Ontem, quando escrevi sobre a má qualidade do museu de Bach na cidade alemã de Leipzig - e a partir do meu protesto sobre uma exposição temporária no Museu Nacional do Traje (tema da mensagem anterior) -, pus-me a reflectir sobre a excelência dos museus.
Por vezes, temos um discurso miserabilista sobre a nossa realidade. As coisas de fora é que são boas, concluimos regularmente. Por exemplo, o Museu do Fado tem uma grande qualidade de apresentação dos materiais, quer técnica quer socialmente, com imagens, instrumentos e outros elementos. Além da reconstituição histórica dos ambientes e dos espaços. Devo dizer que, após uma crítica aqui feita em 18 de Junho de 2006, testemunhei o seu valor (ver mensagens em 31 de Julho de 2006 e 22 de Outubro de 2006), incluindo o próprio envolvimento externo ao museu, com visitantes organizados.
O Museu Nacional do Traje, apesar da minha crítica à exposição temporária, tem uma colecção importante no tocante a vestuário e moda, como o ilustra o catálogo A Moda do Século (1900-2000), cuja comissária foi a própria Madalena Brás Teixeira.
Neste catálogo, para além dos textos da comissária da exposição, destaco o de Miguel Fialho de Brito, chamado O Traje Masculino em Portugal 1900-1974, que escreve sobre influências e antecedentes da moda masculina na Europa, arte de vestir, lanifícios, alfaiataria (com um estudo de caso de um alfaiate da Baixa de Lisboa, António Feijão) e moda quase década a década.
O importante, quanto a mim, é a necessidade de se fazerem estudos comparativos entre museus, para apurar da relevância e do apuro das suas colecções. Mas deve haver atenção a falhas na organização de exposições temporárias, como o caso da referida em mensagens anteriores. Para memória do futuro, o que fica? Como nem um simples desdobrável se produziu, fica apenas para a estatística das realizações do museu - o que deveria ser o último elo na idealização de uma exposição ou mostra.
1 comentário:
Os museus nada mais são, e continuarão a ser, atracções turísticas e espaços de diversão burguesa. A sua importância no que toca à preservação da memória cultural ou social de uma civilização é quase nula.
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