A ÚLTIMA MENSAGEM DO DIA, DA SEMANA E DO ANO
E só para copiar uma frase do cineasta António Pedro Vaconcelos, em texto (tipo entrevista-reportagem) de Sónia Morais Santos no "DNa" desta sexta-feira: "Como sabe, profissionalmente o que eu sou é comentador desportivo. Não consigo filmar, os meus projectos são sistematicamente chumbados. De modo que não vivo do cinema. Não consigo. Quando foi o último censo, vinha lá «Profissão» e eu tive de ir à Junta de Freguesia perguntar o que é que devia escrever. Porque perguntavam «Quantas horas por dia ocupa na sua profissão?». E eu respondo: depende. De quatro em quatro anos ocupo uns nove meses. O resto é dar aulas, escrever artigos e falar de futebol".
Vale a pena ler todo o texto. E a revista no seu conjunto. Vou guardar o "DNa", como recordação. Quem se importa que a revista acabe?
Observação final: hoje parece que não sei fazer outra coisa que assemblage (ou ready-made ou corta e cola). Prometo que volto a emitir opiniões e comentários para o ano, pois amanhã e domingo é tempo de comer rabanadas e beber vinho fino (do Porto português) [felizmente que as análises médicas de segunda-feira não metem medições de colesterol].
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2005
UM POSTAL DE BALANÇO
Não do ano, como agora está na hora, mas de sete dias de ausência da blogosfera. Vem no blogue Atrium do final da tarde (18:56). A não perder.
Não do ano, como agora está na hora, mas de sete dias de ausência da blogosfera. Vem no blogue Atrium do final da tarde (18:56). A não perder.
RETALHOS DA "Y"
Retiro umas frases da "Y", a revista das sextas-feiras do Público, como se fosse o meu sampling de hoje.
Sobre cinema, diz João Mário Grilo: "A estabilidade do mercado mundial, e não apenas norte-americano, está dependente dos «blockbusters» porque as pessoas já não sabem o que hão-de pedir ao cinema: se mais histórias, se mais espectáculo, se mais efeitos. Se estas quiserem renovar os seus gostos não sabem como fazê-lo, porque aquilo formata as pessoas".
De Clint Eastwood, entrevistado a propósito do seu filme Million dollar baby, o filme do ano para a "Y": "Retirei a cor, especialmente para o terceiro acto, quando vamos para o hospital, as paredes brancas, os lençóis, a nudez. Queria um «look» dos anos 40. Disse ao responsável pelo guarda-roupa: «Vamos filmar isto como se fosse a preto-e-branco, não quero O feiticeiro de Oz - quero que a cor seja imperceptível»".
Com assinatura de Kathleen Gomes, no texto "Mostra-me o teu iPod, dir-te-ei quem és": "O impacto social do iPod tem sido uma das questões mais debatidas: como ele está a pôr em risco a sociabilidade e a transformar os seus utilizadores em «ilhas» - um pouco como os telemóveis, quando apareceram".
Eis uma edição a guardar até o papel amarelecer! É que está lá tudo, desde o Saraband (Ingmar Bergman) a De tanto bater o meu coração parou (Jacques Audiard), mais o Eastwood e uma imagem de Naomi Watts, no King Kong. E, apesar da pena de não ter assistido ao concerto dos Franz Ferdinand, há ainda linhas da publicação sobre os blogues, em escrito de Vítor Belanciano: "A música não vive sem tecnologia e vice-versa. Servem de farol uma à outra. Nos dois últimos anos foi nos blogues de música e na Net em geral (comunidades virtuais, troca de informação através de mensagens ou programas de NetRádio) que ocorreram factos relevantes. É verdade que a validação ainda acontece nos media tradicionais, mas a eclosão de novos protagonistas desperta cada vez mais na Net".
Retiro umas frases da "Y", a revista das sextas-feiras do Público, como se fosse o meu sampling de hoje.
Sobre cinema, diz João Mário Grilo: "A estabilidade do mercado mundial, e não apenas norte-americano, está dependente dos «blockbusters» porque as pessoas já não sabem o que hão-de pedir ao cinema: se mais histórias, se mais espectáculo, se mais efeitos. Se estas quiserem renovar os seus gostos não sabem como fazê-lo, porque aquilo formata as pessoas".
De Clint Eastwood, entrevistado a propósito do seu filme Million dollar baby, o filme do ano para a "Y": "Retirei a cor, especialmente para o terceiro acto, quando vamos para o hospital, as paredes brancas, os lençóis, a nudez. Queria um «look» dos anos 40. Disse ao responsável pelo guarda-roupa: «Vamos filmar isto como se fosse a preto-e-branco, não quero O feiticeiro de Oz - quero que a cor seja imperceptível»".
Com assinatura de Kathleen Gomes, no texto "Mostra-me o teu iPod, dir-te-ei quem és": "O impacto social do iPod tem sido uma das questões mais debatidas: como ele está a pôr em risco a sociabilidade e a transformar os seus utilizadores em «ilhas» - um pouco como os telemóveis, quando apareceram".
Eis uma edição a guardar até o papel amarelecer! É que está lá tudo, desde o Saraband (Ingmar Bergman) a De tanto bater o meu coração parou (Jacques Audiard), mais o Eastwood e uma imagem de Naomi Watts, no King Kong. E, apesar da pena de não ter assistido ao concerto dos Franz Ferdinand, há ainda linhas da publicação sobre os blogues, em escrito de Vítor Belanciano: "A música não vive sem tecnologia e vice-versa. Servem de farol uma à outra. Nos dois últimos anos foi nos blogues de música e na Net em geral (comunidades virtuais, troca de informação através de mensagens ou programas de NetRádio) que ocorreram factos relevantes. É verdade que a validação ainda acontece nos media tradicionais, mas a eclosão de novos protagonistas desperta cada vez mais na Net".
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS
O primeiro programa Causas Comuns de 2006, transmitido pelo canal de televisão 2:, na próxima segunda-feira, 2 de Janeiro, é dedicado à Responsabilidade Social das Empresas (dica de Responsabilidade Social das Empresas, blogue de Cláudia Vaz).
O primeiro programa Causas Comuns de 2006, transmitido pelo canal de televisão 2:, na próxima segunda-feira, 2 de Janeiro, é dedicado à Responsabilidade Social das Empresas (dica de Responsabilidade Social das Empresas, blogue de Cláudia Vaz).
LISBOETAS NO SÉCULO XX
O registo de José-Augusto França é muito diferente do produzido por Beatriz Pacheco Pereira, no livro que destaquei no passado dia 27, O Porto e as suas mulheres. Em Lisboetas no século XX. Anos 20, 40 e 60, o autor apresenta a obra como "um divertimento de historiador" (p. 7).
França serve-se do romance de Armando Ferreira, Os Barbosas, como uma espécie de rasto literário para apreciação da época. Com os Barbosas, está-se apto a "situá-los nas suas práticas citadinas, e vermos o que faziam ou podiam fazer, em anos de aclimatização (e por isso particularmente significativos) da população, muito dela nova, de Lisboa-1920, na sua demanda de sentido, social e urbano. E melhor será isso, com certeza, do que figurarmos anonimamente tais práticas quantificadas, em abstracto. Quem ia ao trabalho era o Barbosa, às compras a D. Quitéria Barbosa, à escola oficial da instrução primária e bastante, da Rua da Madalena, o mais pequeno dos cinco filhos Barbosa, ao cinema e ao teatro todos eles, quando iam" (p. 13).
O testemunho de classe dado pelos Barbosa aplicar-se-ia aos anos de 1920: recém-chegados a Lisboa, o enredo do romance leva os Barbosas a habitar em zonas distintas da cidade, umas mais antigas que outras. José-Augusto França mostra-nos a evolução da cidade (o seu crescimento, os seus agentes sociais, a política, a cultura). Duas décadas depois, para um semelhante enquadramento, ele apoiar-se-á na peça de Luís Francisco Rebelo, Anos quarenta. Aqui segue o percurso dos Meneses, sendo o chefe de família um funcionário público.
Mas José-Augusto França também obtém auxílio em André Brun e Repórter X, em Urbano Tavares Rodrigues e Artur Portela, em José Cardoso Pires e Luís Sttau Monteiro. E, em especial, nos ilustradores da época, como Bernardo Marques, Almada Negreiros, Carlos Botelho, Francisco Valença e João Abel Manta, que tornam esta obra de 106 páginas um livro-álbum delicioso para oferta (pessoal ou a um amigo ou familiar) [e que eu, por direitos de autor e da editora Livros Horizonte, não tenho permissão de copiar].
Como olha ele as indústrias culturais? Pela leitura, vê-se que França privilegiou o cinema (ver páginas 65, 69, 77). As rádios privadas e o filme A menina da rádio afloram na p. 45. Parece-me que ele faz mais alusões ao telefone que à rádio. Depois, apresenta a televisão (na p. 75, associando o seu surgimento em igual período ao do metro e ao da ponte 25 de Abril, então designada de Salazar). E refere, com pena, o desaparecimento do jornal Sempre Fixe, em 1959 (p. 83), publicação onde a sátira se faz acompanhar de desenhos e caricaturas que o autor aproveita. Mas também a entrada em cena do segundo canal da RTP, no Natal de 1969 (p. 99). Sem esquecer o "seu" surrealismo (p. 71).
Como José-Augusto França conclui: "O lisboeta burguês e mediano que imaginámos, tirando traços de uma ou outra personagem que a literatura de observação nos deu, ao mesmo nível de classe, em seus avatares e sucessões, entrou pelos anos 20 dentro de bigodes, polainas e bengala, pelos anos 40 já sem pêlos na cara mas de chapéu na cabeça - para sair da cena em 1970, com nova barba, mas sem chapéu e sem gravata já. Ou, no feminino, vestindo camisa em 1920, inaugurando «soutien gorge» a meio da década, em «boutique» de «prêt-a-porter», e começando a usar calças na rua... E para um sexo e outro houve, sucessivamente, anos de carro eléctrico, anos de autocarro e anos de metro - em penas quotidianas modificadas" (p. 105).
Leitura: José-Augusto França (2005). Lisboetas no século XX. Anos 20, 40 e 60. Lisboa: Livros Horizonte, 106 páginas, preço de € 18 (na livraria Leitura, no Porto, fizeram-me um desconto de 10%, quiçá lembrando-se do tempo em que abundantemente lá me abastecia, até com conta a crédito).
O registo de José-Augusto França é muito diferente do produzido por Beatriz Pacheco Pereira, no livro que destaquei no passado dia 27, O Porto e as suas mulheres. Em Lisboetas no século XX. Anos 20, 40 e 60, o autor apresenta a obra como "um divertimento de historiador" (p. 7).
França serve-se do romance de Armando Ferreira, Os Barbosas, como uma espécie de rasto literário para apreciação da época. Com os Barbosas, está-se apto a "situá-los nas suas práticas citadinas, e vermos o que faziam ou podiam fazer, em anos de aclimatização (e por isso particularmente significativos) da população, muito dela nova, de Lisboa-1920, na sua demanda de sentido, social e urbano. E melhor será isso, com certeza, do que figurarmos anonimamente tais práticas quantificadas, em abstracto. Quem ia ao trabalho era o Barbosa, às compras a D. Quitéria Barbosa, à escola oficial da instrução primária e bastante, da Rua da Madalena, o mais pequeno dos cinco filhos Barbosa, ao cinema e ao teatro todos eles, quando iam" (p. 13).
O testemunho de classe dado pelos Barbosa aplicar-se-ia aos anos de 1920: recém-chegados a Lisboa, o enredo do romance leva os Barbosas a habitar em zonas distintas da cidade, umas mais antigas que outras. José-Augusto França mostra-nos a evolução da cidade (o seu crescimento, os seus agentes sociais, a política, a cultura). Duas décadas depois, para um semelhante enquadramento, ele apoiar-se-á na peça de Luís Francisco Rebelo, Anos quarenta. Aqui segue o percurso dos Meneses, sendo o chefe de família um funcionário público.
Mas José-Augusto França também obtém auxílio em André Brun e Repórter X, em Urbano Tavares Rodrigues e Artur Portela, em José Cardoso Pires e Luís Sttau Monteiro. E, em especial, nos ilustradores da época, como Bernardo Marques, Almada Negreiros, Carlos Botelho, Francisco Valença e João Abel Manta, que tornam esta obra de 106 páginas um livro-álbum delicioso para oferta (pessoal ou a um amigo ou familiar) [e que eu, por direitos de autor e da editora Livros Horizonte, não tenho permissão de copiar].
Como olha ele as indústrias culturais? Pela leitura, vê-se que França privilegiou o cinema (ver páginas 65, 69, 77). As rádios privadas e o filme A menina da rádio afloram na p. 45. Parece-me que ele faz mais alusões ao telefone que à rádio. Depois, apresenta a televisão (na p. 75, associando o seu surgimento em igual período ao do metro e ao da ponte 25 de Abril, então designada de Salazar). E refere, com pena, o desaparecimento do jornal Sempre Fixe, em 1959 (p. 83), publicação onde a sátira se faz acompanhar de desenhos e caricaturas que o autor aproveita. Mas também a entrada em cena do segundo canal da RTP, no Natal de 1969 (p. 99). Sem esquecer o "seu" surrealismo (p. 71).
Como José-Augusto França conclui: "O lisboeta burguês e mediano que imaginámos, tirando traços de uma ou outra personagem que a literatura de observação nos deu, ao mesmo nível de classe, em seus avatares e sucessões, entrou pelos anos 20 dentro de bigodes, polainas e bengala, pelos anos 40 já sem pêlos na cara mas de chapéu na cabeça - para sair da cena em 1970, com nova barba, mas sem chapéu e sem gravata já. Ou, no feminino, vestindo camisa em 1920, inaugurando «soutien gorge» a meio da década, em «boutique» de «prêt-a-porter», e começando a usar calças na rua... E para um sexo e outro houve, sucessivamente, anos de carro eléctrico, anos de autocarro e anos de metro - em penas quotidianas modificadas" (p. 105).
Leitura: José-Augusto França (2005). Lisboetas no século XX. Anos 20, 40 e 60. Lisboa: Livros Horizonte, 106 páginas, preço de € 18 (na livraria Leitura, no Porto, fizeram-me um desconto de 10%, quiçá lembrando-se do tempo em que abundantemente lá me abastecia, até com conta a crédito).
quinta-feira, 29 de dezembro de 2005
CONVENÇÃO SOBRE OS MEDIA
Realiza-se no próximo dia 19 de Janeiro, na Said Business School, em Oxford (Reino Unido), a quarta onvenção sobre os media. Tema: o papel do serviço público e a regulação dos media na era digital. Fonte: Journalism.co.uk.
Realiza-se no próximo dia 19 de Janeiro, na Said Business School, em Oxford (Reino Unido), a quarta onvenção sobre os media. Tema: o papel do serviço público e a regulação dos media na era digital. Fonte: Journalism.co.uk.
E AGORA, LUÍS?
No passado dia 16, Luís António Santos editava um postal no seu blogue Atrium sobre a capa do jornal Público desse dia. Razão: o destaque dado à estreia do filme King Kong, e que eu aproveitei para escrever um texto no dia 21.
Hoje, coube a vez ao Diário de Notícias, que aposta, no corpo central da primeira página, no filme português Odete. Parece-me que, em discussão, estão os mesmos pressupostos que os desencadeados por Luís António Santos há quase meio mês. Porquê tanto espaço na primeira página a um filme? Ocupa o espaço central e tem uma fotografia a toda a largura da página (12,4 x 25,3 centímetros). Aqui, aplica-se o emprego da perspectiva e da regra de ouro da pintura renascentista: o nosso olhar vai directo para a rapariga sentada, dentro de uma casa de banho, e calçada com uns patins. Do trailer passado nos cinemas, percebe-se a angústia de Odete, "a princípio, uma personagem leve, meia pop. E o filme vai enegrecendo" (da entrevista de João Pedro Rodrigues a Nuno Galopim, no jornal de hoje).
Só depois do impacto da leitura visual da imagem em si, é que o nosso olhar se prende nos outros destaques: a perda do poder de compra dos quadros do Estado e os bebés portugueses que nascem em Badajoz. E um pequeno destaque em baixo e à direita remete-nos para o tema do dia (o mercado dos livros, o boom das pequenas editoras e as vendas pela internet), que ocupa duas páginas, mais do que a análise ao filme português (quase página e meia).
Há, nitidamente, uma vontade de preencher a primeira página com outros temas que os habituais (futebol, campanha política para as presidenciais), numa altura em que a frequência anual das salas de cinema está a baixar e também caem as vendas de jornais, como o próprio Diário de Notícias (neste caso, por aumento dos gratuitos, o que obrigará a reorientações do negócio).
O filme, pelo que é possível ver no trailer, aborda um tema complexo a nível do relacionamento de jovens casais envolvendo os dois sexos. Aliás, o título do destaque, para além do nome do filme, é "O cinema português em versão hipersexual" (não sei muito bem o significado último desta palavra). Tal poderá quer dizer da importância dada pelo jornal em termos de discussão de mudanças de comportamentos (gostemos ou não deles). Ou seja, estamos para além da leitura do simples entretenimento que um filme como o King Kong nos proporciona, e que o Luís António Santos expressou com muito calor.
No passado dia 16, Luís António Santos editava um postal no seu blogue Atrium sobre a capa do jornal Público desse dia. Razão: o destaque dado à estreia do filme King Kong, e que eu aproveitei para escrever um texto no dia 21.
Hoje, coube a vez ao Diário de Notícias, que aposta, no corpo central da primeira página, no filme português Odete. Parece-me que, em discussão, estão os mesmos pressupostos que os desencadeados por Luís António Santos há quase meio mês. Porquê tanto espaço na primeira página a um filme? Ocupa o espaço central e tem uma fotografia a toda a largura da página (12,4 x 25,3 centímetros). Aqui, aplica-se o emprego da perspectiva e da regra de ouro da pintura renascentista: o nosso olhar vai directo para a rapariga sentada, dentro de uma casa de banho, e calçada com uns patins. Do trailer passado nos cinemas, percebe-se a angústia de Odete, "a princípio, uma personagem leve, meia pop. E o filme vai enegrecendo" (da entrevista de João Pedro Rodrigues a Nuno Galopim, no jornal de hoje).
Só depois do impacto da leitura visual da imagem em si, é que o nosso olhar se prende nos outros destaques: a perda do poder de compra dos quadros do Estado e os bebés portugueses que nascem em Badajoz. E um pequeno destaque em baixo e à direita remete-nos para o tema do dia (o mercado dos livros, o boom das pequenas editoras e as vendas pela internet), que ocupa duas páginas, mais do que a análise ao filme português (quase página e meia).
Há, nitidamente, uma vontade de preencher a primeira página com outros temas que os habituais (futebol, campanha política para as presidenciais), numa altura em que a frequência anual das salas de cinema está a baixar e também caem as vendas de jornais, como o próprio Diário de Notícias (neste caso, por aumento dos gratuitos, o que obrigará a reorientações do negócio).
O filme, pelo que é possível ver no trailer, aborda um tema complexo a nível do relacionamento de jovens casais envolvendo os dois sexos. Aliás, o título do destaque, para além do nome do filme, é "O cinema português em versão hipersexual" (não sei muito bem o significado último desta palavra). Tal poderá quer dizer da importância dada pelo jornal em termos de discussão de mudanças de comportamentos (gostemos ou não deles). Ou seja, estamos para além da leitura do simples entretenimento que um filme como o King Kong nos proporciona, e que o Luís António Santos expressou com muito calor.
BLOGUES DE RÁDIO
Lembra hoje Manuel Pinto, do Jornalismo e Comunicação, o ano de actividade do blogue NetFM, de Paula Cordeiro. Parabéns à Paula, com desejos de muitos sucessos futuros.
Por outro lado, quero apontar o Rádio e Jornalismo, de Luís Bonixe, que arrancou com o seu blogue no passado dia 3. No seu comentário ao programa de ontem do canal 2, escreve aquele professor: "Falou-se apenas das rádios nacionais e da TSF, mas pelo país há vários programas deste género em rádios locais. Aliás, durante o período da «pirataria» os programas de antena aberta significaram uma importante caixa de ressonância das populações locais".
Lembra hoje Manuel Pinto, do Jornalismo e Comunicação, o ano de actividade do blogue NetFM, de Paula Cordeiro. Parabéns à Paula, com desejos de muitos sucessos futuros.
Por outro lado, quero apontar o Rádio e Jornalismo, de Luís Bonixe, que arrancou com o seu blogue no passado dia 3. No seu comentário ao programa de ontem do canal 2, escreve aquele professor: "Falou-se apenas das rádios nacionais e da TSF, mas pelo país há vários programas deste género em rádios locais. Aliás, durante o período da «pirataria» os programas de antena aberta significaram uma importante caixa de ressonância das populações locais".
PROGRAMAS INTERACTIVOS DA RÁDIO ONTEM EM DISCUSSÃO NA 2:
Foi o tema do programa do Clube dos Jornalistas, moderado por João Paulo Meneses (jornalista da TSF), contando com Cândido Mota (locutor e antigo animador de O passageiro da noite, o primeiro programa interactivo de rádio), Manuel Acácio (animador do Fórum TSF) e Maria João Taborda (investigadora de comunicação, em função no Obercom). O programa contou ainda com intervenções de Francisco Sena Santos, antigo animador da Antena Aberta (Antena 1) [e pequenas entrevistas a dois ouvintes que costumam intervir nestes programas].
Neste momento, em que há dez horas diárias de programas interactivos de rádio, distribuidos pela Antena 1, TSF e Rádio Renascença, a discussão centrou-se em algumas características desses programas e o modo como interagem os seus moderadores e os ouvintes, quais os temas principais e como reagem os poderes políticos. Em primeiro, há uma assimetria de recursos entre o moderador e o ouvinte, com este nem sempre a dominar a comunicação (Maria João Taborda), embora o ouvinte tenha todo o poder, podendo dizer o que entender (Manuel Acácio), em que qualquer figura pública se expõe a críticas (Cândido Mota).
Um dos intervenientes falou mesmo em trabalhar "no fio da navalha", dado o directo do programa, em que não se podem controlar todas as reacções dos ouvintes, caso de calúnias (Manuel Acácio), o que traz, contudo, uma vantagem, a do ouvinte poder refutar o que se diz anteriormente (Maria João Taborda), numa circularidade e crítica permanente. Cândido Mota destacou a possível existência de boas histórias, com situações concretas em termos de sociedade e que servem para alertar os poderes instituidos.
Se há ouvintes muito exigentes, que actuam num espaço de cidadania, onde se diz da sua justiça (Manuel Acácio), o receio de instrumentalização (Maria João Taborda) pode desembocar nos clubes dos jornalistas (comentário de Francisco Sena Santos), que Manuel Acácio rejeita, pois consegue habitualmente gerir esses interesses, que aparecem como modo de criar uma agenda, em especial em finais de ciclo político ou de mandato.
Do programa, com uma muito boa moderação de João Paulo Meneses - quase não se deu por ele, com perguntas curtas e incisivas e presença serena em frente à câmara -, retive ainda a ideia de haver espaço para outros programas interactivos de rádio, mais confessionais, terapêuticos e, mesmo, de acompanhamento jurídico.
Legendas das fotografias: 1) João Paulo Meneses, 2) Cândido Mota, 3) mesa com moderador e convidados, 4) Manuel Acácio, 5) Maria João Taborda, 6) Francisco Sena Santos.
Foi o tema do programa do Clube dos Jornalistas, moderado por João Paulo Meneses (jornalista da TSF), contando com Cândido Mota (locutor e antigo animador de O passageiro da noite, o primeiro programa interactivo de rádio), Manuel Acácio (animador do Fórum TSF) e Maria João Taborda (investigadora de comunicação, em função no Obercom). O programa contou ainda com intervenções de Francisco Sena Santos, antigo animador da Antena Aberta (Antena 1) [e pequenas entrevistas a dois ouvintes que costumam intervir nestes programas].
Neste momento, em que há dez horas diárias de programas interactivos de rádio, distribuidos pela Antena 1, TSF e Rádio Renascença, a discussão centrou-se em algumas características desses programas e o modo como interagem os seus moderadores e os ouvintes, quais os temas principais e como reagem os poderes políticos. Em primeiro, há uma assimetria de recursos entre o moderador e o ouvinte, com este nem sempre a dominar a comunicação (Maria João Taborda), embora o ouvinte tenha todo o poder, podendo dizer o que entender (Manuel Acácio), em que qualquer figura pública se expõe a críticas (Cândido Mota).
Um dos intervenientes falou mesmo em trabalhar "no fio da navalha", dado o directo do programa, em que não se podem controlar todas as reacções dos ouvintes, caso de calúnias (Manuel Acácio), o que traz, contudo, uma vantagem, a do ouvinte poder refutar o que se diz anteriormente (Maria João Taborda), numa circularidade e crítica permanente. Cândido Mota destacou a possível existência de boas histórias, com situações concretas em termos de sociedade e que servem para alertar os poderes instituidos.
Se há ouvintes muito exigentes, que actuam num espaço de cidadania, onde se diz da sua justiça (Manuel Acácio), o receio de instrumentalização (Maria João Taborda) pode desembocar nos clubes dos jornalistas (comentário de Francisco Sena Santos), que Manuel Acácio rejeita, pois consegue habitualmente gerir esses interesses, que aparecem como modo de criar uma agenda, em especial em finais de ciclo político ou de mandato.
Do programa, com uma muito boa moderação de João Paulo Meneses - quase não se deu por ele, com perguntas curtas e incisivas e presença serena em frente à câmara -, retive ainda a ideia de haver espaço para outros programas interactivos de rádio, mais confessionais, terapêuticos e, mesmo, de acompanhamento jurídico.
Legendas das fotografias: 1) João Paulo Meneses, 2) Cândido Mota, 3) mesa com moderador e convidados, 4) Manuel Acácio, 5) Maria João Taborda, 6) Francisco Sena Santos.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
HOJE À NOITE NA 2:
Passa, no segundo canal da RTP, pelas 23:30, o programa do Clube de Jornalistas, hoje dedicado a programas interactivos de rádio, com Cândido Mota (locutor da rádio; lembro-me dele do desaparecido Em Órbita), Maria João Taborda (investigadora do Obercom e com uma tese de licenciatura sobre rádio) e Manuel Acácio (jornalista da TSF e coordenador do Fórum daquela estação), com João Paulo Meneses (jornalista e animador do blogue Ouve-se) como moderador. Mais informações no sítio do Clube de Jornalistas.
Só para ouvir dois depoimentos de Francisco Sena Santos (a voz que desapareceu da RDP por coisas estranhas), valerá a pena sintonizar a televisão hoje à noite.
Passa, no segundo canal da RTP, pelas 23:30, o programa do Clube de Jornalistas, hoje dedicado a programas interactivos de rádio, com Cândido Mota (locutor da rádio; lembro-me dele do desaparecido Em Órbita), Maria João Taborda (investigadora do Obercom e com uma tese de licenciatura sobre rádio) e Manuel Acácio (jornalista da TSF e coordenador do Fórum daquela estação), com João Paulo Meneses (jornalista e animador do blogue Ouve-se) como moderador. Mais informações no sítio do Clube de Jornalistas.
Só para ouvir dois depoimentos de Francisco Sena Santos (a voz que desapareceu da RDP por coisas estranhas), valerá a pena sintonizar a televisão hoje à noite.
IRREAL TV
O artigo de João Lopes, no Diário de Notícias de hoje, foi um prémio merecido para o blogue Irreal TV, de Francisco Rui Cádima. Diz o colunista que o blogue do professor universitário e investigador "é, antes de mais, um blogue que nos permite manter uma perspectiva actualizada sobre o espaço televisivo português". E, adiante, anota que "A existência de blogues (ou sites) deste género é tanto mais importante quanto, não poucas vezes, a televisão é reduzida a uma fonte automática de «conteúdos», evitando-se a salutar avaliação de alternativas". Além de que o blogue do antigo director executivo do Obercom é um espaço que "mantém uma posição crítica que não poupa o «lixo televisivo»".
E o blogueiro tem Livro de Reclamações: podem mandar sugestões para a caixa de correio de Francisco Rui Cádima. Hoje, com muitos novos visitantes graças ao artigo do jornal, o blogue comprova a complementaridade possível entre este novo meio de comunicação e os media já estabelecidos há muito.
O artigo de João Lopes, no Diário de Notícias de hoje, foi um prémio merecido para o blogue Irreal TV, de Francisco Rui Cádima. Diz o colunista que o blogue do professor universitário e investigador "é, antes de mais, um blogue que nos permite manter uma perspectiva actualizada sobre o espaço televisivo português". E, adiante, anota que "A existência de blogues (ou sites) deste género é tanto mais importante quanto, não poucas vezes, a televisão é reduzida a uma fonte automática de «conteúdos», evitando-se a salutar avaliação de alternativas". Além de que o blogue do antigo director executivo do Obercom é um espaço que "mantém uma posição crítica que não poupa o «lixo televisivo»".
E o blogueiro tem Livro de Reclamações: podem mandar sugestões para a caixa de correio de Francisco Rui Cádima. Hoje, com muitos novos visitantes graças ao artigo do jornal, o blogue comprova a complementaridade possível entre este novo meio de comunicação e os media já estabelecidos há muito.
LUÍS MIGUEL CINTRA E A TELEVISÃO
Na entrevista concedida à revista "Actual" (Expresso) de 23 de Dezembro último, Luís Miguel Cintra, a semana passada distinguido com o Prémio Pessoa, comenta deste modo a televisão: "Não gosto do objecto. Há ali qualquer coisa de muito promíscuo. Tenho aquela sensação de que a televisão está ligada em toda a parte, que estão umas imagens a passar a que ninguém liga muito, e depois os produtos não são muito interessantes. Mais vale gastar o tempo noutras coisas. Não desprezo as pessoas que fazem televisão, e algumas fazem-no com seriedade e tentanto lutar contra materiais muito fracos que lhe são fornecidos".
Luís Miguel Cintra é actor e encenador há 36 anos e fundador do teatro "Cornucópia", aqui em Lisboa. Foi a primeira figura das artes do espectáculo a receber o Prémio Pessoa.
Na entrevista concedida à revista "Actual" (Expresso) de 23 de Dezembro último, Luís Miguel Cintra, a semana passada distinguido com o Prémio Pessoa, comenta deste modo a televisão: "Não gosto do objecto. Há ali qualquer coisa de muito promíscuo. Tenho aquela sensação de que a televisão está ligada em toda a parte, que estão umas imagens a passar a que ninguém liga muito, e depois os produtos não são muito interessantes. Mais vale gastar o tempo noutras coisas. Não desprezo as pessoas que fazem televisão, e algumas fazem-no com seriedade e tentanto lutar contra materiais muito fracos que lhe são fornecidos".
Luís Miguel Cintra é actor e encenador há 36 anos e fundador do teatro "Cornucópia", aqui em Lisboa. Foi a primeira figura das artes do espectáculo a receber o Prémio Pessoa.
DO VINIL AO IPOD
Confesso que começo a ter saudades do DNA (ainda há a edição de sexta-feira) e dos textos de Pedro Rolo Duarte.
Na semana passada, escreveu sobre discos em vinil, cassetes, CDs e iPod. Retiro o destaque do seu texto: "Deixei de utilizar a expressão «no meu tempo». Eu já não sei mais que tempo é o meu, ou que tempo foi, e tenho dificuldade em situar-me nos anos para poder afirmar a que tempo pertenço. Sou do tempo do disco de vinil ou da cassete? Sou do tempo do CD ou do i-Pod? Sou de todos os tempos? Não devo ser nenhum". E Rolo Duarte, noutra parte do seu texto, diz: "O i-Pod é a expressão final (enquanto durar...) de uma ideia obsessiva: a do caos artístico que cada um de nós ordena e organiza. Já não há discos, há canções".
Confesso que começo a ter saudades do DNA (ainda há a edição de sexta-feira) e dos textos de Pedro Rolo Duarte.
Na semana passada, escreveu sobre discos em vinil, cassetes, CDs e iPod. Retiro o destaque do seu texto: "Deixei de utilizar a expressão «no meu tempo». Eu já não sei mais que tempo é o meu, ou que tempo foi, e tenho dificuldade em situar-me nos anos para poder afirmar a que tempo pertenço. Sou do tempo do disco de vinil ou da cassete? Sou do tempo do CD ou do i-Pod? Sou de todos os tempos? Não devo ser nenhum". E Rolo Duarte, noutra parte do seu texto, diz: "O i-Pod é a expressão final (enquanto durar...) de uma ideia obsessiva: a do caos artístico que cada um de nós ordena e organiza. Já não há discos, há canções".
LET'S JAZZ EM PÚBLICO
Na semana passada, chegou ao fim a colecção de discos de jazz editados pelo jornal Público, em projecto com José Duarte e o Centro de Jazz da Universidade de Aveiro. Foram 31 semanas de compras (a €6,5 cada disco).
Há um prazer infindo a ouvir as escolhas de José Duarte, presença diária na rádio (e que vai aquilatar o seu tempo na Antena 2, como Manuel Jorge Veloso). Em fundo, a música de Carlos Bica, mas também António Pinho Vargas, Maria João e Mário Laginha, Bernardo Moreira e Jacinta, entre outros.
Na semana passada, chegou ao fim a colecção de discos de jazz editados pelo jornal Público, em projecto com José Duarte e o Centro de Jazz da Universidade de Aveiro. Foram 31 semanas de compras (a €6,5 cada disco).
Há um prazer infindo a ouvir as escolhas de José Duarte, presença diária na rádio (e que vai aquilatar o seu tempo na Antena 2, como Manuel Jorge Veloso). Em fundo, a música de Carlos Bica, mas também António Pinho Vargas, Maria João e Mário Laginha, Bernardo Moreira e Jacinta, entre outros.
UM TOQUE DE JAZZ
"Estreado em 1993 na RDP/Antena 2, o programa Um Toque de Jazz, apresentado e realizado por Manuel Jorge Veloso, foi nestes últimos anos o único programa de jazz com uma hora de duração numa rádio de cobertura nacional", lê-se em comunicado de imprensa que recebi há escassos minutos.
O programa, a entrar, pois, no seu 13º ano, passa a ter mais uma hora semanal (sábados e domingos, das 14.00 às 15.00), coincidindo com a estreia da nova grelha de programas da Antena 2, a partir do dia 1 de Janeiro. O comunicado indica também que "As emissões de sábado serão dedicadas à divulgação de novos discos mas abordarão também reedições especiais ou programas monotemáticos sobre músicos e correntes do jazz moderno. Aos domingos, Um Toque de Jazz apresentará exclusivamente registos discográficas realizados ao vivo, bem como concertos gravados no quadro do programa de intercâmbio Eurorádio ou pela própria RDP".
Dos destaques para Janeiro de 2006, Um Toque de Jazz transmitirá, no primeiro domingo do ano, o concerto «Higher Ground – Hurricane Relief Benefit Concert», realizado no Lincoln Center de Nova Iorque, a 17 de Setembro último, em benefício das vítimas do furacão Katrina, e divulgará «One Down, One Up», "a primeira edição autorizada das históricas actuações do quarteto de John Coltrane no clube Half Note de Nova Iorque em 1965 e evocará os lendários concertos produzidos no Carnegie Hall por John Hammond em Dezembro de 1938 e 1939". Quanto às novidades, as emissões de sábado passarão em revista os últimos discos portugueses editados em 2005.
Continuação de muito sucesso a Manuel Jorge Veloso e ao seu Um Toque de Jazz.
"Estreado em 1993 na RDP/Antena 2, o programa Um Toque de Jazz, apresentado e realizado por Manuel Jorge Veloso, foi nestes últimos anos o único programa de jazz com uma hora de duração numa rádio de cobertura nacional", lê-se em comunicado de imprensa que recebi há escassos minutos.
O programa, a entrar, pois, no seu 13º ano, passa a ter mais uma hora semanal (sábados e domingos, das 14.00 às 15.00), coincidindo com a estreia da nova grelha de programas da Antena 2, a partir do dia 1 de Janeiro. O comunicado indica também que "As emissões de sábado serão dedicadas à divulgação de novos discos mas abordarão também reedições especiais ou programas monotemáticos sobre músicos e correntes do jazz moderno. Aos domingos, Um Toque de Jazz apresentará exclusivamente registos discográficas realizados ao vivo, bem como concertos gravados no quadro do programa de intercâmbio Eurorádio ou pela própria RDP".
Dos destaques para Janeiro de 2006, Um Toque de Jazz transmitirá, no primeiro domingo do ano, o concerto «Higher Ground – Hurricane Relief Benefit Concert», realizado no Lincoln Center de Nova Iorque, a 17 de Setembro último, em benefício das vítimas do furacão Katrina, e divulgará «One Down, One Up», "a primeira edição autorizada das históricas actuações do quarteto de John Coltrane no clube Half Note de Nova Iorque em 1965 e evocará os lendários concertos produzidos no Carnegie Hall por John Hammond em Dezembro de 1938 e 1939". Quanto às novidades, as emissões de sábado passarão em revista os últimos discos portugueses editados em 2005.
Continuação de muito sucesso a Manuel Jorge Veloso e ao seu Um Toque de Jazz.
AINDA O PORTO
Claro que a Manuela D. L. Ramos, do blogue Aliados. Em defesa da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade, tem razão, quando coloca um comentário ao meu postal anterior. Eu saí do metro e subi pela estação da Avenida dos Aliados e reparei nas obras (e já deitara as mãos à cabeça quando vi todo o jardim desfeito, quando por lá passei no dia anterior).
Mas o objectivo do IC é reflectir sobre indústrias culturais e criativas - e, de passagem, trabalhar, publicidade e lojas. Daí não ter referido esse lado desolado do Porto.
Já agora junto três imagens de um Porto mais feliz.
Claro que a Manuela D. L. Ramos, do blogue Aliados. Em defesa da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade, tem razão, quando coloca um comentário ao meu postal anterior. Eu saí do metro e subi pela estação da Avenida dos Aliados e reparei nas obras (e já deitara as mãos à cabeça quando vi todo o jardim desfeito, quando por lá passei no dia anterior).
Mas o objectivo do IC é reflectir sobre indústrias culturais e criativas - e, de passagem, trabalhar, publicidade e lojas. Daí não ter referido esse lado desolado do Porto.
Já agora junto três imagens de um Porto mais feliz.
terça-feira, 27 de dezembro de 2005
A BAIXA DO PORTO
Na manhã do dia de Natal, havia pouca gente nas ruas da baixa da cidade do Porto, agora servida por um excelente transporte, o metro. Saí na estação da avenida dos Aliados e fui até à zona do mercado do Bolhão. Passei pelas ruas Formosa, Sá da Bandeira e Alexandre Braga - e notei algumas lojas fechadas. Para além desta perda, caso da Casa Forte e da confeitaria (pastelaria) Costa - quando a cidade passou por uma reforma de vias e transportes -, as antigas fachadas estavam cobertas por anúncios de festas de fim-de-ano e circos.
Há não muito tempo, leram-se notícias sobre obras no mercado do Bolhão. Pensei que o comércio em redor retomaria a importância antiga. Afinal, há lojas fechadas, o que eu já notara na rua Santo António, para não falar na rua Mouzinho da Silveira, cuja decadência vem de anos atrás. Os cinemas foram desaparecendo, as duas lojas de discos da Valentim de Carvalho encerraram (apesar do surgimento da FNAC na rua de Santa Catarina), o comércio de pequenas lojas chinesas alarga-se, a população envelhece (e fica mais pobre), os hábitos parecem estar a mudar. Resiste a livraria Latina, onde eu comprei o livro de Beatriz Pacheco Pereira (O Porto e as suas mulheres, preço: €28) e deixei a minha opinião no livro de registos ali colocado. Na outra colina, a Leitura (esquina das ruas de Ceuta e de José Falcão) continua a oferecer uma grande variedade de livros de arte e literatura.
O que se passa com a baixa do Porto? As idas às compras aqueles sítios foram trocadas pelos centros comerciais da Sonae, na periferia da cidade, enquanto o El Corte Inglés não abre ao público em Mafamude (Vila Nova de Gaia), mesmo junto a uma paragem do metro?
Na manhã do dia de Natal, havia pouca gente nas ruas da baixa da cidade do Porto, agora servida por um excelente transporte, o metro. Saí na estação da avenida dos Aliados e fui até à zona do mercado do Bolhão. Passei pelas ruas Formosa, Sá da Bandeira e Alexandre Braga - e notei algumas lojas fechadas. Para além desta perda, caso da Casa Forte e da confeitaria (pastelaria) Costa - quando a cidade passou por uma reforma de vias e transportes -, as antigas fachadas estavam cobertas por anúncios de festas de fim-de-ano e circos.
Há não muito tempo, leram-se notícias sobre obras no mercado do Bolhão. Pensei que o comércio em redor retomaria a importância antiga. Afinal, há lojas fechadas, o que eu já notara na rua Santo António, para não falar na rua Mouzinho da Silveira, cuja decadência vem de anos atrás. Os cinemas foram desaparecendo, as duas lojas de discos da Valentim de Carvalho encerraram (apesar do surgimento da FNAC na rua de Santa Catarina), o comércio de pequenas lojas chinesas alarga-se, a população envelhece (e fica mais pobre), os hábitos parecem estar a mudar. Resiste a livraria Latina, onde eu comprei o livro de Beatriz Pacheco Pereira (O Porto e as suas mulheres, preço: €28) e deixei a minha opinião no livro de registos ali colocado. Na outra colina, a Leitura (esquina das ruas de Ceuta e de José Falcão) continua a oferecer uma grande variedade de livros de arte e literatura.
O que se passa com a baixa do Porto? As idas às compras aqueles sítios foram trocadas pelos centros comerciais da Sonae, na periferia da cidade, enquanto o El Corte Inglés não abre ao público em Mafamude (Vila Nova de Gaia), mesmo junto a uma paragem do metro?
O PORTO E AS SUAS MULHERES
Este é o título de recente livro de Beatriz Pacheco Pereira, em edição da Folio. De que trata o livro? Na introdução, a autora escreve: "O Porto sempre foi uma cidade estranha. Deixa fugir os seus melhores cidadãos para a capital e para o estrangeiro. Só lhes reconhece qualidade quando os ecos chegam de fora. E, para os que ficam, muito frequentemente, não lhes dá condições de trabalho digno" (p. 9).
Mais à frente, reconhecendo a influência, neste trabalho, de Helder Pacheco e Germano Silva, historiadores da cidade, mas também de Mário Dorminski, o marido, e Viale Moutinho, ela descreve como gizou o livro, produto de curtas biografias escritas pelas próprias mulheres: "orientei um pouco o conteúdo dos textos. No primeiro, pedi reflexões sobre o passado. Pedi influências, episódios, professores determinantes, cenas mais ou menos memoráveis da sua vida familiar e pré-profissional. Depois, num segundo texto, uma reflexão sobe o presente e o futuro, tanto a nível pessoal e profissional, como sobre a vida da cidade. O resultado, espero, pode ler-se como uma história social da vida do século XX e deste início do século XXI".
Assim, temos auto-análise de 40 mulheres nascidas no Porto ou que têm desempenhado actividades naquela cidade, nomeadamente sete pianistas (e professoras de piano), cinco cantoras líricas (e professoras de canto), três pintoras, três médicas, três actrizes, duas escultoras, duas coreógrafas e duas realizadoras de cinema. A relação com a cidade, com o ensino, com as outras pessoas, os percursos dentro e fora do país, a recepção nos sítios onde apresentam as suas actividades, as alegrias e alguns fracassos são várias das linhas de força dos retratos pessoais aqui apresentados, tudo muito documentado com fotografias das próprias.
Estas quarenta mulheres poderiam ser outras tantas ou o triplo. Aliás, Viale Moutinho, no seu prefácio, augura um segundo e um terceiro tomo. As mulheres, parece que se descobre de repente, estão em maioria em muitos sítios, a começar pela frequência universitária; logo, elas têm percursos a conhecer e a seguir como exemplos. Ainda na introdução, a autora dá conta de contactos que estabeleceu com mulheres distintas da cidade, que não responderam ao seu pedido ou que dizendo que sim nunca acabaram por enviar a sua história (talvez agora que, com o êxito esperado da obra, elas se arrependam e formulem o desejo de uma nova edição).
O livro de 213 páginas de texto lê-se num serão, como eu fiz ontem. Fico aqui com apenas dois comentários. O primeiro é para destacar a fotografia da família da própria Beatriz Pacheco Pereira, professora, jornalista e uma das fundadoras do Fantasporto (festival de cinema fantástico), em que se vê ela e o seu irmão José, figura conhecida da política e dos media e autor do blogue Abrupto, em 1970 (p. 32). O outro comentário é para registar a voz de Lídia Vieira, escultora de pedra, entretanto falecida: "Recorrendo às primeiras impressões da infância que a memória me devolve, está presente nelas uma ambiência propiciadora de cumplicidades estéticas. Fragmentos de sons, a imagem da minha mãe ao piano a ensaiar todos os dias o seu reportório clássico, tendo-me como a sua mais fiel ouvinte. Concertos, ballet, ópera - na rádio, nos discos e no grande teatro da cidade, à época dinamizador de grandes temporadas musicais" (p. 110).
Este é o título de recente livro de Beatriz Pacheco Pereira, em edição da Folio. De que trata o livro? Na introdução, a autora escreve: "O Porto sempre foi uma cidade estranha. Deixa fugir os seus melhores cidadãos para a capital e para o estrangeiro. Só lhes reconhece qualidade quando os ecos chegam de fora. E, para os que ficam, muito frequentemente, não lhes dá condições de trabalho digno" (p. 9).
Mais à frente, reconhecendo a influência, neste trabalho, de Helder Pacheco e Germano Silva, historiadores da cidade, mas também de Mário Dorminski, o marido, e Viale Moutinho, ela descreve como gizou o livro, produto de curtas biografias escritas pelas próprias mulheres: "orientei um pouco o conteúdo dos textos. No primeiro, pedi reflexões sobre o passado. Pedi influências, episódios, professores determinantes, cenas mais ou menos memoráveis da sua vida familiar e pré-profissional. Depois, num segundo texto, uma reflexão sobe o presente e o futuro, tanto a nível pessoal e profissional, como sobre a vida da cidade. O resultado, espero, pode ler-se como uma história social da vida do século XX e deste início do século XXI".
Assim, temos auto-análise de 40 mulheres nascidas no Porto ou que têm desempenhado actividades naquela cidade, nomeadamente sete pianistas (e professoras de piano), cinco cantoras líricas (e professoras de canto), três pintoras, três médicas, três actrizes, duas escultoras, duas coreógrafas e duas realizadoras de cinema. A relação com a cidade, com o ensino, com as outras pessoas, os percursos dentro e fora do país, a recepção nos sítios onde apresentam as suas actividades, as alegrias e alguns fracassos são várias das linhas de força dos retratos pessoais aqui apresentados, tudo muito documentado com fotografias das próprias.
Estas quarenta mulheres poderiam ser outras tantas ou o triplo. Aliás, Viale Moutinho, no seu prefácio, augura um segundo e um terceiro tomo. As mulheres, parece que se descobre de repente, estão em maioria em muitos sítios, a começar pela frequência universitária; logo, elas têm percursos a conhecer e a seguir como exemplos. Ainda na introdução, a autora dá conta de contactos que estabeleceu com mulheres distintas da cidade, que não responderam ao seu pedido ou que dizendo que sim nunca acabaram por enviar a sua história (talvez agora que, com o êxito esperado da obra, elas se arrependam e formulem o desejo de uma nova edição).
O livro de 213 páginas de texto lê-se num serão, como eu fiz ontem. Fico aqui com apenas dois comentários. O primeiro é para destacar a fotografia da família da própria Beatriz Pacheco Pereira, professora, jornalista e uma das fundadoras do Fantasporto (festival de cinema fantástico), em que se vê ela e o seu irmão José, figura conhecida da política e dos media e autor do blogue Abrupto, em 1970 (p. 32). O outro comentário é para registar a voz de Lídia Vieira, escultora de pedra, entretanto falecida: "Recorrendo às primeiras impressões da infância que a memória me devolve, está presente nelas uma ambiência propiciadora de cumplicidades estéticas. Fragmentos de sons, a imagem da minha mãe ao piano a ensaiar todos os dias o seu reportório clássico, tendo-me como a sua mais fiel ouvinte. Concertos, ballet, ópera - na rádio, nos discos e no grande teatro da cidade, à época dinamizador de grandes temporadas musicais" (p. 110).
BLOGUE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS
Segundo o blogue Responsabilidade social das empresas, de Cláudia Vau, o livro desta consultora de comunicação, As Relações Públicas na Responsabilidade Social das Empresas (2005), será lançado no ISLA (Lisboa), no próximo dia 11 de Janeiro, em conferência sobre Responsabilidade Social destinada a alunos daquela instituição de ensino.
Observação: eu já escrevi sobre este texto em 9 de Outubro último.
Segundo o blogue Responsabilidade social das empresas, de Cláudia Vau, o livro desta consultora de comunicação, As Relações Públicas na Responsabilidade Social das Empresas (2005), será lançado no ISLA (Lisboa), no próximo dia 11 de Janeiro, em conferência sobre Responsabilidade Social destinada a alunos daquela instituição de ensino.
Observação: eu já escrevi sobre este texto em 9 de Outubro último.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2005
LEI DA RÁDIO
No Público de hoje, dois deputados do PSD, Agostinho Branquinho e Pedro Duarte, escrevem um texto cujo título é Música portuguesa em sete faixas. Reproduzo o ponto 2: "A intenção da Assembleia da República legislar no sentido de incentivar a promoção e a difusão da música portuguesa, apesar de não ser uma novidade, é um acto louvável e que merece ser discutido, reflectido e, posteriormente, aprovada uma solução credível, exequível e que envolva todos os agentes do sector - criadores, músicos, editoras, operadores de radiodifusão, etc. - e, sobretudo, que ganhe a adesão dos diferentes públicos".
Dos blogues que escrevem habitualmente sobre rádio, parece-me que apenas Paula Cordeiro, do NetFM, falou sobre o assunto. Utilizo, com a devida citação, a sua mensagem de 16 do corrente mês: "Quanto à obrigatoriedade de «um quarto de música portuguesa», recordo para o efeito, as notícias publicadas sobre esta questão e que expressavam exactamente a indefinição sobre o conceito de música portuguesa, explicando que a imposição que retoma o projecto-lei de 2003 respeita à «música ligeira portuguesa e de produção recente (realizada no último ano), vocal ou instrumental». Caberá depois às estações de rádio decidir o que é a música ligeira portuguesa? É toda a que seja feita por portugueses? Ou é toda a que é cantada em português? Ou é a que é cantada em português e produzida por portugueses"? E, mais à frente, a mesma blogueira escreve na mesma mensagem: "Outro aspecto prende-se com o facto de, na proposta inicial, as rádio temáticas ficarem excluídas desta obrigatoriedade, isso quer dizer que estações como a rádio Capital, Foxx FM, Mix FM, Mega FM, RCP, RPL, Cidade FM, TSF e Classe FM, para denominar apenas algumas, não estão obrigadas a dedicar um quarto da sua programação à música nacional".
Partilho das dúvidas de Paula Cordeiro. E compreendo o artigo de opinião dos dois deputados do PSD. Mas julgo haver equívocos no texto editado hoje, até porque me parece ser usada uma linguagem estranha, caso de "o legislador deve ter em linha de conta esta «cultura" [a de encontrar "buracos" nas leis], impedindo que alguns «espertos» a possam tornear, desresponsabilizando-se do cumprimento dessa obrigação e desse serviço público de promover e difundir música portuguesa". O artigo de opinião não se destina a um leitor normal como eu ou quem me lê mas apenas para os deputados da maioria, no sentido de negociação do que está a ser discutido na Assembleia da República. Se calhar, amanhã ou um destes dias haverá uma resposta do PS, no sentido de contestar o artigo de hoje, possivelmente com os mesmos erros de não se falar de coisas que os leitores compreendam facilmente.
O que está em discussão é a alteração da lei da rádio e a obrigatoriedade de passar música portuguesa nas estações de radiodifusão. Mas, por favor, esclareçam bem os cidadãos.
Observação: Manuel Pinto, num postal de hoje no blogue Jornalismo e Comunicação, reflecte sobre o tema mas liga-o especificamente a Álvaro José Ferreira, que, no seu recente blogue A nossa rádio, questiona a Antena 1 sobre um index de música portuguesa. Este, a ser verdade, é um escândalo.
No Público de hoje, dois deputados do PSD, Agostinho Branquinho e Pedro Duarte, escrevem um texto cujo título é Música portuguesa em sete faixas. Reproduzo o ponto 2: "A intenção da Assembleia da República legislar no sentido de incentivar a promoção e a difusão da música portuguesa, apesar de não ser uma novidade, é um acto louvável e que merece ser discutido, reflectido e, posteriormente, aprovada uma solução credível, exequível e que envolva todos os agentes do sector - criadores, músicos, editoras, operadores de radiodifusão, etc. - e, sobretudo, que ganhe a adesão dos diferentes públicos".
Dos blogues que escrevem habitualmente sobre rádio, parece-me que apenas Paula Cordeiro, do NetFM, falou sobre o assunto. Utilizo, com a devida citação, a sua mensagem de 16 do corrente mês: "Quanto à obrigatoriedade de «um quarto de música portuguesa», recordo para o efeito, as notícias publicadas sobre esta questão e que expressavam exactamente a indefinição sobre o conceito de música portuguesa, explicando que a imposição que retoma o projecto-lei de 2003 respeita à «música ligeira portuguesa e de produção recente (realizada no último ano), vocal ou instrumental». Caberá depois às estações de rádio decidir o que é a música ligeira portuguesa? É toda a que seja feita por portugueses? Ou é toda a que é cantada em português? Ou é a que é cantada em português e produzida por portugueses"? E, mais à frente, a mesma blogueira escreve na mesma mensagem: "Outro aspecto prende-se com o facto de, na proposta inicial, as rádio temáticas ficarem excluídas desta obrigatoriedade, isso quer dizer que estações como a rádio Capital, Foxx FM, Mix FM, Mega FM, RCP, RPL, Cidade FM, TSF e Classe FM, para denominar apenas algumas, não estão obrigadas a dedicar um quarto da sua programação à música nacional".
Partilho das dúvidas de Paula Cordeiro. E compreendo o artigo de opinião dos dois deputados do PSD. Mas julgo haver equívocos no texto editado hoje, até porque me parece ser usada uma linguagem estranha, caso de "o legislador deve ter em linha de conta esta «cultura" [a de encontrar "buracos" nas leis], impedindo que alguns «espertos» a possam tornear, desresponsabilizando-se do cumprimento dessa obrigação e desse serviço público de promover e difundir música portuguesa". O artigo de opinião não se destina a um leitor normal como eu ou quem me lê mas apenas para os deputados da maioria, no sentido de negociação do que está a ser discutido na Assembleia da República. Se calhar, amanhã ou um destes dias haverá uma resposta do PS, no sentido de contestar o artigo de hoje, possivelmente com os mesmos erros de não se falar de coisas que os leitores compreendam facilmente.
O que está em discussão é a alteração da lei da rádio e a obrigatoriedade de passar música portuguesa nas estações de radiodifusão. Mas, por favor, esclareçam bem os cidadãos.
Observação: Manuel Pinto, num postal de hoje no blogue Jornalismo e Comunicação, reflecte sobre o tema mas liga-o especificamente a Álvaro José Ferreira, que, no seu recente blogue A nossa rádio, questiona a Antena 1 sobre um index de música portuguesa. Este, a ser verdade, é um escândalo.
SOBRE AS NOTÍCIAS
Claro que o texto abaixo escrito precisa de ser completado com este postal, uma referência ao livro de Teun A. van Dijk, Discurso, notícia e ideologia. Estudos na análise crítica do discurso, agora editado pela Campo das Letras, na colecção "Comunicação e Sociedade" da Universidade do Minho, com tradução de Maria Zara Pinto-Coelho (e que Helena Sousa comentou no blogue Jornalismo e Comunicação na passada sexta-feira).
Na página 67 do novo livro daquele conceituado autor lê-se: "Tal como as histórias ou argumentações, os relatos noticiosos seguem um esquema hierárquico, composto por categorias convencionais como TÍTULO, LEAD (formando em conjunto o SUMÁRIO), ACONTECIMENTOS PRINCIPAIS, CONTEXTO, HISTÓRIA (que formam em conjunto a categoria CONDIÇÕES), REACÇÕES VERBAIS, e COMENTÁRIOS. Típico nas histórias das notícias é que estas categorias, bem como o seu conteúdo semântico global, são expressas de forma descontínua, como «prestações» através do texto: em cada categoria é expressa primeiro a informação mais importante, uma estratégia de cima para baixo de que resulta a chamada estrutura de relevância de um texto".
No caso da entrevista da ministra Isabel Pires de Lima, o título Não aceito ultimatos é uma evidente escolha do editor do caderno. Lido em confronto com a notícia do primeiro caderno do mesmo jornal, constata-se a anacronia da afirmação - ou, como chama van Dijk, a "estrutura de relevância de um texto".
Claro que o texto abaixo escrito precisa de ser completado com este postal, uma referência ao livro de Teun A. van Dijk, Discurso, notícia e ideologia. Estudos na análise crítica do discurso, agora editado pela Campo das Letras, na colecção "Comunicação e Sociedade" da Universidade do Minho, com tradução de Maria Zara Pinto-Coelho (e que Helena Sousa comentou no blogue Jornalismo e Comunicação na passada sexta-feira).
Na página 67 do novo livro daquele conceituado autor lê-se: "Tal como as histórias ou argumentações, os relatos noticiosos seguem um esquema hierárquico, composto por categorias convencionais como TÍTULO, LEAD (formando em conjunto o SUMÁRIO), ACONTECIMENTOS PRINCIPAIS, CONTEXTO, HISTÓRIA (que formam em conjunto a categoria CONDIÇÕES), REACÇÕES VERBAIS, e COMENTÁRIOS. Típico nas histórias das notícias é que estas categorias, bem como o seu conteúdo semântico global, são expressas de forma descontínua, como «prestações» através do texto: em cada categoria é expressa primeiro a informação mais importante, uma estratégia de cima para baixo de que resulta a chamada estrutura de relevância de um texto".
No caso da entrevista da ministra Isabel Pires de Lima, o título Não aceito ultimatos é uma evidente escolha do editor do caderno. Lido em confronto com a notícia do primeiro caderno do mesmo jornal, constata-se a anacronia da afirmação - ou, como chama van Dijk, a "estrutura de relevância de um texto".
NÃO ACEITO ULTIMATOS
É o título da entrevista dada pela ministra da Cultura a Fernado Diogo e Alexandra Carita, na revista "Actual" do Expresso do passado dia 23. Isto a propósito da colecção Berardo ficar ou não em Portugal. O registo de Isabel Pires de Lima é o seguinte: "O comendador Berardo estabeleceu prazos através da Comunicação Social, mas a mim não me chegou nenhuma informação sobre «timings». Isso, para mim, é secundário. Eu estou neste momento em diálogo com o comendador e com a Câmara Municipal. Não aceito ultimatos, muito menos transmitidos pela Comunicação Social". Um pouco mais à frente, diz: "Não sei [o valor envolvido], porque o comendador nunca apresentou nenhuma proposta concreta. Além do mais, não vou revelar as negociações que tenho mantido com a Câmara Municipal de Lisboa e o comendador à Comunicação Social".
A primeira página do Expresso (a página que merecia, só ela mesmo, um estudo aprofundado) dá conta de outra realidade, conforme o título indica. No texto, lê-se: "A mais importante colecção de arte contemporânea da Europa vai ficar em Lisboa. Joe Berardo acordou quarta-feira, directamente com o primeiro-ministro, a instalação do seu espólio no Centro Cultural de Belém". Um pouco mais à frente dava conta da entrevista concedida pela ministra dois dias antes (logo: faz amanhã uma semana), com uma posição contrária.
No dia seguinte às notícias do Expresso, os dois diários de qualidade de Lisboa editavam notícias sobre a mesma informação. Atente-se nos títulos das páginas onde aparece desenvolvido o ocorrido: "Governo dá a Berardo museu no CCB" (Diário de Notícias), "Presidente do CCB fora das negociações com Joe Berardo" (Público). Se aquele fala na possibilidade de parte do acervo ir para França, este diz concretamente que Fraústo da Silva, como responsável máximo do CCB, não entrou nas negociações (pelo que se espera a sua demissão, se ela já não aconteceu, dados os factos).
Das minhas conclusões: 1) o semanário adiantou-se à concorrência, mostrando dois discursos distintos, o da ministra, aparentemente desfasada, pois afirmou não negociar sob ultimato, e o dos jornalistas que fizeram investigação; 2) a actuação de diversos actores neste processo - que significa jogos de poder e de decisão e influência -, que incluem a Câmara de Lisboa, o ministério da Cultura, o Primeiro-Ministro, Joe Berardo como dono da colecção, os vários jornais (e o reconhecimento, por parte do Público, que não do Diário de Notícias, se li bem a informação deste, da origem da notícia, o Expresso) e, até, o crítico Augusto M. Seabra (que tem escrito artigos contra Isabel Pires de Lima no Público, os quais parecem acertados para quem está de fora, mas que cansam tal a quantidade de artigos sobre a mesma questão), 3) o estado da arte em Portugal, com estes desacertos sobre uma história que se arrasta há dez anos, mostra as dificuldades por que passa o país.
Uma outra conclusão - e que é um esteio da linha editorial que aqui sigo - realça a importância da cultura e das artes e indústrias criativas como meio dinâmico de promover espaços geográficos - a França oferecera a Berardo alguns locais fabulosos para ele instalar a sua colecção, incluindo mesmo um museu de raiz. Claro que esta conclusão significa a importância da colecção do português da Madeira.
É o título da entrevista dada pela ministra da Cultura a Fernado Diogo e Alexandra Carita, na revista "Actual" do Expresso do passado dia 23. Isto a propósito da colecção Berardo ficar ou não em Portugal. O registo de Isabel Pires de Lima é o seguinte: "O comendador Berardo estabeleceu prazos através da Comunicação Social, mas a mim não me chegou nenhuma informação sobre «timings». Isso, para mim, é secundário. Eu estou neste momento em diálogo com o comendador e com a Câmara Municipal. Não aceito ultimatos, muito menos transmitidos pela Comunicação Social". Um pouco mais à frente, diz: "Não sei [o valor envolvido], porque o comendador nunca apresentou nenhuma proposta concreta. Além do mais, não vou revelar as negociações que tenho mantido com a Câmara Municipal de Lisboa e o comendador à Comunicação Social".
A primeira página do Expresso (a página que merecia, só ela mesmo, um estudo aprofundado) dá conta de outra realidade, conforme o título indica. No texto, lê-se: "A mais importante colecção de arte contemporânea da Europa vai ficar em Lisboa. Joe Berardo acordou quarta-feira, directamente com o primeiro-ministro, a instalação do seu espólio no Centro Cultural de Belém". Um pouco mais à frente dava conta da entrevista concedida pela ministra dois dias antes (logo: faz amanhã uma semana), com uma posição contrária.
No dia seguinte às notícias do Expresso, os dois diários de qualidade de Lisboa editavam notícias sobre a mesma informação. Atente-se nos títulos das páginas onde aparece desenvolvido o ocorrido: "Governo dá a Berardo museu no CCB" (Diário de Notícias), "Presidente do CCB fora das negociações com Joe Berardo" (Público). Se aquele fala na possibilidade de parte do acervo ir para França, este diz concretamente que Fraústo da Silva, como responsável máximo do CCB, não entrou nas negociações (pelo que se espera a sua demissão, se ela já não aconteceu, dados os factos).
Das minhas conclusões: 1) o semanário adiantou-se à concorrência, mostrando dois discursos distintos, o da ministra, aparentemente desfasada, pois afirmou não negociar sob ultimato, e o dos jornalistas que fizeram investigação; 2) a actuação de diversos actores neste processo - que significa jogos de poder e de decisão e influência -, que incluem a Câmara de Lisboa, o ministério da Cultura, o Primeiro-Ministro, Joe Berardo como dono da colecção, os vários jornais (e o reconhecimento, por parte do Público, que não do Diário de Notícias, se li bem a informação deste, da origem da notícia, o Expresso) e, até, o crítico Augusto M. Seabra (que tem escrito artigos contra Isabel Pires de Lima no Público, os quais parecem acertados para quem está de fora, mas que cansam tal a quantidade de artigos sobre a mesma questão), 3) o estado da arte em Portugal, com estes desacertos sobre uma história que se arrasta há dez anos, mostra as dificuldades por que passa o país.
Uma outra conclusão - e que é um esteio da linha editorial que aqui sigo - realça a importância da cultura e das artes e indústrias criativas como meio dinâmico de promover espaços geográficos - a França oferecera a Berardo alguns locais fabulosos para ele instalar a sua colecção, incluindo mesmo um museu de raiz. Claro que esta conclusão significa a importância da colecção do português da Madeira.
AGRADECIMENTOS
A todos os colegas da blogosfera, pelo envio de mensagens de Boas Festas, com destaque para os autores dos blogues Almocreve das Petas (pela sua avaliação dos blogues portugueses com colocação, em posição muito honrosa, deste I.C.) e Abrupto (de José Pacheco Pereira, em mensagem de 22 de Dezembro, escrevendo que votaria em mim para Pai Natal da blogosfera) [pela minha fotografia colocada, durante alguns dias, à direita neste blogue] [a presente imagem foi tirada por L. A. Santos].
A todos os colegas da blogosfera, pelo envio de mensagens de Boas Festas, com destaque para os autores dos blogues Almocreve das Petas (pela sua avaliação dos blogues portugueses com colocação, em posição muito honrosa, deste I.C.) e Abrupto (de José Pacheco Pereira, em mensagem de 22 de Dezembro, escrevendo que votaria em mim para Pai Natal da blogosfera) [pela minha fotografia colocada, durante alguns dias, à direita neste blogue] [a presente imagem foi tirada por L. A. Santos].
quinta-feira, 22 de dezembro de 2005
quarta-feira, 21 de dezembro de 2005
A CAPA DA EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA DO PÚBLICO
A discussão na blogosfera terá começado no ContraFactos & Argumentos, de Pedro Fonseca, e continuado Atrium, de Luís António Santos. O tema: a capa do jornal Público de sexta-feira passada, com um grande destaque ao caderno "Y" sobre a estreia do filme King Kong.
António Granado, do blogue Ponto Media e jornalista daquele diário (e possivelmente o editor que fechou o jornal), reagiu de modo activo: "És capaz de me mostrar (um link serve) uma melhor foto de primeira (com actualidade) do que esta que o Público escolheu? Conheces tu, porventura, a produção das agências noticiosas desse dia? O que é que tu sabes sobre as fotos dos fotógrafos do Público tiradas no dia? Todos os outros temas de capa de sexta não têm foto que sirva ao Público, infelizmente: Iraque, demos foto de primeira dois dias antes; Europeu de sub-21: sem foto; Bebé maltratada: nem pensar; Facada no coração: ainda menos; Exame de português: sem foto. O King Kong é realmente um filme de excepção e o trabalho do Y desse dia bem merecia o destaque. Aliás, não é a primeira vez que fazemos primeira com a estreia de um filme de que toda a gente fala".
Depois de uma troca de opiniões (quentes), o autor do Atrium esclarece que o postal dele questionaria "uma decisão editorial". E, aqui, parece-me fundamental pensar como trabalham os jornalistas na altura do fecho da edição. As escolhas - e as decisões - são rápidas, pois o tempo urge. Refugio-me no que António Granado e José Vítor Malheiros escreveram no livro Como falar com jornalistas sem ficar à beira de um ataque de nervos (Gradiva, 2001, p. 121): "Quando se depara com um trabalho jornalístico com imprecisões, erros, desvios da verdade, com um título enganador ou acompanhado de uma fotografia imprópria, a primeira reacção do leitor [...] é exigir uma correcção. Infelizmente (mas não sem razão), existe a sensação generalizada de que é inútil pedir a publicação de correcções aos órgãos de comunicação, visto que eles vê[e]m esses pedidos como gestos de agressão e têm tendência ou a ignorá-los ou a publicá-los... respondendo em seguida de forma violenta".
A resposta de António Granado, no "território" de Luís António Santos (o blogue deste), pode enquadrar-se no que o próprio jornalista e Vítor Malheiros escreveram sobre "resposta violenta". Contudo, e apesar do argumento razoável de Luís António Santos, parecem-me aceitáveis as razões de Granado. Primeiro, porque há uma cultura intrínseca do jornal para a memória cinematográfica e da moda, caso da capa do dia 17 de Abril de 1990, a anunciar a morte de Greta Garbo (não foi preciso dizer o nome todo nem escrever que ela era estrela de cinema; a única alteração que hoje o jornal faria era pôr os anos de nascimento e de morte), ou da mais recente, aquando das eleições autárquicas, em que o PS perdeu, com um título Rosa choque (que eu trabalhei aqui no blogue).
E, segundo, o destaque aponta para uma leitura mais atenta do caderno "Y", o que quero aqui fazer. No longo texto que Rita Siza faz sobre o realizador Peter Jackson é evidente a aplicação do modelo de cadeia de valor ao trabalho cinematográfico agora em exibição. O texto começa por salientar o primeiro boneco animado de King Kong a partir de um esqueleto em arame. O filme não seria acabado. O segundo King Kong já se tornaria possível quando o realizador já era conhecido. Reescreveu o guião e a ideia do filme foi evoluindo até à fase de pré-produção, altura em que se desenha a ilha de Skull, com fauna pré-histórica e flora tropical. Há ainda o processo de criação digital de dinossáurios, mas, quando tudo apontava para o arranque do filme, a Universal desiste do projecto (1996-1997). Somente à terceira vez é que o realizador pode levar a sua ideia para a concretização, tinha agora 44 anos.
Se o filme de 1933, de Merian C. Cooper e Ernst B. Schoedsack, era impressionante em termos de tecnologia, o filme agora realizado volta a manifestar essa apetência pelo prodígio tecnológico. Para além de que o filme de 1933 salvou a RKO da falência, dada a procura dos espectadores. Agora, os efeitos especiais tomam conta do filme e colocam-no entre o realismo e a total imaginação. Num outro texto, Jorge Mourinha dá conta de pormenores da narrativa - e defende a actriz Naomi Watts como a grande protagonista, enquanto Rita Siza escreve ainda sobre as raparigas do King.
Por tudo isto, é que me parece devermos pensar na complexidade criativa e na negociação para levar avante um projecto cinematográfico e não somente em elencar mais um simples filme de entretenimento. As indústrias culturais, sejam do domínio da informação ou do entretenimento, envolvem muitas profissões, actividades, competências e sinergias para serem apenas alvo da etiqueta entretenimento. Da escolha de uma imagem num jornal diário até ao episódio de uma novela como Ninguém como tu, que ontem acabou, passando pelo programa de informação semanal ou uma análise sociológica dos media, temos de pensar nessa rede de conceitos e práticas que nos absorve e leva à reflexão.
A discussão na blogosfera terá começado no ContraFactos & Argumentos, de Pedro Fonseca, e continuado Atrium, de Luís António Santos. O tema: a capa do jornal Público de sexta-feira passada, com um grande destaque ao caderno "Y" sobre a estreia do filme King Kong.
António Granado, do blogue Ponto Media e jornalista daquele diário (e possivelmente o editor que fechou o jornal), reagiu de modo activo: "És capaz de me mostrar (um link serve) uma melhor foto de primeira (com actualidade) do que esta que o Público escolheu? Conheces tu, porventura, a produção das agências noticiosas desse dia? O que é que tu sabes sobre as fotos dos fotógrafos do Público tiradas no dia? Todos os outros temas de capa de sexta não têm foto que sirva ao Público, infelizmente: Iraque, demos foto de primeira dois dias antes; Europeu de sub-21: sem foto; Bebé maltratada: nem pensar; Facada no coração: ainda menos; Exame de português: sem foto. O King Kong é realmente um filme de excepção e o trabalho do Y desse dia bem merecia o destaque. Aliás, não é a primeira vez que fazemos primeira com a estreia de um filme de que toda a gente fala".
Depois de uma troca de opiniões (quentes), o autor do Atrium esclarece que o postal dele questionaria "uma decisão editorial". E, aqui, parece-me fundamental pensar como trabalham os jornalistas na altura do fecho da edição. As escolhas - e as decisões - são rápidas, pois o tempo urge. Refugio-me no que António Granado e José Vítor Malheiros escreveram no livro Como falar com jornalistas sem ficar à beira de um ataque de nervos (Gradiva, 2001, p. 121): "Quando se depara com um trabalho jornalístico com imprecisões, erros, desvios da verdade, com um título enganador ou acompanhado de uma fotografia imprópria, a primeira reacção do leitor [...] é exigir uma correcção. Infelizmente (mas não sem razão), existe a sensação generalizada de que é inútil pedir a publicação de correcções aos órgãos de comunicação, visto que eles vê[e]m esses pedidos como gestos de agressão e têm tendência ou a ignorá-los ou a publicá-los... respondendo em seguida de forma violenta".
A resposta de António Granado, no "território" de Luís António Santos (o blogue deste), pode enquadrar-se no que o próprio jornalista e Vítor Malheiros escreveram sobre "resposta violenta". Contudo, e apesar do argumento razoável de Luís António Santos, parecem-me aceitáveis as razões de Granado. Primeiro, porque há uma cultura intrínseca do jornal para a memória cinematográfica e da moda, caso da capa do dia 17 de Abril de 1990, a anunciar a morte de Greta Garbo (não foi preciso dizer o nome todo nem escrever que ela era estrela de cinema; a única alteração que hoje o jornal faria era pôr os anos de nascimento e de morte), ou da mais recente, aquando das eleições autárquicas, em que o PS perdeu, com um título Rosa choque (que eu trabalhei aqui no blogue).
E, segundo, o destaque aponta para uma leitura mais atenta do caderno "Y", o que quero aqui fazer. No longo texto que Rita Siza faz sobre o realizador Peter Jackson é evidente a aplicação do modelo de cadeia de valor ao trabalho cinematográfico agora em exibição. O texto começa por salientar o primeiro boneco animado de King Kong a partir de um esqueleto em arame. O filme não seria acabado. O segundo King Kong já se tornaria possível quando o realizador já era conhecido. Reescreveu o guião e a ideia do filme foi evoluindo até à fase de pré-produção, altura em que se desenha a ilha de Skull, com fauna pré-histórica e flora tropical. Há ainda o processo de criação digital de dinossáurios, mas, quando tudo apontava para o arranque do filme, a Universal desiste do projecto (1996-1997). Somente à terceira vez é que o realizador pode levar a sua ideia para a concretização, tinha agora 44 anos.
Se o filme de 1933, de Merian C. Cooper e Ernst B. Schoedsack, era impressionante em termos de tecnologia, o filme agora realizado volta a manifestar essa apetência pelo prodígio tecnológico. Para além de que o filme de 1933 salvou a RKO da falência, dada a procura dos espectadores. Agora, os efeitos especiais tomam conta do filme e colocam-no entre o realismo e a total imaginação. Num outro texto, Jorge Mourinha dá conta de pormenores da narrativa - e defende a actriz Naomi Watts como a grande protagonista, enquanto Rita Siza escreve ainda sobre as raparigas do King.
Por tudo isto, é que me parece devermos pensar na complexidade criativa e na negociação para levar avante um projecto cinematográfico e não somente em elencar mais um simples filme de entretenimento. As indústrias culturais, sejam do domínio da informação ou do entretenimento, envolvem muitas profissões, actividades, competências e sinergias para serem apenas alvo da etiqueta entretenimento. Da escolha de uma imagem num jornal diário até ao episódio de uma novela como Ninguém como tu, que ontem acabou, passando pelo programa de informação semanal ou uma análise sociológica dos media, temos de pensar nessa rede de conceitos e práticas que nos absorve e leva à reflexão.
terça-feira, 20 de dezembro de 2005
"MELHOR QUE FILHÓS [OU FILHOSES?] E RABANADAS"
O blogue Celofane "orgulha-se de apresentar a única compilação de Natal que não irão ouvir em elevadores, centros comerciais ou no jantar deprimente da empresa". E também "compilações livres de coros infantis e cantos gregorianos". A espreitar.
O blogue Celofane "orgulha-se de apresentar a única compilação de Natal que não irão ouvir em elevadores, centros comerciais ou no jantar deprimente da empresa". E também "compilações livres de coros infantis e cantos gregorianos". A espreitar.
SUBIRAM DESCARREGAMENTOS ILEGAIS DE MÚSICA
Segundo o Guardian de hoje (texto de Owen Gibson), apesar da indústria fonográfica fazer campanhas contra a pirataria de música, mais de metade dos utilizadores ainda descarrega canções a partir da internet. Os indicadores, a partir de um inquérito feito pela empresa Mori para o fornecedor de internet AOL UK, e realizado no Reino Unido, apontam para um aumento de descarregamentos (download) de 5,7 milhões em 2004 para 24 milhões este ano. A AOL - como outros servidores de música - está interessada em reduzir a pirataria. Juntamente com a campanha Play Legal, a AOL vai lançar um novo sítio onde adoptará um logotipo que distinga o que pode ser descarregado ou não do ponto de vista legal.
Por seu lado, a British Phonographic Industry (BPI) teme um crescimento da pirataria musical nesta altura do ano, pois uma das prendas de Natal mais desejadas pelos consumidores é um iPod ou equipamento similar. A BPI já apresentou queixa legal contra mais de 150 utilizadores de internet, metade dos quais pagaram quantias avultadas para não irem a tribunal. Internacionalmente, a questão é mais complexa, pois as acções legais envolvem sítios "peer to peer", casos da Grokster nos Estados Unidos e da Kazaa na Austrália, e ainda da Limewire.
Segundo o Guardian de hoje (texto de Owen Gibson), apesar da indústria fonográfica fazer campanhas contra a pirataria de música, mais de metade dos utilizadores ainda descarrega canções a partir da internet. Os indicadores, a partir de um inquérito feito pela empresa Mori para o fornecedor de internet AOL UK, e realizado no Reino Unido, apontam para um aumento de descarregamentos (download) de 5,7 milhões em 2004 para 24 milhões este ano. A AOL - como outros servidores de música - está interessada em reduzir a pirataria. Juntamente com a campanha Play Legal, a AOL vai lançar um novo sítio onde adoptará um logotipo que distinga o que pode ser descarregado ou não do ponto de vista legal.
Por seu lado, a British Phonographic Industry (BPI) teme um crescimento da pirataria musical nesta altura do ano, pois uma das prendas de Natal mais desejadas pelos consumidores é um iPod ou equipamento similar. A BPI já apresentou queixa legal contra mais de 150 utilizadores de internet, metade dos quais pagaram quantias avultadas para não irem a tribunal. Internacionalmente, a questão é mais complexa, pois as acções legais envolvem sítios "peer to peer", casos da Grokster nos Estados Unidos e da Kazaa na Austrália, e ainda da Limewire.
OS MUPIS DA SEGUNDA QUINZENA DE DEZEMBRO
Que publicidade nesta altura do ano? Prendas, claro: perfumes (Chanel nº 5, Yves Saint-Laurent, com a actriz Nicole Kidman), relógios (Tissot), telefones celulares (Motorola), vestuário (Helvetica), chocolates (Mars), champanhe (Fita Azul) e um convite a visitar um grande armazém (El Corte Inglés). Mas também revistas (Máxima, Best Girl), cuidados higiénicos (Nívea) e o musical Miss Saigon, a estrear no Coliseu dos Recreios em Janeiro próximo. Sem esquecer o perfume "Pleasures", da Estée Lauder (ver postal do dia 4 deste mês), e o uísque Grants (não fotografado).
Que publicidade nesta altura do ano? Prendas, claro: perfumes (Chanel nº 5, Yves Saint-Laurent, com a actriz Nicole Kidman), relógios (Tissot), telefones celulares (Motorola), vestuário (Helvetica), chocolates (Mars), champanhe (Fita Azul) e um convite a visitar um grande armazém (El Corte Inglés). Mas também revistas (Máxima, Best Girl), cuidados higiénicos (Nívea) e o musical Miss Saigon, a estrear no Coliseu dos Recreios em Janeiro próximo. Sem esquecer o perfume "Pleasures", da Estée Lauder (ver postal do dia 4 deste mês), e o uísque Grants (não fotografado).
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