Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 31 de julho de 2007
TEATRO IMAGINÁRIO
O Teatro Imaginário, ciclo de homenagem a Eduardo Street, continua em Agosto, na Antena 2. Estão agendadas as seguintes peças (todas a começar às 18:00):
1º domingo, dia 5: As três irmãs, de Anton Tchekov,
2º domingo, dia 12: A sapateira prodigiosa, de Frederico García Lorca,
3º domingo, dia 19: O auto de Mofina Mendes, de Gil Vicente,
4º domingo, dia 26: A estalajadeira, de Carlo Goldoni.
Eduardo Street faleceu no final do ano passado. Dedicou toda a sua vida à rádio, tendo começado na Rádio Universitária, quando frequentava a Universidade. A rádio foi mais forte que o curso de Farmácia, não completado, e o teatro uma paixão dentro da rádio. Dirigiu peças de Sófocles, Aristófanes, Molière, Dostoievsky, Ibsen, Kafka, Torga, Sttau Monteiro, Alexandre O'Neil e muitos outros autores. O total de peças radiofónicas orientadas por Eduardo Street terá chegado às 700. Organizado, escolhia as peças com um mês de antecedência e convidava os actores/actrizes que lhe pareciam mais adequados aos papéis. Fazia ainda adaptações, apoiado pela mulher nas traduções.
TAPETES
Hoje, ao fim da tarde, foi inaugurada no Museu Nacional de Arte Antiga a exposição O tapete oriental em Portugal, comissariada por Teresa Pacheco Pereira e Jessica Hallett. Na apresentação, a directora do museu, Dalila Rodrigues, também falou.
Da introdução do magnífico catálogo retiro a seguinte frase: "O elevado apreço pelos tapetes é também confirmado pelas inúmeras pinturas portuguesas onde aparecem em retratos reais e em temas religiosos, especialmente em representações da Anunciação e da Missa de S. Gregório, e vidas de santos".
Exposição que recomendo vivamente!
ANTONIONI
Ontem, foi Bergman; hoje foi o cineasta Michelangelo Antonioni que morreu. Nascera em 1912. Tendo começado a filmar em 1943, dele lembro, entre outros, Deserto vermelho (1964), Blow up (1966), Profissão: repórter (1975) (vi-o há muito pouco tempo).
segunda-feira, 30 de julho de 2007
A MORTE DE INGMAR BERGMAN
Bergman nascera em 1918. Foi um cineasta que jamais esqueceremos, como é o caso do filme Saraband.
MEMÓRIA EM REDE
A Associação Museu da Pessoa, com sede na Universidade do Minho, em Braga, está a organizar o Portugal Memória em Rede - II Congresso Nacional de História Oral, nos dias 25, 26 e 27 de Outubro de 2007, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez.
O principal objectivo da iniciativa é divulgar, reflectir e agir em torno da História Oral e da Memória. O Congresso pretende, para além da apresentação de trabalhos realizados, a criação de grupos de trabalho, mediante áreas de interesse comuns.
Para saber mais, clicar em Memória em Rede.
O principal objectivo da iniciativa é divulgar, reflectir e agir em torno da História Oral e da Memória. O Congresso pretende, para além da apresentação de trabalhos realizados, a criação de grupos de trabalho, mediante áreas de interesse comuns.
Para saber mais, clicar em Memória em Rede.
EAST-TIMOR CAUSE, MEDIA, AND AGENDA-SETTING (II)
continued from July, 18
Pseudo-event
Ana Cabrera studied a solidarity action that took place in Portugal in 1992. This action was the initiative of Fórum Estudante magazine, represented by its director Rui Marques and it was called Missão Paz em Timor (Peace Mission in Timor), whose essential objective was to deposit a crown of flowers in Timor. It was a symbolic but risky action, for the eventual entry of the vessel in East-Timor would bring a lot of visibility to the question, which Indonesia would try to prevent.
The voyage to Timor was made on the Lusitânia Expresso (Cabrera, 2001:209) with 100 people on board, including students from Portugal and other countries, and journalists as well. A former president of the Republic, Ramalho Eanes, was among the entourage.
The mission took 62 days, from the first press conference of the project (16 January 1992) until the arrival of the participants (16 March 1992). The newspapers stress that, upon the arrival in Australia (Darwin), Indonesia threatens. There is a lot of emotion when it is known that an Australian television channel withdraws from the project for security reasons. Also, Indonesian students who are against the anti-democratic regime of Suharto do not enter the vessel. The biggest quality newspaper in Portugal, Público, writes in an editorial on 9 March 1992: "The adventure of the Lusitânia Expresso is a quixotic gesture which, such as all quixotic actions, is doomed to failure".
The final part of the voyage is prepared, the sea of Timor. On 10 March 1992 RTP, the Portuguese public television channel, broadcast 12 special information pieces through telephonic contact. Newspapers would choose the photograph of General Eanes, the person with the highest notoriety in the entourage. It is known then that two planes flew over the vessel and three Indonesian war ships approached it, trying to make the Portuguese vessel go back.
There was a great non-declared and non-achieved objective: the transmission of the event by CNN, which would be a guarantee of world visibility. Without the television, the event never took place.
Concept of pseudo-event
For Boorstin (1971), the explanation for the existence of pseudo-eventes lies in the journalists’ constant need for news. The organization of pseudo-events is shaped by the promoters to meets the interests of the media. They build the event and the communication strategy in terms of news-value (Cabrera, 2001:199). These pseudo-events, created and presented with naturalness, are taken very often as being spontaneous events.
Ana Cabrera called our attention as well to the famous events of Dayan and Katz (1992), that mobilise the media (Diana’s wedding, Diana’s funeral, Olympic Games, fall of the Berlin wall, the trips of pope John Paul II).
Agenda-setting in Lang and Lang
Rui Marques worked the East-Timor theme on the news based on the concept of agenda-setting in the Lang couple.
McCombs and Shaw had organised the concept of agenda-setting in 1972, when analysing the behaviour of voters in an American election. They reflected on the existence of three main agendas: public, political, media effect. Kurt and Gladys Lang (1981) criticised the linear model of the agenda-setting and concentrated in the agenda building process. Dividing the themes by levels (high and low), the media may have its greatest impact in the themes placed at a high level, with which the public have no direct contact (Marques, 2005:36). Without the media, the high level themes would probably not exist in public opinion.
The media do more than call people’s attention for a theme; they influence the way people think about it, namely through the interpretative context.
The Langs analyse, in the relational axis between news promoters, journalists and news consumers, four sequential and interactive phases that lead to the cycle of agenda-setting: 1st phase – focalization, 2nd phase – framing, 3rd phase – symbolic system, 4th phase – spokespeople.
East-Timor agenda-setting through the media
Rui Marques applied Langs’ theory for his analysis of the news (6635 news from the news agency Lusa, between 1987 and 1999). From the analysis, one can see that news grow exponentially from 1991, reaching its peak in 1999.
1. January 1987 to January 1989 – period of silence,
2. January 1989 to November 1991 – awakening period (John Paul II’s visit to Dili; massacre in the cemetery of Santa Cruz),
3. November 1991 to November 1994 – period of explosion (the vessel Lusitânia Expresso; imprisonment and judgement of Xanana; assault of the American embassy in Jakarta),
4. November 1994 to November 1997 – period of consolidation (attribution of the Nobel Peace Prize to D. Ximenes Belo and Ramos-Horta),
5. November 1997 to December 1999 – consecration period (fall of Suharto in Indonesia; signing of agreements in New York; referendum for self-determination in East-Timor).
Rui Marques worked categories applied to the news: a) Timor = victim; little David, b) Indonesia = oppressor; giant Goliath, c) bridges to the symbolic universe = Christianity, Portuguese language, peace, young students.
Using Langs’ model (focusing, framing, symbolic system, spokespeople), Rui Marques constructed it in this manner:
1. Focusing (pp. 91-118) – a) massacre in the cemetery of Santa Cruz (1991), Lusitânia Expresso vessel 1992); imprisonment and judgement of Xanana (1992-1993); assault of the American Embassy in Jakarta (1994), d) Nobel Peace prize (1996); e) referendum (1999),
2. Framing (pp. 118-132) – local and regional context in the 70s; revolutionary cause and ideological turnaround; changing world,
3. Symbolic universe (pp. 132-145) – as seen before: Christianity, the youth, Portuguese language, peace, victim (David against Goliath),
4. Spokepeople (pp. 145-150) – Xanana Gusmão, Ramos-Horta, Ximenes Belo.
Rui Marques writes that (2005:151), in any of the phases of the Langs’ model, the role of the journalists is essential. He thus concludes that the images of the massacre in Santa Cruz became a fundamental milestone in the scheduling process (2005: 177). The presence of journalists in Timor, on the other hand, opened a window to the world. The result of the referendum and the destruction brought about by the Indonesian people, as soon as the result became known, amplified the awareness of the world for the events in East-Timor. This time, CNN covered the event and the US helped in the process of self-determination.
In the interviews made by Rui Marques, I point out the one made to Xanana Gusmão. Mr. Gusmão considered the visit of pope John Paul II an important milestone.
Bibliography
Cabrera, Ana (2001). "Missão Paz em Timor: percurso de um pseudo-acontecimento". In Nelson Traquina, Ana Cabrera, Cristina Ponte e Rogério Santos O jornalismo português em análise de casos. Lisboa: Caminho
Marques, Rui (2005. Timor-Leste: o agendamento mediático. Porto: Porto Editora
(newspaper images from Público, 300 Primeiras páginas; photos courtesy: Rui Marques)
domingo, 29 de julho de 2007
DO QUE MAIS GOSTEI DE LER NO PÚBLICO DE HOJE
Claro, o P2.
Quatro páginas sobre as Produções Fictícias e Nuno Artur Silva, escritas por Adelino Gomes. Muito bem escritas e um grande complemento ao livro de Inês Fonseca Santos (Produções Fictícias: 13 anos de insucessos), e que aqui já comentei. O homem por detrás da equipa que produz o Contra-Informação ou o Inimigo Público e que tem colaborado com Herman José ao longo dos anos aparece na reportagem de Adelino Gomes muito mais solto que no livro, a ponto de se saber que tem um filho e uma namorada dinamarquesa, que gasta de 30 a 45 minutos por dia a ler jornais e a blogosfera, e que está no lugar de responsável máximo da empresa em comissão de serviço, pois quer um dia voltar a escrever como única actividade.
E, depois, essa página de antologia assinada por Jorge Almeida Fernandes sobre o ciclismo e a volta a França (Tour). É uma lúcida e intelectual análise desta modalidade desportiva às voltas com problemas de doping - e que afastou o líder da volta dias atrás.
Jorge Almeida Fernandes, no seu artigo, combina referências teóricas (Barthes, por exemplo) com a apreciação de antigos ídolos do ciclismo, como Jacques Anquetil ou Raymond Poulidor, Alves Barbosa ou Joaquim Agostinho.
SOBRE O ARTIGO DE AVELINO RODRIGUES
Confesso que não percebi o alcance do artigo de Avelino Rodrigues no Público de hoje (p. 45). Jornalista, homem inteligente e culto, a fazer uma tese de doutoramento - que, diz quem sabe ou a ela tem acesso, será um bom contributo para a compreensão do jornalismo -, Rodrigues escreve sobre um artigo de Eduardo Cintra Torres de há quase um ano sobre os incêndios de Agosto e que causou muita polémica, em especial com a ERC, num contencioso que não prestigiou nenhum dos lados. Passado tanto tempo sobre o assunto, o que o move? Sendo o presente o tempo do jornalista, há aqui matéria do seu trabalho de doutoramento? Ora, como o artigo está dividido em duas partes, sem se saber quando é editada a segunda parte (amanhã?, no próximo domingo), resta esperar para se perceber o que o traz ao jornal.
Do artigo, bem escrito, retiro as seguintes ideias: critérios jornalísticos, importância da notícia, valor da notícia, alinhamento do noticiário televisivo, acusação de censura (no artigo de Cintra Torres), interpretação de assuntos, dados quantitativos na análise das notícias.
CINEMA NO INATEL
Ontem, começou a época de cinema do Inatel. É o sexto ano que o Inatel organiza um ciclo com filmes que mais marcaram o ano.
Esta é, a meu ver, a escolha mais popular e mais mainstream, para não enfatizar a ideia de mais fraca.
A abertura deu-se com o terceiro filme da história do Pirata das Caraíbas, escolha destinada a atrair os mais jovens, como se viu na bancada. O filme começou a ser exibido apenas às 22:20, pois desde as 21:45 o ecrã projectava apresentações dos filmes do ciclo, o que motivou uma enorme vaia. Além de que a qualidade da imagem era péssima.
No intervalo, Mário Augusto, jornalista que tem dedicado muita atenção ao cinema, em especial o americano, justificava-se com a luz da lua cheia como responsável do pouco brilho da imagem. Como se nos outros anos a lua cheia não existisse! O mesmo jornalista, possivelmente responsável pelas escolhas cinematográficas, disse ir pedir ao Inatel que as sessões de apresentação dos próximos filmes fosse mais curta, como se estas coisas sejam assim resolvidas.
Os frequentadores dos ciclos do Inatel são pessoas adultas (na sua maioria) e com hábitos cinematográficos. Não precisam de pedagogos mas apenas ver um filme num ecrã grande, aproveitando bem o calor da noite.
Para além desta pedagogia, o Inatel inovou noutro sentido: os jantares temáticos. Ou seja, quem quiser jantar enquanto vê o filme, pode fazê-lo, pois há um espaço no topo da bancada com restaurante. Nada tenho contra a novidade, mas, além das pipocas, o filme passa a ser acompanhado com odores de comida e barulho de talheres nos pratos. Isto sem contar com os aviões, que passam quase por cima das cabeças dos espectadores, a caminho do aeroporto. Nas opções disponíveis, o aroma das árvores vem depois.
sábado, 28 de julho de 2007
MERCADO PUBLICITÁRIO A CRESCER
A JC Decaux será a possível compradora da Media Capital Outdoor (MCO), segundo informa o Expresso de hoje. A MCO tem painéis publicitários (8x3 metros), publicidade em transportes públicos e rede de televisão nas estações do Metro de Lisboa.
A acontecer esta aquisição, a JC Decaux fica ainda mais líder do mercado de outdoors em Portugal. Uma proposta da mesma empresa aponta para o lançamento de um estudo de medição de audiências, semelhante a um usado em Espanha, com o recurso a entrevistas pessoais que identificam o percurso dos membros da amostra (esta informação não me parece muito convincente).
Entretanto, em termos de mercado publicitário no seu todo, há expectativas de um crescimento anual de 3,5%, segundo uma estimativa da Omnicom Media Group, referida na mesma notícia do Expresso. A internet vai crescer 80% (base muito pequena, o que permite este aumento), a televisão por cabo e os outdoors terão mais 5% de investimento publicitário. O único meio a baixar é a rádio, embora a quebra seja, ainda assim, uma recuperação face a 2006. Outras áreas de crescimento são merchandising, soft-sponsoring, eventos e edição de discos.
FUNDO DE INVESTIMENTO PARA O CINEMA
Esta semana, houve uma conferência de imprensa para apresentação oficial do Fundo de Investimento para o Cinema, que não comentei aqui.
No Público de hoje, Sérgio Tréfaut, produtor e realizador de cinema, escreve um artigo de opinião sobre a conferência e o fundo. À conferência de imprensa estiveram quase cem pessoas, representando os principais produtores e realizadores de cinema português, ouvindo o governo (ministro dos assuntos parlamentares e ministra da cultura) e os investidores (PT Multimedia, RTP, SIC). A ministra terá definido o fundo como um complemento aos apoios do ICA (Instituto de Cinema e Audiovisual), antigo ICAM (que perdeu o Multimedia).
Mas Tréfaut tem dúvidas sobre a lógica do fundo: 1) se é regido por razões de mercado, como apoiará o cinema, que tem outra lógica?, 2) se é constituído por capital de risco, como é que pode apoiar a produção na televisão, onde a recuperação de capital é inviável?
Certamente outras opiniões serão desejáveis ouvir. Aqui, há um pormenor que terá escapado a Tréfaut. A produção de televisão tem duas possibilidades: 1) programas de fluxo, como o noticiário, onde o dinheiro investido se esgota no momento da emissão, 2) programas de catálogo, como um documentário ou série pode passar mais de uma vez ou ser vendido para outros canais, dentro ou fora do país.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
A FOTOGRAFIA EM GEORGES DUSSAUD
A exposição de fotografia de Georges Dussaud, patente actualmente na Cadeia da Relação (Porto), é soberba. A maior parte das imagens do fotógrafo são datadas de começos dos anos 80 e feitas em Trás-os-Montes.
São paisagens geladas onde seres humanos e animais se juntam. Vêem-se rostos juvenis, mas também homens e mulheres adultos, com olhares sempre em direcções diferentes das da câmara fotográfica, exceptuando a das duas velhas com um cão.
Outra imagem que me ficou na retina foi a do menino da serra do Barroso (1983): se não tivesse a cara suja e cabelo despenteado, seria um boneco de porcelana, tal a perfeição da sua face.
Uma imagem que fixara previamente, a partir de texto recente do jornal Público, é a do almoço, onde os pratos e os tachos se estendem em longitudinal, com homens e mulheres fazendo a sua refeição. A ideia transmitida pelo fotógrafo lembra-nos a última ceia de Cristo. Um elemento que se distingue de outras imagens é a relativa juventude dos seus elementos, pois Trás-os-Montes envelheceu ao longo dos anos, com a emigração para fora do país e para as grandes cidades como Lisboa e Porto.
Estas imagens cobrem os anos 80, mas elas representam realidades sociais e psicológicas como se estivéssemos em 1940 ou 1950. A revolução política de 1974 (e a agitação político-cultural da época) ou a próxima adesão à Comunidade Europeia (actual União Europeia) quase não se fizeram sentir naquelas gentes. Parece uma reserva mental e social a que é mostrada por Dussaud, um museu vivo.
Recordo o rapazinho vestido com equipamento tradicional de palha para protecção da chuva, a ceifa com foice, as meninas a dançar (serra do Barroso, 1983). O que dançam as meninas? Porque estão as mulheres debruçadas sobre o muro? E o que faz o burro, a passar no momento da tomada da fotografia?
Portugal é ainda um país a duas velocidades, o das auto-estradas e dos bares da avenida 24 de Julho, a fervilhar às duas da manhã, e a destas imagens bonitas mas reveladoras de grande diferenciação social e cultural.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
ECA-USP ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
Para os leitores do Brasil (mantenho a grafia original do português do Brasil)
O curso de Especialização Gestão da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) abre inscrições para nova turma aos finais de semana (em aulas às sextas à noite e sábados de manhã e à tarde). Entre 23 de julho e 03 de agosto, os interessados poderão se inscrever através do site no endereço www.eca.usp.br/gestcom.
Este curso destina-se a formar profissionais para atuar no campo da comunicação integrada em empresas públicas, privadas, pequenas e médias empresas, instituições e organizações do Terceiro Setor. Ou seja, esse profissional saberá atuar de forma múltipla e flexível nas diversas áreas da comunicação: jornalismo, propaganda e relações públicas. Criado há 14 anos, o curso forma especialistas em Gestão da Comunicação para atuar em ambientes como o empresarial, cultural e educacional e é aberto a profissionais que tenham formação superior em qualquer campo do saber.
Segundo a Professora Cristina Costa, coordenadora do curso, em uma época em que a comunicação envolve a sociedade de uma forma diversificada e abrangente, é de fundamental importância compreender a profunda diversidade teórica e metodológica que faz da comunicação a mais importante atividade de nosso tempo, especialmente com o advento das mídias digitais. "Nosso curso recebe profissionais de diversos segmentos da sociedade, o que evidencia a crescente importância que a sociedade começa a dar às questões relativas à comunicação em tempos onde novos veículos de comunicação como blogs, sites de vídeo e comunicação mediada por computador surgem a todo o momento", assinala.
Ministrado por professores com larga experiência em pós-graduação na USP, o objetivo do curso é dar as condições para que o gestor de comunicação consiga articular as diversas mídias e as diferentes linguagens da comunicação, da interpessoal àquela trazida pela sofisticação da tecnologia, mobilizando-as em função dos objetivos de uma empresa, de uma instituição, de uma escola ou, até mesmo, de um projeto pessoal ou profissional de vida.
"O nascimento de blogs especializados em determinados temas, que são mantidos por assinaturas ou publicidade, evidencia que a comunicação cria alternativas profissionais que já pouco têm a ver com as antigas profissões na área como jornalistas, assessores de imprensa, publicitários ou relações públicas. A gestão da comunicação, com sólido conhecimento teórico, permite compreender os novos rumos da comunicação e todas as possibilidades que se abrem para os profissionais interessados nesse campo", conclui Costa.
Mais informações sobre o curso podem ser obtidas pelo site www.eca.usp.br/gestcom, pelo telefone (11) 3091 4341 ou pelo e-mail gestcom@edu.usp.br. Para conteúdos extra sobre o curso de Gestão da Comunicação acesse: http://mentesemgestao.blogspot.com/. Postal: www.eca.usp.br/gestcom/divulgacao.
Observação: trata-se de uma informação sem fins lucrativos para mim, mas com o único interesse em divulgar o plano de um curso que merece a pena promover.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
UM BLOGUE SOBRE BIBLIOTECAS
No passado dia 19, Bruno Duarte Eiras escreveu no seu blogue Entre Estantes sobre empréstimos em bibliotecas públicas (ver aqui): "França, Espanha e Itália já legislaram sobre este assunto e optaram por franquear a utilização de documentos nas bibliotecas públicas".
Aconselhável uma visita ao blogue. E aos seus links: À volta as letras..., Clube de Leitura, Da Literatura, Escala Estantes [off], Extratexto, La République des Livres, Leitura partilhada, Livraria Livro do Dia, Mediadores, livros e leitores, Miss Pearls, Mundo Pessoa, Nau da Índia, Pilha-livros, Quatro Caminhos, Um Toque d'ASA.
VIDEOJOGOS E FÃS DE FUTEBOL
Como resultado de um trabalho sobre jogadores de videojogos que são, simultaneamente, fãs e adeptos de futebol (Santos, 2007b), fiz um inquérito on-line [1] (Fans, supporters and videogame players – a preliminary study - minha participação na Summer School da Universidade Católica).
Dos 50 inquiridos, 49 (98%) responderam gostar de videojogos e 100% ter um clube de simpatia. Destaco os principais elementos: sócio de clube (88%), gasto até 12 euros enquanto sócio de um clube (25 respostas), 57,1% dos sócios são-no há mais de 6 anos, deslocam-se de automóvel (52%), 45,4% levam cachecol do seu clube, vão com amigos (86%), pertencem a uma claque (76%), festejam em grupo quando o seu clube ganha (87,8%), ficam a falar com amigos quando o seu clube perde (46%), apenas 2% não troca a família e os amigos pelo futebol, todos os respondentes preferem ver os encontros de futebol no estádio. É de ter em conta a grande juvenilidade dos respondentes (85,4% têm entre 16 e 25 anos, 79% são estudantes, 89,6% têm habilitações desde o secundário incompleto até à frequência universitária) e masculinidade (95,7% dos respondentes), com elevadas práticas de sociabilidade e redes de colegas com gostos semelhantes.
A segunda parte do inquérito incluía dados respeitantes ao consumo de videojogos, frequência, aquisição e tipos de máquinas (consolas ou computador). Conclui-se que 50% dos respondentes despendem menos de cinco horas semanais na prática de videojogos (a uma distância muito elevada do meu entrevistado, como veremos a seguir, e que denota a existência de fãs moderados e de culto, pelo menos em termos de consumo de horas). Não considero muito válidas as respostas à questão do acesso ao videojogo, com 30% a declarar comprar e 10% a indicar recebê-lo como prenda. O descarregamento gratuito (e o ilegal) certamente terá uma posição mais forte. Pro Evolution Soccer (PES), Football Manager (FM) e FIFA são os videojogos mais jogados (o último dos quais também em versão de 2007).
[1] Construí um inquérito destinado a adeptos de futebol que gostassem de videojogos relacionados com o futebol. Pedi a Luís Marques, do blogue http://claques-portugal.blogspot.com/, voltado para claques de futebol, para alojar o inquérito naquele seu espaço. Luís Marques e o jornalista Pedro Fonseca, especialista em videojogos (e animador do blogue http://contrafactos.blogspot.com/), analisaram a proposta inicial de inquérito e deram sugestões para novas perguntas. A partir de 16 de Maio de 2007, e com ajuda de Teresa Pinho, aluna da UCP, o inquérito ficou alojado em http://FreeOnlineSurveys.com/rendersurvey.asp?sid=hffx30rz178ldr8302558. No blogue http://claques-portugal.blogspot.com/ colocou-se uma mensagem com link desde o dia seguinte. Usei as 50 primeiras respostas (acesso gratuito). O inquérito foi composto por três partes distintas, constituído por 39 perguntas sobre simpatia clubística, videojogos e dados psicográficos. Agradeço a Luís Marques, Pedro Fonseca e Teresa Pinho a colaboração prestada.
terça-feira, 24 de julho de 2007
COMMUNICATING CLIMATE CHANGE: DISCOURSES, MEDIATIONS AND PERCEPTIONS
Call for Papers Communicating Climate Change: Discourses, Mediations and Perceptions, the conference that will take place on 19-20 November 2007 at the University of Minho (Braga, Portugal).
Climate change is currently a prominent scientific, political, economic and civic issue with key implications for our common future(s). It mobilizes a variety of social actors and has figured highly on media agendas for around two decades.
The communication of climate change within and across the boundaries of science, politics and economics, and between expert and non-expert publics, poses a series of key questions for research. How is climate change framed and reframed by social actors such as scientists, policy-makers and environmental activists? How have the media represented climate change in the last two decades? What is the relation between media(ted) discourses and people's understanding of climate change? What can we learn from cross-national comparisons? To what extent are representations of climate change culturally-bound?
This conference aims to analyse the connections between discoursive and social representations of climate change. It will discuss the meanings of climate change in the discourses of various social actors, media(ted) discourses, and citizens' views on the issue.
The conference is associated with the project The Politics of Climate Change: Discourses and Representations, funded by Fundação para a Ciência e para a Tecnologia: http://www.cecs.uminho.pt/disclimate/Site-en1.htm.
Besides papers that focus specifically on the links between the discourses of social actors, media discourses and people's interpretations of climate change, the submission of abstracts on the following topics is welcome:
- Representations of scientific knowledge on climate change in various types of texts
- Reconstructions of climate change in political and business discourses
- Communication practices in climate change activism
- Media discourses on climate change (written, visual, electronic, multimedia)
- Web-based communication of climate change for non-expert publics
- Social representations of climate change
- Citizens' perceptions, attitudes and behaviours in relation to the issue.
Invited speakers (confirmed): Jacquie Burgess, University of East Anglia, United Kingdom; Irene Lorenzoni, University of East Anglia, United Kingdom; Hans Peter Peters, Jülich Research Center, Germany; Sheldon Ungar, University of Toronto, Canada.
Organization: Anabela Carvalho, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, University of Minho.
Abstracts of 250 words should be emailed to carvalho@ics.uminho.pt by September 5. A decision on the acceptance of abstracts will be communicated to authors a week later. A CD-ROM and possibly other publications will result from the conference.
MESTRADOS E DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (UCP)
Estão abertas as inscrições no mestrado e doutoramento na Faculdade de Ciências Humanas da UCP. No mestrado, há quatro especializações: 1) Media e Jornalismo; 2) Comunicação e Cultura Visual; 3) Comunicação e Gestão Cultural; 4) Comunicação, Organização e Novas Tecnologias. Para saber mais, nomeadamente planos curriculares, ver em mestrado e doutoramento.
II EDIÇÃO DO PRÉMIO NACIONAL DE COMPOSIÇÃO JORGE PEIXINHO
segunda-feira, 23 de julho de 2007
PUBLICIDADE EM MICHAEL SCHUDSON
Para Michael Schudson (1993), o Natal é simultaneamente uma festa de consumo mas também da reunião de famílias e amigos. Por isso, muitas empresas de bens usam grande percentagem do seu investimento publicitário na época natalícia, caso de relógios, livros, artigos de beleza. A publicidade - é disto que o autor trata no livro - aponta para a prática humana universal de dar prendas enquanto relação social.
As necessidades das pessoas nunca foram naturais mas sempre culturais e sociais. A moda (vestuário) é um bom exemplo de consumo e de um interesse cultural e social, um símbolo externo. O vestuário é crescentemente expressivo e com significado.
Quando o sistema de agências se desenvolveu, os agentes moveram-se para um espaço de trabalho, o espaço de "vender tudo". Criou-se a prática de comprar previamente espaço de jornal, em grande escala, e revender em pequena escala aos publicitários. A concorrência entre os agentes baseou-se em parte na segurança transmitida pelos agentes aos publicitários acerca dos números de circulação dos jornais que representavam. O primeiro trabalho promocional das agências foi vender a ideia de publicidade em determinados temas ou produtos. À medida que as agências se estabeleceram, tornaram-se uma força independente promotora da ideia de publicidade. Por seu lado, os media, crescentemente dependentes do investimento publicitário, promoveram activamente o uso da publicidade. Cada meio procurava atrair a mais vasta audiência de consumidores ou a audiência mais rica.
A publicidade cerca-nos e entra em nós. Ao mesmo tempo, é uma estrutura simbólica distinta. Isto é, especialmente como símbolo o poder da publicidade pode ser considerável, moldando até o nosso sentido de valores. A publicidade, que chega a promover atitudes e estilos de vida que alargam a aquisição e o consumo às custas de outros valores, aponta frequentemente para o conforto material da classe média.
É claro que os anúncios reproduzem e exageram as desigualdades sociais. As pessoas de cor são quase invisíveis na publicidade. As mulheres são representadas como subordinadas aos homens, como se fossem crianças na sua dependência. Os casais são quase sempre representados como felizes, até na intimidade. Têm graça, são apaixonados, compreendem-se um ao outro. Não há velhos, pobres, doentes, não atraentes. Estão sempre atentos; não há desatenção entre eles na publicidade.
Isto sugere tipificação e idealização: não há intenção de capturar a vida real como é, mas há intenção de representar ideais sociais. Todos os ideais e valores têm em conta um estilo de vida materialmente satisfatório.
Schudson chama a atenção igualmente para os classificados, que significam habitualmente uma única transacção – uma casa para vender, um emprego, um carro usado. Quando o negócio é feito, desaparece o anúncio. Com um armazém ou loja, a situação é menos individualizada. O armazém quer atrair os clientes não apenas na época dos saldos mas em todo o ano. Mas os produtos mais gerais não sabem quando e como o cliente compra o produto publicitado. Não têm um anúncio com telefone para quem possam telefonar e comprar e não sabem a velocidade de resposta dos clientes à compra de um bem.
Leitura: Michael Schudson (1993). Advertising, the uneasy persuasion. Londres: Routledge
domingo, 22 de julho de 2007
CINÉFILOS
Os resultados do Bareme Cinema (Marktest) indicam a maior taxa de cinéfilos do país na região da Grande Lisboa, em estudo que compreende o período de Julho de 2006 a Junho de 2007. Os números indicam haver 2,529 milhões de espectadores portugueses com 15 e mais anos.
Os públicos mais assíduos situam-se nos jovens dos 15 aos 17 anos (69,6%), nos jovens dos 18 aos 24 anos (68,6%) e nos estudantes (72,0%).
[Informação a partir da newsletter da Marktest, de 19 deste mês]
PUBLICIDADE EM MARTA ROSALES
A publicidade, instrumento de compreensão da cultura do mundo contemporâneo, é igualmente um elemento simbólico carregado de força, no que se pode considerar equivalente funcional à narrativa mítica (Rosales, 2001: 136).
Os anúncios distinguem-se por época, sexo, representações do mundo e valores. No caso do período, há determinadas épocas do ano, como o Natal e o Verão, em que é grande a quantidade de mensagens publicitárias e a especificidade de produtos relacionados com esses momentos do ano.
Mas também existem categorias de anúncios como alimentar e higiene pessoal que constituem parte das campanhas ao longo de todo o ano. No género, o número mais significativo de mulheres prende-se com a tipologia de anúncios como os que promovem produtos de higiene e do lar, ao passo que os homens representam personagens masculinas nas bebidas. No respeitante ao tipo de produto, se se estabelece uma relação forte nos produtos de higiene e cosmética entre uso do produto e seus efeitos para a personagem, nos anúncios que promovem bebidas e alimentos utilizam-se argumentações em que os produtos interferem nas interacções estabelecidas pelas personagens.
Se as representações gerais mais difundidas são juventude, lazer, práticas de convivialidade, estudo e desporto, os valores recriados pela publicidade são paz, segurança, felicidade e realização pessoal. Críticas à publicidade: nos anúncios não há personagens com problemas físicos (deficiências, doenças) ou idade avançada (Rosales, 2001: 86).
Codificam-se as actividades em três grandes grupos: lazer, mundo do trabalho, actividades domésticas. Na publicidade, nota-se a ausência da representação do mundo do trabalho e não se incluem indicadores da classe social e profissão pertencentes às personagens dos anúncios.
Trata-se de um livro aconselhável para quem quer estudar publicidade. Marta Rosales tem, neste texto, uma cuidada parte teórica e uma interessante parte empírica, tendo trabalhado autores como Peninou, Kellner, Barthes e Schmidt, com estudo de casos ligados à roupa Quanto, crédito da habitação BANIF, gel de banho Johnsons, peixe congelado IGLO e cartão TMN. Um único senão, o título - Temos o que procura -, pois se trata de uma ideia poderosa mas falaciosa. A expressão não é indicativa do anúncio em si mas da oferta de um armazém de todos os produtos. Isto é, do conjunto global de anúncios. Estamos num actividade de promessa de felicidade ou bem-estar, mas é dentro da sociedade e não do anúncio em si, que garante, no máximo, grande notoriedade a um bem ou serviço mas não a satisfação de tudo.
Apenas o conjunto total de produtos e serviços, a partir de múltiplas marcas, poderia garantir tal. A publicidade é um meio, gera-se através de contextos sociais que conferem estrutura e significado (Rosales, 2001: 51), mas não é um fim em si. Ela estimula a compra, mas não garante essa compra nem realiza a felicidade total de ter tudo o que se quer.
O temos tudo o que procura é mais próprio de um armazém - ou dos anúncios classificados de um jornal ou da lista telefónica classificada, que parece uma enciclopédia. Se quisermos, a lista telefónica é um mega-anúncio.
Leitura: Marta Vilar Rosales (2001). Temos o que procura. Coimbra: MinervaCoimbra
sábado, 21 de julho de 2007
SUMMER SCHOOL É NA CATÓLICA!
Terminou ontem a Escola de Verão da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, com o título (In)Visible Culture: Cultural Conflict and Portuguese Society. Esta Summer School resultou de um programa de troca académica inter-cultural entre a Annenberg School for Communication da Universidade de Pensilvânia (representada por Barbie Zelizer) e a Universidade Católica Portuguesa (representada por Isabel Gil). Foram duas semanas de grande convívio pedagógico, científico, cultural e social. Dos contactos havidos, os alunos americanos de doutoramento estão a desenvolver interessantes programas de tese, com importantes trocas de conhecimento com os doutorandos portugueses da UCP.
Ontem, à noite, foi o jantar de fim da Escola de Verão. Como diria Barbie Zelizer, foi um período que excedeu as próprias expectativas dela. Para além do seu discurso, e de Isabel Gil (UCP), um aluno americano (Michael Serazio) falou pelos seus colegas e Jorge Vaz de Carvalho, aluno de doutoramento da UCP e tenor, deliciou-nos com a sua voz: mesmo sem piano cantou uma música de Leonard Bernstein.
Para o ano haverá outra Summer School. Talvez que, entretanto, surjam estudantes para doutoramento na UCP (Cultura; Ciências da Comunicação, ambos os cursos com candidaturas já abertas), que queiram aproveitar a linha de cooperação entre as duas universidades e procurem também investigar e estudar em Filadélfia.
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