As férias estão a chegar. O blogueiro regressa em Setembro. Continuem a preferir e visitar o Indústrias.
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Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
Após os violentos desacatos das últimas semanas, que opuseram duas comunidades diferentes nos arredores de Lisboa, com forte exposição mediática, este caso chama de novo a atenção da televisão (e do vídeo de um jornal). As imagens agora mostradas são expressivas - no vídeo colocado no sítio do jornal Público, as vozes off dão conta do impacto do que ia acontecendo. Uma das vozes regozija-se quando o tiro da polícia atinge um dos assaltantes, pormenor não reproduzido quando o vídeo passa na SIC. No sítio do jornal, os comentários à notícia por leitores colocam a questão da origem geográfica dos assaltantes.
Na azáfama de relatar tudo, a televisão e o jornal Público situam o país na pós-modernidade. Temos polícias eficazes e televisões a filmarem em directo a morte dos bandidos. Um dos pormenores que mais me impressionou no relato do episódio do assalto foi saber a principal preocupação da gerente do banco: ela não queria que os seus filhos estivessem a ver televisão. Sobre o assunto, já escrevera Eduardo Cintra Torres no Público online (às 16:58): "Quanto ao directo televisivo, é mesmo assim: o poder enorme do directo é romper com as convenções de toda a gente e de não estar sujeito a censuras, autocensuras, convenções e tabus. A realidade em bruto. Por vezes é brutal. A liberdade também".
Ou, nas minhas palavras: a morte deve estar presente, mesmo a mais violenta, do mesmo modo que a vida. A televisão - e também a internet - é o meio mais propício para nos dar esses momentos em directo da vida e da morte, fluxo de acontecimentos de ruptura (as breaking news dos americanos), não programados (mas também programados, como nos disseram Daniel Dayan e Elihu Katz em A História em Directo). Isso obriga-nos a estar sempre conectado à televisão e esperar o imprevisto, ou inédito, ou espectacular, ou dramático, o que tem valor-notícia, como falam os sociólogos dos media.