O 1º CIMODE - Congresso Internacional de Moda e Design vai realizar-se em Guimarães, entre 5 e 7 de novembro. O call for papers está aberto até 15 de abril.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 30 de março de 2012
quinta-feira, 29 de março de 2012
Guerra de audiências
A TVI comunicou hoje à GfK e associados da CAEM - Comissão de Análise de Estudos de Meios que não reconhece a validade dos dados produzidos pelo seu painel, pelo que volta ao painel da Marktest. Em 13 de Fevereiro, a TVI votou na CAEM contra a entrada em vigor do sistema de medição de audiências da GfK por entender que a amostra da painel não garantia a representatividade demográfica da população portuguesa. A RTP teve a mesma atitude e manifestou isso de modo enérgico nas últimas semanas, enquanto a SIC e os operadores de televisão por cabo apoiaram o trabalho da GfK.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Conferências sobre jornalismo
Como anunciado muito recentemente, o grupo Fórum de Jornalistas vai promover conferências sob o tema "Jornalismo em tempo de crise", a ter lugar na Casa da Imprensa, à Rua da Horta Seca, nº 20, em Lisboa. Assim, a primeira conferência vai decorrer no próximo sábado dia 31 de março, a partir das 14:45. O tema central é a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação. José Azeredo Lopes, José Manuel Fernandes, Pedro Norton, Pedro S. Guerreiro, André Freire Andrade, Francisco Pinto Balsemão e Rui Borges estarão presentes com intervenções. As duas outras conferências acontecerão em 14 de abril e em 26 de maio no mesmo local e hora de início. No vídeo, o jornalista Rui Peres Jorge apresenta as principais linhas das conferências. Ver mais em http://forumjornalistas.wordpress.com/.
terça-feira, 27 de março de 2012
Queima do Judas em Vila do Conde
Está à porta mais uma edição da Queima do Judas de Vila do Conde, este ano inspirada na vida e na obra do escritor José Régio, enquanto nome emblemático da literatura e da poesia portuguesa e como espelho das memórias e da identidade das gentes da cidade.
Um cortejo de personalidades dirige-se para tribunal. "Não pagou!", alega o Dr. Ambrosino, advogado do diabo, enquanto do outro lado Angelino se apresenta como seu defensor. Tudo vai a julgamento para Zé-Maria, gente do povo, acusar e defender. Só a suprema Justiça decidirá se há poesia que o possa salvar… e quem, com o Judas, deverá arder.
A Queima realiza-se a 7 de Abril e é a sua 7.ª edição, decorrendo no espaço exterior do Centro de Memória de Vila do Conde. A Queima do Judas é uma iniciativa da associação cultural Nuvemvoadora e conta com apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde.
Um cortejo de personalidades dirige-se para tribunal. "Não pagou!", alega o Dr. Ambrosino, advogado do diabo, enquanto do outro lado Angelino se apresenta como seu defensor. Tudo vai a julgamento para Zé-Maria, gente do povo, acusar e defender. Só a suprema Justiça decidirá se há poesia que o possa salvar… e quem, com o Judas, deverá arder.
A Queima realiza-se a 7 de Abril e é a sua 7.ª edição, decorrendo no espaço exterior do Centro de Memória de Vila do Conde. A Queima do Judas é uma iniciativa da associação cultural Nuvemvoadora e conta com apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde.
segunda-feira, 26 de março de 2012
A rádio segundo António Cagica Rapaz
O enérgico e sorridente Eduardo aplicava duas argoladas na porta, invariável e ruidosamente, às sete da manhã. A minha mãe ficava com o leite e, depois de deixar o fervedor na cozinha, acendia a telefonia. Assim começava o dia com o “Talismã”, o seu programa da manhã, produzido pelo Gilberto Cotta. Ao microfone, Armando Marques Ferreira, António Miguel e Dora Maria. Das sete às oito e meia, com segunda sessão das dez ao meio dia. Pelo meio ficava a “Onda do Optimismo”, com o Jorge Alves. Tudo no Rádio Clube Português. Às sete e meia, ia para o ar um folhetim mais assustador do que as argoladas do Eduardo, a cargo da Manuela Reis que interpretava todos os papéis, fazia todas as vozes, homem, mulher e criança, narrava e dava corpo sonoro às personagens. Eram histórias aterradoras que eu ouvia de longe, do fundo da minha cama... Mas os primeiros ecos da telefonia são anteriores, situam-se na taberna da minha avó, com os “Companheiros da Alegria”, o Zèquinha e a Lélé, o Vasco Santana, o Igrejas Caeiro, a Elvira Velez. E os fados! Os fados, na rua dos Pescadores, reconfortavam, ajudavam a esperar o fim do vendaval, a aceitar a fatalidade do destino, e iluminavam as noites quentes de Verão, sardinha assada e fogareiro à porta. Até o mar se calava para ouvir a Amália...
Quando mudámos para a rua da Fé, a telefonia passou a ser a do Chico da Cooperativa, com os relatos de futebol e, sobretudo, a magia das transmissões de hóquei em patins, os torneios de Montreux, na longínqua Suíça. Era a vibração apaixonante do Artur Agostinho e do Amadeu José de Freitas, os golos de Portugal contra a Espanha, tanta emoção e paixão. A nossa imaginação fervia, tínhamos de dar um rosto, um corpo àquelas vozes cujos donos ninguém conhecia. Era o fascinante sortilégio da Rádio... Já na rua Monteiro, o Manel Estêvão convenceu o meu pai a comprar uma telefonia Philips, a prestações, com letras assinadas por mim, com a caligrafia insegura dos oito anos e que poucas melhoras regista desde então.
No quadro das estações, da esquerda para a direita, lá estavam a Rádio Voz de Lisboa, a Rádio Graça, os Emissores Associados de Lisboa, o Clube Radiofónico de Portugal, a Rádio Renascença, o Rádio Clube Português e as duas Emissoras, a 2 e a 1 que transmitia com Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Guarda, na banda dos 47 metros. Nos emissores pequeninos de Lisboa, havia, ao sábado de manhã, para os miúdos, o “Comboio das Seis e Meia", do José Castelo, que veio muitos anos para Sesimbra e era amigo do meu pai. Certa vez, num concurso de desenho, ganhei duas grandes caixas de chocolates Regina graças ao talento da minha tia Lucinda e ao descaramento com que assinei o bilhete postal, com uma letra ainda mais incerta do que era habitual. A fraude já prescreveu, espero bem...
Na Emissora, gostava de ouvir o “Jornal Sonoro”, os relatos de futebol e, sobretudo, o teatro radiofónico que ia para o ar às nove e meia da noite, repetindo no dia seguinte à uma e meia da tarde, mal acabavam as aventuras do Patilhas e do Ventoinha, parodiantes do Rádio Clube Português. As vozes mágicas do teatro pertenciam a Eunice Muñoz, Carmen Dolores, Rogério Paulo, Raúl de Carvalho, Rui de Carvalho, Canto e Castro e outros. Samuel Diniz ensaiava. Na mesma Emissora, ao sábado, às sete da tarde, depois do banho, era o programa infantil da Maria Madalena Patacho, com realização do Castela Esteves, as Aventuras do Zé Caracol.
Mas o Rádio Clube Português era a estação que mais ouvíamos, o “Talismã”, os “Parodiantes de Lisboa”, o Lança Moreira, o senhor Messias, as cavernosas “Lendas da Nossa Terra”, do Gentil Marques, os sublimes diálogos do sempre imitável mas nunca igualável Olavo d’Eça Leal. A mana Maria Helena tinha a mais bonita voz da nossa Rádio, a meu gosto. À boca da noite, enquanto esperava o meu pai, ouvia o “Jornal da APA”, apresentado pelo Luís Filipe Costa e pela Tany Belo, das sete e meia às oito e dez. A seguir vinha o “Apontamento do Dia”, por Américo Leite Rosa, o mesmo do apicerum, do segredo da abelha. Os “Apontamentos” eram olhares poéticos, atentos e curiosos, sobre o quotidiano, sobre as pessoas e as coisas. Se o meu pai demorava, ainda ouvia, na Renascença, os “Cinco Minutos de Jazz”, do José Duarte, com que se atingia as nove da noite. Era o limite da minha tranquilidade vacilante, a última carreira tinha chegado há muito. A partir daí ficava mais inquieto e preocupado...
Ao sábado, às oito e meia, havia a “Onda Desportiva”, apresentada por um tal Henrique Mendes que ninguém sabia se era alto ou baixo, gordo ou magro. Alto e magro, muito magro, era um certo Alves dos Santos, mas isso só fiquei a saber muitos anos depois. Naquela altura, ele fazia, com o Fernando Pires, as “Jogadas de Antecipação” com que encerrava o programa. Ao domingo era hábito almoçarmos bacalhau com grão enquanto ouvíamos “A Vida é Assim”, de José de Oliveira Cosme. Era um programa delicioso, sem pretensões, muito caloroso e agradável, com diálogos interpretados pelo autor e pela Mary, o João e a Luísa de uma ficção que integrava os anúncios na conversa do casal. E assim apareciam, com suave naturalidade, as camisas da Camisaria Moderna, as tais que não faziam pregas no peito nem rugas no colarinho, o cafezinho da Pérola do Rossio, no Rossio 105, os chás milagrosos da antiga ervanária do largo da Anunciada, os petiscos da charcutaria Suíça e, o melhor de tudo, os candeeiros bem bonitos, modernos, originais, compre-os na Rádio Vitória, não se preocupe mais. Porque na Rádio Vitória, embaixada do bom gosto, quem lá vai é bem servido e sai sempre bem disposto. Lá na rua da Vitória, 46-48, satisfaz-se plenamente o cliente mais afoito.
Na Rádio Voz de Lisboa, havia uma locutora com uma voz muito doce que dizia, com frequência e muita, muita meiguice “Esta é a Voz de Lisboa”. Um dia, o Vítor Marques, na brincadeira, imitou-as, anunciando com requebros ternurentos “Esta é a Rádio Renascença”. Os senhores padres é que não gostaram e suspenderam-no por quinze dias... A tal Voz de Lisboa apresentava um programa muito popular, com discos oferecidos aos doentinhos dos hospitais, enfermaria oito, cama nove, a Maria Amélia Canossa a dizer que “anda o vira na minha rua, já me encheram a rua toda, oiço harmónios e cavaquinhos, cabeças à roda”. Enquanto o Artur Ribeiro convidada “a cachopa do Minho que Deus abençoa, deixa o teu cantinho, vem até Lisboa mostrar como baila a tua chinela, ver o lisboeta andar atrás dela”. Mas eu gostava era de ouvir o Max a contar a história da Maria da Luz. “Na pequena capelinha da aldeia velha e branquinha, dei à Maria da Luz um cruz de pôr ao peito e o juramento foi feito por nós dois sobre essa cruz”.
[Conto de António Cagica Rapaz, com pequenas adaptações. António Cagica Rapaz foi escritor, nascido em Sesimbra em 1944 e falecido em 2009]
Quando mudámos para a rua da Fé, a telefonia passou a ser a do Chico da Cooperativa, com os relatos de futebol e, sobretudo, a magia das transmissões de hóquei em patins, os torneios de Montreux, na longínqua Suíça. Era a vibração apaixonante do Artur Agostinho e do Amadeu José de Freitas, os golos de Portugal contra a Espanha, tanta emoção e paixão. A nossa imaginação fervia, tínhamos de dar um rosto, um corpo àquelas vozes cujos donos ninguém conhecia. Era o fascinante sortilégio da Rádio... Já na rua Monteiro, o Manel Estêvão convenceu o meu pai a comprar uma telefonia Philips, a prestações, com letras assinadas por mim, com a caligrafia insegura dos oito anos e que poucas melhoras regista desde então.
No quadro das estações, da esquerda para a direita, lá estavam a Rádio Voz de Lisboa, a Rádio Graça, os Emissores Associados de Lisboa, o Clube Radiofónico de Portugal, a Rádio Renascença, o Rádio Clube Português e as duas Emissoras, a 2 e a 1 que transmitia com Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Guarda, na banda dos 47 metros. Nos emissores pequeninos de Lisboa, havia, ao sábado de manhã, para os miúdos, o “Comboio das Seis e Meia", do José Castelo, que veio muitos anos para Sesimbra e era amigo do meu pai. Certa vez, num concurso de desenho, ganhei duas grandes caixas de chocolates Regina graças ao talento da minha tia Lucinda e ao descaramento com que assinei o bilhete postal, com uma letra ainda mais incerta do que era habitual. A fraude já prescreveu, espero bem...
Na Emissora, gostava de ouvir o “Jornal Sonoro”, os relatos de futebol e, sobretudo, o teatro radiofónico que ia para o ar às nove e meia da noite, repetindo no dia seguinte à uma e meia da tarde, mal acabavam as aventuras do Patilhas e do Ventoinha, parodiantes do Rádio Clube Português. As vozes mágicas do teatro pertenciam a Eunice Muñoz, Carmen Dolores, Rogério Paulo, Raúl de Carvalho, Rui de Carvalho, Canto e Castro e outros. Samuel Diniz ensaiava. Na mesma Emissora, ao sábado, às sete da tarde, depois do banho, era o programa infantil da Maria Madalena Patacho, com realização do Castela Esteves, as Aventuras do Zé Caracol.
Mas o Rádio Clube Português era a estação que mais ouvíamos, o “Talismã”, os “Parodiantes de Lisboa”, o Lança Moreira, o senhor Messias, as cavernosas “Lendas da Nossa Terra”, do Gentil Marques, os sublimes diálogos do sempre imitável mas nunca igualável Olavo d’Eça Leal. A mana Maria Helena tinha a mais bonita voz da nossa Rádio, a meu gosto. À boca da noite, enquanto esperava o meu pai, ouvia o “Jornal da APA”, apresentado pelo Luís Filipe Costa e pela Tany Belo, das sete e meia às oito e dez. A seguir vinha o “Apontamento do Dia”, por Américo Leite Rosa, o mesmo do apicerum, do segredo da abelha. Os “Apontamentos” eram olhares poéticos, atentos e curiosos, sobre o quotidiano, sobre as pessoas e as coisas. Se o meu pai demorava, ainda ouvia, na Renascença, os “Cinco Minutos de Jazz”, do José Duarte, com que se atingia as nove da noite. Era o limite da minha tranquilidade vacilante, a última carreira tinha chegado há muito. A partir daí ficava mais inquieto e preocupado...
Ao sábado, às oito e meia, havia a “Onda Desportiva”, apresentada por um tal Henrique Mendes que ninguém sabia se era alto ou baixo, gordo ou magro. Alto e magro, muito magro, era um certo Alves dos Santos, mas isso só fiquei a saber muitos anos depois. Naquela altura, ele fazia, com o Fernando Pires, as “Jogadas de Antecipação” com que encerrava o programa. Ao domingo era hábito almoçarmos bacalhau com grão enquanto ouvíamos “A Vida é Assim”, de José de Oliveira Cosme. Era um programa delicioso, sem pretensões, muito caloroso e agradável, com diálogos interpretados pelo autor e pela Mary, o João e a Luísa de uma ficção que integrava os anúncios na conversa do casal. E assim apareciam, com suave naturalidade, as camisas da Camisaria Moderna, as tais que não faziam pregas no peito nem rugas no colarinho, o cafezinho da Pérola do Rossio, no Rossio 105, os chás milagrosos da antiga ervanária do largo da Anunciada, os petiscos da charcutaria Suíça e, o melhor de tudo, os candeeiros bem bonitos, modernos, originais, compre-os na Rádio Vitória, não se preocupe mais. Porque na Rádio Vitória, embaixada do bom gosto, quem lá vai é bem servido e sai sempre bem disposto. Lá na rua da Vitória, 46-48, satisfaz-se plenamente o cliente mais afoito.
Na Rádio Voz de Lisboa, havia uma locutora com uma voz muito doce que dizia, com frequência e muita, muita meiguice “Esta é a Voz de Lisboa”. Um dia, o Vítor Marques, na brincadeira, imitou-as, anunciando com requebros ternurentos “Esta é a Rádio Renascença”. Os senhores padres é que não gostaram e suspenderam-no por quinze dias... A tal Voz de Lisboa apresentava um programa muito popular, com discos oferecidos aos doentinhos dos hospitais, enfermaria oito, cama nove, a Maria Amélia Canossa a dizer que “anda o vira na minha rua, já me encheram a rua toda, oiço harmónios e cavaquinhos, cabeças à roda”. Enquanto o Artur Ribeiro convidada “a cachopa do Minho que Deus abençoa, deixa o teu cantinho, vem até Lisboa mostrar como baila a tua chinela, ver o lisboeta andar atrás dela”. Mas eu gostava era de ouvir o Max a contar a história da Maria da Luz. “Na pequena capelinha da aldeia velha e branquinha, dei à Maria da Luz um cruz de pôr ao peito e o juramento foi feito por nós dois sobre essa cruz”.
[Conto de António Cagica Rapaz, com pequenas adaptações. António Cagica Rapaz foi escritor, nascido em Sesimbra em 1944 e falecido em 2009]
domingo, 25 de março de 2012
Saúde e internet
Assinado por Rita Espanha, Rita Veloso Mendes, Rui Brito Fonseca e Tiago Correia, saiu agora o livro Os portugueses, a saúde e a internet, uma edição da Fundação Calouste Gulbenkian para o Projeto SER (Saúde Em Rede) do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL). A obra reflete a análise sobre a relação dos portugueses com as tecnologias de informação quanto a assuntos de bem estar e de saúde (p. 2).
Na introdução, lê-se que não "é despropositado pensar na possibilidade de uma cirurgia que esteja a decorrer em Portugal seja participada por médicos em Berlim ou Oslo. O conceito de colaboração ganha uma outra dimensão prática e operacionalidade. [...] Por outro lado, a informação clínica disponível on-line permite que o cidadão informado possa também ser um ator consciente e mais responsável na gestão da sua saúde individual, mas também na saúde da sua comunidade" (p. 1).
Se a primeira parte do livro aborda conceitos essenciais para a compreensão das tecnologias da informação em saúde, a segunda parte mostra os resultados de um inquérito por questionário efetuado à população residente em Portugal continental, com idade igual ou superior a 15 anos (808 inquéritos). Por fim, o estudo reflete sobre o espaço das tecnologias de informação e os seus recursos no campo da saúde.
Os investigadores delinearam quatro perfis: 1) não relação com a internet (33,7% dos inquiridos), 2) relação habitual com a internet (29,2%), 3) info-exclusão (21,6%), 4) relação diária com a internet (15,5%). Curiosamente, entre os utilizadores habituais de internet o grau de confiança nesse recurso é menor relativamente a outros meios de informação (p. 34), passando pela compra de medicamentos, produtos dietéticos ou de estética e bem estar (p. 35). Sabendo-se que a proporção de indivíduos que consulta internet anda à volta de 45%, a percentagem de pessoas que procura informação sobre saúde, estética e bem estar situou-se nos 25,7%, em que a grande maioria pertence a pessoas que utilizam habitualmente a internet (p. 22). Os indivíduos procuram obter informações especializadas sobre um problema de saúde (86,1%), aumentar o conhecimento geral sobre saúde (82,7%) e partilhar experiências sobre problemas de saúde (41,7%), entre outros objetivos de pesquisa (p. 29). Os assuntos procurados incluem boa forma e exercício físico, nutrição e problemas alimentares, beleza e bem estar, doenças sexualmente transmissíveis, métodos anticoncecionais, fertilidade e gravidez, toxicodependências (p. 26).
Há um elemento do livro que me chamou uma atenção particular: o crescente ceticismo de populações mais escolarizadas face a esferas periciais, o que enquadra a ideia de uma fase de quebra de legitimidade da medicina (p. 63). Eu constatara isso na minha tese de doutoramento, quando estudei o aparecimento e desenvolvimento de uma doença transmissível sexualmente e o seu impacto nos media. Há elementos novos que o estudo acrescenta, caso da redução de despesa pública na saúde acarretar uma quebra de confiança na autoridade médica. Claro que, em caso de uma dúvida, um indivíduo consulta outro médico particular (75%), consulta outro médico do SNS (11%) ou procura informação na internet (3%), em termos de relação diária (p. 65).
Na introdução, lê-se que não "é despropositado pensar na possibilidade de uma cirurgia que esteja a decorrer em Portugal seja participada por médicos em Berlim ou Oslo. O conceito de colaboração ganha uma outra dimensão prática e operacionalidade. [...] Por outro lado, a informação clínica disponível on-line permite que o cidadão informado possa também ser um ator consciente e mais responsável na gestão da sua saúde individual, mas também na saúde da sua comunidade" (p. 1).
Se a primeira parte do livro aborda conceitos essenciais para a compreensão das tecnologias da informação em saúde, a segunda parte mostra os resultados de um inquérito por questionário efetuado à população residente em Portugal continental, com idade igual ou superior a 15 anos (808 inquéritos). Por fim, o estudo reflete sobre o espaço das tecnologias de informação e os seus recursos no campo da saúde.
Os investigadores delinearam quatro perfis: 1) não relação com a internet (33,7% dos inquiridos), 2) relação habitual com a internet (29,2%), 3) info-exclusão (21,6%), 4) relação diária com a internet (15,5%). Curiosamente, entre os utilizadores habituais de internet o grau de confiança nesse recurso é menor relativamente a outros meios de informação (p. 34), passando pela compra de medicamentos, produtos dietéticos ou de estética e bem estar (p. 35). Sabendo-se que a proporção de indivíduos que consulta internet anda à volta de 45%, a percentagem de pessoas que procura informação sobre saúde, estética e bem estar situou-se nos 25,7%, em que a grande maioria pertence a pessoas que utilizam habitualmente a internet (p. 22). Os indivíduos procuram obter informações especializadas sobre um problema de saúde (86,1%), aumentar o conhecimento geral sobre saúde (82,7%) e partilhar experiências sobre problemas de saúde (41,7%), entre outros objetivos de pesquisa (p. 29). Os assuntos procurados incluem boa forma e exercício físico, nutrição e problemas alimentares, beleza e bem estar, doenças sexualmente transmissíveis, métodos anticoncecionais, fertilidade e gravidez, toxicodependências (p. 26).
Há um elemento do livro que me chamou uma atenção particular: o crescente ceticismo de populações mais escolarizadas face a esferas periciais, o que enquadra a ideia de uma fase de quebra de legitimidade da medicina (p. 63). Eu constatara isso na minha tese de doutoramento, quando estudei o aparecimento e desenvolvimento de uma doença transmissível sexualmente e o seu impacto nos media. Há elementos novos que o estudo acrescenta, caso da redução de despesa pública na saúde acarretar uma quebra de confiança na autoridade médica. Claro que, em caso de uma dúvida, um indivíduo consulta outro médico particular (75%), consulta outro médico do SNS (11%) ou procura informação na internet (3%), em termos de relação diária (p. 65).
sexta-feira, 23 de março de 2012
Cassetes
O texto de Amanda Ribeiro, no Público de anteontem, chamou-me a atenção. Ela centrou a sua atenção na Edisco, a última fábrica da Península Ibérica que faz cassetes. Nas décadas de 1980 e 1990, saíam dali 15 mil por dia, agora, agora apenas umas 200 a 300 cassetes por mês. Foi este suporte que fez aparecer a Edisco, que ainda vende para clientes de Lisboa, Algarve e Espanha, escreve a jornalista, que também levanta a genealogia da fábrica, herdeira da Discos Rapsódia e da Casa Figueiredo. As primeiras máquinas faziam nove cassetes. Dois estilos musicais fizeram o sucesso da fábrica: música pimba e música popular. Nas décadas produtivas, o estúdio estava ocupado de março a julho com ranchos folclóricos e tunas. Manuel Monteiro, mais conhecido como Nel Monteiro, vendeu entre 60 e 80 mil cassetes, com êxitos como Azar na praia e Retrato sagrado. A partir de 2005, a Edisco começou a vender menos. Os últimos êxitos foram as edições de anedotas do humorista Fernando Rocha.
Mas os fãs das cassetes continuam vivos. A jornalista lembra o mercado indie e experimental, como Deerhunter, Dirty Projectors, Animal Collective, Of Montreal, The Mountain Goats, e o estilo chillwave, como Washed Out, Toro y Moi, Julian Lynch, Real Estate e Ducktails, em lo-fi (por oposição a hi-fi). Afinal, a cassete, se tiver uma embalagem artística, traduz identidade e personalidade, uma relação emocional com o objeto físico, coisa que o desmaterializado mp3 não possui.
Mas os fãs das cassetes continuam vivos. A jornalista lembra o mercado indie e experimental, como Deerhunter, Dirty Projectors, Animal Collective, Of Montreal, The Mountain Goats, e o estilo chillwave, como Washed Out, Toro y Moi, Julian Lynch, Real Estate e Ducktails, em lo-fi (por oposição a hi-fi). Afinal, a cassete, se tiver uma embalagem artística, traduz identidade e personalidade, uma relação emocional com o objeto físico, coisa que o desmaterializado mp3 não possui.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Andy Sennitt
Habituei-me a ler Andy Sennitt, do Media Network, pertencente à Radio Netherlands Worldwide (RNW). Hoje, foi o último dia dele em termos de blogue. A fazer 62 anos, Sennitt decidiu a pré-reforma, pois os tempos não estão fáceis na empresa dele. Devido a cortes orçamentais, a RNW vai despedir três quartos dos seus empregados durante os próximos meses.
O blogue de Andy Sennitt cobre notícias sobre os media internacionais, em especial a rádio, desde 2003 até agora, o que o torna uma importante fonte de informação.
O blogue de Andy Sennitt cobre notícias sobre os media internacionais, em especial a rádio, desde 2003 até agora, o que o torna uma importante fonte de informação.
Jornalismo em conferências
No sábado dia 31 de março, a Casa da Imprensa recebe as duas primeiras sessões das conferências “Jornalismo em tempo de crise”, que têm lugar na Rua da Horta Seca, nº 20, em Lisboa, a partir das 14:45. As sessões têm como tema central a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação e pretendem ainda debater os desafios que enfrentam os que dirigem meios de comunicação social em situação de crise. Com grande parte dos oradores confirmados, está pronto o programa das duas
primeiras sessões das conferências, a primeira iniciativa pública do “Fórum de Jornalistas”. Ver mais em http://forumjornalistas.wordpress.com/.
quarta-feira, 21 de março de 2012
JJ
Já saiu o número mais recente da revista JJ - Jornalismo & Jornalistas (nº 49), referente ao presente trimestre. O tema de capa é o jornal humorístico Os Ridículos (1910-1926), com texto escrito por Álvaro Costa de Matos, diretor da Hemeroteca Municipal de Lisboa.
A revista agora editada traz ainda textos sobre o VII congresso da Sopcom sobre meios digitais e indústrias criativas, imprensa de inspiração cristã, vinte anos de televisão comercial (escrito pelo autor deste blogue), jornalismo de proximidade, entrevista a Daniel Ricardo sobre os estágios curriculares, acordo ortográfico e apresentação de novos livros e sítios da internet.
A revista agora editada traz ainda textos sobre o VII congresso da Sopcom sobre meios digitais e indústrias criativas, imprensa de inspiração cristã, vinte anos de televisão comercial (escrito pelo autor deste blogue), jornalismo de proximidade, entrevista a Daniel Ricardo sobre os estágios curriculares, acordo ortográfico e apresentação de novos livros e sítios da internet.
terça-feira, 20 de março de 2012
Teatro radiofónico
O texto enumera os sucessivos diretores do programa da Emissora Nacional Teatro das Comédias: Virgínia Vitorino, Francisco Mata, Álvaro Benamor. Gil Vicente, Molière, Shakespeare, Goldoni, Luís Francisco Rebelo e Figueiredo de Barros seriam alguns dos autores representados na rádio. Estava-se em 1961.
Rádio e Televisão, nº 255, 22 de julho de 1961
Rádio e Televisão, nº 255, 22 de julho de 1961
domingo, 18 de março de 2012
Nacional-cançonetismo
[texto inicialmente publicado em http://industrias-culturais.hypotheses.org/20383, a 8 de março de 2012]
A expressão nasceu em 1966 (ver texto da rubrica "POPularucho" do suplemento "Mosca" do Diário de Lisboa, de 4 de outubro de 1966, na primeira imagem) e referia-se depreciativamente ao estilo musical de intérpretes como Cidália Meireles, António Calvário, Madalena Iglésias, Artur Garcia, Gabriel Cardoso, muitos deles associados à produção musical da Emissora Nacional. A rubrica era escrita habitualmente num tom muito irónico, assinado por J.V. (no artigo de 7 de Junho de 1966), João Paulo Guerra, como indica a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (2010, p. 900, volume L-P) na entrada "nacional-cançonetismo". O estilo irónico é melhor empreendido no artigo de 9 de Agosto de 1966 (segunda imagem), onde o jornalista usa termos como música popular portuguesa, música ligeira portuguesa, música ligeiríssima portuguesa, canção popular portuguesa, canção de namoro, canção clubista, cantores da vida e movimento de continuidade.
O suplemento "Mosca" do Diário de Lisboa, dirigido por José Cardoso Pires, afirmou-se por uma linguagem moderna e oposicionista às linhas estéticas e políticas do regime de Salazar. A expressão nacional-cançonetismo está nos antípodas da linha de orientação do regime, que poderíamos encontrar em Pedro Santos. Este, na sua coluna semanal da revista Plateia, perorava contra a música estrangeira de ritmos modernos, chamando-lhe "tchim-pum" e pugnava pela renacionalização da música portuguesa objeto de uma campanha de desnacionalização nos programas de rádio, isto é, desaparecimento da música nacional face à estrangeira. Os Beatles e o programa Em Órbita, que João Paulo Guerra aplaudia, mereciam a total desconfiança de Pedro Santos (coluna "Impressões de um radiouvinte", Plateia, 31 de outubro de 1967).
A expressão nasceu em 1966 (ver texto da rubrica "POPularucho" do suplemento "Mosca" do Diário de Lisboa, de 4 de outubro de 1966, na primeira imagem) e referia-se depreciativamente ao estilo musical de intérpretes como Cidália Meireles, António Calvário, Madalena Iglésias, Artur Garcia, Gabriel Cardoso, muitos deles associados à produção musical da Emissora Nacional. A rubrica era escrita habitualmente num tom muito irónico, assinado por J.V. (no artigo de 7 de Junho de 1966), João Paulo Guerra, como indica a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (2010, p. 900, volume L-P) na entrada "nacional-cançonetismo". O estilo irónico é melhor empreendido no artigo de 9 de Agosto de 1966 (segunda imagem), onde o jornalista usa termos como música popular portuguesa, música ligeira portuguesa, música ligeiríssima portuguesa, canção popular portuguesa, canção de namoro, canção clubista, cantores da vida e movimento de continuidade.
O suplemento "Mosca" do Diário de Lisboa, dirigido por José Cardoso Pires, afirmou-se por uma linguagem moderna e oposicionista às linhas estéticas e políticas do regime de Salazar. A expressão nacional-cançonetismo está nos antípodas da linha de orientação do regime, que poderíamos encontrar em Pedro Santos. Este, na sua coluna semanal da revista Plateia, perorava contra a música estrangeira de ritmos modernos, chamando-lhe "tchim-pum" e pugnava pela renacionalização da música portuguesa objeto de uma campanha de desnacionalização nos programas de rádio, isto é, desaparecimento da música nacional face à estrangeira. Os Beatles e o programa Em Órbita, que João Paulo Guerra aplaudia, mereciam a total desconfiança de Pedro Santos (coluna "Impressões de um radiouvinte", Plateia, 31 de outubro de 1967).
sábado, 17 de março de 2012
O Rapaz da Última Fila
O Rapaz da Última Fila, de Juan Mayorga, com António Filipe, Andreia Bento, Maria João Falcão, Pedro Carraca, Marc Xavier e Pedro Gabriel Marques na representação e com cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, está em cena no Teatro da Politécnica dos Artistas Unidos. Conta a história de um aluno de dezassete anos que se senta habitualmente na última fila das aulas.
Por regra, qualquer aluno que se senta atrás quer passar anónimo porque não tem muito interesse no que acontece na sala. Neste caso, o aluno responde ao pedido do professor de literatura para a turma escrever sobre o que fez no fim de semana. O rapaz escreve sobre a vida de uma família de três elementos, a partir de um colega a quem ajuda a estudar matemática em troca de apoio no estudo de filosofia. O professor pergunta porque o aluno escolheu o tema. Depois, estabelece-se entre os dois um jogo em que o aluno continua a narrar a história daquela família. O rapaz da última fila – afinal, a fila do escritor, do artista – sente uma atração pela mãe do colega. A situação fica preocupante, o professor pede para o aluno parar, este descobre onde o professor vive e conversa com a sua mulher, que explorava uma galeria de arte em véspera de encerramento por falta de clientes compradores das peças que tem para vender. O professor e a mulher não têm filhos. O professor proíbe o aluno de voltar a casa dele.
Trata-se de uma peça que se vê com muita atenção, bem desempenhada e com uma narrativa de algum humor e motivos de reflexão.
Por regra, qualquer aluno que se senta atrás quer passar anónimo porque não tem muito interesse no que acontece na sala. Neste caso, o aluno responde ao pedido do professor de literatura para a turma escrever sobre o que fez no fim de semana. O rapaz escreve sobre a vida de uma família de três elementos, a partir de um colega a quem ajuda a estudar matemática em troca de apoio no estudo de filosofia. O professor pergunta porque o aluno escolheu o tema. Depois, estabelece-se entre os dois um jogo em que o aluno continua a narrar a história daquela família. O rapaz da última fila – afinal, a fila do escritor, do artista – sente uma atração pela mãe do colega. A situação fica preocupante, o professor pede para o aluno parar, este descobre onde o professor vive e conversa com a sua mulher, que explorava uma galeria de arte em véspera de encerramento por falta de clientes compradores das peças que tem para vender. O professor e a mulher não têm filhos. O professor proíbe o aluno de voltar a casa dele.
Trata-se de uma peça que se vê com muita atenção, bem desempenhada e com uma narrativa de algum humor e motivos de reflexão.
Compra da Assírio & Alvim pela Porto Editora
A editora Assírio & Alvim foi agora adquirida pelo Grupo Porto Editora. Em agosto de 2011, entre as duas entidades fez-se um acordo na área da distribuição. Depois, em outubro último, estabeleceu-se um protocolo que incluía a parceria editorial. Manuel Rosa, o anterior accionista maioritário da Assírio & Alvim, assume doravante o papel de colaborador externo, com propostas de obras para edição (e lançou uma editora própria). A Assírio & Alvim foi fundada em 1972. Na primeira metade da década seguinte, a editora estava quase a falir, quando Hermínio Monteiro assumiu a sua direcção e a tornou uma prestigiada editora, apostando em autores consagrados, como Mário Cesariny e Herberto Helder e revelando novos poetas (Monteiro faleceu em 2001). Dados os problemas que existem atualmente nas editoras de média dimensão, com grande rotação de livros nas livrarias, concentração económica das editoras e das livrarias, fragilidades da distribuição, decadência da rede livreira tradicional e prazos de pagamento mais dilatados, a Assírio & Alvim apresentava muitas dificuldades (sigo de perto o artigo do jornal Público). O mercado livreiro está hoje fortemente representado pela Leya, Porto Editora e Almedina.
O regresso ao teatro radiofónico
[publicado inicialmente em http://industrias-culturais.hypotheses.org/20247, no dia 1 de março de 2012]
Hoje à tarde (1.3.2012), a Livraria-Galeria Municipal Verney, em Oeiras, foi palco das recordações de teatro radiofónico, numa organização do Centro Cultural de Oeiras. Presentes, em tertúlia muito participada, o encenador e diretor de teatro Armando Caldas, a atriz Carmen Dolores e os técnicos de som Carlos Fernandes e Rui Remígio (por esta ordem, da esquerda para a direita, na fotografia abaixo).
Os presentes recordaram o programa de Miguel Trigueiros da Emissora Nacional, Poesia, Música e Sonho, com vozes de Carmen Dolores, Manuel Lereno e o próprio (texto retirado do Museu da Rádio e referente a programa de Setembro de 1967) e que se prolongou por oito anos. Lembraram também nomes como Madalena Patacho (Emissão Infanto-Juvenil, porque projetada para jovens até aos 14-15 anos), Odette de Saint-Maurice, Virgínia Vitorino (sob o pseudónimo de Maria João do Vale), Alice Ogando (grande adaptadora de folhetins), Ema Paul, Emília Duque, Figueiredo Barros, Judite Navarro.
Armando Caldas lembrou a sua atividade conjunta com Rogério Paulo, produtores de teatro radiofónico no Rádio Clube Português em 1973, onde fizeram adaptações de grandes romances portugueses ao teatro da rádio: Quando os lobos uivam, de Aquilino Ribeiro, Os insubmissos, de Urbano Tavares Rodrigues, Cerromaior, de Manuel da Fonseca, Barranco de cegos, de Alves Redol, Vagão J, de Virgílio Ferreira, e Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes. Lembrou técnicos de som (sonorizadores), que também exerceram outras atividades na rádio: Jorge Alves, Matos Maia, Jorge Santos, Castela Esteves, Fernando Pires, Manuel Santos, Costa Ferreira.
Carmen Dolores recordou pessoas multifacetadas, que também inscreveram o seu nome no teatro radiofónico ou nos diálogos radiofónicos: Lurdes Norberto, Artur Agostinho, Lança Moreira, D. João da Câmara, Igrejas Caeiro. A atriz passou pela Rádio Renascença, nas emissões infantis de O Papagaio, de José Castelo, e no Rádio Clube Português, onde trabalhou com José Oliveira Cosme, que compunha músicas, fazia as letras para as mesmas e escrevia diálogos radiofónicos. Lembrou também o Teatro das Comédias, de Álvaro Benamor, e destacou a importância da imaginação proporcionada pela rádio - e as grandes paixões "criadas" pela voz junto dos ouvintes. E ainda Eduardo Street (que recordo abaixo com uma curta apresentação sua do livro O Teatro Invisível e uma parte da comunicação de Carmen Dolores desse livro na Sociedade Portuguesa de Escritores em 7 de Maio de 2006).
Armando Caldas acrescentou o programa Domingo Sonoro, que culminava com um diálogo escrito por Francisco Mata, onde pontificavam dois grandes atores: Carmen Dolores e Rogério Paulo. Na época, os dois eram assediados para fornecerem fotografias, que ficavam como lembrança. O encenador, um dos fundadores do Teatro Moderno de Lisboa, destacou ainda a importância da radionovela, um dos subgéneros do teatro na rádio.
Hoje à tarde (1.3.2012), a Livraria-Galeria Municipal Verney, em Oeiras, foi palco das recordações de teatro radiofónico, numa organização do Centro Cultural de Oeiras. Presentes, em tertúlia muito participada, o encenador e diretor de teatro Armando Caldas, a atriz Carmen Dolores e os técnicos de som Carlos Fernandes e Rui Remígio (por esta ordem, da esquerda para a direita, na fotografia abaixo).
Os presentes recordaram o programa de Miguel Trigueiros da Emissora Nacional, Poesia, Música e Sonho, com vozes de Carmen Dolores, Manuel Lereno e o próprio (texto retirado do Museu da Rádio e referente a programa de Setembro de 1967) e que se prolongou por oito anos. Lembraram também nomes como Madalena Patacho (Emissão Infanto-Juvenil, porque projetada para jovens até aos 14-15 anos), Odette de Saint-Maurice, Virgínia Vitorino (sob o pseudónimo de Maria João do Vale), Alice Ogando (grande adaptadora de folhetins), Ema Paul, Emília Duque, Figueiredo Barros, Judite Navarro.
Armando Caldas lembrou a sua atividade conjunta com Rogério Paulo, produtores de teatro radiofónico no Rádio Clube Português em 1973, onde fizeram adaptações de grandes romances portugueses ao teatro da rádio: Quando os lobos uivam, de Aquilino Ribeiro, Os insubmissos, de Urbano Tavares Rodrigues, Cerromaior, de Manuel da Fonseca, Barranco de cegos, de Alves Redol, Vagão J, de Virgílio Ferreira, e Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes. Lembrou técnicos de som (sonorizadores), que também exerceram outras atividades na rádio: Jorge Alves, Matos Maia, Jorge Santos, Castela Esteves, Fernando Pires, Manuel Santos, Costa Ferreira.
Carmen Dolores recordou pessoas multifacetadas, que também inscreveram o seu nome no teatro radiofónico ou nos diálogos radiofónicos: Lurdes Norberto, Artur Agostinho, Lança Moreira, D. João da Câmara, Igrejas Caeiro. A atriz passou pela Rádio Renascença, nas emissões infantis de O Papagaio, de José Castelo, e no Rádio Clube Português, onde trabalhou com José Oliveira Cosme, que compunha músicas, fazia as letras para as mesmas e escrevia diálogos radiofónicos. Lembrou também o Teatro das Comédias, de Álvaro Benamor, e destacou a importância da imaginação proporcionada pela rádio - e as grandes paixões "criadas" pela voz junto dos ouvintes. E ainda Eduardo Street (que recordo abaixo com uma curta apresentação sua do livro O Teatro Invisível e uma parte da comunicação de Carmen Dolores desse livro na Sociedade Portuguesa de Escritores em 7 de Maio de 2006).
Armando Caldas acrescentou o programa Domingo Sonoro, que culminava com um diálogo escrito por Francisco Mata, onde pontificavam dois grandes atores: Carmen Dolores e Rogério Paulo. Na época, os dois eram assediados para fornecerem fotografias, que ficavam como lembrança. O encenador, um dos fundadores do Teatro Moderno de Lisboa, destacou ainda a importância da radionovela, um dos subgéneros do teatro na rádio.
Nove anos de escrita de blogues
O blogue http://industrias-culturais.blogspot.com/ (agora http://industrias-culturais.blogspot.pt/) começou em 17 de março de 2003, faz hoje nove anos, numa aplicação disponibilizada pela Pyra, de Evan Williams e Meg Hourihan. Em 1999, ainda na fase beta, a aplicação tomara o nome de Blogger e foi remodelada em 2002. No final deste último ano, eu e vários colegas iniciámos um blogue ligado a um centro de investigação na área dos media. Verifiquei a facilidade de escrita e interatividade dos blogues.
Então, eu começara a lecionar um seminário de mestrado sobre indústrias culturais na Universidade Católica, numa altura em que saira um magnífico livro de David Hesmondhalgh com o título de Cultural Industries. Descobrira algum tempo antes o texto fundador do conceito em Portugal, de Maria de Lourdes Lima dos Santos, e que me foi sempre inspirador. As minhas aulas do seminário assentaram muito nesses dois textos. Ao mesmo tempo, senti necessidade de pensar e escrever sobre o assunto e, como a página da intranet da universidade ainda não estava muito desenvolvida, decidi aproveitar a facilidade da ferramenta da Blogger para o efeito. O layout inicial era simples, como se vê a seguir. Depois, fui evoluindo, não sei se bem ou não, às vezes com ajuda de quem sabe liguagem html, outras vezes com a minha imaginação.
Do texto, passei lentamente para a imagem fixa e vídeo. Coloquei poucos podcasts, mas a empresa onde alojava os sons desapareceu e perdi esses sons, nomeadamente uma conferência. Muito mais recentemente, ao longo deste mês de março de 2012, uma empresa de slides encerrou a sua atividade e eu perdi (estou a perder) mais de uma trintena de ficheiros em forma de slide, o que significa alguns "buracos" na informação disponibilizada no blogue.
Neste momento, já escrevi 7266 mensagens. Reconheço que algumas são mais interessantes do que outras, umas mais profundas do que outras, diversas sobre eventos do momento e sem qualquer esforço analítico. Do grupo muito restrito de leitores, o blogue foi crescendo em termos de audiência. Há três anos, o número de visitantes únicos por dia atingiu mil, número hoje mais limitado mas ainda na casa das centenas de visitantes.
Como escrevo na coluna fixa ao lado, a escrita do blogue serviu para o núcleo de um livro, publicado em 2007 pela editora Edições 70. Serviu ainda para que me convidassem a falar sobre blogues e cultura no período áureo dos blogues, sensivelmente entre 2003 e 2006. Com o advento do Facebook, leitores e produtores de conteúdos fizeram uma espécie de migração, no que considero ser uma transformação de moda.
Escrever no blogue implica regularidade nas mensagens (postais) que aqui se coloca e procura de isenção em termos de pontos de vista, embora se reconheça que é um espaço individual, uma montra pessoal. A regularidade e a busca de isenção pode produzir credibilidade, embora o próprio tenha dificuldade de falar disso em causa própria. A regularidade significa rotina, quer dizer: procurar matéria diferente, fazer um esforço pedagógico, arranjar um pouco de tempo por dia. É como escrever uma carta a alguém, com notícias sempre novas sobre comunicação e cultura da nossa cidade ou país. A rotina diária torna-se uma quase obrigação para leitores que não sabemos quem são, mas que se vão revelando nos emails que se recebe, nas conversas que se têm em encontros ou congressos.
Algum tempo atrás, estive para parar. A rotina cansa. Acabei por continuar. No ano passado, criei uma espécie de extensão noutra plataforma que não a Blogger e comecei a desenhar uma espécie de divisão de tarefas: os textos maiores na extensão, os textos sobre eventos aqui. Até há algumas semanas, segui esse sentido, mas estou a reconsiderar. Esta é a casa inicial, pelo que devo continuar a colocar os textos mais interessantes aqui. E espero fazer dez anos de escrita de blogue em 2013. Depois, ver-se-á. Talvez então me reforme do blogue.
Então, eu começara a lecionar um seminário de mestrado sobre indústrias culturais na Universidade Católica, numa altura em que saira um magnífico livro de David Hesmondhalgh com o título de Cultural Industries. Descobrira algum tempo antes o texto fundador do conceito em Portugal, de Maria de Lourdes Lima dos Santos, e que me foi sempre inspirador. As minhas aulas do seminário assentaram muito nesses dois textos. Ao mesmo tempo, senti necessidade de pensar e escrever sobre o assunto e, como a página da intranet da universidade ainda não estava muito desenvolvida, decidi aproveitar a facilidade da ferramenta da Blogger para o efeito. O layout inicial era simples, como se vê a seguir. Depois, fui evoluindo, não sei se bem ou não, às vezes com ajuda de quem sabe liguagem html, outras vezes com a minha imaginação.
Do texto, passei lentamente para a imagem fixa e vídeo. Coloquei poucos podcasts, mas a empresa onde alojava os sons desapareceu e perdi esses sons, nomeadamente uma conferência. Muito mais recentemente, ao longo deste mês de março de 2012, uma empresa de slides encerrou a sua atividade e eu perdi (estou a perder) mais de uma trintena de ficheiros em forma de slide, o que significa alguns "buracos" na informação disponibilizada no blogue.
Neste momento, já escrevi 7266 mensagens. Reconheço que algumas são mais interessantes do que outras, umas mais profundas do que outras, diversas sobre eventos do momento e sem qualquer esforço analítico. Do grupo muito restrito de leitores, o blogue foi crescendo em termos de audiência. Há três anos, o número de visitantes únicos por dia atingiu mil, número hoje mais limitado mas ainda na casa das centenas de visitantes.
Como escrevo na coluna fixa ao lado, a escrita do blogue serviu para o núcleo de um livro, publicado em 2007 pela editora Edições 70. Serviu ainda para que me convidassem a falar sobre blogues e cultura no período áureo dos blogues, sensivelmente entre 2003 e 2006. Com o advento do Facebook, leitores e produtores de conteúdos fizeram uma espécie de migração, no que considero ser uma transformação de moda.
Escrever no blogue implica regularidade nas mensagens (postais) que aqui se coloca e procura de isenção em termos de pontos de vista, embora se reconheça que é um espaço individual, uma montra pessoal. A regularidade e a busca de isenção pode produzir credibilidade, embora o próprio tenha dificuldade de falar disso em causa própria. A regularidade significa rotina, quer dizer: procurar matéria diferente, fazer um esforço pedagógico, arranjar um pouco de tempo por dia. É como escrever uma carta a alguém, com notícias sempre novas sobre comunicação e cultura da nossa cidade ou país. A rotina diária torna-se uma quase obrigação para leitores que não sabemos quem são, mas que se vão revelando nos emails que se recebe, nas conversas que se têm em encontros ou congressos.
Algum tempo atrás, estive para parar. A rotina cansa. Acabei por continuar. No ano passado, criei uma espécie de extensão noutra plataforma que não a Blogger e comecei a desenhar uma espécie de divisão de tarefas: os textos maiores na extensão, os textos sobre eventos aqui. Até há algumas semanas, segui esse sentido, mas estou a reconsiderar. Esta é a casa inicial, pelo que devo continuar a colocar os textos mais interessantes aqui. E espero fazer dez anos de escrita de blogue em 2013. Depois, ver-se-á. Talvez então me reforme do blogue.
sexta-feira, 16 de março de 2012
II Encontro Anual da AIM
A AIM (Associação de Investigadores de Imagem em Movimento) apresenta o programa final do II Encontro Anual da AIM, a realizar entre 10 e 12 de maio em Lisboa. Trata-se de uma co-organização com o CECC - Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, linha de investigação Media, Technology, Contexts (Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa). O programa anexo encontra-se também disponível em http://aim.org.pt/, onde ficarão disponíveis os resumos das comunicações previstas.
Destaco as conferências de Henry Jenkins (University of Southern California) Spreadable Media: Creating Meaning and Value in a Networked Culture, no dia 10 de maio pelas 10:00, e de András Bálint Kovács (Eötvös Loránd University/ELTE - Budapeste) The evolution of modernist forms. The role of statistical methods in the detection of stylistic evolution in film history, no dia 11 de maio pelas 14:30.
A AIM - Associação de Investigadores da Imagem em Movimento surgiu da vontade de reunir em Portugal, numa mesma entidade representativa, um conjunto de investigadores que têm em comum objetos e temas de pesquisa. Entre os objetivos da AIM, encontram-se a promoção da investigação em áreas como o cinema, a televisão, a arqueologia do cinema, o video, a internet, assim como a promoção de encontros científicos regulares (como o que agora se anuncia) e a edição de uma revista.
Destaco as conferências de Henry Jenkins (University of Southern California) Spreadable Media: Creating Meaning and Value in a Networked Culture, no dia 10 de maio pelas 10:00, e de András Bálint Kovács (Eötvös Loránd University/ELTE - Budapeste) The evolution of modernist forms. The role of statistical methods in the detection of stylistic evolution in film history, no dia 11 de maio pelas 14:30.
A AIM - Associação de Investigadores da Imagem em Movimento surgiu da vontade de reunir em Portugal, numa mesma entidade representativa, um conjunto de investigadores que têm em comum objetos e temas de pesquisa. Entre os objetivos da AIM, encontram-se a promoção da investigação em áreas como o cinema, a televisão, a arqueologia do cinema, o video, a internet, assim como a promoção de encontros científicos regulares (como o que agora se anuncia) e a edição de uma revista.
Encontro Nacional de Teatro D. Roberto
A Alma d'Arame, estrutura sediada em Montemor-o-Novo e existente há 6 anos, tem desenvolvido trabalho na área das artes cénicas, com particular destaque para o teatro de marionetas, trabalho regular que este ano apresenta o IV Encontro Nacional de Teatro de D. Roberto. Conta com a parceria da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, entre outros.
O Encontro Nacional de Teatro D. Roberto realiza-se em Montemor-o-Novo em 24 e 25 de Março de 2012 e conta com a apresentação de espetáculos de rua de Teatro de Dom Roberto em diferentes lugares do Município e com um seminário que envolve convidados ligados ao universo dos velhos mestres desta arte já desaparecidos e os artistas presentes no Encontro, aberto a estudiosos e outros interessados.
Ler mais em http://www.almadarame.pt/.
O Encontro Nacional de Teatro D. Roberto realiza-se em Montemor-o-Novo em 24 e 25 de Março de 2012 e conta com a apresentação de espetáculos de rua de Teatro de Dom Roberto em diferentes lugares do Município e com um seminário que envolve convidados ligados ao universo dos velhos mestres desta arte já desaparecidos e os artistas presentes no Encontro, aberto a estudiosos e outros interessados.
Ler mais em http://www.almadarame.pt/.
terça-feira, 13 de março de 2012
Série de televisão desvenda a química do dia a dia
A Universidade de Aveiro lança um programa de divulgação de ciência na RTP2, A Química das Coisas, com estreia agendada para o dia 16 de março, às 13:55, de segunda a sexta-feira e até 3 de abril. Programa televisivo de autoria do Departamento de Química da Universidade de Aveiro (DQ), produção da Science Office e Duvideo e apresentação de Cláudia Semedo, os treze episódios têm cerca de três minutos cada e foram produzidos a pensar no grande público, com uma linguagem acessível e explicações visuais apelativas.
segunda-feira, 12 de março de 2012
A separação
O divórcio entre Nader (Peyman Moaadi) e a sua mulher Simin (Leila Hatami) foi difícil de obter. O juíz não compreendia as razões da mulher. Simin queria sair do Irão porque precisava de liberdade para investigar e viver. Ele opôs-se, assim como a filha quase adolescente. Para tratar do seu pai que sofria de Alzheimer, Nader contratou uma mulher jovem, Razieh (Sareh Bayat). Esta mulher está grávida e não obteve consentimento do marido para trabalhar em casa de um homem, obrigada a cuidar dele. Um acidente que sofreu depois, leva a um processo judicial em que Nader é considerado culpado de a ter empurrado por escadas abaixo. O julgamento tem um cunho religioso e moral.
Quando vi o filme, questionei-me: será que o realizador vive ainda no Irão? Vi que sim, mas fiquei à espera de novidades. Elas vieram agora: após ganhar o Óscar de melhor filme estrangeiro, depois do Urso de Ouro do Festival de Berlim, as autoridades do Irão proibiram internamente a cerimónia de consagração ao filme, que deveria acontecer hoje.
O filme é um belo filme, que me agradou pela história, pelas interpretações e pela fotografia. Mas eu imaginava alguma restrição de movimentos ao autor do filme, Asghar Farhadi: a personagem da filha do casal divorciado representa o lado retrógrado da cultura moderna, pela submissão a códigos morais antiquados e punitivos. Um regime fechado, ainda mais quando fez uma recente viragem política conservadora, torna qualquer crítica muito difícil. A separação de um casal mostrada no filme prenunciava a separação do realizador face ao regime político do seu país. Admiro muito a coragem deste e de outros homens e mulheres no Irão, país muito antigo, de raízes culturais diversas e ricas, mas com uma orientação política atual que a todos preocupa.
Quando vi o filme, questionei-me: será que o realizador vive ainda no Irão? Vi que sim, mas fiquei à espera de novidades. Elas vieram agora: após ganhar o Óscar de melhor filme estrangeiro, depois do Urso de Ouro do Festival de Berlim, as autoridades do Irão proibiram internamente a cerimónia de consagração ao filme, que deveria acontecer hoje.
O filme é um belo filme, que me agradou pela história, pelas interpretações e pela fotografia. Mas eu imaginava alguma restrição de movimentos ao autor do filme, Asghar Farhadi: a personagem da filha do casal divorciado representa o lado retrógrado da cultura moderna, pela submissão a códigos morais antiquados e punitivos. Um regime fechado, ainda mais quando fez uma recente viragem política conservadora, torna qualquer crítica muito difícil. A separação de um casal mostrada no filme prenunciava a separação do realizador face ao regime político do seu país. Admiro muito a coragem deste e de outros homens e mulheres no Irão, país muito antigo, de raízes culturais diversas e ricas, mas com uma orientação política atual que a todos preocupa.
Aberto período de entrega de candidaturas ao Prémio Literário António Jacinto (Angola)
O Instituto Nacional das Indústrias Culturais (Angola) anunciou hoje em Luanda estar aberto o período de entrega das obras candidatas ao Prémio Literário António Jacinto, edição 2012, até ao dia 30 de abril do corrente. Instituído em 1993, o prémio visa incentivar a criação literária e promover o surgimento de novos autores no domínio da literatura.
domingo, 11 de março de 2012
Música e espetáculos (2)
O restaurante, naquela cidade costeira famosa pelo peixe pescado, anunciou a noite de fado a seguir ao jantar. Era uma nova iniciativa do restaurante a que se seguiriam outras, diria a produtora do sarau. Lentamente, os convivas chegaram e comeram bom peixe. Por volta das 22:30, os músicos e os fadistas aproximaram-se do pequeno palco improvisado num canto da sala. Eram três músicos (viola e guitarra) a acompanhar a jovem revelação feminina, deixando lugar posterior para o fadista mais veterano e conhecido. Depois do intervalo, o modelo complexificou-se com a entrada de fadistas amadores, oriundos da cidade e da região, que cantaram fados que os convivas do restaurante conheciam bem, por serem antigos e populares.
O antropólogo ali presente, a partir do exemplo observado, procurou reconstituir como seria um espetáculo popular, antes da massificação de ritmos modernos e vindos de fora do país, digamos um ambiente pré-1960 (apesar de nessa época já haver importação de discos e as rádios passarem muitos fonogramas estrangeiros). A fadista debutante apresentava-se antes do consagrado, fosse ao vivo ou transmitido pela rádio. A presença de cantores anónimos e populares visa(va) dar um sentido de maior unidade, de maior proximidade, entre o artista conhecido por outros espetáculos ou pelos media. Um restaurante é uma sala de pequena dimensão, que permite estabelecer o que Habermas chamou de espaço público, com formação de opinião pública. Neste caso, seria a apresentação de um estilo musical aceite por todos os convivas, partilhado e comungado por todos dentro da linha do que Benedict Anderson designou por comunidade imaginada. Mesmo sem conhecer pessoalmente o fadista consagrado, toda a gente já tinha o ouvido na rádio ou no disco ou visto na televisão.
O espetáculo é, assim, um espaço de progressão dos fãs, de afirmação de um conjunto de valores. Lembrei-me, e recuperei do meu arquivo de recortes de imprensa, a notícia impressa na revista Plateia (21 de fevereiro de 1967), a qual dava conta da abertura de uma casa de fado em Madrid (para ler adequadamente, clicar para a ampliar).
O antropólogo ali presente, a partir do exemplo observado, procurou reconstituir como seria um espetáculo popular, antes da massificação de ritmos modernos e vindos de fora do país, digamos um ambiente pré-1960 (apesar de nessa época já haver importação de discos e as rádios passarem muitos fonogramas estrangeiros). A fadista debutante apresentava-se antes do consagrado, fosse ao vivo ou transmitido pela rádio. A presença de cantores anónimos e populares visa(va) dar um sentido de maior unidade, de maior proximidade, entre o artista conhecido por outros espetáculos ou pelos media. Um restaurante é uma sala de pequena dimensão, que permite estabelecer o que Habermas chamou de espaço público, com formação de opinião pública. Neste caso, seria a apresentação de um estilo musical aceite por todos os convivas, partilhado e comungado por todos dentro da linha do que Benedict Anderson designou por comunidade imaginada. Mesmo sem conhecer pessoalmente o fadista consagrado, toda a gente já tinha o ouvido na rádio ou no disco ou visto na televisão.
O espetáculo é, assim, um espaço de progressão dos fãs, de afirmação de um conjunto de valores. Lembrei-me, e recuperei do meu arquivo de recortes de imprensa, a notícia impressa na revista Plateia (21 de fevereiro de 1967), a qual dava conta da abertura de uma casa de fado em Madrid (para ler adequadamente, clicar para a ampliar).
sábado, 10 de março de 2012
Música e espetáculos (1)
A festa meteu máscaras e roupas de fantasia. A comida não era boa e as mesas eram escassas para tanta gente. Deu para um pequeno convívio e para comer o bolo da aniversariante. Houve quem dançasse e cantasse. Muitas das músicas e das letras eram desconhecidas para mim. Tive de pedir apoio. O meu intérprete falou-me de músicas de televisão e das rádios populares. As letras aproximavam-se do sórdido, lembrando os temas de Quim Barreiros e Tony Carreira, com ritmos musicais velozes. Mas também cantaram e dançaram músicas brasileiras. De repente, apercebi-me que o país não mudou muito se comparado com 1962. As pessoas preferem os mesmos sentimentos e apelos que se ouviam na rádio de ondas médias antes da popularização da televisão. A rádio de FM em 1963, afinal, não trouxe uma nova cultura como pensava. Agora, a universalização das redes sociais como o Facebook, com a sua meritosa interatividade, não vai, na minha perspetiva, além de servir para conversar e perpetuar e reproduzir velhas tendências. A essência mantém-se, apenas muda a aparência. As tecnologias não mudam os povos, estes têm outros referentes: a família, os grupos de amigos, a timidez de um pequeno país isolado geograficamente durante muito tempo e ainda no tocante ao atual cosmopolitismo europeu. O meu informante chamou-me elitista e disse que eu vivia numa redoma de vidro, que não parava de escutar Dido e Eneias de Henry Purcell [imagens feitas no Porto, Carnaval 2012].
sexta-feira, 9 de março de 2012
Número de revista sobre fãs e celebridades
"A mediatização das estrelas - de teatro, cinema, rádio, música - intensificou-se durante a primeira metade do século XX, vindo a alargar-se depois ao desporto e à televisão. Retratadas como heróis contemporâneos, as estrelas servem de modelos aos seguidores. As revistas passaram a divulgar as suas vidas ao publicitar as suas actividades públicas (espectáculos, encontros, filmes, programas de televisão, peças de teatro) e privadas (êxitos, amores, viagens, casas). Mais tarde, com os canais comerciais de televisão, nasceram programas ligeiros de promoção e acompanhamento das estrelas. Marshall (2006: 2) considera que as estrelas pertencem à economia dos media, os quais buscam novos elementos que interpelam as audiências dispersas pela concorrência de meios e plataformas. Existe um círculo vicioso: as estrelas precisam dos media para manter a fama, chegando ao ponto de revelar escândalos; os media precisam das estrelas para manter ou ganhar audiências" (Rogério Santos, do editorial do volume 12 da revista Comunicação & Cultura dedicada ao tema "Fãs e celebridades").
O volume agora lançado tem textos de Néstor García Canclini (Frida e a industrialização da cultura), Lígia Lana (O reconhecimento amoroso dos fãs: compreendendo as relações entre personagens da mídia e indivíduos comuns), Ana Jorge (Young audiences and fans in Portugal), Felisbela Lopes (As novas celebridades dos plateaux informativos: o primado da opinião de uma elite de jornalistas), Miguel Alarcão (Diana, "deusa" caçada: revendo The Queen (2006)), Patricia Coralis ("Um rosto tão conhecido quanto o nosso próprio": a construção da imagem pública e da idolatria a Madonna), Sheron Neves (Don Draper, avatares e twitterainment: o comportamento dos fãs de TV na era transmidiática), Michael Schudson (As notícias como um género difuso: a transformação do jornalismo na contemporaneidade) e Ana Cachola (Escrever imagens em nome da guerra em Nostalgia de Maria Lusitano: quando a colónia mostra a metrópole). O número traz ainda duas entrevistas, a Jordi Gracia (por Inês Vieira) e a Gianpietro Mazzoleni (por Gaspare Trapani), recensões e montra de livros.
A revista Comunicação & Cultura pertence ao Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa).
O volume agora lançado tem textos de Néstor García Canclini (Frida e a industrialização da cultura), Lígia Lana (O reconhecimento amoroso dos fãs: compreendendo as relações entre personagens da mídia e indivíduos comuns), Ana Jorge (Young audiences and fans in Portugal), Felisbela Lopes (As novas celebridades dos plateaux informativos: o primado da opinião de uma elite de jornalistas), Miguel Alarcão (Diana, "deusa" caçada: revendo The Queen (2006)), Patricia Coralis ("Um rosto tão conhecido quanto o nosso próprio": a construção da imagem pública e da idolatria a Madonna), Sheron Neves (Don Draper, avatares e twitterainment: o comportamento dos fãs de TV na era transmidiática), Michael Schudson (As notícias como um género difuso: a transformação do jornalismo na contemporaneidade) e Ana Cachola (Escrever imagens em nome da guerra em Nostalgia de Maria Lusitano: quando a colónia mostra a metrópole). O número traz ainda duas entrevistas, a Jordi Gracia (por Inês Vieira) e a Gianpietro Mazzoleni (por Gaspare Trapani), recensões e montra de livros.
A revista Comunicação & Cultura pertence ao Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa).
I Congresso de História e Desporto - Call for papers
31 de maio e 1 de junho de 2012. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Organização: Grupo de História e Desporto, do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra – CEIS20. Aceitam-se comunicações em português, inglês, espanhol e francês.
As propostas de comunicação devem ser apresentadas num texto máximo de 500 palavras e ser acompanhadas por três palavras-chave. Endereço para obtenção de mais informação e envio de propostas: historia.desporto@gmail.com.
As propostas de comunicação devem ser apresentadas num texto máximo de 500 palavras e ser acompanhadas por três palavras-chave. Endereço para obtenção de mais informação e envio de propostas: historia.desporto@gmail.com.
E-maestro: projecto artístico aliando a música e tecnologia
No dia 14 de março, pelas 15:00, na FIL-Parque das Nações, pavilhão 1, stand 1P05, inserido na Feira Futurália, vai ser inaugurado o projeto artístico que alia música e tecnologia intitulado e-maestro. Trata-se de projeto multimédia inovador desenvolvido pelo investigador português Rui Avelans Coelho (âmbito do doutoramento em Media Digital, da Universidade Nova de Lisboa, em parceria entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Universidade do Texas, Austin, Estados Unidos). Além da colaboração de diversas entidades tecnológicas, teve apoio financeiro da Secretaria de Estado da Cultura/Direção Geral das Artes.
A instalação artística interativa compõe-se de três telas unidas entre si (uma frontal e duas laterais), com as dimensões 4x2,50 metros cada. Nelas são reproduzidas as imagens de três projetores de vídeo sincronizados com uma instalação sonora que envolve por completo o utilizador. Na instalação, reproduz-se a atuação da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana executando a abertura da ópera Carmen, de Bizet. No centro da instalação encontra-se a consola de controlo, que funciona como estante do maestro e que permite ao utilizador interagir com a aplicação de vídeo, que fica com a sensação de estar a dirigir a banda. Saber mais em http://www.e-maestro.net/.
A instalação artística interativa compõe-se de três telas unidas entre si (uma frontal e duas laterais), com as dimensões 4x2,50 metros cada. Nelas são reproduzidas as imagens de três projetores de vídeo sincronizados com uma instalação sonora que envolve por completo o utilizador. Na instalação, reproduz-se a atuação da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana executando a abertura da ópera Carmen, de Bizet. No centro da instalação encontra-se a consola de controlo, que funciona como estante do maestro e que permite ao utilizador interagir com a aplicação de vídeo, que fica com a sensação de estar a dirigir a banda. Saber mais em http://www.e-maestro.net/.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Coreografia "A Viagem" em Guimarães
A coreógrafa Filipa Francisco estreia A Viagem a 16 de março em Guimarães, Capital Europeia da Cultura. No final de janeiro, Filipa Francisco e a sua equipa chegaram à aldeia da Corredoura, em Guimarães, para uma residência artística com o grupo folclórico deste local. A proposta: criar um espetáculo em que a dança e as músicas tradicionais se cruzam com a música e a dança contemporânea. O grupo de cinquenta pessoas, com idades entre os 10 e os 80 anos, entrou nessa viagem com as suas danças e o seu imaginário - nenhum elemento tinha antes visto um espetáculo de dança contemporânea. Todos juntos sobem ao palco da Fábrica ASA para duas apresentações a 16 e 17 de março, pelas 22:00 (informação, imagem e vídeo da organização: Festival Materiais Diversos).
terça-feira, 6 de março de 2012
Arthur Schnitzler no Teatro Municipal de Almada
O Teatro Municipal de Almada (TMA) assinala os 150 anos do nascimento de Arthur Schnitzler (1862-1931) com a estreia, a 15 de Março, de Dança de Roda, encenada por Rodrigo Francisco. Trata-se de peça polémica, cuja encenação foi proibida pelo próprio autor no final do século XIX - a abordagem das relações sentimentais entre as personagens chocou a sociedade vienense da altura. O espetáculo está em cena, na Sala Principal, até dia 1 de abril. Paralelamente, no foyer do teatro, é apresentada uma exposição biográfica de Schnitzler e Klimt (também nascido em 1862). No dia 31 de março, em parceria com a Embaixada da Áustria em Lisboa, o TMA organiza um colóquio internacional sobre Schnitzler. Intérpretes: Ana Cris, André Gomes, Bartolomeu Paes, Catarina Campos Costa, João Farraia, Joana Francampos, Joana Hilário, Miguel Martins, Pedro Walter e Vera Barreto.
Consumos
Consumos e classes sociais em Portugal: auto-retratos é um livro de Raquel Barbosa Ribeiro, a ser lançado no dia 21 de Março, pelas 19:30, na Livraria Ler Devagar (Rua Rodrigues Faria, 103, Ed. G-03, Lx Factory, Lisboa). Raquel Barbosa Ribeiro é docente no ISCSP (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas). A apresentação do livro conta com a presença de Luís Vicente Baptista, que prefaciou a obra. A edição pertence à Causa das Regras.
domingo, 4 de março de 2012
I Congresso Anual de História Contemporânea
Data: 18 e 19 de Maio de 2012. Organização: Instituto de História Contemporânea. Prazo de submissão: 29 de Fevereiro a 15 de Abril de 2012. Saber mais em http://www.fcsh.unl.pt/submissao-de-artigos-cientificos/i-congresso-anual-de-historia-contemporanea.
Recordação de Matos Maia
José Matos Maia, famoso radialista português, morreu faz precisamente hoje sete anos. Recordo-o em http://industrias-culturais.hypotheses.org/20336.
sábado, 3 de março de 2012
Livros que tomam partido
Vai realizar-se um ciclo de três debates (6, 13 e 20 de março, na Biblioteca-Museu República e Resistência, Estrada de Benfica, 419, Lisboa) em torno dos livros de caráter político que o movimento editorial produziu durante o período de 1968 a 1982, em Portugal. O organizador é o Flamarion Maués, da Universidade de São Paulo, que está a acabar a primeira tese de doutoramento dedicada especificamente ao tema.
Leeds conference on media transformations, July 2012
Call for Papers: Deadline Tuesday 6 March. Abstracts to TransformationICSConference@leeds.ac.uk. An international conference on Transformations in/of Broadcasting. Where: Institute of Communications Studies, University of Leeds. In association with The ECREA Media Industries and Cultural Production Temporary Working Group; The Media Industries Research Centre, University of Leeds; Centre for Digital Citizenship, University of Leeds.
Leeds is a major city in the north of England, just over two hours by rail from London, and with five flights a day to the major international hub of Amsterdam Airport. It has superb cultural resources, and to the north are hundreds of miles of beautiful countryside, including the world-famous Yorkshire Dales.
When: July 12-13th 2012
Confirmed speakers include: Stephen Coleman, John Corner, Des Freedman, Sylvia Harvey, David Hesmondhalgh, Lynn Spigel, Graeme Turner
The media continue to undergo remarkable change. To what extent have recent and continuing changes enhanced or constrained broadcasting’s potential to benefit societies, citizens and publics? This international conference addresses this broad question, across a number of themes, including (but not confined to) those below. The aim is to bring together researchers across a number of specialisms, to discuss questions of transformation across traditional research divisions. Papers and panels relating to civic engagement and participation and transformations related to digitalization are welcome, as is historical research. We welcome the submission of papers involving research within and across any national contexts. Although the focus is contemporary, we welcome historical research that adds to understanding of current transformations and continuities.
• Audience/hood. How have broadcasting audiences changed? What new challenges are changes in audience behaviour throwing up for audience research, both within industry and among academics concerned with questions of identity, meaning and pleasure? How are social media monitoring, opinion mining, sentiment analysis impacting onto understandings, conceptions, and practices of audience engagement? Are interactivity and user-generated content useful concepts in the new broadcasting ecology, and if so, how might we understand them in relation to agency, consumerism, choice, democratization?
• Representation and aesthetics To what extent have transformations in broadcasting involved changing relations between representation and power? What notable changes have there been in representations of gender, of ethnic and religious groups, of different types of body? What new forms and genres are developing to represent contemporary experience and identity? How are traditional genres mutating, and with what effect on quality? How are certain genres such as news, journalism, and reality TV adopting to the emerging challenges of transformations? How are new technologies, such as HDTV and widescreen, changing the aesthetics of television and other media?
• Industry and institution. What are the impacts of commercialization of public broadcasting and how is this occurring? What are the implications of the continuing multiplication of channels for notions of quality, professionalism, integrity? What is the impact of co-creation and amateur forms of production for broadcasting and the cultural industries more generally?
• Policy and regulation How are policy makers and regulators responding to transformations in broadcasting? How are questions of copyright and intellectual property affecting dynamics? What principles ought to guide policy in this changing environment? Are concepts such as neo-liberalism and marketization adequate to characterise tendencies in policy over recent decades? Regulators, policy, localism, issues of copyright, ownerships, power relations within industry, power relations (between brands, service providers and audiences etc)
Abstracts 300 words maximum. Panel proposals should consist of 3-5 papers. Panel descriptions should include paper abstracts; a maximum of 1000 per panel description.
Leeds is a major city in the north of England, just over two hours by rail from London, and with five flights a day to the major international hub of Amsterdam Airport. It has superb cultural resources, and to the north are hundreds of miles of beautiful countryside, including the world-famous Yorkshire Dales.
When: July 12-13th 2012
Confirmed speakers include: Stephen Coleman, John Corner, Des Freedman, Sylvia Harvey, David Hesmondhalgh, Lynn Spigel, Graeme Turner
The media continue to undergo remarkable change. To what extent have recent and continuing changes enhanced or constrained broadcasting’s potential to benefit societies, citizens and publics? This international conference addresses this broad question, across a number of themes, including (but not confined to) those below. The aim is to bring together researchers across a number of specialisms, to discuss questions of transformation across traditional research divisions. Papers and panels relating to civic engagement and participation and transformations related to digitalization are welcome, as is historical research. We welcome the submission of papers involving research within and across any national contexts. Although the focus is contemporary, we welcome historical research that adds to understanding of current transformations and continuities.
• Audience/hood. How have broadcasting audiences changed? What new challenges are changes in audience behaviour throwing up for audience research, both within industry and among academics concerned with questions of identity, meaning and pleasure? How are social media monitoring, opinion mining, sentiment analysis impacting onto understandings, conceptions, and practices of audience engagement? Are interactivity and user-generated content useful concepts in the new broadcasting ecology, and if so, how might we understand them in relation to agency, consumerism, choice, democratization?
• Representation and aesthetics To what extent have transformations in broadcasting involved changing relations between representation and power? What notable changes have there been in representations of gender, of ethnic and religious groups, of different types of body? What new forms and genres are developing to represent contemporary experience and identity? How are traditional genres mutating, and with what effect on quality? How are certain genres such as news, journalism, and reality TV adopting to the emerging challenges of transformations? How are new technologies, such as HDTV and widescreen, changing the aesthetics of television and other media?
• Industry and institution. What are the impacts of commercialization of public broadcasting and how is this occurring? What are the implications of the continuing multiplication of channels for notions of quality, professionalism, integrity? What is the impact of co-creation and amateur forms of production for broadcasting and the cultural industries more generally?
• Policy and regulation How are policy makers and regulators responding to transformations in broadcasting? How are questions of copyright and intellectual property affecting dynamics? What principles ought to guide policy in this changing environment? Are concepts such as neo-liberalism and marketization adequate to characterise tendencies in policy over recent decades? Regulators, policy, localism, issues of copyright, ownerships, power relations within industry, power relations (between brands, service providers and audiences etc)
Abstracts 300 words maximum. Panel proposals should consist of 3-5 papers. Panel descriptions should include paper abstracts; a maximum of 1000 per panel description.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Textos sobre rádio
75 anos da Rádio Renascença - http://industrias-culturais.hypotheses.org/20224
O regresso ao teatro radiofónico - http://industrias-culturais.hypotheses.org/20247
Estudos sobre a rádio de João Paulo Meneses - http://industrias-culturais.hypotheses.org/20282
O regresso ao teatro radiofónico - http://industrias-culturais.hypotheses.org/20247
Estudos sobre a rádio de João Paulo Meneses - http://industrias-culturais.hypotheses.org/20282
I Feira de Antiguidades e Obras de Arte no CCB
Retratos de Gonçalo San Roman
Gonçalo San Roman (1978) inaugurou hoje a exposição individual de pintura Portraits, que reune uma dezena de retratos. Ela está patente até 9 de março, das 10:30 às 20:00, no espaço #24 Rentagallery (Rua da Esperança, 24, Santos-o-Velho, Lisboa). Os retratos expostos não ambicionam ser fotográficos ou realistas, pretendendo apenas captar o olhar do observador e fazê-lo viajar para o cenário da ação idealizada. Obras que procuram integrar emoções de paixão, tranquilidade, medo e espanto, materializadas num rosto e que levam o público para um local diferente e longínquo.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Fim do Clube Literário do Porto
Leio agora no Público que o Clube Literário do Porto (CLP), a funcionar desde 2005 em edifício da Rua Nova da Alfândega, no Porto, vai cessar a sua atividade no final deste mês de Março, levando ao desemprego os cinco colaboradores que ali trabalham. Manifesto o meu enorme pesar, dado o elevado nível da programação presente no Clube. E destaco o impacto estético das suas magníficas instalações, que constituem um elemento central na cultura da cidade.
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