Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 31 de janeiro de 2010
ECONOMIA DA CULTURA E DA CRIATIVIDADE
Economics of Culture and Creativity é uma disciplina na Lingnan University (Hong-Kong), ministrada pelo professor Liangliang (Leanne) Jiang. Da descrição da disciplina consta a seguinte informação: "This course applies basic economic and financial theories to study arts, culture and venture capital. It introduces to the students the basics of venture capital industry and several culture industries".
CONFERÊNCIA DA IAMCR
O prazo de apresentação de propostas de comunicações à conferência da IAMCR (International Association for Media and Communication Research), em Braga (18-22 Julho 2010), foi prolongado até 8 de Fevereiro.
ARISTÓFANES PELA CORNUCÓPIA
Fátima Sousa e Silva traduziu e Luís Miguel Cintra encenou. Às 11 peças de Aristófanes (448-380 a.C.), o encenador escolheu textos de nove delas e deu-lhe o nome A Cidade. As peças são Acarnenses, Lisístrata, Paz, Pluto, Mulheres na Assembleia, Nuvens, Cavaleiros, Aves e Mulheres que Celebram as Tesmofórias, escritas há 2500 anos. Embora em contextos diferentes, e com objectivos distintos, muitas das observações e tipos de relacionamento mantêm-se, com a encenação a adaptar essa realidade já distante a uma actualidade muito convincente.
Aristófanes escreveu peças de comédia e foi coroado de êxito numa longa carreira de 40 anos de autor, tendo-lhe sido atribuídas 44 peças. A sua produção acompanhou as guerras do Peloponeso, em que Atenas era uma cidade agitada interna e externamente. As guerras contra o império persa e as lutas contra Esparta que abalaram o século V a.C. e a consolidação do regime democrático acabaram por tornar Aristófanes no porta-voz privilegiado do quotidiano desse período. Escreve Fátima Sousa e Silva no catálogo da peça: "A controversa questão que, ao longo de toda a guerra do Peloponeso, foi separando pacifistas e belicistas, sustenta peças como Arcanenses, Paz ou Lisístrata; o perfil do político contemporâneo, o demagogo de proveniência desconhecida e humilde catapultado pela ambição e falta de princípios para os píncaros do sucesso, é o centro de interesses nos Cavaleiros; o funcionamento das instituições democráticas concentra as atenções de Cavaleiros e Vespas; o padrão educativo, que prepara esta nova voga de vedetas sociais, germina no famoso Pensadoiro de Nuvens; a ambição que confere a Atenas prerrogativas de centralizadora de um imenso império justifica as Aves e o sonho dos atenienses exilados, porque desgostosos com o dia-a-dia da sua cidade, mas afinal eles próprios, profundamente contaminados do que significa ser ateniense no momento, a alimentarem um projecto onde lhes competisse, tão somente, governar o universo".
O que Cintra montou das peças resultou num conjunto muito divertido. Destaco, por exemplo, "as mulheres preparam-se para a greve", "um soldado vem a casa" e "Eurípides desmascarado". Para além de Cintra, e sem qualquer hierarquia de valores, destaco as presenças de Nuno Lopes (com canadianas por um acidente num pé), Teresa Madruga, Luísa Cruz, Maria Rueff, Márcia Breia.
Aristófanes escreveu peças de comédia e foi coroado de êxito numa longa carreira de 40 anos de autor, tendo-lhe sido atribuídas 44 peças. A sua produção acompanhou as guerras do Peloponeso, em que Atenas era uma cidade agitada interna e externamente. As guerras contra o império persa e as lutas contra Esparta que abalaram o século V a.C. e a consolidação do regime democrático acabaram por tornar Aristófanes no porta-voz privilegiado do quotidiano desse período. Escreve Fátima Sousa e Silva no catálogo da peça: "A controversa questão que, ao longo de toda a guerra do Peloponeso, foi separando pacifistas e belicistas, sustenta peças como Arcanenses, Paz ou Lisístrata; o perfil do político contemporâneo, o demagogo de proveniência desconhecida e humilde catapultado pela ambição e falta de princípios para os píncaros do sucesso, é o centro de interesses nos Cavaleiros; o funcionamento das instituições democráticas concentra as atenções de Cavaleiros e Vespas; o padrão educativo, que prepara esta nova voga de vedetas sociais, germina no famoso Pensadoiro de Nuvens; a ambição que confere a Atenas prerrogativas de centralizadora de um imenso império justifica as Aves e o sonho dos atenienses exilados, porque desgostosos com o dia-a-dia da sua cidade, mas afinal eles próprios, profundamente contaminados do que significa ser ateniense no momento, a alimentarem um projecto onde lhes competisse, tão somente, governar o universo".
O que Cintra montou das peças resultou num conjunto muito divertido. Destaco, por exemplo, "as mulheres preparam-se para a greve", "um soldado vem a casa" e "Eurípides desmascarado". Para além de Cintra, e sem qualquer hierarquia de valores, destaco as presenças de Nuno Lopes (com canadianas por um acidente num pé), Teresa Madruga, Luísa Cruz, Maria Rueff, Márcia Breia.
sábado, 30 de janeiro de 2010
EMPREGO CULTURAL EM PORTUGAL
Em 2008, o emprego cultural atingiu 52800 pessoas, das quais 55% são homens, 43% pertencem ao escalão etário dos 25-34 anos e cerca de 41% tem o ensino secundário como nível escolar. O emprego escolar envolve as actividades de edição, cinematográficas e de vídeo, de rádio e de televisão, outras actividades artísticas e de espectáculo, de agências noticiosas e actividades das bibliotecas, arquivos, museus, e outras actividades culturais (Estatísticas da Cultura do INE, 2009, pp. 17-18).
SOBRE O LIVRO
José Afonso Furtado é o director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e o entrevistado do número de Fevereiro de Os Meus Livros. Eele chama a atenção para as inovações tecnológicas inroduzidas no sector do livro mas não se alarma com a ideia do fim do livro. Diz ele: "tudo o que está a acontecer neste momento decorre de um legado de milhares de anos. Ora, um legado de milhares de anos não é a mesma coisa que, na música, passar do vinil para o digital, porque isso são cem anos".
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
CONSUMOS MEDIÁTICOS
Hoje à tarde, Sílvia Silva defendeu dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa com o título Dieta mediática e práticas comunicacionais: rumo a uma nova ecologia mediática? Ela fez entrevistas de grupo a jovens, num total de 16 pessoas, com idades entre os 20 e os 30 anos, num processo de amostra não aleatória tipo bola de neve, procurando saber os consumos mediáticos.
Trabalho de forte maturidade, a autora estabeleceu um equilíbrio entre a ideia de internet enquanto meio revolucionário - em especial para os jovens - e uso menos habilitado para as gerações mais velhas. E detectou algumas contradições no discurso interno dos grupos observados. Assim, se os seus entrevistados defendem e usam (e fazem downloads) de textos digitais, realçando a imaterialidade, prezam também a existência real, fazem o culto do objecto físico. Além de que o formato digital é incapaz de replicar algumas particularidades de jornais e revistas, como brindes, amostras, texturas.
Para os entrevistados, a criação de conteúdo online é marcada por duas tendências: 1) pendor pessoal, 2) inclinação para a descontinuidade. Assim, a adesão à criação de conteúdos faz-se por ciclos. Embora não explícito no trabalho hoje defendido, fica-se com a ideia que a idade tem um peso muito grande na criação online: quando mais velhos, os indivíduos sentem menos empenho e têm outras tarefas mais complexas e de maior responsabilidade a realizar.
Outra ideia interessante é a de que um número grande de jovens multitaskers se considera sem capacidades extraordinárias para o desempenho de grande parte das tarefas. Os entrevistados usam serviços prioritários (MSN, email) mas menos os considerados secundários (blogues e páginas pessoais). A ideia positivista de multitasking está desfeita, por exemplo, quando os jornais de hoje, a propósito do lançamento do iPad, dizem que uma das críticas é a da não possibilidade de multitasking (jornal i, p. 28). A pouca atenção que se presta quando se desempenham várias tarefas ao mesmo tempo é uma das razões para essa inibição. Na mesma linha, Sílvia Silva defende, a partir das entrevistas feitas, que os mais jovens são os mais activos na adesão às redes sociais, com o entusiasmo a esmorecer entre os mais velhos ou que já abandonaram o meio escolar.
Trabalho de forte maturidade, a autora estabeleceu um equilíbrio entre a ideia de internet enquanto meio revolucionário - em especial para os jovens - e uso menos habilitado para as gerações mais velhas. E detectou algumas contradições no discurso interno dos grupos observados. Assim, se os seus entrevistados defendem e usam (e fazem downloads) de textos digitais, realçando a imaterialidade, prezam também a existência real, fazem o culto do objecto físico. Além de que o formato digital é incapaz de replicar algumas particularidades de jornais e revistas, como brindes, amostras, texturas.
Para os entrevistados, a criação de conteúdo online é marcada por duas tendências: 1) pendor pessoal, 2) inclinação para a descontinuidade. Assim, a adesão à criação de conteúdos faz-se por ciclos. Embora não explícito no trabalho hoje defendido, fica-se com a ideia que a idade tem um peso muito grande na criação online: quando mais velhos, os indivíduos sentem menos empenho e têm outras tarefas mais complexas e de maior responsabilidade a realizar.
Outra ideia interessante é a de que um número grande de jovens multitaskers se considera sem capacidades extraordinárias para o desempenho de grande parte das tarefas. Os entrevistados usam serviços prioritários (MSN, email) mas menos os considerados secundários (blogues e páginas pessoais). A ideia positivista de multitasking está desfeita, por exemplo, quando os jornais de hoje, a propósito do lançamento do iPad, dizem que uma das críticas é a da não possibilidade de multitasking (jornal i, p. 28). A pouca atenção que se presta quando se desempenham várias tarefas ao mesmo tempo é uma das razões para essa inibição. Na mesma linha, Sílvia Silva defende, a partir das entrevistas feitas, que os mais jovens são os mais activos na adesão às redes sociais, com o entusiasmo a esmorecer entre os mais velhos ou que já abandonaram o meio escolar.
TENDÊNCIAS DOS MEDIA E PROSPECTIVA
Tendências e prospectiva dos media. Inovação, Gestão, Emprego e Mercado é um livro coordenado por Paulo Faustino e financiado no âmbito do POEFDS e realizado entre Abril de 2006 e Abril de 2007, e agora lançado com a chancela da Media XXI.
O livro, de 854 páginas, tem quatro partes: 1) caracterização, transformações e modelo de negócio das empresas de media, 2) tecnologias, mercado de trabalho e emprego, 3) tendências e análise empírica da indústria, e 4) dinâmicas de mercado, tendências e análise prospectiva da indústria.
As áreas estudadas são imprensa, rádio, televisão (mais a televisão digital terrestre), assim como a internet. Alguns especialistas nacionais e internacionais dão contributos, embora eles não sejam visíveis em termos de capítulos assinados. O capítulo 1 é o mais teórico e rico, o capítulo 9 é o mais prospectivo, embora com dados de 2005 e 2006, o que inibe uma leitura actual. No livro há entrevistas a gestores (interlocutores privilegiados), docentes e empregados nas várias indústrias analisadas, o que se traduz numa forte riqueza de contributos.
Destaco o capítulo 6.2.2, onde a equipa de investigação entrevistou agentes sociais dos media em Lisboa, Porto e Leiria, dando um retrato que me parece muito fiel da realidade empresarial e organizacional. Fontes de financiamento, ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos, o posicionamento das mulheres nos media, o vínculo profissional, a formação e os movimentos de concentração são alguns desses elementos. Estagiários sem qualquer remuneração, salários pequenos, pouco tempo para formação complementar, necessidade de angariar publicidade, novas opções num mercado saturado, concorrência, audiências - eis alguns dos tópicos trabalhados. Muitas das situações são ilustradas com depoimentos dos próprios agentes, o que torna o livro um testemunho da realidade nacional dos media.
Já quanto ao inquérito que suporta a parte final do texto, não há uma identificação precisa do número de inquiridos, o que não permite retirar informação clara. Cada capítulo apresenta uma síntese conclusiva, útil dada a dimensão do livro.
Paulo Faustino tem doutoramento em gestão e economia dos media pela Universidade Complutense (Madrid) e é empresário e docente na Universidade do Porto e no Instituto Politécnico de Leiria. Em 2009 foi um dos editores de outro livro fundamental para a compreensão dos media, The Media as a driver of the information society, editado conjuntamente entre a Universidade Católica Editora e a Media XXI (capa do livro em cima, à direita).
O livro, de 854 páginas, tem quatro partes: 1) caracterização, transformações e modelo de negócio das empresas de media, 2) tecnologias, mercado de trabalho e emprego, 3) tendências e análise empírica da indústria, e 4) dinâmicas de mercado, tendências e análise prospectiva da indústria.
As áreas estudadas são imprensa, rádio, televisão (mais a televisão digital terrestre), assim como a internet. Alguns especialistas nacionais e internacionais dão contributos, embora eles não sejam visíveis em termos de capítulos assinados. O capítulo 1 é o mais teórico e rico, o capítulo 9 é o mais prospectivo, embora com dados de 2005 e 2006, o que inibe uma leitura actual. No livro há entrevistas a gestores (interlocutores privilegiados), docentes e empregados nas várias indústrias analisadas, o que se traduz numa forte riqueza de contributos.
Destaco o capítulo 6.2.2, onde a equipa de investigação entrevistou agentes sociais dos media em Lisboa, Porto e Leiria, dando um retrato que me parece muito fiel da realidade empresarial e organizacional. Fontes de financiamento, ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos, o posicionamento das mulheres nos media, o vínculo profissional, a formação e os movimentos de concentração são alguns desses elementos. Estagiários sem qualquer remuneração, salários pequenos, pouco tempo para formação complementar, necessidade de angariar publicidade, novas opções num mercado saturado, concorrência, audiências - eis alguns dos tópicos trabalhados. Muitas das situações são ilustradas com depoimentos dos próprios agentes, o que torna o livro um testemunho da realidade nacional dos media.
Já quanto ao inquérito que suporta a parte final do texto, não há uma identificação precisa do número de inquiridos, o que não permite retirar informação clara. Cada capítulo apresenta uma síntese conclusiva, útil dada a dimensão do livro.
Paulo Faustino tem doutoramento em gestão e economia dos media pela Universidade Complutense (Madrid) e é empresário e docente na Universidade do Porto e no Instituto Politécnico de Leiria. Em 2009 foi um dos editores de outro livro fundamental para a compreensão dos media, The Media as a driver of the information society, editado conjuntamente entre a Universidade Católica Editora e a Media XXI (capa do livro em cima, à direita).
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
CONSUMOS DE CINEMA EM 2009
A Marktest, sobre o consumo de cinema em 2009 (Bareme Cinema), indica ter havido um aumento de 9,3% face ao ano anterior, na população residente no Continente com 15 e mais anos, no total de 2,711 milhões.
Na análise ao perfil dos indivíduos que vão habitualmente ao cinema, verifica-se que 52,0% são mulheres, 65,5% são jovens com menos de 35 anos, 42,2% são estudantes ou quadros médios e superiores, 44,5% residem na Grande Lisboa ou Litoral Norte e 58,9% pertencem às classes sociais média ou média baixa.
Na análise ao perfil dos indivíduos que vão habitualmente ao cinema, verifica-se que 52,0% são mulheres, 65,5% são jovens com menos de 35 anos, 42,2% são estudantes ou quadros médios e superiores, 44,5% residem na Grande Lisboa ou Litoral Norte e 58,9% pertencem às classes sociais média ou média baixa.
VISITAS AOS SÍTIOS DA INTERNET
Segundo os dados do Ranking Netscope da Marktest, referentes a Dezembro último, a homepage do Sapo mantinha a liderança, com 29 milhões de visitas e 105 milhões de pageviews. O sítio de A Bola ocupava a segunda posição, com 15,8 milhões de visitas e 84,4 milhões de pageviews, seguindo-se o Record, com 13 milhões de visitas e 63,9 milhões de pageviews, e o Sapo Blogs, com 10,3 milhões (mas sétimo em pageviews, com 27 milhões). Ou seja, um fornecedor de internet e dois jornais desportivos contavam-se nos mais procurados na internet, o que constitui um traço interessante no consumo de informação electrónica.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
NOTÍCIA DOS JORNAIS - III
As séries de televisão têm influência na moda. No presente, são as séries Mad Men (na imagem, retirada do sítio amctv) e Gossip Girl que inspiram os criadores de moda (marcas de roupa como Banana Republic, Brooks Brothers e Topman) e os clientes e seguidores desta e das marcas.
NOTÍCIA DOS JORNAIS - II
Começa a formar-se a ideia que a questão da pandemia da gripe A foi empolada. A crítica aponta a indústria farmacêutica, que terá pressionado a OMS para considerar a gripe como pandemia, obrigando os governos a comprar vacinas e as empresas a criar planos de contingência e a comprar materiais de limpeza, higiene e desinfecção.
Escrevi o seguinte aqui, a 22 de Julho de 2009: "não sou adepto de qualquer teoria da conspiração. Logo não digo que a senhora Chan [Margaret Chan, a principal responsável da Organização Mundial de Saúde] exagerou, como no caso da gripe das aves. Mas a gripe pode ter interessados. Numa altura em que se põe em causa a ida dos americanos à Lua, com o argumento «então se eles foram há 40 anos porque não voltaram?», também se pode contestar a gripe, os seus nomes e os seus números. Espero que a agenda noticiosa mude e haja outras notícias".
A agenda de notícias mudou: um terrível terramoto no Haiti canalizou toda a informação para os acontecimentos daquele canto do planeta e a gripe quase desapareceu das notícias.
Escrevi o seguinte aqui, a 22 de Julho de 2009: "não sou adepto de qualquer teoria da conspiração. Logo não digo que a senhora Chan [Margaret Chan, a principal responsável da Organização Mundial de Saúde] exagerou, como no caso da gripe das aves. Mas a gripe pode ter interessados. Numa altura em que se põe em causa a ida dos americanos à Lua, com o argumento «então se eles foram há 40 anos porque não voltaram?», também se pode contestar a gripe, os seus nomes e os seus números. Espero que a agenda noticiosa mude e haja outras notícias".
A agenda de notícias mudou: um terrível terramoto no Haiti canalizou toda a informação para os acontecimentos daquele canto do planeta e a gripe quase desapareceu das notícias.
NOTÍCIA DOS JORNAIS - I
O partido do governo anuncia a alteração legislativa dos contratos de trabalho dos profissionais das artes do espectáculo, em especial a protecção social. Os profissionais do espectáculo têm habitualmente trabalho intermitente e são pagos por recibo verde, o que inibe terem subsídio de doença ou desemprego.
TOQUE DE CAIXA
" Juraram-nos mortos, vejam só! Leram responsos, vieram os óleos santos, a vala já aberta. Até nos nos divertimos a compor o epitáfio.... Cruzes, canhoto! Cá estamos a esconjurar o mafarrico... Porque isto da música é obra daquilo que nos apraz. A música eleva-nos, enleva-nos, transporta-nos, transforma-nos. Só ela nos sustém o ânimo. E a teimosia, velha como a vida. Somos a erva daninha....e a fénix! Na adversidade, mergulhámos fundo as raizes e apegámo-nos à terra. Das músicas tradicionais, cantadas por vozes deste tempo, passando pelo fado, sem esquecer as continuas influências de outras paragens. Incorporamos sons e criamos sotaques musicais".
O Toque de Caixa tem actuações no dia 11 de Março no programa Viva a Música, de Armando Carvalhêda, Antena 1, às 15:00, e na FNAC (Colombo, Lisboa), às 18:00. Mais informações aqui e aqui. O Toque de Caixa "nasceu com os cantares de Janeiras, no natal de 1985. O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros" (informação da banda).
Obrigado a Fernando Figueiredo
O Toque de Caixa tem actuações no dia 11 de Março no programa Viva a Música, de Armando Carvalhêda, Antena 1, às 15:00, e na FNAC (Colombo, Lisboa), às 18:00. Mais informações aqui e aqui. O Toque de Caixa "nasceu com os cantares de Janeiras, no natal de 1985. O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros" (informação da banda).
Obrigado a Fernando Figueiredo
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
ELVAS
Com o Coliseu (sala multiusos, pista de gelo) [e os bares colocados nas suas proximidades, libertando espaços no centro histórico], o Museu de Arte Contemporânea e a candidatura a património mundial das suas fortificações militares, Elvas torna-se uma cidade interessante a nível de artes criativas, em Portugal e na vizinha Espanha.
domingo, 24 de janeiro de 2010
TEATRO EM COIMBRA
A Escola da Noite acolhe no Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB) nos próximos dias 29 e 30 de Janeiro, sexta e sábado, às 21h30, o Teatro de Montemuro com o espectáculo Saloon Yé Yé, de Abel Neves, com encenação de Graeme Pulleyn.
Encenação: Graeme Pulleyn, Direcção Musical: Carlos Clara Gomes, Cenografia e Figurinos: Ana Brum, Construção de Cenários: Carlos Cal, Operação Técnica: Carlos Cal e Eduardo Correia, Design Gráfico: Zé Tavares, Assistência à Coreografia: Maria Conceição Almeida, Direcção de Produção: Paula Teixeira, Assistência de Produção: Susana Duarte, Interpretação: Abel Duarte, Neusa Fangueirso, Daniela Vieitas, Paulo Duarte e Nuno Bravo Nogueira.
A apresentação do grupo de Campo Benfeito ocorre dentro do âmbito da Plataforma das Companhias, que integra igualmente o Teatro de Montemuro, a Escola da Noite, o Centro Dramático de Évora, a Companhia de Teatro de Braga, a ACTA e o Teatro das Beiras.
Encenação: Graeme Pulleyn, Direcção Musical: Carlos Clara Gomes, Cenografia e Figurinos: Ana Brum, Construção de Cenários: Carlos Cal, Operação Técnica: Carlos Cal e Eduardo Correia, Design Gráfico: Zé Tavares, Assistência à Coreografia: Maria Conceição Almeida, Direcção de Produção: Paula Teixeira, Assistência de Produção: Susana Duarte, Interpretação: Abel Duarte, Neusa Fangueirso, Daniela Vieitas, Paulo Duarte e Nuno Bravo Nogueira.
A apresentação do grupo de Campo Benfeito ocorre dentro do âmbito da Plataforma das Companhias, que integra igualmente o Teatro de Montemuro, a Escola da Noite, o Centro Dramático de Évora, a Companhia de Teatro de Braga, a ACTA e o Teatro das Beiras.
sábado, 23 de janeiro de 2010
JOGOS DE ESPELHOS
Jogos de Espelhos foi o título escolhido para a nova exposição (sexta) da colecção António Cachola no Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE), inaugurada hoje ao fim da tarde. O nome é retirado de um conjunto escultórico de José Pedro Croft em ferro, vidro e espelhos. A explicação e a articulação com as outras peças é mostrada no primeiro vídeo abaixo, onde João Pinharanda, director de programação do museu, fala.
A exposição ocupa dois espaços, um no museu e outro no paiol de Nª Senhora da Conceição. No primeiro, para além do citado José Pedro Croft, expõem-se nomeadamente obras de Pedro Cabrita Reis, Filipa César, Alexandre Farto, Inês Botelho, João Jacinto, Edgar Martins, Maria Lusitano, João Onofre, Luís Palma, Mauro Cerqueira, Noé Sendas, Isabel Simões, Fátima Mendonça, Daniel Barroca, Pedro Portugal, Ricardo Leandro e César Engstrom, João Louro, João Paulo Feliciano e Joana Vasconcelos. No paiol, arranjado para o efeito, há esculturas e instalações de Rui Sanches (segundo vídeo), Fernanda Fragateiro e Nuno Silva. O terceiro vídeo contém uma curta declaração do coleccionista.
A sexta exposição da colecção mostra obras de cariz diverso mas unidas numa característica comum, a de peças nunca apresentadas em outras ocasiões, por falta de oportunidade temática, espaço de montagem, condições de apresentação ou por recente aquisição. A colecção António Cachola está aberta a várias tendências da arte contemporânea e aos artistas portugueses, com perspectivas de reflexo e reenvio, de multiplicação e fragmentação (texto de João Pinharanda, no folheto da exposição). A exposição está patente até 4 de Julho e, em Setembro, estará visível no Centro Cultural de Belém, Lisboa, por troca de peças da colecção de Joe Berardo, que será visitável no MACE.
A exposição ocupa dois espaços, um no museu e outro no paiol de Nª Senhora da Conceição. No primeiro, para além do citado José Pedro Croft, expõem-se nomeadamente obras de Pedro Cabrita Reis, Filipa César, Alexandre Farto, Inês Botelho, João Jacinto, Edgar Martins, Maria Lusitano, João Onofre, Luís Palma, Mauro Cerqueira, Noé Sendas, Isabel Simões, Fátima Mendonça, Daniel Barroca, Pedro Portugal, Ricardo Leandro e César Engstrom, João Louro, João Paulo Feliciano e Joana Vasconcelos. No paiol, arranjado para o efeito, há esculturas e instalações de Rui Sanches (segundo vídeo), Fernanda Fragateiro e Nuno Silva. O terceiro vídeo contém uma curta declaração do coleccionista.
A sexta exposição da colecção mostra obras de cariz diverso mas unidas numa característica comum, a de peças nunca apresentadas em outras ocasiões, por falta de oportunidade temática, espaço de montagem, condições de apresentação ou por recente aquisição. A colecção António Cachola está aberta a várias tendências da arte contemporânea e aos artistas portugueses, com perspectivas de reflexo e reenvio, de multiplicação e fragmentação (texto de João Pinharanda, no folheto da exposição). A exposição está patente até 4 de Julho e, em Setembro, estará visível no Centro Cultural de Belém, Lisboa, por troca de peças da colecção de Joe Berardo, que será visitável no MACE.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
MONSTRA
A MONSTRA - Festival de Animação de Lisboa comemora em Março 10 anos de existência, de 11 a 21 de Março de 2010.
Nascido "por entre flipbooks, jogos ópticos e taumatrópios, o mais antigo festival de Lisboa promete uma edição bastante diferente daquela a que o público está habituado, nunca esquecendo o seu objectivo central, o de alargar o âmbito de acção e de intervenção na área do cinema de animação e das artes que lhe estão associadas, tanto em Lisboa como em todo o país" (informação da organização). Blogue: Monstra.
Nascido "por entre flipbooks, jogos ópticos e taumatrópios, o mais antigo festival de Lisboa promete uma edição bastante diferente daquela a que o público está habituado, nunca esquecendo o seu objectivo central, o de alargar o âmbito de acção e de intervenção na área do cinema de animação e das artes que lhe estão associadas, tanto em Lisboa como em todo o país" (informação da organização). Blogue: Monstra.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
MOSTRA DE TEATRO DE ALMADA
A 14ª edição da Mostra de Teatro de Almada inicia no dia 5 de Fevereiro (Fórum Municipal Romeu Correia, Almada), às 21:00, com a presença dos actores Rita Lello e Pedro Giestas, da Companhia de Teatro A Barraca (Peça para dois, de Tennessee Williams) e o espectáculo Theatron, pela Companhia das Artes de Animação e do Teatro de Rua Artelier. A presente edição da Mostra de Teatro envolve 17 companhias e grupos de teatro de Almada, que apresentarão 19 espectáculos, dos quais dez são estreias nacionais.
Para saber mais, ver aqui.
Para saber mais, ver aqui.
ACESSO PAGO À INTERNET
O jornal New York Times vai tornar-se o primeiro grande jornal a taxar o acesso à internet, introduzindo um modelo de "medição" a iniciar em 2011. Os leitores que excedam um dado número de artigos lidos passam a pagar as consultas seguintes. O magnata dos media Rupert Murdoch também tenciona cobrar os acessos aos sítios dos jornais que são sua propriedade (Times, Sun e News of the World) [fonte: European Journalism Center].
MEMÓRIAS VIVAS DO JORNALISMO, UM LIVRO DE FERNANDO CORREIA & CARLA BAPTISTA
"As conversas com jornalistas dos anos 40, 50 e 60 do século passado mostram-nos, de forma saborosa, humorística ou sarcástica, um clima profissional com características únicas, ao mesmo tempo que nos confrontam com uma sensação de continuidade em muito do que hoje ainda é essencial ao profissionalismo jornalístico" (da contracapa do livro).
Memórias vivas do jornalismo são entrevistas a jornalistas que os autores fizeram, procurando cobrir uma década (1956-1968), uma geografia (jornais de Lisboa) e uma temática (imprensa escrita) (p. 11) e complementa outro livro que Fernando Correia e Carla Baptista, ambos jornalistas e professores universitários, escreveram e que aqui dei conta (a 15 de Julho de 2007).
O livro agora saído conta com 17 entrevistas a jornalistas: Abílio Marques Pinto, Acácio Barradas, Afonso Serra, Daniel Ricardo, Edite Soeiro, Eduardo Gageiro, Fialho de Oliveira, Homero Serpa, João Coito, Joaquim Letria, José Carlos Vasconcelos, Manuela de Azevedo, Maria Antónia Palla, Mário Ventura Henriques, Pedro Foyos, Roby Amorim e Urbano Tavares Rodrigues.
Memórias vivas do jornalismo são entrevistas a jornalistas que os autores fizeram, procurando cobrir uma década (1956-1968), uma geografia (jornais de Lisboa) e uma temática (imprensa escrita) (p. 11) e complementa outro livro que Fernando Correia e Carla Baptista, ambos jornalistas e professores universitários, escreveram e que aqui dei conta (a 15 de Julho de 2007).
O livro agora saído conta com 17 entrevistas a jornalistas: Abílio Marques Pinto, Acácio Barradas, Afonso Serra, Daniel Ricardo, Edite Soeiro, Eduardo Gageiro, Fialho de Oliveira, Homero Serpa, João Coito, Joaquim Letria, José Carlos Vasconcelos, Manuela de Azevedo, Maria Antónia Palla, Mário Ventura Henriques, Pedro Foyos, Roby Amorim e Urbano Tavares Rodrigues.
NOVO LIVRO DE RITA ESPANHA
Saúde e comunicação numa sociedade em rede. O caso português é um livro de Rita Espanha, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian. O seu lançamento ocorre no próxima dia 27 de Janeiro, pelas 18:00, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian. Apresentação do livro por Jorge Simões, professor da Universidade de Aveiro.
Rita Espanha é docente no ISLA-Lisboa e investigadora no CIES-ISCTE/IUL e no Obercom. A autora defendeu tese de doutoramento em 2009 com o título Projectos de Autonomia numa Sociedade em Transição: Os Media e a Saúde. Mais recentemente (2009), publicou o texto "A saúde em comunicação" no livro coordenado por Gustavo Cardoso, Francisco Rui Cádima e Luís Landerset Cardoso Media, Redes e Comunicação: Futuros Presentes, por ocasião dos dez anos de actividade do Obercom.
Rita Espanha é docente no ISLA-Lisboa e investigadora no CIES-ISCTE/IUL e no Obercom. A autora defendeu tese de doutoramento em 2009 com o título Projectos de Autonomia numa Sociedade em Transição: Os Media e a Saúde. Mais recentemente (2009), publicou o texto "A saúde em comunicação" no livro coordenado por Gustavo Cardoso, Francisco Rui Cádima e Luís Landerset Cardoso Media, Redes e Comunicação: Futuros Presentes, por ocasião dos dez anos de actividade do Obercom.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
VÍTOR GONÇALVES
Nas horas mais recentes, a audiência no meu blogue cresceu muito. Procurei a razão, via eXTReMe Tracking: ela prende-se com o ferimento do jornalista Vítor Gonçalves no novo terramoto do Haiti. Como eu, muitas pessoas procuram saber o que se passou com o jornalista da RTP, em especial através da internet.
Esperamos mais notícias, em especial sobre o novo foco do acontecimento: além do terramoto em si, a informação desloca-se para reportar o que aconteceu ao jornalista português. Logo, há, neste momento, dois motivos para saber o que se passa no Haiti. Isso lembra o que aconteceu no começo da guerra do Iraque, quando um grupo foi atacado no sul do país, ficando ferida uma jornalista da SIC.
Esperamos mais notícias, em especial sobre o novo foco do acontecimento: além do terramoto em si, a informação desloca-se para reportar o que aconteceu ao jornalista português. Logo, há, neste momento, dois motivos para saber o que se passa no Haiti. Isso lembra o que aconteceu no começo da guerra do Iraque, quando um grupo foi atacado no sul do país, ficando ferida uma jornalista da SIC.
CARLOS CAPUCHO SOBRE O FILME DE PHILIP GRÖNING
Hoje, Carlos Capucho, docente da Universidade Católica, apresentou uma comunicação com o título A negação do conflito: o lugar comunicacional da Cartuxa na pós-modernidade ou a outra forma de dizer a palavra, sobre o filme de Philip Gröning, O Grande Silêncio (2005, França, Alemanha, Suíça), que mostra o quotidiano dos monges da Cartuxa, em Grenoble (ver também em Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura).
LEITORES DE TÍTULOS DE JORNAIS
Quase metade dos utilizadores do Google News lêem os títulos das notícias mas não clicam nos sítios dos jornais para lerem a notícia, segundo um relatório divulgado ontem (a partir da newsletter do European Journalism Center de hoje). Ver a notícia completa aqui.
NOVO PROVEDOR DO LEITOR DO JORNAL PÚBLICO
José Queirós, jornalista e anterior membro de direcções editoriais do Público vai ser o próximo provedor do leitor daquele jornal, a partir de Março (fonte: Público).
Por outro lado, recordo que a tese de doutoramento de Marisa Torres da Silva, As cartas dos leitores na imprensa portuguesa: uma forma de comunicação e debate do público, será defendida no dia 10 de Fevereiro, pelas 14:30, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Por outro lado, recordo que a tese de doutoramento de Marisa Torres da Silva, As cartas dos leitores na imprensa portuguesa: uma forma de comunicação e debate do público, será defendida no dia 10 de Fevereiro, pelas 14:30, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE ELVAS
No próximo sábado, dia 23 de Janeiro, pelas 18:00, inaugura uma exposição no MACE -Museu de Arte Contemporânea de Elvas, intitulada Colecção António Cachola: Jogos de Espelhos.
Recupero agora a entrevista e visita guiada pelo próprio António Cachola, em Abril de 2009.
Recupero agora a entrevista e visita guiada pelo próprio António Cachola, em Abril de 2009.
CONFERÊNCIA DE CARLOS CAPUCHO SOBRE CINEMA
Conferência do professor Carlos Capucho A negação do conflito: o lugar comunicacional da Cartuxa na pós-modernidade ou a outra forma de dizer a palavra.
Amanhã, dia 20 de Janeiro, pelas 14:30, na Sala de Exposições, no 2º piso do edifico da biblioteca João Paulo II (Universidade Católica Portuguesa, Lisboa).
Amanhã, dia 20 de Janeiro, pelas 14:30, na Sala de Exposições, no 2º piso do edifico da biblioteca João Paulo II (Universidade Católica Portuguesa, Lisboa).
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
MEMÓRIAS JORNALÍSTICAS EM COMUNIDADE DE LEITORES
Na Hemeroteca Municpal de Lisboa, nos dias 20 de Janeiro, 10 de Fevereiro, 17 de Março e 14 de Abril.
AVATAR
Na atribuição dos troféus dos Globos de Ouro, o filme Avatar conquistou os de melhor filme na categoria drama e também de melhor realizador (James Cameron). Os Globos de Ouro são atribuídos pela associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. Por outro lado, só nos Estados Unidos e no Canadá, o filme alcançou os 491 milhões de dólares (341,5 milhões de euros) de receitas desde a estreia, o que o aproxima cada vez mais do filme com mais sucesso em toda a história do cinema.
O que emociona no filme? Quais as razões do sucesso?
A história é simples: uma história de amor quase impossível, num planeta longínquo (Pandora) onde a civilização mais avançada tecnologicamente faz tudo para aniquilar ou deslocar a cultura mais antiga, com uns seres de estrutura estranha e códigos de valor muito firmes agarrados à terra e à sabedoria de muitas gerações. Do lado dos mais tecnológicos, vê-se que são os americanos, ansiosos por explorarem as matérias-primas do subsolo do planeta. Do lado dos menos tecnológicos, não há muita dificuldade em perceber que são índios e negros, que vestem a pele dos explorados ao longo de séculos: os arcos e flechas dos primeiros, a cor da pele, a imponência das árvores e as preces dos segundos. A que se misturam efeitos que mostram uma paisagem aparentada com a da Nova Zelândia ou da África ao sul do Saara, a que se acrescentam a beleza e a liberdade. E muitas citações de outros filmes: Minority Report, Matrix e Blade Runner serão os mais fáceis de identificar. A criação de um segundo eu, cópia, clone ou avatar (como no programa informático Second Life) faz parte de uma crescente e entusiasmante cultura da ficção científica.
Se Cameron, no afundamento de Titanic, um navio considerado seguríssimo, mostrava uma narrativa sobre a derrota do capitalismo industrial, volta a repetir a mesma estrutura, opondo uma frágil e interdependente cultura a uma forte cultura marcial, com aquela a vencer após uma luta terrível. Mas introduz mais complexidade: em Titanic, há uma luta do homem contra a natureza, em Avatar, há uma luta entre homens, culturas e civilizações distintas, entre homens e cópias (avatares), entre homens e natureza (caso de animais inteligentes ou gigantes e poderosos).
É nas imagens, nos efeitos especiais, na terceira dimensão tornada possível pelos óculos que os espectadores usam, que reside a fatia maior de sucesso. Filme muito caro e demorado a fazer, ele parece - com a espectacularidade e o dinheiro já ganho em bilheteira - traçar o começo de um novo paradigma no cinema. Esta viragem, visível em filmes como os de George Lucas ou de Steven Spielberg, torna o padrão da ficção científica como um dos mais rentáveis. Além de haver um previsível efeito de arrastamento tecnológico, pois a televisão aproxima-se da possibilidade de introduzir a terceira dimensão.
Nos Globos de Ouro que premiaram Avatar, também o filme A Ressaca e os actores e actrizes Jeff Bridges, Sandra Bullock, Robert Downey Jr. e Meryl Streep foram premiados. Cameron e o seu filme caminham para outros sucessos. A pergunta final é: como reage o cinema europeu?
O que emociona no filme? Quais as razões do sucesso?
A história é simples: uma história de amor quase impossível, num planeta longínquo (Pandora) onde a civilização mais avançada tecnologicamente faz tudo para aniquilar ou deslocar a cultura mais antiga, com uns seres de estrutura estranha e códigos de valor muito firmes agarrados à terra e à sabedoria de muitas gerações. Do lado dos mais tecnológicos, vê-se que são os americanos, ansiosos por explorarem as matérias-primas do subsolo do planeta. Do lado dos menos tecnológicos, não há muita dificuldade em perceber que são índios e negros, que vestem a pele dos explorados ao longo de séculos: os arcos e flechas dos primeiros, a cor da pele, a imponência das árvores e as preces dos segundos. A que se misturam efeitos que mostram uma paisagem aparentada com a da Nova Zelândia ou da África ao sul do Saara, a que se acrescentam a beleza e a liberdade. E muitas citações de outros filmes: Minority Report, Matrix e Blade Runner serão os mais fáceis de identificar. A criação de um segundo eu, cópia, clone ou avatar (como no programa informático Second Life) faz parte de uma crescente e entusiasmante cultura da ficção científica.
Se Cameron, no afundamento de Titanic, um navio considerado seguríssimo, mostrava uma narrativa sobre a derrota do capitalismo industrial, volta a repetir a mesma estrutura, opondo uma frágil e interdependente cultura a uma forte cultura marcial, com aquela a vencer após uma luta terrível. Mas introduz mais complexidade: em Titanic, há uma luta do homem contra a natureza, em Avatar, há uma luta entre homens, culturas e civilizações distintas, entre homens e cópias (avatares), entre homens e natureza (caso de animais inteligentes ou gigantes e poderosos).
É nas imagens, nos efeitos especiais, na terceira dimensão tornada possível pelos óculos que os espectadores usam, que reside a fatia maior de sucesso. Filme muito caro e demorado a fazer, ele parece - com a espectacularidade e o dinheiro já ganho em bilheteira - traçar o começo de um novo paradigma no cinema. Esta viragem, visível em filmes como os de George Lucas ou de Steven Spielberg, torna o padrão da ficção científica como um dos mais rentáveis. Além de haver um previsível efeito de arrastamento tecnológico, pois a televisão aproxima-se da possibilidade de introduzir a terceira dimensão.
Nos Globos de Ouro que premiaram Avatar, também o filme A Ressaca e os actores e actrizes Jeff Bridges, Sandra Bullock, Robert Downey Jr. e Meryl Streep foram premiados. Cameron e o seu filme caminham para outros sucessos. A pergunta final é: como reage o cinema europeu?
domingo, 17 de janeiro de 2010
AUTONOMIA CULTURAL EM DEBATE
O ciclo Noites Utópicas arranca dia 21 de Janeiro (quinta-feira) no Teatro-Cine de Torres Vedras, com o tema Espaços Autónomos de Produção e Programação Cultural. Para animar a tertúlia inaugural, Nuno Nabais (professor de filosofia e director da Fábrica Braço de Prata), Natxo Checa (programador, produtor e director da galeria Zé dos Bois) e Marisa Falcón (docente e investigadora que tem trabalhado os Espaços Alternativos. O seu Lugar na Cidade de Lisboa). Moderação a cargo de João Garcia Miguel e de Rui Matoso.
Para saber mais, procurar em: Ciclo Noites Utópicas e Teatro-cine-cultura.
Para saber mais, procurar em: Ciclo Noites Utópicas e Teatro-cine-cultura.
sábado, 16 de janeiro de 2010
ESCRITA, MEMÓRIA, ARQUIVO
Este é o título do mais recente número da Revista de Comunicação e Linguagens, da Universidade Nova de Lisboa, organizado por Maria Augusta Babo e José Augusto Mourão, docentes do departamento de Ciências da Comunicação daquela universidade.
Tem textos de Bernard Stiegler, Herman Parret, Maria Augusta Babo, José Afonso Furtado, Luís Lima, José Augusto Mourão, Porfírio Silva e Pedro U. Lima, António Fernando Cascais, António Guerreiro, José Manuel Bártolo, Maria João Baltazar, Inês Gil, Pedro de Andrade e outros.
Destaco o texto de José Afonso Furtado, director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, que se propõe abordar uma teoria do documento, a qual remete "para o conjunto de propriedades que constituem, em diferentes casos, as condições necessárias e suficientes para que X (um suporte de inscrição genérico, que pode ir da argila a um ficheiro informático) seja Y (um documento)" (p. 55).
Os termos usados para designar o documento são variadíssimos, como aliás a definição anterior o deixa transparecer: informação, dado, recurso, ficheiro, escrito, texto, imagem, papel, artigo, obra, livro, folha, página (p. 57). O documento implica inscrição, associada a escrita e ao modo de fixar a memória e comunicar um pensamento ou acção (p. 61), o que significa também possuir exteriorização e fixação.
O autor dedica bastante espaço a observar e reflectir o suporte e a sua materialidade e a confrontar estes com o documento escrito fisicamente, no momento em que o papel perde o monopólio da existência do documento e o suporte perde a faculdade de apropriação directa (p. 64). De onde derivam três consequências: 1) a leitura e a sua escrita implicam uma máquina intermediária, uma interface, 2) quebra-se, por isso, a relação entre suporte e inscrição, e 3) dá-se um entrelaçamento entre os suportes e os sinais. A meu ver, esta terceira consequência é exactamente o oposto do enunciado pelo autor: no papel, o sinal era visto e interpretado; no computador, o sinal é codificado numa linguagem-máquina que outro, ou o mesmo, computador descodifica. Igualmente, José Afonso Furtado identifica a estabilidade ou permanência do documento (p. 67) - e o seu oposto, acrescento eu, no ficheiro electrónico, pois este precisa de uma máquina apropriada para ler o programa. A reflexão chama ainda a atenção para o problema da privacidade, dada a possibilidade de explosão do arquivo (p. 69), a multiplicidade de cópias. O que exige a criação de uma nova ética, conclui o autor (p. 71).
Tem textos de Bernard Stiegler, Herman Parret, Maria Augusta Babo, José Afonso Furtado, Luís Lima, José Augusto Mourão, Porfírio Silva e Pedro U. Lima, António Fernando Cascais, António Guerreiro, José Manuel Bártolo, Maria João Baltazar, Inês Gil, Pedro de Andrade e outros.
Destaco o texto de José Afonso Furtado, director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, que se propõe abordar uma teoria do documento, a qual remete "para o conjunto de propriedades que constituem, em diferentes casos, as condições necessárias e suficientes para que X (um suporte de inscrição genérico, que pode ir da argila a um ficheiro informático) seja Y (um documento)" (p. 55).
Os termos usados para designar o documento são variadíssimos, como aliás a definição anterior o deixa transparecer: informação, dado, recurso, ficheiro, escrito, texto, imagem, papel, artigo, obra, livro, folha, página (p. 57). O documento implica inscrição, associada a escrita e ao modo de fixar a memória e comunicar um pensamento ou acção (p. 61), o que significa também possuir exteriorização e fixação.
O autor dedica bastante espaço a observar e reflectir o suporte e a sua materialidade e a confrontar estes com o documento escrito fisicamente, no momento em que o papel perde o monopólio da existência do documento e o suporte perde a faculdade de apropriação directa (p. 64). De onde derivam três consequências: 1) a leitura e a sua escrita implicam uma máquina intermediária, uma interface, 2) quebra-se, por isso, a relação entre suporte e inscrição, e 3) dá-se um entrelaçamento entre os suportes e os sinais. A meu ver, esta terceira consequência é exactamente o oposto do enunciado pelo autor: no papel, o sinal era visto e interpretado; no computador, o sinal é codificado numa linguagem-máquina que outro, ou o mesmo, computador descodifica. Igualmente, José Afonso Furtado identifica a estabilidade ou permanência do documento (p. 67) - e o seu oposto, acrescento eu, no ficheiro electrónico, pois este precisa de uma máquina apropriada para ler o programa. A reflexão chama ainda a atenção para o problema da privacidade, dada a possibilidade de explosão do arquivo (p. 69), a multiplicidade de cópias. O que exige a criação de uma nova ética, conclui o autor (p. 71).
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