apresentação de O Comentário Político e a Política do Comentário estará a cargo do historiador e comentador político José Pacheco Pereira.

FIM DA PUBLICIDADE NOS CANAIS FRANCESES DE TELEVISÃO



O presidente francês Nicolas Sarkozy indicou ir desaparer a publicidade nos canais públicos franceses. A rede pública francesa de televisão possui cinco canais nacionais, o canal franco-alemão Arte, seis estações nacionais de rádio e uma rede de canais regionais e foi fundada assente na combinação de taxa obrigatória de audiovisual e publicidade. Para 2008, os canais públicos receberão € 2,89 mil milhões (por comparação, a britânica BBC recebeu, em 2006-2007, € 4,38 mil milhões através de taxa do audiovisual).

Esta "revolução" no audiovisual terá um forte impacto nas redes de televisão comercial e privada. Após a conferência de imprensa de ontem por Sarkozy, a audiência na TF1, principal estação francesa e privatizada na fase inicial de privatizações naquele país, subiu 8,92%, enquanto a Bouygues aumentou 3,3%.

O desaparecimento da publicidade nos canais públicos será compensado com uma taxa sobre a publicidade que passa nos canais privados e nos novos meios de comunicação como a internet e os telefones celulares (AFP via The Tocqueville Connection; lido na newsletter do European Journalism Centre de hoje).

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

PÓS-GRADUAÇÃO EM TELEVISÃO E CINEMA


A Universidade Católica Portuguesa, através da Escola de Pós-Graduações da Faculdade de Ciências Humanas, vai lançar uma pós-graduação em Televisão e Cinema, a partir de Abril e prolongando-se até Fevereiro do próximo ano, coordenada pelos professores Carlos Capucho e Lopes Araújo. De entre os docentes, destaco Judite de Sousa (jornalista da RTP), Jorge Paixão da Costa (realizador de televisão e cinema e docente universitário), Vanda de Sousa (argumentista) e Isabel Gil (directora da Faculdade de Ciências Humanas da UCP). Realização, produção e pós-produção audiovisual, tecnologias, jornalismo televisivo e escrita de argumento contam-se entre as matérias a leccionar.

Para os que concluirem com êxito a pós-graduação, esta tem um valor de 40 ECTS (unidades de crédito).

Mais informações aqui.

MCLUHAN EM VOLTA AO MUNDO

Encomendei um livro à Amazon inglesa. Havia um exemplar disponível numa livraria associada, a Paperbackshop.co.uk (inglesa). Mas o livro foi despachado por uma empresa americana, a PDM (situada no centro comercial Elk Grove Village), através do correio sueco de Malmö (Posten Sverige AB).

Confesso que é pesado de mais para a minha compreensão. É a globalização. O livro: não podia deixar de ser McLuham, numa pequena mas fascinante colaboração com Quentin Fiore, The medium is the massage.

Curiosas as indicações que existem no autocolante do envio da encomenda: "Pode ser aberto oficialmente", "Certifico que este item não contém nenhum artigo perigoso proibído pelos regulamentos postais. Assinado: A Gillet". "Descrição do conteúdo: Livro - matéria impressa, peso 225 gramas". Traz ainda o preço do livro em libras, mas não o custo do despacho, e distingue embalagens de três tipos: ofertas, mercadoria, amostra comercial.

IMAGENS DE NEWSLETTERS


A Sete Pés é uma entidade de projectos artístico-culturais, a funcionar na rua do Almada, 28, traseiras, no Porto. De entre outros cursos, está a promover um sobre Conteúdos Digitais de Comunicação e Educação em Museus, uma parceria com a Universidade do Minho. Dos objectivos, a organização destaca o uso das comunidades virtuais em proveito dos museus.

O que gosto particularmente da comunicação da
Sete Pés são as imagens que encabeçam as suas newsletters, de que dou exemplos recentes.

OEIRAS EM AGENDA CULTURAL


A Sociedade Filarmónica e Fraternidade de Carnaxide existe desde 1866 como se lê no frontispício da sua sede, à rua 5 de Outubro, 6, em Carnaxide. O objectivo dessa época era aglutinar a população em actividades culturais, desportivas e sociais. Hoje, tem 700 sócios e cerca de 100 alunos integrados numa escola de dança, de música, de marcha, de futsal e de xadrez, para além do Bar Azul. A Sociedade possuo também uma Banda. O pano de palco, de 1913, é lindo, leio na agenda cultural mais recente de Oeiras, 30 Dias.


Com as páginas centrais dedicadas aos mais pequenos (Roteirinho), o número de Janeiro traz também uma entrevista a Susana Félix (cantora, actriz de televisão), uma crónica do Gonçalo M. Tavares sobre escritores representados nas bibliotecas e uma crónica de Pedro Osório sobre uma banda rock dos anos 1970, os Gentle Giant. Nesta crónica, o músico aconselha a que se procure essa banda através do YouTube. Mas confessa alguma repulsa pelo poder hoje em dia concentrado nas chamadas indústrias culturais.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO A LEITOR ANÓNIMO


Às 10:47:00 de hoje recebi um comentário a propósito da mensagem sobre televisão digital escrita ontem:

Já é a segunda vez que o tenho de corrigir: o Metro não é da Cofina, é da Media Capital; a Cofina tem o Destak e o Meia Hora.

O leitor (anónimo) tem razão. A imagem seguinte retirei-a do Anuário de Comunicação do Obercom, onde isso é preciso. O blogueiro deixou-se enganar pela notícia publicada no Público de 4 de Janeiro último (de que ampliei a informação). Isso não alivia a minha falha. Muito obrigado pela correcção!

LEYA


O grupo editorial lançado por Miguel Pais do Amaral vai chamar-se Leya, segundo o Correio da Manhã. Ainda de acordo com esta notícia, o grupo liderado pelo antigo patrão da TVI e da Media Capital "é já o maior do mercado editorial português e resultou da aquisição de seis editoras, entre as quais a ASA, a Texto Editores e a D. Quixote" e vale cerca de 80 milhões de euros.

LIVRO "CIDADES DA ÁGUA"

domingo, 6 de janeiro de 2008

JORNAIS


1) A assinalar os novos estatuto editorial e código de conduta do Expresso, conforme edição de ontem. Quanto à conduta dos jornalistas inclui-se a "informação de maior qualidade, rigor e independência",

2) O posicionamento do novo provedor do leitor do Público, Joaquim Vieira, agora que começou funções. Pelo que li, vai ser seguro e exigente mas igualmente tranquilo e equilibrado. Com um posicionamento distendido, ao contrário de uma certa linha de rumo do seu antecessor, Rui Araújo (apesar das minhas críticas, Araújo deixou um significativo património no seu exercício, ao colocar em discussão permanente as questões do plágio e do uso do português correcto na escrita das notícias). Desejo muito sucesso a Joaquim Vieira.

IADE


O IADE - Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing foi comprado pelo grupo que detém o IPAM - Instituto Português de Administração e Marketing, li ontem no Expresso. Fundado por António Ferro, em 1969, o IADE tem um dos mais conceituados cursos de Design em todo o país, a funcionar na Avenida D. Carlos, em Lisboa (edifício desenhado por Tomás Taveira).

O IPAM, que nasceu em 1984 e teve uma ligação efémera com a Universidade Independente, antes desta desaparecer, abriu a FEPAM (Faculdade Europeia, em Recife, Brasil) e gere, entre outros activos, a UCAE - Colégio Universitário de Altos Estudos. O centro da actividade do IPAM é o marketing. Tem novas instalações, inauguradas em 2006, na Av. Marechal Gomes da Costa (Lisboa), para além das escolas em Matosinhos e em Aveiro.

TELEVISÃO DIGITAL


O anúncio pelo Governo da abertura do concurso da TDT (televisão digital terrestre) até final do primeiro trimestre deste ano fez publicar diversas páginas de jornais (nas imagens, e sucessivamente, parcelas das páginas do Diário de Notícias e Público (aquele em 4 de Janeiro, este em 4 e 5 de Janeiro; não analiso notícias veiculadas pelo Correio da Manhã e Expresso, entre outros).



Sem eu ser especialista em televisão ou em televisão digital, a partir da leitura das peças jornalísticas é possível fazer um balanço ainda impressionista do que vai acontecer:

1) a TDT é um tipo de tecnologia que permite digitalizar o sinal de transmissão, em substituição do sinal analógico, que cessará por volta de 2012. A mudança significa mais qualidade de definição da imagem e mais concentração em termos de frequências de sinal aberto (o que se recebe por antena), libertando frequências para outros fins. O concurso em Portugal, para além desta viragem tecnológica, tem a vantagem de abertura de um novo canal, permitindo ao concorrente ganhador negociar com emissores de televisão a transmissão por esta nova tecnologia,

2) a TDT tem como concorrente principal a televisão por cabo, mercado já maduro em que a Multimedia (antiga PT Multimedia) tem uma fatia dominante de mercado,

3) os actuais detentores de canais analógicos manifestam contrariedade. Isto porque a abertura de um quinto canal trará necessidade de repartir a publicidade existente. O mercado publicitário é da ordem de 760 milhões de euros, com a televisão a ter cerca de 60% do total. Mas cabo, jornais gratuitos e internet recolhem cada vez mais publicidade. Se a Impresa (SIC) está totalmente contra o modelo agora proposto, a Media Capital (TVI) tem uma posição mais maleável, pois quer explorar melhor a rede de transmissão que já possui,

4) ao invés, dois outros grupos de media estão interessados: a Controlinveste, de Joaquim Oliveira (Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, Sport TV), e a Cofina, de Paulo Fernandes (Correio da Manhã, Metro, Record). Isto porque a televisão funcionará como alavanca de crescimento num meio muito popular e em que a publicidade tem um peso elevado,

5) a administração do serviço público de televisão não se terá manifestado. Talvez porque inicia agora funções ou porque combinou a estratégia com a tutela. Curiosamente, Ponce Leão, da anterior administração, havia alertado para as dificuldades que o novo canal digital traria para a RTP, numa posição quase análoga à de Pinto Balsemão, da Impresa (infelizmente nos últimos dias e quando já sabia não fazer parte da nova administração, o que não me pareceu muito correcto),

6) um parceiro que nem todas as notícias referiram, a APIT (Associação de Produtores Independentes de Televisão), aplaudiu a criação de um novo canal, pois significa mais produção de conteúdos nacionais,

7) o controlo do concurso pertence à ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), o que significa muito poder para esta entidade,

8) não ouvi ou li nada sobre reacções dos partidos da oposição. O anúncio da decisão partiu do Governo (reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira),

9) também não ouvi reacções da PT Comunicações, dado que esta empresa já não tem no grupo o negócio da televisão por cabo. Igualmente tenho pena que o grupo Sonae (com o jornal Público e uma presença mais forte no mercado das telecomunicações) não tenha manifestado interesse. São, a meu ver, grupos tão interessantes como a Cofina ou a Controlinveste para entrarem no novo mercado,

10) a TDT é importante para a indústria de televisores, pois parte grande do parque doméstico terá de ser renovado.

BLOGOSFERA


Informava ontem o Público (caderno "Digital") que a blogosfera tem um peso crescente nas notícias de desporto. Isto é, a blogosfera cria permanentemente a agenda noticiosa que leva outros media a seguirem-na. A notícia, assinada por P. R., diz que casos como o julgamento de Michael Vick, estrela de futebol americano, por organizar lutas de cães, ou o escândalo de doping na liga americana de basebol determinaram a agenda de notícias.

A blogosfera é também conhecida por "media criados por fãs", que me parece uma expressão útil e muito carinhosa, e que adopto a partir de agora.

ENTREVISTA DE EDUARDO MONIZ (TVI ) AO PÚBLICO


Recupero aqui algumas ideias deixadas por José Eduardo Moniz na entrevista a Joana Amaral Cardoso (Público, 3 de Janeiro último):

1) As coordenadas da TVI são, desde 2000, a informação, a ficção, o entretenimento, o futebol e as séries estrangeiras,

2) a programação que se destacou em 2007 na TVI foram a ficção e a informação diária,

3) relevo para os talk-shows: três horas de manhã (com Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira) e três horas de tarde (com Júlia Pinheiro),

4) para 2008, a aposta, dentro das coordenadas acima indicadas, englobará os reality-shows,

5) a TVI vai abrir um canal de informação no cabo este ano, com emissão 24 horas por dia e com equipas da TVI,

6) Manuela Moura Guedes (mulher de Moniz) regressará em breve ao ecrã da TVI.

José Eduardo Moniz trabalha em televisão há 30 anos e comemora, em 2008, 10 anos à frente do canal (a TVI começou a emitir em 20 de Fevereiro de 1993.