terça-feira, 16 de dezembro de 2008

MESTRADO EM TEATRO


CANDIDATURAS ATÉ 19 DE DEZEMBRO

MACDONALDIZAÇÃO DA ANTENA 2

"A Antena 2 tem de estimular a literacia da escuta e definir, a partir daí, uma estratégia de alargamento da sua audiência", assim se exprimiu Mário Vieira de Carvalho no seu texto do Público, editado em 13 de Dezembro último.

Frases muito duras para com a Antena 2. Como estas: "Amordaçada, estropiada, a linguagem da música deixa de falar por si. Mal a gente mergulha no universo do indizível, logo a palavra irrompe, banal e intrusiva, liquidando a experiência musical. Bombardeiam-nos com comentários fúteis ou pormenores pitorescos, observações a despropósito, erros, imprecisões".

Mário Vieira de Carvalho remonta o retrocesso a 2003. O que significa que, quando secretário de Estado, o estado da Antena 2 já era o que aponta. Apesar de estar de acordo com o que escreve (o meu rádio permanece em silêncio, numa hora em que eu o tinha sempre ligado), questiono se, da parte dele, não há qualquer sentimento de culpa por nada ter feito quando teve poder político?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

PINTURA DE LUZIA LAGE


A exposição temporária patente no Museu Municipal de Coimbra (edifício Chiado) é de Luzia Lage e tem o nome de "Do Princípio ao Presente". Pode ser vista até 17 de Janeiro de 2009.

Pintura figurativa, onírica, de culturas miscigenadas que lembram os murais da pintura mexicana, em cores ocres e sanguíneas, representando frequentemente meninas-mulheres no trabalho e na reflexão mas também pares entrelaçados, pássaros e flores, histórias do imaginário popular e algumas naturezas mortas. A sua obra possui um traço feminino delicado, raramente relacionado com a violência.

Luzia Lage nasceu em Lisboa e tem o curso de desenho e pintura do IADE. Para apreciar a sua obra, ver o sítio Palpura.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE MEDIA E DESPORTO

A realizar na Universidade Católica Portuguesa, nos dias 22 e 23 de Janeiro de 2009. Para saber mais, ver o blogue Conferência Internacional: Media e Desporto .

domingo, 14 de dezembro de 2008

EXPOSIÇÃO DE ANA PIMENTEL

Flowers & Champagne é o título da exposição de Ana Pimentel na Galeria Sete, em Coimbra. Realizadas em 2008, as pinturas de Ana Pimentel cooperam com colagens, de cores alegres e com efeitos de calor e luz. São obras que reaproveitam matérias num estilo de artesanalidade urbana e em cruzamento de culturas e de memórias (de viagens, de lugares, até de cheiros). Há temas que ela aborda e volta a referir: círculos, arquitecturas, espaços livres, grafismos, em oposições e em complementaridades.


(obs: a imagem inferior foi feita à fachada da galeria antes da inauguração da exposição)

Por uma razão de saúde, a Ana Pimentel não pôde estar presente na inauguração da exposição. Desejamos-lhe uma rápida recuperação.

COIMBRA

sábado, 13 de dezembro de 2008

AINDA O FUTURO DA RÁDIO (I)

Em mensagem colocada um pouco abaixo desta, com data de ontem, repercuti o trabalho de doutoramento de João Paulo Meneses. Do que li da sua tese, ele mostra muita apreensão relativamente ao meio rádio.

Retiro algumas ideias do seu trabalho: 1) surgimento de uma geração que exige e lidera o consumo activo, 2) concorrência na escuta de música, com a digitalização a permitir serviços alternativos de distribuição de música, seleccionada pelo consumidor e já não dependente de playlists decididas por outros, 3) ouvinte dá lugar ao consumidor. Ele refere ainda ameaças vindas de outros meios, como o telemóvel.

Não posso deixar de especular sobre o que João Paulo Meneses escreveu, no sentido de que argumentos diferentes conduzem a polémicas e produzem conhecimento. Recorro a exemplos da história: 1) ouvintes tornadas consumidoras desde a década de 1930 devido ao patrocínio de fabricantes de detergentes nos programas de maior audiência, as radionovelas, 2) gostos definidos em anteriores gerações, caso da geração FM saída da década de 1960, quando as emissoras começaram a passar música rock e pop, dos Estados Unidos a Portugal, 3) emergência antiga das playlists, que vêm da rádio de onda média e passaram para o FM, 4) uso do gravador de som, que foi, da década de 1960 para a década de 1970, um meio poderoso de alternativa à rádio enfadonha desse período, 5) na segunda metade da década de 1980, as rádios piratas renovaram a paisagem estética e política do meio, 6) o ouvir rádio FM no telemóvel na segunda metade da década de 1990 significou o abandono da actividade unifuncional inicial deste aparelho, caminhando para multiplataforma, sem perda da ideia de rádio, 7) o uso do iPod na presente década implica tempo para registar e renovar os stocks de música, disponibilidade que se reduz quando os jovens entram no mercado de trabalho, como indicam os sucessivos estudos de consumo cultural ao longo dos últimos 30 anos, para não falar nos estudos de Lazarsfeld publicados no final da década de 1940 como fiz alusão em texto escrito anteontem).

O importante aqui é destacar essa melancolia perante a perda de impacto de um meio - a rádio de FM. Porque a rádio de AM (ondas médias) já desapareceu do nosso panorama e não se reflecte porque ela desapareceu (ou perdeu o quase total impacto). Já aqui escrevi sobre isso - e gostaria de voltar, um dia e com mais profundidade. Além disso, e do que li do trabalho de João Paulo Meneses, há o colocar muito peso nas decisões da geração mais nova (a dos 20 anos? a dos 30 anos?), responsabilidade possivelmente excessiva. Se o futuro disser que a geração iPod modelou o mundo, aceitarei o veredicto. Mas se falhar, o que diremos?

Além de tudo, gostaria que a habitual análise do meio chamado rádio fosse feita com um menor peso de determinismo tecnológico. O mesmo se aplica ao estudo da televisão e dos jornais de papel. O brilho dos gadgets inebria-nos. Primeiro foi a rádio, depois a televisão, agora a internet. Deles se falou no começo como se fossem redentores, trouxessem o conhecimento em si e a harmonia social. A compra de um aparelho não explica o impacto social, os consumos, as tendências, o futuro.

No plano de outras tecnologias, a nova tecnologia que foi o cinema ameaçou o teatro - e hoje ainda há muito teatro e públicos que enchem salas. A nova tecnologia que foi a fotografia pareceu ameaçar a pintura, a qual perdeu o lado da representação da realidade que a máquina conseguia melhor e se lançou numa das maiores renascenças da sua existência, com o cubismo, o abstraccionismo, a action painting, a pop art. Nos anos iniciais da rádio, os jornais impuseram a inexistência de noticiários para impedirem a concorrência neste sector. A televisão foi buscar os melhores actores, realizadores e estruturas de programas à rádio, como concursos, novelas, programas musicais. Claro que há movimentos, ascensão e queda dos meios, brilho e opacidade.

A meu ver, falta-nos a visão histórica, o recuo que o passado nos permite para compreender as evoluções. E o estudo sociológico do impacto das mesmas tecnologias.

AINDA O FUTURO DA RÁDIO (II)


Os últimos anos têm sido de angústia para a rádio: acaba a FM, mudam-se as frequências, avança-se para a tecnologia digital? Qual: a do DAB? Tem-se criticado a RDP por ter comprado equipamento DAB, com um custo muito elevado, e sem se avançar muito até agora. Não há receptores a preço popular, não há programas distintos dos oferecidos em FM.

Contudo, um estudo publicado no último Verão (The future of radio, pela Swedish Radio and TV Authority) dá uma visão nova ao DAB. O governo sueco quer, em três anos, um avanço significativo da distribuição digital da rádio. Pontos de partida: a rádio é um meio muito importante na preservação e desenvolvimento da liberdade de expressão, diversidade, actividades associativas, integração e acessibilidade aos meios de massa na sociedade (p. 5).

A geração mais jovem tem abandonado o meio, mas o governo sueco acha que deve haver um incentivo em termos de programação mais alargada e diferenciada, quer no serviço público quer na rádio comercial. É que, se houve quebra em termos de audiência, aumentou o consumo total do meio. Um inquérito aos consumidores suecos na Primavera de 2008 mostrou que 45% dos ouvintes querem ter novas funcionalidades nos seus receptores de rádio. Mas sabe-se que os suecos consomem de modo equivalente rádio e televisão, quando a rádio já foi o meio mais consumido e hoje há um aumento no consumo dos media em geral (p. 26).

Diversas características distinguem a rádio: gratuita, simples de usar, possibilidade de audição em qualquer lugar, quer na residência quer em transportes, permite fazer outras coisas enquanto se ouve, importante como canal de informação em ocasiões de crise e catástrofes.

Há diferentes tecnologias para transmitir a rádio digital: rede de televisão, internet, rede de telefones celulares, rede de FM. O estudo considera que a FM não tem hipóteses de crescer, pelo que outros meios de transmissão serão melhores (p. 8). E a tecnologia escolhida como mais apropriada para a rádio digital é o DAB+, um desenvolvimento do DAB inicial (Digital Audio Broadcasting), usado na Suécia desde 1995 e com protocolos técnicos idênticos em toda a Europa, podendo ir até 80 canais nacionais no espaço planeado de frequências. Outras tecnologias digitais disponíveis são HD, FMeXtra, DRM e DRM+, no campo da rádio, DVB-T, DVB-H, DVB-S, DVB-C e MediaFLO, no campo da televisão, MBMS, no campo dos telefones celulares, IP e rádio Pod em internet de banda larga.

A autoridade sueca para a rádio e televisão SRTVA identificou a melhor tecnologia atendendo às seguintes questões: de que modo a tecnologia satisfaz as necessidades dos consumidores, que funcionalidades oferece a tecnologia, com que eficiência a tecnologia utiliza o espectro de frequências existente, que condições financeiras existem para a tecnologia, como é que a tecnologia chega aos suecos, como se põe operacional a tecnologia, qual o estado de arte da tecnologia no resto da Europa (p. 22)? O relatório indica que uma tecnologia necessita de vários anos para estandardização, sendo necessário que a indústria ligada à rádio acredite que a tecnologia vai desenvolver-se no imediato e com um prazo de implementação que pode ir de 10 a 20 anos. A portabilidade é um elemento fundamental.

A tecnologia DAB é o sistema de rádio digital terrestre com maior expansão no mundo, em especial a Europa. Nos Estados Unidos, a rádio por satélite faz cobertura a nível nacional e os sistemas HD e FMeXtra cobertura regional e local, ocupando as frequências de FM e AM. O Japão escolheu o sistema RDIS (Rede Digital Integrada de Serviços) (p. 88). O sistema DRM tem sido eleito para modernizar as frequências de AM e onda curta. Entre o ano passado e 2008, diversos países tomaram a decisão de opção do DAB e/ou DAB+, como França, Reino Unido, Malta, Suíça, Austrália, Finlândia e Noruega, enquanto República Checa, Itália, Alemanha, Dinamarca e Holanda fazem testes e abrem licenças para operadores de rádio (pp. 89-90).


As diferentes tecnologias têm distintas audições de rádio conforme o quadro indicado acima (p. 44), com a escuta em FM em larga vantagem (mas o estudo não aplica o fenómento iPod, como João Paulo Meneses observa com oportunidade na sua tese de doutoramento). Curiosamente, a audição da rádio em casa e no automóvel têm a mesma percentagem (79%), com 49% os que dizem ouvir no emprego ou na escola e 6% a guardarem um programa em computador ou mp3 (p. 46) (para ver melhor, clicar em cima da imagem).


A digitalização traz questões novas, caso dos direitos de autor, em especial quando um programa corre em várias plataformas. Este é um problema não apenas na rádio mas que tem sido discutido na televisão, na imprensa e nas indústrias de jogos digitais e telemóveis (p. 39).

O estudo conclui, entre outras, com as seguintes razões: 1) necessária uma forma principal de distribuição, 2) a digitalização é um elemento imprescindível, 3) decisão de implementar a regulação e atribuir licenças, 4) criação de serviços públicos, com rádios locais e rádios comunitárias (p. 102).

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

SOBRE TERTÚLIAS EM ANTIGOS CAFÉS E OUTROS ESPAÇOS PÚBLICOS EM COIMBRA

O livro Espaços Perdidos – Coimbra, obra coordenada por João Figueira e com textos de Álvaro Vieira, Graça Barbosa Ribeiro, João Mesquita, Júlio Roldão, Lídia Pereira, Marco Carvalho e Paula Carmo, com ilustrações de Inês Murta, conta histórias das tertúlias dos cafés Arcádia, A Brasileira, Moçambique, Mandarim, Clepsidra, dos teatros Avenida e Sousa Bastos e da tasca do Pratas, em Coimbra. Uma edição conjunta da MinervaCoimbra e da Ideias Concertadas.

Vai ser lançado em Coimbra no próximo domingo, pelas 17:00, no Teatro da Cerca de S. Bernardo. E em Lisboa no dia 16, pelas 18:30, no El Corte Inglés.

CULTURA DO QUOTIDIANO EM PAUL WILLIS

Paul Willis, que vem dos cultural studies de Birmingham, tem um momento alto com o texto Common Culture (1990). Para ele, a cultura comum – gostaria de traduzir por cultura do quotidiano – diz respeito ao uso que os jovens fazem dos bens culturais e dos media culturais. Tais usos podem ser classificados nas categorias de trabalho simbólico, criatividade simbólica e extensão simbólica. Para ele, estas categorias encaixam-se analiticamente na cultura do quotidiano e utilizam as noções de trabalho, pós-modernismo, estética, cultura popular e teoria social.

O texto aqui comentado (Notes on common culture. Towards a grounded theory) segue esse livro. Por trabalho simbólico, Wallis entende que as pessoas enquanto vêem televisão estão a fazer outras coisas, fazem interacções simbólicas e físicas. Por criatividade simbólica, o autor considera que o estilo e a moda são apropriados individualmente com significados pessoais. Por extensão simbólica, ele significa que a apropriação do significado individual é transferida para outros elementos além do indivíduo.

A cultura comum, do quotidiano, distingue-se da cultura tradicional (práticas diárias e habituais) e da cultura popular (produtos). Assim, a cultura do quotidiano implica o uso criativo e com significado dos media e dos objectos de uso corrente (o vestuário, por exemplo), eliminando as noções mais velhas de cultura de classe média, popular e regional. No caso dos jovens, a cultura do quotidiano quer dizer uso das tecnologias electrónicas. Isto ilustra o quanto Willis continua próximo dos cultural studies ingleses, ele que concluiu o doutoramento em 1972 em Birmingham, no Centre for Contemporary Cultural Studies (a tese foi publicada em livro, Profane Culture, Routledge & Kegan Paul, 1978).

Paul Willis destaca outro conceito, o de estética de base (grounded aesthetics), que eu prefiro traduzir por estética do quotidiano, vista como renovação e revitalização da ideia tradicional de estética. Por um lado, a estética do quotidiano significa o uso de bens e produtos comuns e opera com ideias como descentralizar, multiplicidade e heterogeneidade, explorando novas possibilidades. Por outro lado, recupera a ideia original grega de estética, o emprego dos sentidos (e ainda da sensualidade), requerendo contacto – dança, vestuário, conversa.

Há, pois, uma nova dimensão da estética, a do quotidiano, se quisermos, utilizando o banal, o vulgar. Não sei se Willis pensou na dimensão do gosto e do kitsch, mas a sua apreciação sobre a cultura do quotidiano leva-me a aproximar estes conceitos. O novo tipo de urbanização, a perda das grandes narrativas (pós-modernidade), o descontruccionismo, as tecnologias informáticas, a chamada globalização (comércio, viagens, internet) contribuem para essa cultura do quotidiano.

Logo no começo do seu texto, Willis chama a atenção para um estudo que fez para a Fundação Gulbenkian em 1988-1992. Publicou nomeadamente Moving Culture (London, Gulbenkian Foundation, 1990).

Disponível aqui o seu texto Symbolism and practice. A Theory for the Social Meaning of Pop Music. Para saber mais do seu currículo, ver aqui.

Leitura: Paul Willis (1998). "Notes on common culture. Towards a grounded theory". Cultural Studies, 2: 163-176

PARABÉNS, MANUEL PINTO, PARABÉNS, HELENA SOUSA

Por essa ordem pois foi assim que fizeram, em dias seguidos, provas de agregação na Universidade do Minho, de onde são docentes. Ler, para o efeito, o blogue Jornalismo e Comunicação, nos dias 4 e 5 para o Manuel Pinto e nos dias 11 e 12 para a Helena Sousa. Imagino que as suas provas foram brilhantes.

Parabéns a ambos.

DISSERTAÇÃO SOBRE INDÚSTRIAS CULTURAIS

Dora Santos Silva vai fazer as provas públicas de mestrado na Universidade Nova de Lisboa com a dissertação intitulada A cultura no jornalismo cultural. Contributos para uma redefinição e ampliação do jornalismo cultural português, no contexto das indústrias culturais e criativas. Com orientação do trabalho pela professora Lucília Marcos, a prova está aprazada para 6 de Janeiro de 2009, pelas 14:30, naquela universidade.

A autora da dissertação esteve presente no recente encontro de blogues, em 14 de Novembro último, onde a sua comunicação abordou o tema, e do qual se podem encontrar ideias neste blogue aqui e aqui.

TESE DE DOUTORAMENTO SOBRE RÁDIO

Com o tema O consumo activo dos novos utilizadores na Internet: ameaças e oportunidades para a rádio musical (digitalizada), João Paulo Meneses é um novo doutor, após as provas públicas prestadas em Pontevedra (Espanha).

Gentilmente, o novo doutor, que eu saudo através deste meio, forneceu-me um resumo (grande), de onde eu tirei algumas conclusões, e que partilho aqui. Ele parte do princípio que ouvir notícias ou informação na rádio, por exemplo no carro ou enquanto se toma banho, é ainda insubstituível. Mas os anos mais recentes trouxeram alternativas que imitam o que a rádio faz (distribuir música de uma forma fácil, em grande quantidade) e até com ganhos, alternativas que são digitais.

Daí que Meneses considera que a rádio está perante uma tripla crise: de conceito, de negócio e de modelo, que a pode tornar obsoleta, por desinteressante. Depois, ele trabalha muito o destinatário dos serviços musicais on demand, consumidor activo (interactivo). Afirma mesmo que a geração iPod é um protótipo das novas gerações de utilizadores. Isso articula-se com o que João Paulo Meneses indica haver condições (humanas e tecnológicas, sobretudo) para criar um novo tipo de consumo mediático, com fortes implicações num novo modelo da rádio.

Se o fluxo sincrónico - a que chamamos rádio - vai continuar a existir, embora com perda de importância, vai surgir uma oferta mais ampla que segue os interesses dos consumidores activos de música. Um dos destinos da rádio é a sua transformação, independentemente daquilo que foi no passado. Como grande conclusão, não há apenas a rádio para fazer o que antes apenas a rádio fazia, mas nascem novos meios musicais, que tendem a apresentar vantagens sobre a rádio.

João Paulo Meneses é jornalista na TSF e docente no ISLA. Publicou o livro Tudo o que se passa na TSF.

ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA EM LISBOA

Anteontem, no jornal Público (ver aqui, se ainda estiver disponível online), foi publicada uma opinião de um conjunto de cidadãos de Lisboa sobre as Grandes Opções do Plano 2009/2010 (ver documento aqui). Não conheço os motivos para além dos que estão expressos no documento publicado (cidadãos independentes de partidos políticos? Ou integrantes em partido de oposição ao da actual maioria camarária?), mas vale a pena reflectir nele, dada a pertinência.


Um dos assuntos tratados no artigo de opinião diz respeito ao Plano Estratégico da Política Cultural, a desenvolver por um centro de estudos do ISCTE - e sobre o qual escrevi aqui. Para os subscritores da carta de opinião, o que existe é "a criação de um 'site’ e fazer sessões brainstorming em torno da Cultura, copiando Barcelona (já chega de tanta decalcomania…)". Da parte dos subscritores da carta, objectivos críticos do que se propõe nas Grandes Opções do Plano, isto parece pouco. Embora partilhe da opinião que fazer um sítio poderá não ter grande efeito - além da qualidade estética discutível e da quantidade e importância da informação do mesmo.

Contudo, mais à frente na mesma carta, lê-se: "Estratégia Cultural seria apostar forte de facto nas indústrias criativas e nas 'incubadoras de empresas’ (que melhor local para isso do que a Baixa?) através de parcerias comprovadamente de mais-valia [...]. Ou incrementar a fidelização de públicos para o cinema, teatro, artes plásticas e para o livro. Como? Acabando com a programação ad hoc nas suas próprias salas de espectáculo, definindo critérios (por ex., fazendo adaptar as produções às salas e não o contrário, promovendo contratos por objectivos, extinguindo mordomias); apostando forte numa rede de salas de excelência – Taborda, São Luiz, Maria Matos, Paris, Belém Clube, São Jorge, Capitólio, Tivoli, Odéon e Animatógrafo do Rossio –, definindo públicos alvo e pugnando pela não adulteração do património. Ou apostar numa rede saudável e em regime de 'roulement’ de ateliers de artistas, o mais abrangente possível, de artes e ofícios mas também do ponto de vista geográfico. Isso e a abertura de bibliotecas em vez de condomínios ou hotéis ad hoc. O Terreiro do Paço ou o Palácio Pombal seriam os melhores locais para, por ex., uma extensão da Biblioteca Nacional, uma biblioteca sobre o terramoto ou um museu dedicado a Pombal".

Isto é muito interessante, podendo mesmo ser usado pela equipa do ISCTE que está a desenvolver o plano para a política cultural. Aliás, eu não sei se, numa das mesas do encontro de 22 de Novembro passado, esses assuntos foram discutidos. Valeria a pena ler no mesmo Público a perspectiva da equipa do ISCTE, pois há nomes de qualidade nela a trabalhar. A equipa do ISCTE projectou reuniões a decorrer este mês e Janeiro próximo. Já há novidades quanto a isso? E já foram feitas conclusões quanto à reunião de Novembro? Não me parece.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PARABÉNS, MANOEL OLIVEIRA

Primeiras páginas dos jornais Jornal de Notícias e Público, com chamadas de atenção para os cem anos de vida do realizador português.

ARAB PRESS NETWORK

Para conhecer mais notícias do mundo árabe, procurar no sítio Arab Press Network.


Lendo o sítio, fica-se a conhecer que será discutido o papel único dos blogues no 3º Fórum da Imprensa Livre Árabe, a ter lugar em Beirute (Líbano) nos próximos dias 12 e 13 de Dezembro. Ver a notícia completa aqui.

PRODUÇÃO DE FICÇÃO ENTRE A TELEVISÃO PÚBLICA PORTUGUESA E O BRASIL

Uma notícia de anteontem do sítio Tela Viva indica que a RTP quer produzir ficção com o Brasil, preferencialmente séries de ficção, embora esteja disponível para outros formatos, como documentários.

Assinala ainda a notícia que, dada a sua ligação afectiva às antigas colónias em África, a televisão portuguesa será uma das principais articuladoras do programa DocTV CPLP, a realizar ao longo de 2009.


[obrigado a Fernando Paulino, pela dica]

LAZARSFELD (E FIELD E KENDALL) SOBRE CINEMA E RÁDIO

Não é difícil perceber o facto de os fãs do cinema se acharem entre a geração mais jovem. Adolescentes e jovens adultos são as pessoas com menos responsabilidades pessoais e sociais, e que têm mais "noites livres". E como os jovens estão ainda a desenvolver objectivos intelectuais, uma noite livre pode ser gasta com o cinema ou outra actividade qualquer. A ida ao cinema é uma actividade social (mais que a leitura de revistas, por exemplo), através da qual os jovens fazem contactos que são fundamentais para eles. Qualquer que seja o conteúdo do filme, a experiência de ver um filme desempenha um papel importante na vida quotidiana dos jovens.

Os dados da investigação nada dizem quanto ao tempo que as pessoas gastam a ler os jornais diários, mas se tomarmos a leitura de jornal como padrão, a audição da rádio não oferece distinções. Há, porém, um facto óbvio: durante o dia a maioria dos homens está a trabalhar e a maioria das mulheres casadas estão em casa. Assim, as mulheres podem mais facilmente ouvir a rádio durante o dia, e é isso que geralmente fazem. Devido a isso, os investigadores mudam uma conclusão anterior ao afirmar que a distinção sexual é uma característica destacável na audiência da rádio. Mas esta diferença é devida aos horários de recepção por parte de homens e mulheres, e não a características inerentes ao meio.

A lista de programas analisados contém quatro itens musicais: clássica, semi-clássica, popular, country. Os gestores das estações interessam-se por estabelecer uma linha musical na sua programação capaz de dar gratificação psicológica semelhante, de modo a não haver transferência de audiência ao fim de cada quarto de hora ou meia hora. Isto sem pôr em causa que os gastos e as preferências são dependentes parcialmente de circunstâncias externas. Por exemplo, os programas educativos têm sempre níveis baixos de audiência.

Estas conclusões foram publicadas em 1948, no segundo livro que Lazarsfeld publicou em conjunto com outros investigadores (abaixo identificado). Claro que, vistas de hoje, essas conclusões têm uma marca do tempo: por exemplo, as mulheres entraram no mercado de trabalho e, por isso, não têm uma distinção de audiência face aos homens. Mas os consumos dos jovens adultos face aos mais velhos ainda se mantêm. O que quero aqui chamar a atenção é para as constantes ao longo das décadas e para as metodologias, em que Lazarsfeld foi pioneiro.

Leituras: Harry Field e Paul Lazarsfeld (1946). The People Look at Radio. Chapel Hill: University of North Carolina Press
Paul Lazarsfeld e Patricia Kendall (1948/1979). Radio Listening in America. The People Look at Radio - Again. Nova Iorque: Arno Press

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

COMO MEDIR A EFICÁCIA DO AUMENTO DE ACESSOS ÀS PÁGINAS DA INTERNET DAS EMPRESAS DE MEDIA?

Rory Brown, do blogue com o seu nome, escreveu anteontem, dia 8, um texto sobre qual o valor do tráfego da internet no caso específico das empresas de media.

Participante num seminário sobre o tema algum tempo atrás, ele ouviu Julian Sambles, do Telegraph Media Group contar como, desde que o grupo introduziu uma equipa de desenvolvimento de audiência - equipa interessada em levar conteúdos aos leitores através do marketing de máquinas de procura pela internet e interacção com os media sociais (redes sociais). Após a introdução dessa estratégia no Verão de 2007, houve um aumento de 300% em 14 meses em termos de visitantes únicos. O mesmo poderíamos dizer do Público, que ainda recentemente colocou um banner na sua página da internet, referindo um aumento muito significativo dos acessos à sua página, uma excelente notícia.

A questão central, refere Brown no seu blogue, é retirar as vantagens desse crescimento, pois parece evidente a todos que o investimento publicitário no online é para crescer muito. Brown diz mesmo que os grupos de media devem aprender com os seus primos do B2B (comunicação parceiro a parceiro), e que eu entendo ser necessário fazer benchmarking (seguir as boas práticas) de outros tipos de empresas comerciais. E depressa, assegura. É preciso capturar informação sobre estes leitores extra e dar-lhes meios de comunicação num ambiente multi-plataforma de modo a que a publicidade cresça mas não seja o principal rendimento a retirar daí. Conferências, formação, lojas, secções patrocinadas, programas a vender a outros canais de comunicação, livros e reportagens pagas, exposições - porque não? Isto para atrair mais profundamente os novos leitores.

Em Portugal, a experiência do Público (online) deve ser estudada, pois me parece ser um bom caminho a seguir. Até há muito pouco, não percebia a aceitação livre de comentários nas notícias de última hora, dada a frequente baixa qualidade e, mesmo, o roçar a boçalidade ou a opinião mais sectária, mas o facto de espreitar e deixar um comentário pode criar hábitos. Que passam pela formação de uma opinião pública mais vasta e imaginativa (sentido cívico) e à descoberta de outras facilidades e produtos (sentido comercial).

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

LIVRO DE TIAGO BAPTISTA APRESENTADO AO PÚBLICO

Foi hoje ao final da tarde, na livraria Pó dos Livros (rua do Marquês de Tomar, em Lisboa), que foi apresentado o livro de Tiago Baptista, A Invenção do Cinema Português. João Bénard da Costa encarregou-se de o apresentar. Foi uma conversa agradável, em que Bénard da Costa destacou a importância do cinema português, apesar de um livro seu ter levado o título O Cinema Português Nunca Existiu e que Tiago Baptista repega na introdução, que tem a designação "O Cinema Português Sempre Existiu". Foi oportunidade para o director da Cinemateca discorrer sobre quem gosta de cinema português e quem não gosta de cinema português, sempre em nítida oposição de perspectiva entre "o cinema de comédia dos anos 40 é que era bom" e "o cinema de Oliveira é chato" ou o "cinema de Oliveira e de Pedro Costa tem repercussão nos festivais e nos circuitos internacionais de cinema" mas não o filme "O crime do padre Amaro".


Na mesa: à esquerda, João Bénard da Costa, director da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema; ao centro, o autor; à direita, Inês Hugon, directora de produção da editora Tinta da China.



[obs: as minhas desculpas ao Dr. João Bénard da Costa, por, no vídeo, o ter escondido atrás do livro exposto na mesa; amador que sou, a posição em que me encontrava não era a melhor]

LISBOA VELHA

O edifício fica perto do Campo Pequeno (Lisboa), zona outrora rodeada por fábricas de cerâmica, como ainda se observa pela chaminé deixada junto ao edifício central da Caixa Geral de Depósitos. Faria parte de um bairro operário, junto à linha ferroviária e à estação de Entrecampos, mas está muito depauperado, com quase todas as habitações sem população. Pela porta de entrada para o bairro operário (vila), enxerga-se muito lixo, indício de demolições. Aliás, o prédio não está em linha com outros edifícios da rua, mais recuados urbanisticamente. Ao lado dele, uma associação deixou o espaço e foi-se instalar no novo edifício da junta de freguesia. Sinais de um tempo fabril e operário que se apagam.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

EXPO COLECTIVA O NOSSO BAIRRO

Foi inaugurada hoje ao fim da tarde a exposição de pintura O Nosso Bairro, na livraria Círculo das Letras, à rua Augusto Gil, em Lisboa. A exposição, como o nome indica, mostra pinturas de pessoas que vivem e trabalham nas freguesias de Alvalade e S. João de Deus.

CONCURSO DE BLOGUES PROMOVIDO PELO EJC

Para 2009, o European Journalism Centre (EJC) vai lançar o concurso de blogues (European Blogging Competition 2009), sob o tema TH!NK ABOUT IT.


O foco são as eleições para o Parlamento Europeu de 2009. O EJC quer oferecer uma plataforma para estudantes de jornalismo, aspirantes a jornalistas e blogueiros que pretendam expressar as suas perspectivas em temas europeus, assim como a cobertura das eleições. Nesse sentido, o Centro Europeu de Jornalismo convida a visitar o sítio TH!NK ABOUT IT para obter mais informação.

Os participantes registados terão uma viagem gratuita a Bruxelas para assistir ao arranque do evento em Janeiro de 2009. Podem editar entre Janeiro e Junho em publicações europeias online. No final do concurso (Junho de 2009), os participantes receberão um certificado de trabalho jornalístico, havendo prémios para as melhores mensagens dos blogues.

O MAU USO DOS MICROBLOGUES

A BBC admitiu um erro ao usar fontes do Twitter, segundo notícia do sítio techradar.com (J. Mark Lytle), de ontem, o que põe em causa a qualidade e exactidão dos microblogues.

Este fim-de-semana, o pilar da respeitabilidade da BBC foi questionado. Isto porque o canal público inglês terá seguido as informações incorrectas de uma fonte do Twitter que cobriu os recentes ataques bombistas a Mombaim (Mumbai). Deveria ter havido confirmação e posterior reportagem no local, disse o editor online Steve Herrmann.

A rapidez dos acontecimentos e a necessidade de dar informação de um incidente muito grave levou a BBC a não seguir os critérios de rotina de checar fontes e acontecimentos.

SOBRE A SOCIOLOGIA DO JORNALISMO


Na sociologia do jornalismo, há duas correntes distintas. A primeira, liberal-pluralista, indica que o mercado tem mecanismos de correcção e que as notícias são produzidas livremente, isto é, os jornalistas podem publicar as notícias mais incómodas num ou noutro meio de comunicação. A segunda, radical, diz que as empresas de jornalismo são capitalistas e os jornalistas nunca conseguem escrever livremente, condicionados por recursos financeiros ou por pressões vindas externamente ou da própria direcção do meio. Alguns investigadores, nomeadamente os oriundos do universo anglo-saxónico têm produzido uma terceira corrente, em que celebram as vantagens das duas posições anteriores: nem sempre o mercado resolve as contradições, pois se verifica uma pressão dos poderes (político, económico), mas existem forças de equilíbrio devido à presença de meios de comunicação em concorrência permanente.

José Pacheco Pereira (Público, 6 de Dezembro) tem uma visão que oscila entre a segunda e a terceira posição. No texto em apreço, ele parte de um acontecimento (2º Encontro Nacional dos Centros Novas Oportunidades) para constatar a manipulação noticiosa. No caso, e apesar da não prevista, a intervenção do Primeiro-Ministro foi o centro das notícias televisivas. Embora Pacheco Pereira veja como muito positivo o arranque da iniciativa das Novas Oportunidades, a sua presença nesse acontecimento permitiu-lhe observar como se passa a recolha e produção noticiosa. Após a intervenção do Primeiro-Ministro, os jornalistas foram-se todos embora, o que levou o historiador e articulista do Público a acrescentar à sua comunicação uma referência à politização e governamentalização da iniciativa.

O peso da pressão política sobre os media e sobre os jornalistas é o mote da entrevista de Rosa Pedroso Lima feita a Luís Miguel Viana, director de informação da Agência Lusa (Expresso, 6 de Dezembro). A Lusa tem vários sócios, entre os quais o Estado, com 50% de capital, pelo que é previsível os "telefonemas dos gabinetes" ministeriais. Viana desvaloriza, dizendo que a pressão é igual em outros locais onde trabalhou, como o Público e o Diário Económico: "Não há mudança de padrão naquilo com que ligo agora em relação àquilo com que lidei nos últimos 20 anos". Se a jornalista que entrevista insiste na pressão, o jornalista entrevistado nega. Sobre o tema que tem empolado a discussão em torno da isenção e objectividade da agência - 0,1% do crescimento económico é visto pela agência como crescimento enquanto outras perspectivas apontam para a estagnação - o jornalista acha inatacável a primeira posição.

A entrevista vem, se quisermos, dar razão a Pacheco Pereira, quando este fala em pressão. Mas a pressão é sempre exercida, reafirma Luís Miguel Viana. A conclusão aponta para uma relação entre fontes poderosas e jornalistas como de equilíbrio muito instável e a pender com frequência para o lado das fontes. O exercício do jornalismo livre e independente é uma busca permanente. Isso faz-se com jornalistas conhecedores e fortes, sem o cutelo da precariedade de trabalho que está na base de muitas das contradições apontadas por Pacheco Pereira, apoiados em organizações jornalísticas com uma linha editorial coerente e saúde financeira quer na venda de exemplares ou audiências e na publicidade associada aos seus produtos mediáticos.

Uma das possibilidades de revitalizar a independência é o surgimento de novos meios, nomeadamente na imprensa (apesar dos anos mais recentes terem mostrado uma perda de influência dos media impressos). Uma proposta recente é a revelação do lançamento de um jornal diário em 2009, pertencente ao grupo económico Lena. Martim Avillez Figueiredo (em entrevista a Anabela C. Campos, Expresso, 6 de Dezembro) demarca-se da etiqueta "colado ao PS", o actual partido no poder político, ao defender que o seu projecto é "um jornal preocupado em trazer para as suas páginas e para o online opiniões e escolhas editoriais que ponham as pessoas a pensar". O jornal do grupo Lena procura o público-alvo ocupado pelo Público, classe exigente em investir em informação, mais a sul que a norte.

A entrada desse novo jornal traz uma maior competitividade ao meio da informação. Pegando em conceitos de Pierre Bourdieu, o campo social passa a ter mais agentes sociais que provocam uma adaptação do campo e o estabelecimento de novos equilíbrios. O combate à rotina favorece, ainda que indirectamente, a liberdade e a produção de ângulos diferentes nas notícias. Mas não podemos esquecer factores como a concorrência (que pode desencadear o uso de notícias leves e sensacionalistas para vender), a descapitalização (proveniente da actual crise e que conduz a realinhamentos com o poder de serviço, como indicam as palavras de Eduardo Cintra Torres sobre a SIC no seu último artigo no Público, 5 de Dezembro), a existência de jovens jornalistas (com contratos precários e ainda sem uma forte cultura jornalística) e os baixos níveis de literacia do país, que levam a maioria a consumir produtos mais frágeis de informação (publicações sobre televisão ou futebol) e a mantém alheada do espaço público e político das ideias.

domingo, 7 de dezembro de 2008

NA MORTE DE ALÇADA BAPTISTA

O escritor e jornalista António Alçada Baptista morreu hoje em Lisboa, aos 81 anos (nasceu em 1927). De entre outras actividades, foi director de O Tempo e o Modo (1ª série), autor de livros como Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus (1971), Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança (1982) e Os Nós e o Laços (1985) e defensor da liberdade e dos direitos do homem. Retiro da notícia do Público a imagem do "escritor de afectos", "com uma sensibilidade feminina", como um dia disse de si mesmo.

LANÇAMENTO DO LIVRO DE TIAGO BAPTISTA

Vai ser no dia 9, pelas 18:30, na Livraria Pó dos Livros, à rua Marquês de Tomar, 89 A, Lisboa. O apresentador vai ser João Bénard da Costa, director da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema. O livro chama-se A Invenção do Cinema Português.

SANTOS (LISBOA) - UM BAIRRO CRIATIVO


"Criar um laboratório dedicado à produção e mostra de design, promover a recuperação do Jardim Nuno Álvares e disponibilizar Internet sem fios nas ruas e esplanadas são alguns dos projectos da Associação Empresarial do Bairro de Santos. Após três anos de actividade, a associação orgulha-se de ter colocado a zona no mapa como «cluster do design», mas lamenta a falta de apoios públicos", lê-se no Público de hoje em artigo escrito por Inês Boaventura.

Gustavo Brito é o presidente do Santos Design District, com quinze associados e outros parceiros como restaurantes, museus e o teatro A Barraca. O mapa abaixo, que retirei da edição do jornal Público, exemplifica melhor a importância deste bairro criativo (para ver melhor, clicar em cima da imagem). Sem ordem de preferência ou hierarquia, enuncio algumas das entidades ali presentes: museus (Museu da Marioneta, Museu das Comunicações, Museu Nacional de Arte Antiga, Centro Português de Serigrafia), (escolas superiores e de formação ligada à arte e tecnologias (Universidade Autónoma, IADE, ETIC), Livraria Guarda Mor e Teatro A Barraca.

PINTURA DE ANA PIMENTEL NA GALERIA SETE (COIMBRA)

A partir de 13 Dezembro (21:30) e até 17 de Janeiro de 2009, Ana Pimentel expõe, na Galeria SETE (Av. Elísio de Moura,53, Coimbra), um conjunto de obras subordinadas ao título Flowers & Champagne.

Do texto de apresentação da exposição, lê-se: "A partir de um elaborado e organizado processo de trabalho, a Obra de Ana Pimentel incide na ligação entre Arquitectura e a Natureza. A Arquitectura foi sempre um elemento central na construção da sua Obra, sendo indissociável desta, o conceito de Tempo e de Identidade. A Arquitectura, como elemento que molda a nossa vida quotidiana e que qualifica o espaço construído em que nos movemos, sendo aqui o elemento tempo essencial para a sua percepção. A Identidade dos Espaços físicos ou sensoriais surge na Obra de Ana Pimentel, associada a elementos comuns que constituem com o passar do tempo, também eles elementos da nossa própria Identidade, na medida em que nos apropriamos deles. Sejam essas referências, o cheiro de uma flor, a memória de um Lugar, o toque distinto de um bordado, o sabor de um fruto, ou o som de um Espaço".


Ana Pimentel vive e trabalha no Porto. Ao longo do seu percurso, recebeu diversos prémios e distinções, como o 1º Prémio SOCTIP, Jovens Pintores (1991), o 1º Prémio GALP do Instituto Superior Técnico de Lisboa (1991), Prémio Aquisição BP OIL EUROPE (Bruxelas 1992), Prémio VESPEIRA (1993), Prémio IBERDROLA (Espanha 1994), Prémio MDS/ SONAE (2000), Menção Honrosa Prémio MACAU de Pintura (Macau 2001), Prémio ESPECIAL do JÚRI (Marinha Grande 2004). Este ano, realizou uma exposição Individual na ISM Gallery (Miami) e integrou exposições colectivas na Primo Piano Gallery (Lecce, Itália) e na Galerie Denise Van de Velde (Aalst, Bélgica).

FOTOGRAFIAS DE CARLOS ROMÃO

Estas duas imagens mostram paisagens de Ervedosa do Douro, S. João da Pesqueira, e foram tiradas por Carlos Romão, do blogue Cidade Surpreendente, a quem agradeço autorização para reprodução. Este blogue é uma permanente e agradável surpresa.