Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sábado, 30 de março de 2013
II Congresso da Confibercom
Investigadores do espaço ibero-americano vão reunir-se em Portugal dentro de um ano, por ocasião da Páscoa de 2014.
O Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho) já iniciou a preparação do II Congresso Mundial de Comunicação Ibero-americana, promovido pela CONFIBERCOM. O evento está agendado para o período de 13 a 16 de Abril de 2014. O call for papers está previsto abrir em Julho de 2013 (informação a partir da newsletter de Março da SOPCOM).
Para a organização, o evento pretende ser, no domínio das línguas ibéricas, uma alternativa à hegemonia anglo-saxónica no campo das ciências sociais e humanas. E em que se colocará em discussão a política científica nacional.
sexta-feira, 29 de março de 2013
Produção ficcional da SP Televisão
A SP Televisão é uma produtora de ficção televisiva criada em 2008, vocacionada para séries e telenovelas. Pertença do Grupo Madre, que anteriormente tinha uma participação na NBP, seria a primeira produtora nacional a gravar em alta definição, com dois clientes fundamentais, RTP 1 e SIC, e uma co-produção que se está a revelar estratégica, a Rede Globo.
O volume SP Televisão. A Força da Ficção, editado nos finais de 2012, revela a produção realizada naquela empresa. Contei dezasseis produções ao longo do volume, com o meu destaque para Laços de Sangue (SIC, 2010-2011), vencedora de um Emmy, Vila Faia (RTP 1, 2007-2008, remake de 1982), Conta-me Como Foi (RTP 1, 2007-2011), Dancin' Days (SIC, 2012) e Depois do Adeus (RTP 1, 2012). Os responsáveis da produtora focam a sua atividade em duas linhas: qualidade das produções e respeito pelos que desenvolvem ali a sua atividade profissional.
O livro apresenta a sinopse de cada série ou novela, ideias de (e sobre) as personagens e artistas principais e personalidades das diversas atividades mais focadas em cada produto da SP Televisão.
Leitura: José do Amaral (coord.) (2012). SP Televisão. A Força da Ficção. Lisboa: Centauro, 358 p., 14,95 €
O volume SP Televisão. A Força da Ficção, editado nos finais de 2012, revela a produção realizada naquela empresa. Contei dezasseis produções ao longo do volume, com o meu destaque para Laços de Sangue (SIC, 2010-2011), vencedora de um Emmy, Vila Faia (RTP 1, 2007-2008, remake de 1982), Conta-me Como Foi (RTP 1, 2007-2011), Dancin' Days (SIC, 2012) e Depois do Adeus (RTP 1, 2012). Os responsáveis da produtora focam a sua atividade em duas linhas: qualidade das produções e respeito pelos que desenvolvem ali a sua atividade profissional.
O livro apresenta a sinopse de cada série ou novela, ideias de (e sobre) as personagens e artistas principais e personalidades das diversas atividades mais focadas em cada produto da SP Televisão.
Leitura: José do Amaral (coord.) (2012). SP Televisão. A Força da Ficção. Lisboa: Centauro, 358 p., 14,95 €
Call for Papers: Hidden Professions of Television
VIEW, Journal of European Television History and Culture, Vol. 2, Issue 4. Deadline for abstracts: May 1st, 2013.
"Offering an international platform for outstanding academic research on television, VIEW has an interdisciplinary profile and acts both as a platform for critical reflection on the cultural, social and political role of television in Europe’s past & present and as a multimedia platform for the circulation and use of digitized audiovisual material. The journal’s main aim is to function as a showcase for the creative and innovative use of digitised television materials in scholarly work and to inspire a fruitful discussion between audiovisual heritage institutions (especially television archives) and a broader community of television experts and amateurs. In offering a unique technical infrastructure for a multimedia presentation of critical reflections on European television, the journal aims at stimulating innovative narrative forms of online storytelling, making use of the digitized audiovisual collections of television archives around Europe.
"VIEW, the Journal of European Television History and Culture, is the first peer-reviewed multimedia e-journal in the field of television studies. The theme of the fourth issue is Hidden Professions of Television, which can be interpreted broadly within the European television context. The issue seeks to shine a light on the ‘behind the scenes’ activities of television and their hidden, often unrecognised and uncelebrated personnel and processes".
See more here.
"Offering an international platform for outstanding academic research on television, VIEW has an interdisciplinary profile and acts both as a platform for critical reflection on the cultural, social and political role of television in Europe’s past & present and as a multimedia platform for the circulation and use of digitized audiovisual material. The journal’s main aim is to function as a showcase for the creative and innovative use of digitised television materials in scholarly work and to inspire a fruitful discussion between audiovisual heritage institutions (especially television archives) and a broader community of television experts and amateurs. In offering a unique technical infrastructure for a multimedia presentation of critical reflections on European television, the journal aims at stimulating innovative narrative forms of online storytelling, making use of the digitized audiovisual collections of television archives around Europe.
"VIEW, the Journal of European Television History and Culture, is the first peer-reviewed multimedia e-journal in the field of television studies. The theme of the fourth issue is Hidden Professions of Television, which can be interpreted broadly within the European television context. The issue seeks to shine a light on the ‘behind the scenes’ activities of television and their hidden, often unrecognised and uncelebrated personnel and processes".
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quarta-feira, 27 de março de 2013
Fernanda Alves
O texto de Miguel Loureiro que acompanha o catálogo da peça Fernanda elucida-nos do trajecto da actriz Fernanda Alves Sampaio (1930-2000). No começo da sua vida, ela ia ao Coliseu com o pai, o tipógrafo Alves, ver óperas, operetas e zarzuelas. Dos nove aos quinze, passou pela Rádio Renascença, nas emissões de O Papagaio. O pai, pelos maus resultados da escola, obrigou-a a interromper a actividade de cançonetista, mas ficou vaidoso porque ela ganhou uma menção honrosa num concurso da Rádio Graça, o programa Vozes da Rádio.
Depois, Fernanda Alves teve uma vida inteira no teatro: Gerifalto, Teatro de Sempre, Teatro da Trindade, dirigida por Álvaro Benamor, Teatro Experimental do Porto, Teatro Moderno de Lisboa (1964-1965), de novo no Porto, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro-Estúdio de Lisboa, de Luzia Maria Martins, Teatro Experimental de Cascais, Teatro Laboratório de Lisboa - Os Bonecreiros (1971, com Mário Jacques, Melim Teixeira, Glicínia Quartin, João Mota e Manuela de Freitas), um sucesso no Instituto Alemão (porque a censura não podia ali exercer influência), A Barraca (com Maria do Céu Guerra). Morreu quando estava a preparar Barcas de Gil Vicente, no Porto.
A peça Fernanda. Quem Falará de Nós, os Últimos, em exibição no Mosteiro de São Bento da Vitória no Porto até hoje, com encenação de Fernando Mora Ramos, com este actor e Joana Carvalho no palco, é a comovente história da actriz contada pelo marido Ernesto Sampaio, após a morte dela e editada em Fernanda (Ed. Fenda, 2000). Diz o livro e diz o actor: "Quantos erros, quanta melancolia, quanta vida desperdiçada, quanto amor vão ficar ali estendidos, indefesos, abandonados como crianças postas de castigo e que adormecem de dor, renunciando a tudo. Quem saberá, depois de nós? Quem falará de nós? Os últimos, nós seremos os últimos estendidos de uma grande família ignorada que atravessou os séculos dos séculos em termiteiras a perder de vista destruídas e reconstruídas".
Um pormenor muito importante no dispositivo cénico de Isabel Lopes e Fernando Mora Ramos: a
porta, onde aparece a imagem de Fernanda e onde Ernesto desaparece no final da peça, elemento de grande simbolismo. As ideias da passagem, da vida e da morte, das transformações, da luz e do silêncio, passam ali, com os espectadores voltados para a porta. As muitas palmas no final da peça foram mais que merecidas: à actriz agora revisitada, ao trabalho de Fernando Mora Ramos e colegas.
Depois, Fernanda Alves teve uma vida inteira no teatro: Gerifalto, Teatro de Sempre, Teatro da Trindade, dirigida por Álvaro Benamor, Teatro Experimental do Porto, Teatro Moderno de Lisboa (1964-1965), de novo no Porto, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro-Estúdio de Lisboa, de Luzia Maria Martins, Teatro Experimental de Cascais, Teatro Laboratório de Lisboa - Os Bonecreiros (1971, com Mário Jacques, Melim Teixeira, Glicínia Quartin, João Mota e Manuela de Freitas), um sucesso no Instituto Alemão (porque a censura não podia ali exercer influência), A Barraca (com Maria do Céu Guerra). Morreu quando estava a preparar Barcas de Gil Vicente, no Porto.
A peça Fernanda. Quem Falará de Nós, os Últimos, em exibição no Mosteiro de São Bento da Vitória no Porto até hoje, com encenação de Fernando Mora Ramos, com este actor e Joana Carvalho no palco, é a comovente história da actriz contada pelo marido Ernesto Sampaio, após a morte dela e editada em Fernanda (Ed. Fenda, 2000). Diz o livro e diz o actor: "Quantos erros, quanta melancolia, quanta vida desperdiçada, quanto amor vão ficar ali estendidos, indefesos, abandonados como crianças postas de castigo e que adormecem de dor, renunciando a tudo. Quem saberá, depois de nós? Quem falará de nós? Os últimos, nós seremos os últimos estendidos de uma grande família ignorada que atravessou os séculos dos séculos em termiteiras a perder de vista destruídas e reconstruídas".
Um pormenor muito importante no dispositivo cénico de Isabel Lopes e Fernando Mora Ramos: a
porta, onde aparece a imagem de Fernanda e onde Ernesto desaparece no final da peça, elemento de grande simbolismo. As ideias da passagem, da vida e da morte, das transformações, da luz e do silêncio, passam ali, com os espectadores voltados para a porta. As muitas palmas no final da peça foram mais que merecidas: à actriz agora revisitada, ao trabalho de Fernando Mora Ramos e colegas.
terça-feira, 26 de março de 2013
História do Rádio Clube Português (18)
No número 21 da revista Antena (1 de janeiro de 1966), era impresso o 18º capítulo da história do Rádio Clube Português. Seria o último, pois durante o resto da existência da publicação (até 15 de Outubro de 1968) nunca mais saiu aquela rubrica.
O Rádio Clube Português vivia o ano de 1938. Então, na vizinha Espanha, a guerra civil estava a chegar ao fim, mas uma igualmente trágica guerra ia começar, agora abrangendo a Europa toda. Mas, o autor do texto evitou referir-se ao acontecimento no país ao lado, como o fez abundamente em anteriores episódios, e debruçou-se sobre as questões económicas da estação. Um défice de 48 contos seria inscrito no relatório de 1937, um valor muito elevado na época (receitas: 398 contos; despesas: 446 contos). Um novo emissor de 30 kW começava a trabalhar em Outubro de 1938 (1296 contos). As emissões ainda não eram diárias, mas, pelo menos aos sábados, a voz da estação da Parede atingia toda (ou quase toda) a Europa.
Um aspecto interessante: o arranque das retransmissões de música de dança de uma sala do Casino do Estoril. Ali, diz o texto, actuava um pianista excepcional de jazz, Jimmy Campbell. Na história da rádio em Portugal, pelo menos até ao começo da década de 1960, era normal as estações transmitirem directamente música de dança de salas-concerto.
Observação: apesar desta fonte (revista Antena) não ter mais informação sobre a história da estação, procurarei fornecer outros elementos, dentro da linha editorial dos textos apresentados até aqui.
O Rádio Clube Português vivia o ano de 1938. Então, na vizinha Espanha, a guerra civil estava a chegar ao fim, mas uma igualmente trágica guerra ia começar, agora abrangendo a Europa toda. Mas, o autor do texto evitou referir-se ao acontecimento no país ao lado, como o fez abundamente em anteriores episódios, e debruçou-se sobre as questões económicas da estação. Um défice de 48 contos seria inscrito no relatório de 1937, um valor muito elevado na época (receitas: 398 contos; despesas: 446 contos). Um novo emissor de 30 kW começava a trabalhar em Outubro de 1938 (1296 contos). As emissões ainda não eram diárias, mas, pelo menos aos sábados, a voz da estação da Parede atingia toda (ou quase toda) a Europa.
Um aspecto interessante: o arranque das retransmissões de música de dança de uma sala do Casino do Estoril. Ali, diz o texto, actuava um pianista excepcional de jazz, Jimmy Campbell. Na história da rádio em Portugal, pelo menos até ao começo da década de 1960, era normal as estações transmitirem directamente música de dança de salas-concerto.
Observação: apesar desta fonte (revista Antena) não ter mais informação sobre a história da estação, procurarei fornecer outros elementos, dentro da linha editorial dos textos apresentados até aqui.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Cartazes de propaganda chinesa no Museu do Oriente
O Museu do Oriente expõe presentemente 100 cartazes de propaganda chinesa, do período entre 1950 e 1981.
Os principais temas abordados são a glorificação do presidente Mao Zedong e dos heróis comunistas, a prosperidade da economia, a luta contra o imperialismo, a felicidade do povo e o poder do exército, as pinturas do ano novo (que fogem à estética revolucionário, ou melhor, constituem uma adaptação da revolução aos gostos populares antigos), cultura popular e diversidade étnica, e influência do maoismo em Portugal.
Além dos cartazes, a exposição apresenta marionetas, recortes de papel, pins, brinquedos e vestuário, alargando mais a informação sobre um país e um estilo de regime, em que a arte esteve ao serviço da política. Dos cartazes, relevo as faces reconchudas, roseadas e sorridentes de crianças, dos camponeses e dos operários, com muitas flores e grandes colheitas, todos bem vestidos, aplicados ao estudo, ao trabalho e à causa política, e com alguns elementos de comodidade pessoal e no lar, numa mostra de felicidade neo-realista que não coincidia com a verdadeira realidade, como depois foi analisada.
Os cartazes seriam impressos às dezenas de milhar por todo o país, exercendo uma enorme influência interna. Mas também chegaram à Europa e inebriaram jovens voluntaristas e cheios de ilusões que viam a revolução chinesa como o farol da nova sociedade, desde a segunda metade da década de 1960 até quase ao início da década de 1980.
Os principais temas abordados são a glorificação do presidente Mao Zedong e dos heróis comunistas, a prosperidade da economia, a luta contra o imperialismo, a felicidade do povo e o poder do exército, as pinturas do ano novo (que fogem à estética revolucionário, ou melhor, constituem uma adaptação da revolução aos gostos populares antigos), cultura popular e diversidade étnica, e influência do maoismo em Portugal.
Além dos cartazes, a exposição apresenta marionetas, recortes de papel, pins, brinquedos e vestuário, alargando mais a informação sobre um país e um estilo de regime, em que a arte esteve ao serviço da política. Dos cartazes, relevo as faces reconchudas, roseadas e sorridentes de crianças, dos camponeses e dos operários, com muitas flores e grandes colheitas, todos bem vestidos, aplicados ao estudo, ao trabalho e à causa política, e com alguns elementos de comodidade pessoal e no lar, numa mostra de felicidade neo-realista que não coincidia com a verdadeira realidade, como depois foi analisada.
Os cartazes seriam impressos às dezenas de milhar por todo o país, exercendo uma enorme influência interna. Mas também chegaram à Europa e inebriaram jovens voluntaristas e cheios de ilusões que viam a revolução chinesa como o farol da nova sociedade, desde a segunda metade da década de 1960 até quase ao início da década de 1980.
sábado, 23 de março de 2013
História do Rádio Clube Português (17)
[Publicado originalmente em http://industrias-culturais.hypotheses.org/23182]
No nº 20, de 22 de Dezembro de 1965, a revista Antena publicava o episódio 17 da história do Rádio Clube Português. Se, no texto anterior, houve uma referência ligeira ao teatro radiofónico, neste episódio a alusão ao teatro na rádio foi mais profunda. Nele, enumeram-se os nomes de Ana Spranger, Meniche Lopes, Margarida Franco, Artur Moura, Rui Furtado, Jaime Santos, António Cruz e Azevedo Moreira, dirigidos por Manuel Lereno. O teatro radiofónico alcançava um número elevado de ouvintes, mesmo que fosse transmitido a horas tardias. Outro tópico do texto era o das empresas editoras de discos e o das lojas que os comercializavam.
Lê-se no texto: "oferecer aos ouvintes portugueses música de Portugal não era coisa fácil". Mas, de norte ao sul, o povo cantava e dançava um repertório de música folclórica quase desconhecido dos outros, comenta o mesmo texto. Ainda em 1938, um ano de fortes memórias para o autor destes episódios da história da emissora, o carro de som fez gravações de música regional que animou, durante algum tempo, os programas da estação. O texto exalta a renovação desse tipo de música, com a formação de novos ranchos folclóricos, como acção directa dos programas do Rádio Clube Português.
Esta era, contudo, uma emanação do poder político, com as campanhas do Secretariado Nacional de Informação sob a direcção de António Ferro. No centenário, comemorado em 1940, o esforço alargava-se à Emissora Nacional, de que se notabilizou Armando Leça, já aqui lembrado.
No nº 20, de 22 de Dezembro de 1965, a revista Antena publicava o episódio 17 da história do Rádio Clube Português. Se, no texto anterior, houve uma referência ligeira ao teatro radiofónico, neste episódio a alusão ao teatro na rádio foi mais profunda. Nele, enumeram-se os nomes de Ana Spranger, Meniche Lopes, Margarida Franco, Artur Moura, Rui Furtado, Jaime Santos, António Cruz e Azevedo Moreira, dirigidos por Manuel Lereno. O teatro radiofónico alcançava um número elevado de ouvintes, mesmo que fosse transmitido a horas tardias. Outro tópico do texto era o das empresas editoras de discos e o das lojas que os comercializavam.
Lê-se no texto: "oferecer aos ouvintes portugueses música de Portugal não era coisa fácil". Mas, de norte ao sul, o povo cantava e dançava um repertório de música folclórica quase desconhecido dos outros, comenta o mesmo texto. Ainda em 1938, um ano de fortes memórias para o autor destes episódios da história da emissora, o carro de som fez gravações de música regional que animou, durante algum tempo, os programas da estação. O texto exalta a renovação desse tipo de música, com a formação de novos ranchos folclóricos, como acção directa dos programas do Rádio Clube Português.
Esta era, contudo, uma emanação do poder político, com as campanhas do Secretariado Nacional de Informação sob a direcção de António Ferro. No centenário, comemorado em 1940, o esforço alargava-se à Emissora Nacional, de que se notabilizou Armando Leça, já aqui lembrado.
quinta-feira, 21 de março de 2013
XIII Congreso Asociación Historiadores de la Comunicación, 21 al 23 de octubre 2013
XIII Congreso Asociación Historiadores de la Comunicación. Facultad de Periodismo. Campus de Cuenca. 21 al 23 de octubre 2013 [Cuenca, Castilla-La Mancha].
El humor como estrategia para lograr una mayor eficacia comunicativa ha sido una constante en la historia de la humanidad. En tiempos contemporáneos, el humor se ha convertido en razón de ser de publicaciones periódicas de diverso tipo y ropaje, identificadas casi siempre como satíricas por ser críticas de normas y personas. Unas publicaciones donde texto y, sobre todo dibujo, conforman un mensaje de consecuencias imprevisibles, pues sólo hace falta ver para ser partícipe.
El futuro XIII Congreso de la Asociación de Historiadores de la Comunicación dedicará su eje central de ponencias y comunicaciones a esta línea tan importante de la historia de la comunicación. Pero no sólo el humor en la historia. Conscientes de que algunos de los problemas actuales en el mundo de la comunicación no se podrán superar sin una correcta dimensión histórica de los mismos, este XIII Encuentro de la AHC propone otros dos subtemas de gran interés: “La construcción de los imaginarios nacionales”, por un lado; y por otro, “Negocios y empresas en la historia del periodismo”.
Finalmente, la parte metodológica que siempre han cubierto estos congresos, se propone que en esta ocasión se centre en la historiografía de la prensa. Las fechas clave del congreso son las siguientes: •Plazo para el envío de propuestas: hasta el 15 de Septiembre de 2013
•Celebración del Congreso: del 21 al 23 de Octubre de 2013
•Envío del texto completo para su evaluación y posible publicación en Actas: hasta el 15 de Noviembre de 2013
[http://blog.uclm.es/congresohc/]
Exposição sobre Luzia Martins
Luzia Maria Martins (1926-2000), encenadora e autora de teatro, foi uma das fundadoras do Teatro-Estúdio de Lisboa (1963).
Adalberto, o homem simples que quis ser locutor de televisão e se apaixonou por Miriam, que o convidou para padrinho de casamento
Adalberto Silva Silva, uma interpretação de Ivo Alexandre a partir de monólogo de Jacinto Lucas Pires, esteve em cena no teatro Carlos Alberto, no Porto, na série Solos (de que já fiz aqui referência). É a história de um homem comum que conta a sua história de paixão por uma rapariga, uma deusa, como ele diz ao começo.
[imagem à esquerda retirada do sítio do Teatro Municipal Joaquim Benite]
Ele viu-a a primeira vez na saída do supermercado, estava carregada com sacos pesados. Ia para uma festa. Ele ofereceu-se para a ajudar até ao carro dela. Ela, Miriam, já não sabia onde o deixara. No final, ele deixou cair os ovos, ela zangou-se. Voltaram a encontrar-se num outro dia, no mesmo sítio, pois ele passara a escrutinar diariamente o local à procura dela. Trocaram os números de telefone. Um dia, ela pediu-lhe outra ajuda: a mudar as coisas da sua casa, pois ia deixá-la. Ele era tão grande amigo dela, ele acreditava que ela também estava apaixonada por ela. Pura ilusão: ela ia casar e convidou-o para padrinho.
A história é interessante, mas o melhor é o modo como ela é construida, contada e interpretada. O homem normal fala do seu sonho, procura ser um apresentador de televisão, um pivot de telejornal, e até narra qualquer coisa parecida com publicidade (tipo: Paranóia, à venda em parafarmácias). Tem um microfone e um brinquedo de sons, este a funcionar como separador musical. Em vez de notícias, há a história dele, Adalberto. Diversas interrupções ajudam a resituar e a recontar a história, até que ela fica mais clara para os espectadores.
Jacinto Lucas Pires diz que o seu interesse em trabalhar com Ivo Alexandre também resultou do estado actual de crise económica, pois a peça é barata: um escritor e um actor. Não há produtor ou encenador, não há teatro que produz [ver aqui no link uma curta apresentação da peça].
Um dia, os dois encontraram-se numa sala de ensaios do CCB: Jacinto Lucas Pires trazia algumas páginas e um nome, Adalberto Silva Silva, e Ivo Alexandre trazia-se a ele próprio. A ideia de fazer teatro pobre, mínimo, foi-se desenvolvendo: um anti-herói começou a germinar. No dia seguinte, o escritor acrescentou palavras e o actor deu-lhe alma e corpo, acrescentando-se na história umas quebras tipo anúncios-parêntesis-canções. Ao fim de uma semana ou duas de ensaios tinham construído uma peça. Depois, houve um intervalo, com cada um a ir à sua vida, até que se reencontraram numa sala de ensaios do teatro de Almada, uma sala de café-concerto, passaram pelo Teatro Académico Gil Vicente e agora passaram também pelo Porto.
Diz Adalberto em Adalberto Silva Silva: "Claro que dá muito trabalho isto de ser artista e de querer ser cada vez mais e mais e mais artista. Sim, sim. Temos aulas de leitura rápida com exercícios de teleponto e karaoke, temos trabalho intensivo de ginásio (musculação e massagem) e também introdução à telegenia, que é uma das cadeiras mais difíceis e exigentes [...]. E ainda temos treino de microfone. Aprendemos a colocar a voz lá em baixo, lá no fundo. «U-a-u-a-u-a-u». [...] E depois também temos, naturalmente, o «persônal cáutchim" que nos dá umas técnicas de como falar com números".
Ele viu-a a primeira vez na saída do supermercado, estava carregada com sacos pesados. Ia para uma festa. Ele ofereceu-se para a ajudar até ao carro dela. Ela, Miriam, já não sabia onde o deixara. No final, ele deixou cair os ovos, ela zangou-se. Voltaram a encontrar-se num outro dia, no mesmo sítio, pois ele passara a escrutinar diariamente o local à procura dela. Trocaram os números de telefone. Um dia, ela pediu-lhe outra ajuda: a mudar as coisas da sua casa, pois ia deixá-la. Ele era tão grande amigo dela, ele acreditava que ela também estava apaixonada por ela. Pura ilusão: ela ia casar e convidou-o para padrinho.
A história é interessante, mas o melhor é o modo como ela é construida, contada e interpretada. O homem normal fala do seu sonho, procura ser um apresentador de televisão, um pivot de telejornal, e até narra qualquer coisa parecida com publicidade (tipo: Paranóia, à venda em parafarmácias). Tem um microfone e um brinquedo de sons, este a funcionar como separador musical. Em vez de notícias, há a história dele, Adalberto. Diversas interrupções ajudam a resituar e a recontar a história, até que ela fica mais clara para os espectadores.
Jacinto Lucas Pires diz que o seu interesse em trabalhar com Ivo Alexandre também resultou do estado actual de crise económica, pois a peça é barata: um escritor e um actor. Não há produtor ou encenador, não há teatro que produz [ver aqui no link uma curta apresentação da peça].
Um dia, os dois encontraram-se numa sala de ensaios do CCB: Jacinto Lucas Pires trazia algumas páginas e um nome, Adalberto Silva Silva, e Ivo Alexandre trazia-se a ele próprio. A ideia de fazer teatro pobre, mínimo, foi-se desenvolvendo: um anti-herói começou a germinar. No dia seguinte, o escritor acrescentou palavras e o actor deu-lhe alma e corpo, acrescentando-se na história umas quebras tipo anúncios-parêntesis-canções. Ao fim de uma semana ou duas de ensaios tinham construído uma peça. Depois, houve um intervalo, com cada um a ir à sua vida, até que se reencontraram numa sala de ensaios do teatro de Almada, uma sala de café-concerto, passaram pelo Teatro Académico Gil Vicente e agora passaram também pelo Porto.
Diz Adalberto em Adalberto Silva Silva: "Claro que dá muito trabalho isto de ser artista e de querer ser cada vez mais e mais e mais artista. Sim, sim. Temos aulas de leitura rápida com exercícios de teleponto e karaoke, temos trabalho intensivo de ginásio (musculação e massagem) e também introdução à telegenia, que é uma das cadeiras mais difíceis e exigentes [...]. E ainda temos treino de microfone. Aprendemos a colocar a voz lá em baixo, lá no fundo. «U-a-u-a-u-a-u». [...] E depois também temos, naturalmente, o «persônal cáutchim" que nos dá umas técnicas de como falar com números".
segunda-feira, 18 de março de 2013
Arnaldo Trindade
O texto de Rui Branco, ontem no Notícias Magazine sobre Arnaldo Trindade, é muito claro. Arnaldo Trindade, personalidade simpática nascida em 1934, dono da loja de eletrodomésticos com o seu nome e da etiqueta musical Orfeu, é sobre esta que o texto se debruça. A partir do Porto, ele construiu uma das mais importantes marcas discográficas no país durante a década de 1960 e seguintes.
Da sua juventude, recorda o Liceu Alexandre Herculano, as leituras que fez (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, a casa de quem foi e de quem tem um livro autografado), as tertúlias no café Majestic, mesmo em frente à loja do seu pai, onde privavam vultos da cultura e das artes portuenses, e as férias de verão nos Estados Unidos, onde um tio seu era engenheiro na General Motors. No regresso às aulas, ele contava o que tinha visto naquele país e que ainda não havia em Portugal: autoestradas, supermercados, televisão a cores.
Entrou em engenharia mas não concluiu pois sucedeu ao pai no negócio dos eletrodomésticos e dos discos. Dos discos, ele passou às gravações. Lançou a Orfeu em 1956, inicialmente com discos de poesia. Demorou mas conseguiu convencer Miguel Torga a ler os seus poemas; depois, vieram José Régio e Alberto Serpa. As capas dos discos eram criadas por artistas como Moreira Azevedo e Isolino Vaz ou fotógrafos como Fernando Aroso. A seguir, vieram os discos de jazz, tendo gravado jovens talentos.
Já no começo da década de 1960, surgiam outros valores, no conceito de catálogo. De um lado, a música popular do norte, como Maria Albertina, António Mafra, Quim Barreiros, Rancho de Santa Marta de Portuzelo. Do outro lado, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto, Vitorino, José Mário Branco, José Jorge Letria, uma plêiade de artistas e cantores que, ainda hoje, nos interrogamos como foi possível essa elevadíssima elaboração estética num país pequeno e amordaçado politicamente e quase isolado do mundo [na fotografia ao lado: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Arnaldo Trindade].
Arnaldo Trindade tornara-se representante em Portugal de etiquetas como Tamla Motown, Island, Durim e Pye Records. Organiza convenções do disco, onde músicos internacionais e seus representantes aparecem. Concertos com Marino Marini, Sylvie Vartan, Sandie Shaw, Diana Ross e Jackson Five foram organizados. Investe no Festival da Canção, onde ganham artistas representados na sua etiqueta: Carlos Mendes, José Cid, Armando Gama. Arnaldo Trindade compraria a Rádio Triunfo, outra marca do Porto, mas algumas das etiquetas representantes desta, como a CBS e a Warner Brothers, estavam de saída, pelo que a Triunfo perdeu muito do seu valor, acabando por desaparecer.
Da sua juventude, recorda o Liceu Alexandre Herculano, as leituras que fez (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, a casa de quem foi e de quem tem um livro autografado), as tertúlias no café Majestic, mesmo em frente à loja do seu pai, onde privavam vultos da cultura e das artes portuenses, e as férias de verão nos Estados Unidos, onde um tio seu era engenheiro na General Motors. No regresso às aulas, ele contava o que tinha visto naquele país e que ainda não havia em Portugal: autoestradas, supermercados, televisão a cores.
Entrou em engenharia mas não concluiu pois sucedeu ao pai no negócio dos eletrodomésticos e dos discos. Dos discos, ele passou às gravações. Lançou a Orfeu em 1956, inicialmente com discos de poesia. Demorou mas conseguiu convencer Miguel Torga a ler os seus poemas; depois, vieram José Régio e Alberto Serpa. As capas dos discos eram criadas por artistas como Moreira Azevedo e Isolino Vaz ou fotógrafos como Fernando Aroso. A seguir, vieram os discos de jazz, tendo gravado jovens talentos.
Já no começo da década de 1960, surgiam outros valores, no conceito de catálogo. De um lado, a música popular do norte, como Maria Albertina, António Mafra, Quim Barreiros, Rancho de Santa Marta de Portuzelo. Do outro lado, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto, Vitorino, José Mário Branco, José Jorge Letria, uma plêiade de artistas e cantores que, ainda hoje, nos interrogamos como foi possível essa elevadíssima elaboração estética num país pequeno e amordaçado politicamente e quase isolado do mundo [na fotografia ao lado: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Arnaldo Trindade].
Arnaldo Trindade tornara-se representante em Portugal de etiquetas como Tamla Motown, Island, Durim e Pye Records. Organiza convenções do disco, onde músicos internacionais e seus representantes aparecem. Concertos com Marino Marini, Sylvie Vartan, Sandie Shaw, Diana Ross e Jackson Five foram organizados. Investe no Festival da Canção, onde ganham artistas representados na sua etiqueta: Carlos Mendes, José Cid, Armando Gama. Arnaldo Trindade compraria a Rádio Triunfo, outra marca do Porto, mas algumas das etiquetas representantes desta, como a CBS e a Warner Brothers, estavam de saída, pelo que a Triunfo perdeu muito do seu valor, acabando por desaparecer.
domingo, 17 de março de 2013
O "black metal" segundo Sónia Pereira
O número mais recente da revista Comunicação e Cultura (14) traz o título "Media e Crime", o tema central. Para os organizadores do volume, José Manuel Paquete de Oliveira e Verónica Policarpo, confirmou-se "um evidente maior grau de visibilidade do crime, dado o aproveitamento das notícias sobre o fenómeno da criminalidade fomentar um forte e apetecível efeito de captação de audiências, ao preencher um conjunto considerável de critérios de noticiabilidade".
Na edição, há textos de Chris Greer e Eugene McLaughlin, Lieve Gies, Yvonne Jewkes, Marília de Nardin Budó, Leonor Sá (cujo trabalho se debruça sobre o retrato judiciário, de onde sairam as fotografias da capa) e Argus Romero Abreu de Morais e Ivan Vasconcelos Figueiredo. A revista Comunicação e Cultural traz outros textos fora da temática principal.
Destes, destaco o de Sónia Pereira, assessora científica do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, que edita a publicação, onde ela escreve sobre o black metal. Este, desde finais da década de 1980 e início da década seguinte, distinguiu-se dos outros géneros por causa do seu discurso radical e mais transgressivo. Para a autora (que podemos ver num curto vídeo abaixo), elitismo, individualismo e misantropia são três características da comunidade black metal, a par de um apelo nostálgico de regresso a um passado ideal, com recusa da modernidade (elementos a partir da síntese do texto).
Na edição, há textos de Chris Greer e Eugene McLaughlin, Lieve Gies, Yvonne Jewkes, Marília de Nardin Budó, Leonor Sá (cujo trabalho se debruça sobre o retrato judiciário, de onde sairam as fotografias da capa) e Argus Romero Abreu de Morais e Ivan Vasconcelos Figueiredo. A revista Comunicação e Cultural traz outros textos fora da temática principal.
Destes, destaco o de Sónia Pereira, assessora científica do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, que edita a publicação, onde ela escreve sobre o black metal. Este, desde finais da década de 1980 e início da década seguinte, distinguiu-se dos outros géneros por causa do seu discurso radical e mais transgressivo. Para a autora (que podemos ver num curto vídeo abaixo), elitismo, individualismo e misantropia são três características da comunidade black metal, a par de um apelo nostálgico de regresso a um passado ideal, com recusa da modernidade (elementos a partir da síntese do texto).
quarta-feira, 13 de março de 2013
Livro de Mário Mesquita apresentado em Lisboa
Foi numa sala cheia de gente - colegas, amigos, família, antigos alunos, conhecedores da sua obra - que Mário Mesquita lançou o seu livro O Estranho Dever do Cepticismo (editado pela Tinta da China), no Corte Inglés. Teve apresentação de Lídia Jorge (que prefacia o livro) e Eduardo Paz Ferreira (de que incluo aqui uma parcela do seu brilhante texto).
O livro de Mário Mesquita, O Estranho Dever do Cepticismo, é uma excelente recolha de textos que publicou nos jornais ao longo dos últimos vinte anos (Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Público, Jornal de Notícias, Paralelo). As suas instruções para uso (da leitura do livro), colocadas no começo do mesmo, justificam as razões de escolha dos textos. Muitos deles seguiram a agenda mediática de então, são comentários, crónicas (que o autor enjeita), vários com grande impacto nos seus leitores. Curiosamente, indica Mário Mesquita, os textos que lhe davam mais trabalho de investigação eram os menos citados; os mais à flor da pele, posicionados sobre os temas em agenda, eram os mais populares (p. 26). Depois de uma selecção de pouco mais de cem de uma base de quase quinhentos comentários, ficou um conjunto notável. Basta percorrer o índice da primeira parte, Pessoas: Hans Robert Jauss, George Steiner, Norberto Bobbio, Celso Furtado, Sigmund Freud, Eduardo Lourenço, David Mourão-Ferreira, Jorge Listopad, Álvaro Guerra. E seguir os títulos das outras partes do livro: Memória, Acontecimentos, Conjunturas, Instituições, Crises, Iraque, Timor, Itália. Cada texto tem uma dimensão de cerca de três páginas, o espaço ocupado pelas suas colunas nos jornais onde escreveu. Apesar de textos curtos, eles têm uma grande densidade, quando fala de pessoas (como quando escreveu sobre Paul Ricoeur, por exemplo). Ou uma tomada de posição filosófica, quando não política, mordaz ou de grande ironia, quando se refere a acontecimentos e à sua espuma nos dias em que ocorrem (casos de Sócrates, Santana Lopes), denotando uma rara erudição e uma cultura de matriz europeia (leia-se greco-latina, das luzes e do socialismo europeu).
O livro de Mário Mesquita, O Estranho Dever do Cepticismo, é uma excelente recolha de textos que publicou nos jornais ao longo dos últimos vinte anos (Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Público, Jornal de Notícias, Paralelo). As suas instruções para uso (da leitura do livro), colocadas no começo do mesmo, justificam as razões de escolha dos textos. Muitos deles seguiram a agenda mediática de então, são comentários, crónicas (que o autor enjeita), vários com grande impacto nos seus leitores. Curiosamente, indica Mário Mesquita, os textos que lhe davam mais trabalho de investigação eram os menos citados; os mais à flor da pele, posicionados sobre os temas em agenda, eram os mais populares (p. 26). Depois de uma selecção de pouco mais de cem de uma base de quase quinhentos comentários, ficou um conjunto notável. Basta percorrer o índice da primeira parte, Pessoas: Hans Robert Jauss, George Steiner, Norberto Bobbio, Celso Furtado, Sigmund Freud, Eduardo Lourenço, David Mourão-Ferreira, Jorge Listopad, Álvaro Guerra. E seguir os títulos das outras partes do livro: Memória, Acontecimentos, Conjunturas, Instituições, Crises, Iraque, Timor, Itália. Cada texto tem uma dimensão de cerca de três páginas, o espaço ocupado pelas suas colunas nos jornais onde escreveu. Apesar de textos curtos, eles têm uma grande densidade, quando fala de pessoas (como quando escreveu sobre Paul Ricoeur, por exemplo). Ou uma tomada de posição filosófica, quando não política, mordaz ou de grande ironia, quando se refere a acontecimentos e à sua espuma nos dias em que ocorrem (casos de Sócrates, Santana Lopes), denotando uma rara erudição e uma cultura de matriz europeia (leia-se greco-latina, das luzes e do socialismo europeu).
segunda-feira, 11 de março de 2013
sábado, 9 de março de 2013
AO NORTE - Associação de Produção e Animação Audiovisual
A AO NORTE – Associação de Produção e Animação Audiovisual foi fundada em Dezembro de 1994 e é uma associação sem fins lucrativos. Tem por fim a produção e a divulgação audiovisual, bem como a cooperação para o desenvolvimento, na área do ensino, educação e cultura, designadamente através da divulgação das realidades dos
países em vias de desenvolvimento junto da opinião pública.
Abertura de inscrições até 5 de Abril de 2013, para o Prémio PrimeirOlhar. Secção competitiva dos Encontros de Cinema de Viana, com o objectivo de promover o documentarismo e destinado ao melhor documentário realizado por alunos das escolas de cinema, de audiovisuais e de comunicação, ou por participantes em cursos de formação nessa área, de Portugal e da Galiza.
Abertura de inscrições até 5 de Abril de 2013, para o Prémio PrimeirOlhar. Secção competitiva dos Encontros de Cinema de Viana, com o objectivo de promover o documentarismo e destinado ao melhor documentário realizado por alunos das escolas de cinema, de audiovisuais e de comunicação, ou por participantes em cursos de formação nessa área, de Portugal e da Galiza.
Apresentação de livro de Mário Mesquita
Mário Mesquita vai lançar o seu livro O Estranho Dever do Cepticismo (editado pela Tinta da China) no dia 13 de Março, 4ª feira, às 18:30, no Corte Inglês. Apresentação de Lídia Jorge (que prefacia o livro) e Eduardo Paz Ferreira.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Visita guiada a exposição na Casa da Achada
No sábado, dia 9 de março, pelas 16:00, Eduarda Dionísio conduz uma visita guiada à exposição 28 artistas amigos de Mário Dionísio – reconstituição das paredes duma casa.
A exposição contém obras de arte que foram oferecidas aquele autor e homem das artes, quase todas por quem as fez. A exposição reconstitui as paredes da casa de Mário Dionísio e Maria Letícia, com obras de pintura, desenho e escultura, da autoria desses artistas: Abel Salazar, Álvaro Cunhal, António Augusto de Oliveira, António Cunhal, Avelino Cunhal, Betâmio de Almeida, Boris Taslitsky, Cândido Costa Pinto, Cândido Portinari, Carlos de Oliveira, Carlos Scliar, Cipriano Dourado, Germano Santo, João Bailote, Joaquim Arco, Jorge de Oliveira, José Huertas Lobo, José Joaquim Ramos, José Júlio, Júlio, Júlio Pomar, Júlio Resende, Manuel Filipe, Manuel Ribeiro de Pavia, Maria Barreira, Raul Perez, Rogério de Freitas e Vieira da Silva.
A Casa da Achada fica na rua da Achada, 11, em Lisboa.
A Arqueolojista expõe no Brasil
Falei da A Arqueologista em 6 de outubro de 2011. Agora, Mami Pereira, jornalista, fotógrafa e autora do blogue A Arqueolojista, expõe no Brasil (Curitiba) no Ciclo da Fotografia Portuguesa no Brasil, evento pioneiro que tem como objetivo apresentar a fotografia portuguesa contemporânea através do trabalho de jovens artistas até 2 de abril. Outros jovens fotógrafos portugueses são: Rodrigo Bettencourt da Câmara, Francisca Veiga, Mariana Marote, Rodrigo Amado, João Serra, Teresa Palma, Helena Peralta e Cláudia Rita Oliveira.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Sempre no Ar, Sempre Consigo
Em 1963, o Rádio Clube Português iniciava um novo ciclo, com a emissão contínua em ondas médias (e curtas) e uma programação autónoma de FM. Assim, no jornal O Século lia-se que, “A partir de hoje, o Rádio Clube Português passa a trabalhar sem interrupção, através dos seus emissores de onda média e onda curta, da Parede, o que constitui caso único no nosso País, e pouco vulgar no estrangeiro” (24 de agosto de 1963) [o recorte, ao lado, pertence ao Diário de Lisboa, do mesmo dia]. A inclusão de um serviço noticiário às 4:45 era outra nota de dinamismo na estação.
Olhando a programação inserida em O Século (4 de setembro de 1963), surgia a indicação de Programas Diversos. Na realidade, o programa chamava-se Sintonia 63. Para dar conta dessas efemérides, a Universidade Católica organiza um colóquio, Sempre no Ar, Sempre Consigo, no próximo dia 23 de abril, aberto a todos os interessados. Sempre no Ar, Sempre Consigo foi a marca (slogan) da estação a partir dessa altura.
Olhando a programação inserida em O Século (4 de setembro de 1963), surgia a indicação de Programas Diversos. Na realidade, o programa chamava-se Sintonia 63. Para dar conta dessas efemérides, a Universidade Católica organiza um colóquio, Sempre no Ar, Sempre Consigo, no próximo dia 23 de abril, aberto a todos os interessados. Sempre no Ar, Sempre Consigo foi a marca (slogan) da estação a partir dessa altura.
domingo, 3 de março de 2013
Prémios SPA para música e rádio
Ao final da tarde do passado dia 28 de fevereiro, na Sociedade Portuguesa de Autores, foram entregues os Prémios Pedro Osório e Igrejas Caeiro respectivamente a Rão Kyao, pelo disco Coisas que a Gente Sente, de 2012, e Luís Filipe Costa, pela carreira dedicada à comunicação radiofónica em Portugal. Na imagem, da esquerda para a direita: Luís Filipe Costa, José Jorge Letria, Rão Kyao e João Lourenço. Os sons abaixo têm excertos de comentários de Luís Filipe Costa e João Lourenço sobre Francisco Igrejas Caeiro.
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