terça-feira, 11 de dezembro de 2007

INDÚSTRIAS CRIATIVAS E CULTURAIS EM JUSTIN O'CONNOR


The Cultural and Creative Industries: A Review of the Literature é um relatório escrito por Justin O'Connor (professor de Indústrias Culturais da Universidade de Leeds) e publicado muito recentemente (Novembro), com 68 páginas (
aqui já referenciado) [na imagem, uma das capas possíveis do texto, antes da sua edição].

Compõe-se de cinco capítulos: 1) conceito de indústria cultural em Theodor Adorno, 2) autores dos anos 70 que reflectiram sobre o conceito adorniano, 3) discurso do consumo cultural, 4) economia urbana e imagem cultural das cidades, e 5) indústrias criativas.

O capítulo 1 debruça-se sobre Adorno, a cultura moderna e a estética modernista, os produtos e bens culturais e a reprodução tecnológica, a produção de bens, os media e a comunicação, a separação da produção e consumo cultural, o mercado e as políticas culturais, a cultura de massa e industrial. O capítulo 2 parte de duas escolas com grande representatividade no Reino Unido - estudos culturais (designados frequentemente pela forma inglesa de cultural studies) e a economia política da cultura -, o valor de uso cultural, a multiplicidade de indústrias culturais, as condições do artista independente e a passagem da indústria cultural para a política das indústrias culturais.

Já o capítulo 3 observa a passagem das indústrias culturais para as indústrias criativas, incluindo a mudança de políticas culturais económicas locais, a variedade de mercados, a "mudança espacial" (em articulação com a "viragem cultural", onde se fala de especialização flexível), o nascimento e a expansão de pequenas e médias empresas (PME), bem como as novas culturas de trabalho, essenciais para o funcionamento das indústrias culturais e criativas. O capítulo 4 aborda as cidades criativas, através da redescoberta das cidades e o aparecimento de um novo urbanismo, com a criação de meios e espaços inovadores e de redes de contactos (trabalho independente, consumidores activos, proximidade, conhecimento).

Está, assim, preparado o caminho para o quinto e último capítulo, o das indústrias criativas, em que impera um novo espírito (cinema, moda, música, optimismo), com Justin O'Connor a fazer o inventário do trabalho do DCMS - abordado na mensagem anterior -, onde o conceito de indústrias culturais cede o lugar a indústrias criativas. Perde-se o lado conotativo da cultura (ligado à arte ou a actividades não económicas), mas recuperando o espírito de criatividade na nova economia liderada pelas tecnologias digitais, próximas da "sociedade da informação" e da "economia do conhecimento", conceitos que tiveram grande influência na década passada. Justin O'Connor fala mesmo de renovamento de marca.


O capítulo 5 conclui com o recurso a definições de vários autores, entre os quais David Throsby, David Hesmondhalgh e Alan Scott - alguns dos quais irei revisitar -, bem como trabalhos encomendados, caso da Work Foundation , que ontem trabalhei
aqui.

Sem comentários: