Em livro editado em 2005, e com o título
Audiences and publics: when cultural engagement matters for the public sphere, Sonia Livingstone define os conceitos de
audiência e
público.
Audiência, enquanto substantivo, tem os seguintes significados: 1a) acto ou estado de escuta, 1b) audição [hearing] ou entrevista formal (com o Papa, o Rei), 1c) oportunidade para ser escutada (dada por uma audiência); 2a) grupo de ouvintes ou espectadores, 2b) leitura, audição ou visão [viewing] pública, 2c) grupo de admiradores ardentes ou devotos. Em termos de uso habitual, é um termo colectivo para as pessoas que participam numa comunicação pública, seja ouvir ou ver, seja localizada num sítio ou dispersa, caso de uma audiência de televisão, concerto, teatro ou reunião política (comício).
Quanto a conotações e associações: a colectividade [collectivity] é, por regra, entendida como associação com as massas (agregação de indivíduos irracionais ou emocionais) e passiva no desempenho (receptores em vez de participantes ou produtores da comunicação). Aqui, “audiência”, por comparação a “público”, é um termo negativo. Significados relacionados: telespectadores (de televisão), ouvintes (de rádio, música), menos usado em relação aos media impressos ou interactivos (aqui, usa-se o termo consumidor) [observação: utilizador].
Enquanto adjectivo, público é: 1a) exposto a uma perspectiva geral, aberto; 1b) “figura pública” conhecida, proeminente, 1c) perceptível, material; 2a) relacionado ou afectando as pessoas de uma nação ou Estado (lei pública), 2b) relacionado com o Governo. Público como substantivo é: 1) pessoas como um todo, populaça; 2) um grupo ou conjunto de pessoas tendo interesses ou características comuns (“público de leitura”, público de uma estrela de cinema). Em público (perspectiva pública).
Como uso habitual: empregue frequentemente, e como parte de múltiplas frases, combina mas sobrepõe significados – visível, proeminente, perceptível, governamental, nacional, universal, popular, social, humanitário, acessível, aberto. Com frequência, é utilizado para referir a população de uma nação, embora também relativamente ao planeta, podendo assumir um conjunto de interesses comuns, necessidades e entendimentos.
Quanto a conotações e associações: uma colectividade que se assume como homogénea, singular nas suas acções e exigências. A recente perspectiva académica de tornar plurais os públicos significando heterogeneidade não é muito usada e introduz confusão no tocante a exigências, âmbito e inter-relações destes “públicos” [observação: a autora não trabalha Jean-Pierre Esquenazi e os trabalhos do português Observatório de Actividades Culturais, o que reduz as disponibilidades teóricas em trabalhar o conceito]. Finalmente, quanto a derivações, há muitas. Há, por exemplo, domínio público, conveniência pública, casa pública [bem comum], inimigo público, saúde pública, relações públicas, escola pública. E também publicação, publicidade.
Leitura: Sonia Livingstone (2005).
Audiences and publics: when cultural engagement matters for the public sphere. Bristol e Oregon, Or: Intellect, pp. 216-219