Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
UM PEQUENO CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA RÁDIO
Li agora no sítio da Media Networking que Ian Fleming, o criador de James Bond, sugeriu a instalação de uma estação de rádio pirata no começo da II Guerra Mundial (1940), capaz de emitir como se fosse uma estação alemã. Esta ideia de subverter as tropas germânicas não foi adoptada de imediato, mas apenas em 1941, por um especialista e amigo de Fleming chamado Sefton Delmer (ver sítio http://www.seftondelmer.co.uk/) e um outro seguidor, Harold K. Robin.
Observação: esta informação decorre de uma exposição patente em Londres, no Imperial War Museum, até Março de 2009.
terça-feira, 29 de abril de 2008
LAWRENCE GROSSBERG EM PORTUGAL
No próximo mês, estará na Universidade Católica Portuguesa o professor Lawrence Grossberg, um dos mais importantes pensadores dos cultural studies americanos (direi mesmo, o discípulo dilecto do professor James Carey, a quem entrevistou pouco antes deste falecer) (imagem retirada do sítio da University of North Carolina at Chapel Hill].
Grossberg falará no dia 9 de Maio (17:30-20:30) sobre Cultural Studies and the problem of Modernity (sessão aberta a todos os interessados). Já no dia 10 de Maio, com sessões de manhã e de tarde, para alunos de doutoramento daquela universidade, ele dedicar-se-á a falar de Cultural studies and the problem of economics e de Cultural studies and the problem of popular/culture.
Espero voltar a falar dele.
A AULA DE 7 DE MAIO
Indica a professora para a sua aula do próximo dia 7 de Maio:
Reflicta sobre a seguinte afirmação, relacionando-a com os pressupostos teóricos das indústrias culturais.
“Perguntarão: que têm a ver pastéis de nata com indústrias culturais? Nada. Porém, têm tudo a ver com as indústrias culturais.” Rogério Santos, Indústrias Culturais [ler]
O blogueiro cá de casa também vai falar em indústrias culturais nas suas aulas de Teorias da Comunicação, mas atrasou-se [devido a releituras de Stuart Hall via Paddy Scannel (2007), mais a ideia de refrescar o modelo ritual da comunicação de James Carey e as suas conversas com Lawrence Grossberg (2006), investigador que vai estar na Universidade Católica Portuguesa no próximo mês]. Mas a pergunta também a posso fazer aos meus alunos: "que têm a ver pastéis de nata com indústrias culturais? Nada. Porém, têm tudo a ver com as indústrias culturais". Rogério Santos [ler]
Cumprimentos à Paula Cordeiro.
OS CD JÁ MORRERAM?
Já referi aqui anteriormente o blogue de Andrew Dubber (New Music Strategies). Volto a fazê-lo hoje a propósito do post Os CD já morreram?
A dúvida dele é se estão mesmo mortos ou estão a lutar pela sobrevivência. É certo que as vendas de CD comerciais de música popular (urbana) nas lojas das principais avenidas das cidades estão em declínio acentuado. Mas há diferentes tipos de CD – uma hierarquia.
No topo, Dubber coloca as edições para coleccionadores, com caixas bem empacotadas e informação muito precisa arrumada em livrinhos (booklets, no original). Estas edições podem ser para o próprio comprador ou para oferecer à namorada(o) ou a um(a) amigo(a). Estas colecções estão a seguir a rota dos connoisseurs (no original da mensagem) dos discos de vinil. Os retalhistas sabem disto! E Andrew Dubber chama a atenção para uma compilação excelente da música funk dos anos 1970, de Benim e do Togo.
É verdade que o mp3 quer pôr em causa os antecessores (vinil e CD), mas a existência de um grande catálogo desses antecessores pode revelar-se um trunfo inestimável. Talvez nos próximos 25 anos ainda se esteja a discutir sobre o desaparecimento ou não desses velhos materiais.
Dubber, num optimismo que lhe fica bem, acrescenta que o CD não está apenas a sobreviver mas experimenta o que parece ser um crescimento exponencial. Primeiro, porque se pode comprar CD sem informação ainda inscrita. Depois, porque se tornou fácil gravar um CD – e qualquer artista pode gravar sem passar por um estúdio sofisticado. E, em terceiro lugar, sítios como a Amazon ou o mercado em segunda mão do eBay mostram como funciona o mercado de CD.
COLÓQUIO SOBRE JORNALISMO EM OEIRAS
Os jornalistas Inês Serra Lopes, Sérgio Figueiredo e Paulo Rego participam na Tertúlia Oeiras à Conversa, amanhã, dia 30 de Abril, pelas 18:30, no "Pólvora Café" (Fábrica da Pólvora de Barcarena).
O tema é Somos todos jornalistas? - A Internet e os desafios do jornalismo no contexto regional e assinala o Dia da Imprensa Regional do concelho de Oeiras.
TEATRO NA ADEGA VIÚVA GOMES (ALMOÇAGEME)
Castelo de Cartas, amanhã, 30 de Abril, pelas 22:00, na Adega Viúva Gomes, em Almoçageme (ao lado dos Bombeiros).
Raquel acorda sobressaltada. Está amordaçada e amarrada a uma cama. Não reconhece o local onde se encontra, o quarto é escuro, o ambiente é fétido e carregado de terror. Para conhecer o resto da sinopse ver este vídeo.
Produção da REFLEXO - Associação Teatral e Cultural, com autoria e encenação de Michel Simeão, e Lavínia Roseiro e Marta Osiecka como intérpretes.
ESCULTURA E DESENHO DE RAMÓN DE SOTO NA CORDOARIA NACIONAL
BOAS NOTÍCIAS: O AUMENTO DA CIRCULAÇÃO PAGA NOS JORNAIS DIÁRIOS
Nos dois primeiros meses de 2008, os diários generalistas apresentaram subidas na circulação paga em relação a período homólogo do ano passado (mais 12,1%), segundo a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT) (via newsletter da Meios e Publicidade de hoje).
O Correio da Manhã tem uma média de circulação paga de 120.146 exemplares, o Jornal de Notícias 102.224, o Diário de Notícias 49.363 (mais 40,8%) e o Público 43.138.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
MINGUANTE
Saiu agora um novo número da newsletter Minguante, revista de micronarrativas. Em próximo número da revista será publicada uma entrevista a Rui Costa, um dos responsáveis pela selecção e organização da Primeira Antologia de Micro-Ficção Portuguesa.
UM SÍTIO SOBRE MODA
Fashion-era é um sítio de história da moda, que pertence e tem sido desenhado, escrito e desenvolvido por Pauline Weston Thomas e Guy Thomas. Recomendo uma visita.
JORNALISMO EM CONSTRUÇÃO - UM LIVRO DE JOAQUIM FIDALGO
Saiu muito recentemente o livro de Joaquim Fidalgo, O jornalista em construção, da Porto Editora, e que é o primeiro resultado da sua tese de doutoramento.
Retiro da contracapa a seguinte informação:
Este livro procura analisar o percurso histórico feito pelos jornalistas, sobretudo entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, com vista à afirmação da sua actividade como uma autêntica profissão, socialmente reconhecida e juridicamente legitimada. Numa primeira parte, faz-se uma breve abordagem teórica da sociologia das profissões e dos diversos paradigmas que, ao longo das últimas décadas, foram sendo objecto de estudo e de debate. Na segunda parte, percorre-se o caminho, nem sempre linear, feito pelos jornalistas, em diversas latitudes e em diferentes contextos socioculturais, procurando definir e autonomizar o seu ofício por relação com outros ofícios da comunicação. A conclusão genérica sugere que este esforço de profissionalização dos jornalistas tem sido um processo difícil, contraditório, feito de avanços e recuos, de tensões e negociações permanentes, à medida de uma actividade cuja catalogação suscita ainda hoje algumas controvérsias.
Escrita muito cuidada e madura (já li cerca de um terço da obra), trata-se de um trabalho de uso científico sobre a exigência ética e deontológica, que certamente estudantes e profissionais do jornalismo vão adoptar.
Joaquim Fidalgo é docente na Universidade do Minho. Anteriormente, foi jornalista (Jornal de Notícias, Expresso e Público, pertencendo ao núcleo fundador deste diário e provedor do leitor). Dele já li Em nome do leitor (MinervaCoimbra).
IMPRENSA REGIONAL
Publicado na editora Livros Horizonte (colecção "Media e Jornalismo"), saíu o livro de Sofia Santos Imprensa regional. Temas, problemas e estratégias da informação local, resultado de uma dissertação de mestrado defendida na Universidade Católica há pouco mais de dois anos.
Escreve a autora no começo do livro: "Dentro de um quadro heterogéneo, complexo e vasto, a imprensa regional continua, não obstante o avanço tecnológico e cultural, a assumir um papel insubstituível que se traduz nas histórias que conta todos os dias".
Como se pode ler no livro, a imprensa regional tipo do distrito de Lisboa é constituída maioritariamente por jornais com tiragem de mil a mil e quinhentos exemplares e menos de dez trabalhadores a tempo inteiro por publicação. Da radiografia que a autora tirou dos jornais, o jornalista tipo é do género feminino, de 25 a 35 anos, possui licenciatura e carteira profissional, com salário raramente a chegar aos mil euros. Das secções mais presentes nas publicações analisadas, desporto, cultura, local e regional ocupam bastante espaço, o mesmo acontecendo com a publicidade e os classificados (do prefácio ao livro).
Parabéns à autora, esperando-se que comece a pensar no próximo passo académico.
PRIMAVERA MUSICAL EM CASTELO BRANCO
- O Primavera Musical começou há 14 anos apresentando no seu programa 5 concertos e tendo como padrinho artístico o Quarteto Borodine. De uma certa forma, definia-se um território e um padrão. O território era o da primazia da música de câmara e o padrão era o da excelência. Mesmo com a mudança da direcção artística, ao fim de 3 anos, e com um claro alargamento do espectro de programação, mantivemo-nos fieis - pelo menos, procurámos fazê-lo – a estes dois elementos centrais da nossa visão.
Quase a comemorarmos o 15º aniversário do Festival Internacional de Música de Castelo Branco, as nossas aspirações vão no sentido de proporcionar um programa aliciante e estimulante que cative ainda mais públicos, afirmando-se no plano nacional, mas conquistando o reconhecimento internacional.
O programa que hoje apresentamos terá o seu início a 29 de Abril, sendo o último concerto no dia 5 de Junho, seguindo-se, já em Julho, um concerto extraordinário, uma antevisão do Primavera Musical 2009.
Serão 14 concertos, 5 sessões de cinema, um ensaio aberto e uma Oficina de Construção de Instrumentos Musicais.
Para obter mais informações ver o sítio www.primaveramusical.org e o blogue www.primaveramusical.blogspot.com.
NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO (8)
A pesquisa etnográfica desenvolveu-se tendo em atenção os benefícios da participação individual do investigador, que lida com problemas do estudo de culturas alienígenas. Desde há muito que o trabalho etnográfico se tornou uma das ferramentas essenciais da sociologia. Teóricos como Schutz e Cicourel foram referenciais na mudança de interesse dos métodos estatísticos quantitativos para modos qualitativos de questionar documentos, objectos e registos, assim como a observação directa e as entrevistas mais geralmente associadas com a etnografia. O interaccionismo simbólico possibilita a medição das transacções entre grupos separados, como as agências públicas e os seus clientes. O realce do interaccionismo simbólico permite o registo empírico da acção e interpretação social.
Um elemento fundamental na investigação dos cultural studies tem sido analisar e medir as relações complexas entre formas representacionais e ideológicas e a densidade ou “criatividade” das formas culturais “vivas”. Mas a corrente dos cultural studies, para além do interaccionismo simbólico, tem origens no weberianismo, na fenomenologia e na antropologia, visível no trabalho inicial de Phil Cohen (cultura da classe trabalhadora e cultura juvenil em East End), mas também nos trabalhos posteriores de Paul Willis (reprodução cultural, educação e processo laboral), Angela McRobbie (socialização do género, patriarcado e cultura juvenil), Dorothy Hobson (estruturas da experiência doméstica feminina e discursos mediáticos), Roger Grimshaw (estruturas da masculinidade, ideologia e família).
As formas etnográficas iniciais associaram-se com o trabalho das subculturas, casos de Phil Cohen e dos textos mais etnográficos de David Hebdige, P. Willis e P. Corrigan. Mais importante, o método foi sendo generalizado e tornou-se central na investigação. Em todos esses estudos tem sido possível estabelecer uma relação particular entre teoria e etnografia.
A presença mais forte dos interesses feministas no projecto etnográfico dos cultural studies daria voz a uma experiência pessoal de mulheres e raparigas estudadas na investigação.
Leitura: Roger Grimshaw, Dorothy Hobson e Paul Willis (1980/1996). "Introduction to ethnography at the Centre". In Stuart Hall, Dorothy Hobson, Andrew Lowe e Paul Willis (ed.) Culture, Media, Language. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 73-77
domingo, 27 de abril de 2008
O BLOGUEIRO É UMA ESPÉCIE DE COLECCIONADOR
Uma das facetas de um blogue é a de coleccionador.
Explico-me melhor: há o coleccionador de originais e o coleccionador que adquire reproduções ou cópias, por um menor desafogo financeiro. Este pode ter o gosto daquele mas não a sua carteira.
Os blogues são mais do segundo tipo, pois operam não de ideias originais mas frequentemente no que outros dizem, escrevem e comentam. Acho que se pode inferir que os blogues e a internet em que se insere reflectem esse gosto pela cultura popular e de massa e não a cultura de elite, de vanguarda ou experimental.
Em resumo, os blogues preferem seguir caminhos já trilhados, são mais conservadores que os outros media e indústrias culturais.
O PROVEDOR DO LEITOR DO PÚBLICO
- Recomendação do provedor. Os textos de opinião do PÚBLICO deveriam passar, antes de publicados, por um crivo de verificação factual idêntico ao que é aplicado às matérias de natureza jornalística (Joaquim Vieira, coluna do "Provedor do Leitor" do Público de hoje).
Que me lembre, é a primeira vez que um provedor do leitor intervém numa área considerada não jornalística - os colunistas não jornalistas não têm sido considerados na actividade do provedor. Igualmente corajosa é a posição que Joaquim Vieira vem tomando contra a publicidade que "embrulha" a primeira página (devo dizer que, da última vez em que a publicidade "embrulhou" a capa do jornal, eu quase não comprava o jornal pensando ser apenas publicidade a ele e não o próprio jornal).
Ponderado e objectivo, o provedor do leitor do Público está a fazer, quanto a mim, um bom papel. O jornal sai engrandecido - e os leitores também ganham.
Bizarra, por outro lado, a afirmação do director do jornal quando se refere a um antigo colaborador, "cujos erros eram, por vezes, grosseiros - e nem valia a pena tentar falar com ele". As perguntas que faço são: se o o ex-colunista cometia erros tremendos, porque não suspenderam logo a colaboração dele? Como o Público dispensou alguns colaboradores no ano passado, fica uma suspeita: ele era dessa leva ou desapareceu do jornal antes? Quem era?
ICMEDIA
Depois de amanhã, dia 29, vai ser apresentada, na Associação da Imprensa (Madrid, Espanha), a ICMEDIA – Iniciativas para a Qualidade dos Meios Audiovisuais, a nova imagem de marca da Federação Ibérica das Associações de Telespectadores e Radiouvintes (FIATYR, Federación Ibérica de Asociaciones de Consumidores y Usuarios de Medios de Comunicación Social).
A FIATYR é uma ONG constituída em 1991 e reúne cerca de duas dezenas de associações de consumidores dos media em Espanha e a ACMedia em Portugal. A Federação Ibérica resultou do entendimento comum dos presidentes das associações de Espanha e de Portugal.
Na apresentação em Madrid, estarão presentes responsáveis das televisões que emitem em Espanha e das empresas de telecomunicações, académicos, jornalistas, representantes da sociedade civil e reguladores. Nuno von Amann de Campos representará a ACMedia.
A FIATYR tem como objectivos principais "criar nas famílias uma consciência critica que desenvolva as suas capacidades de selecção perante as ofertas audiovisuais; incluir no actual sistema de ensino projectos para instruir os jovens a um melhor uso dos media; proteger as crianças e os adolescentes do mau uso das novas tecnologias".
[obrigado a Fernando Paulino, "correspondente" do IC em Brasília, pela dica]
BLOGUE SOBRE ILUSTRAÇÕES DE REVISTAS
Assina-se Mariana, é de Lisboa, e tem um blogue chamado Ilustração Portuguesa, onde reproduz "revistas portuguesas antigas. Foram compradas em feiras de antiguidades, ou achadas". Entre elas, estão Fungagá da Bicharada, Gente, Ilustração, Ilustração Portugueza, Cinéfilo e Século Ilustrado, mas também internacionais como Fon Fon e Les Enfants. Além deste blogue, ela tem outros que vale a pena igualmente espreitar (copio uma imagem de Stuart Carvalhais, que ela colocou hoje no blogue).
PROJECTO VIDEOLAB
Com uma sessão intitulada DOCUMENTE Videolab, a decorrer no sábado dia 3 de Maio, o Projecto Videolab dá seguimento à parceria com a Livraria-Café Gato Vadio (Rua do Rosário, 281, Porto) [não tenho indicação do horário].
Dedicada ao documentário, o evento constará da exibição de um conjunto de 16 filmes e 2 instalações.
sábado, 26 de abril de 2008
NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO (7)
[o anterior texto da série foi escrito a 12 de Março]
Para John Hartley (Comunicação, Estudos Culturais e Media, 2004: 110), os cultural studies ingleses combinam estruturalismo, marxismo e feminismo em termos intelectuais e estudos literários, sociológicos e antropológicos quanto a domínio disciplinar. Continua Hartley: foram conduzidos diálogos com feministas (dada atenção a mulheres ignoradas nas subculturas), sociólogos (problemas de método e generalização), teóricos psicanalíticos (identidade e subjectividade), antropológicos (método etnográfico), escritores pós-coloniais (multiculturalismo), foucaultianos (debates sobre o poder), políticos (capacidade dos estudos culturais intervirem na formação de políticas) e activistas culturais (intervenção cultural).
Na sua monografia sobre o tema, Armand Mattelart e Érik Neveu (Introdução aos cultural studies, 2006: 35) chamam a atenção para as subculturas juvenis, objecto de muitas monografias desde 1970: bikers, hippies, mods, punks, rastas, rockers, ruddies, skinheads, teddy boys. No mínimo, são estilos de moda e de penteados; no máximo, são estilos de vida (e de expressão cultural, como no caso da música), muitos deles contemporâneos entre si, remetendo para diversas modalidades identitárias: continuidade, ruptura, revivalismo ou reinvenção.
Um dos autores mais significativos foi Dick Hebdige, que trabalhou as subculturas juvenis de Birmingham, relacionando subculturas e classes sociais no pós-II Guerra Mundial, através do diálogo entre a juventude negra (rasta) e branca, como os teddy, mods e punks (Subcultura. El significado del estilo, 1979/2002). Tendo como arquitectura teórica o pensamento de autores como Althusser, Gramsci, Barthes e Jean Genet, Hebdige vê a subcultura do ponto de vista simbólico dentro da cultura industrial tardia.
Veja-se o que ele pensa sobre o reggae e o movimento rasta (Hebdige, 2002: 49-62), inspirado na experiência específica dos negros da Jamaica e da Grã-Bretanha, que possuíam uma cultura oral local e uma apropriação da Bíblia, com elementos pentecostais, a posse da Palavra. O reggae dirige-se a uma comunidade em trânsito (movimento rastafari, o tema do regresso a África), reflexo inverso da sequência histórica das migrações – África-Jamaica-Grã-Bretanha. É a ideia de restituição à África deportada, ao continente em deriva. A África tornou-se um continente mental ilimitado no extremo oposto ao da escravatura. Os rastafaris acreditariam que a ida de Hailé Selassié para o trono da Etiópia em 1930 foi o cumprimento das profecias bíblicas e seculares sobre a iminente queda da Babilónia (as potências coloniais brancas) e a libertação das raças negras.
Em geral, a primeira geração de imigrantes das Antilhas tinha espaço cultural em comum com os vizinhos brancos da classe operária, o que eliminava possíveis antagonismos abertos. Mas as crianças negras nascidas e educadas na Grã-Bretanha sentiam-se menos inclinadas que os seus pais a aceitar o estatuto inferior e a estreiteza de opções. O reggae cristalizou-se noutra cultura, noutro conjunto de valores e suas definições.
Já o núcleo de estilo teddy boy encontrou-se nas novas cafetarias britânicas, sonhando com a América, um continente imaginário de westerns e gangsters, luxo, glamour e automóveis (Hebdige, 2002: 72-75). O desterro fantasioso do teddy boy era-o porque estava excluído e afastado da classe trabalhadora respeitável, condenado praticamente a uma vida de trabalho não qualificado. Os teds viram-se envolvidos em ataques injustificados contra a segunda geração de negros das Antilhas e protagonizaram distúrbios nas ruas inglesas em 1958.
Por seu lado, a relação com os beatniks não foi pacífica. Se o beatnik cresceu numa cultura instruida, interessando-se pela vanguarda (pintura abstracta, poesia, existencialismo francês) e adoptando um ar cosmopolita de tolerência boémia, o ted era proletário e algo xenófobo. Conquanto existisse alguma proximidade, os mods distinguiam-se dos beatniks. No princípio dos anos 1960, os mods foram os primeiros numa larga lista de culturas juvenis que cresceram perto dos jovens das Antilhas (Hebdige, 2002: 76-77). O mod era o típico dandi da classe baixa, obcecado pelos mais pequenos detalhes de vestuário. Ao contrário dos teddy boys, que se faziam notar pela insolência, os mods eram de aspecto mais subtil e contido: usavam roupas aparentemente conservadora e de cores respeitáveis. Usavam cabelo curto e limpo, com a ajuda de laca, ao contrário da brilhantina dos rockers viris.
Dois outros grupos, mais radicais são identificados no mesmo estudo de Hebdige( 2002: 80-93): skinhead e punk. Os skinheads surgiram em finais dos anos 1960, proletários mas igualmente puritanos e chauvinistas, vestindo com um visual de delinquente – cabeça rapada, roupa negra, cintos, correias -, enquanto o punk se tornava o porta-voz dos jovens brancos do lumpen- proletariado, usando roupa suja e indecorosas blusas transparentes e correntes e com uma linguagem agreste. A retórica do punk, a sua fixação com a classe e a distinção, pareciam desenhadas para debilitar o intelectualismo da geração anterior dos músicos de rock. A identidade étnica branca centrava-se, em modo iconoclasta, nas concepções tradicionais do britânico (a Rainha, a bandeira nacional, como a banda Sex Pistols em God save the Queen). Mas havia uma diferença – o reggae pretendia uma inalcançável e imaginária África, os punks viviam ligados a uma Grã-Bretanha sem expectativas de futuro.
Claro que Hebdige subestimaria o peso da cultura comercial na apropriação. O punk, para além da origem proletária, como diz esse autor, foi uma mistura de estratégia cultural vanguardista, marketing e transgressão da classe trabalhadora perante a restrição de consumo sentida pelos jovens, denotando a ideia de grupos de produtores de significados e de fãs (fanáticos).
Mais tarde, quando os cultural studies se transferiram para outros espaços geográficos e académicos, como a Open University de Londres, novas subculturas e estilos de vida e de música eram estudadas. Por exemplo, Keith Negus abordaria o rap ou hip-hop, os bens culturais ou simbólicos por estes produzidos e as estruturas organizacionais onde eles eram produzidos, numa lógica de produção e consumo associado ao lazer (ver David Hesmondhalgh, Media organisations and media texts: production, autonomy and power, 2006: 73).
sexta-feira, 25 de abril de 2008
POLÍTICAS PARA A CULTURA E CRIATIVIDADE DA CIDADE E REGIÃO DE AVEIRO EM COLÓQUIO
Vai realizar-se, no próximo dia 29, pelas 21:15, no Café/Bar do Teatro Aveirense (Aveiro), o colóquio Os desafios de uma nova política para a cultura e criatividade da cidade/região de Aveiro - Valorizar as oportunidades do QREN 2007/13. O colóquio, que se integra no âmbito do projecto Cidades Criativas, contará como principais oradores Carlos Martins, coordenador do Estudo Estratégico sobre as Indústrias Criativas da Área Metropolitana do Porto, e Susana Sardo, docente do Departamento de Comunicação e Arte da UA.
UM PROJECTO DE PÓS-DOUTORAMENTO – QUE ME LEMBREI DE ESBOÇAR HOJE MAS NÃO VOU FAZER (3)
[continuação do texto dos dias 6 e 9]
Dois equipamentos que mudaram muito a vida das pessoas foram a caixa multibanco e a via verde, aquela para levantar dinheiro de um banco, esta para pagar electronicamente a passagem na autoestrada, sem parar o automóvel. São tecnologias desenvolvidas a primeira há cerca de vinte anos, a segunda perto de dez anos atrás.
A caixa multibanco (ATM) reduz as idas ao banco, do mesmo modo que o pagamento de serviços pela internet evita as filas junto ao balcão. Os profissionais bancários foram reduzidos em número e a relação de confiança que se depositava nos que nos atendiam no balcão desapareceu. Nesse sentido, houve uma desumanização, ou uma maior maquinização, do mesmo modo que o atendimento da telefonista. O dinheiro passou a ser virtual, com as notas a serem substituídas por transacções electrónicas nas caixas ATM também nas lojas, nos supermercados e em qualquer espaço comercial e de serviços.
A caderneta de cheques – e o próprio cheque – perderam terreno, do mesmo modo que a necessidade de apor a assinatura nesses bocados de papel. Agora digita-se um código. As instalações bancárias reduziram de dimensão e de número de balcões após uma concentração banqueira durante a década passada. As sequelas disso ainda se vêem em alguns locais em Lisboa e Porto, pois os espaços não foram reaproveitados, como nos anos de 1960 ou 1970, quando cafés tradicionais deram lugar a filiais de bancos.
Trata-se de tecnologias muito sensíveis, pois mexem com dinheiro. Do mesmo modo que olhamos com alguma desconfiança o pagamento de chamadas telefónicas, embora não haja o eco de queixas como até à década de 1980, reflectimos sempre quando levantamos dinheiro ou pagamos na via verde. A pergunta é: e se a máquina falha.
Já fiz centenas de operações com as caixas multibanco; houve duas falhas, a primeira logo no início do serviço, quando a máquina “engoliu” o cartão, a segunda no final do ano passado quando me deu menos 40 euros do que o solicitado (o banco onde levantei não aceitou a reclamação e o meu banco devolveu o dinheiro, acreditando em mim, mas retirando-o depois, com uma comissão de serviço, ficando ainda a perder mais dinheiro, deixando de acreditar em mim).
A via verde é, dizem os entendidos, uma invenção (ou pelo menos uma adaptação inicial) portuguesa, do mesmo modo que o cartão pré-pago dos telefones celulares. Facilita a entrada e saída na autoestrada, sem espera junto ao portageiro. Há condutores que abrandam nestas passagens mas outros gostam de testar a eficácia do equipamento passando a velocidades quase idênticas como as que praticam na autoestrada.
O processo é simples: basta colocar um pequeno aparelho junto do vidro da frente do automóvel que, quando passa numa dessas passagens, funciona como emissor-receptor. Funcionando a bateria, precisa de ser substituido de vez em quando.
[continua]
quinta-feira, 24 de abril de 2008
CINEMA-TEATRO JOAQUIM D'ALMEIDA (MONTIJO)
Na oferta do Cinema-Teatro Joaquim d'Almeida, no Montijo, para Maio, destaco três espectáculos, o primeiro dos quais (I)mortal, de Bruno Schiappa (dia 3, pelas 21:30). Trata-se de um cabaret concerto em que "se traça um retrato do Homem ocidental e do que permanece ao longo dos tempos através da música e da poesia teatralizadas". Voz e textos de Bruno Schiappa e piano e música original de Pedro Fontaínhas.
Depois, a 17 de Maio (22:00), actuam os The Gift, com canções mais antigas e mais recentes, enquanto no dia 18 (16:00), para público mais pequeno, se apresenta A Fuga de Wang-Fô, baseado num conto oriental de Marguerite Yourcenar. O velho pintor Wang-fô e o seu discípulo Ling erravam pelo Reino dos Han: o "pintor era
conhecido por ter o poder de dar vida às suas pinturas por um derradeiro toque de cor. Um dia são procurados por soldados, algemados e levados ao palácio imperial".
EXPOCARREIRAS'08
quarta-feira, 23 de abril de 2008
CELEBRIDADES
Para Jessica Evans (2005), o interesse nas celebridades enquanto tema dos media leva a perguntar: 1) se uma pessoa se torna celebridade devido a um talento especial, 2) se sempre houve celebridades, 3) em que medida uma celebridade é um fenómeno mediático, 4) porque promovem os media as celebridades, 5) quanto custa produzir celebridades, 6) que valores e atitudes sociais se associam às celebridades, 7) que razões levam as celebridades a atrair audiências.
No mito do estrelato e da celebridade estão em causa o carisma e a fama, continua Evans. É que os indivíduos não se tornam celebridades como resultado de algo inato ou de qualidades magnéticas, mas a celebridade é um recurso criado e desenvolvido num conjunto de media relacionados (imprensa, cinema e programas de televisão), aos quais as audiências respondem de modo diversificado. Além disso, as celebridades são, por definição, poucas mas conhecidas por muitos. O que significa que, para quem quer atingir a fama ou tornar-se uma celebridade, há que fazer uma construção e transmissão activa de uma imagem ou pessoa que a represente.
Há três principais razões para o tema da celebridade, de acordo com Jessica Evans. A primeira é que celebridade e media são constitutivas mutuamente. O estudo das celebridades leva directamente à análise dos media e, em particular, indica que os media investem recursos elevados na promoção e cobertura da celebridade. Uma celebridade torna-se uma força poderosa nos media ligada à audiência, pois as celebridades adquirem estatuto devido aos espectadores, ouvintes e leitores.
A segunda razão é que as imagens e representações mediáticas dos famosos, estrelas e celebridades são veículos para a criação de significados sociais. Uma celebridade transporta consigo, directa ou indirectamente, valores sociais particulares, tais como o significado do trabalho e acompanhamento e definições de identidade sexual e de género.
Em terceiro lugar, desde os anos 1990, a celebridade tornou-se objecto de intenso interesse nos media. É o foco nos acontecimentos e na promoção, mas igualmente nas notícias e na cobertura de assuntos variados. Nos anos mais recentes, a análise crítica da celebridade tem-se focado nos meios de comunicação e como condicionam a condução da vida pública. O historiador cultural Daniel Boorstin (1961) usou a expressão cultura da celebridade para falar das imagens dentro das mensagens. A revolução gráfica do século XX – imprensa a vapor, reprodução fotográfica de meios tons, filme e televisão, levando à reprodução alargada de imagens – trouxe o crescimento daquilo a que Boorstin chamou pseudo-acontecimento, expressão que quis significar que um evento se faz para ser disseminado pelos media, mas também aquele que é anunciado antes de acontecer. A celebridade, na perspectiva de Boorstin, é a figura mais precisa do pseudo-evento mediático.
Leitura: Jessica Evans (2005). "Introduction". In Jessica Evans e David Hesmondhalgh (ed.) Understanding media: inside celebrity. Milton Keynes: Open University Press
terça-feira, 22 de abril de 2008
PODEM SOBREVIVER AS LOJAS DE DISCOS?
O post que Andrew Dubber colocou hoje no blogue New Music Strategies mereceu muito interesse da minha parte.
Dubber distingue dois tipos de pessoas, a dos retalhistas (comerciantes) e a dos clientes, que gostam das lojas de discos. O problema e a solução para o problema reside nos dois tipos de pessoas. Os retalhistas querem continuar a existir, e os clientes querem que eles sobrevivam. O retalhista – ou o vendedor – precisa de saber as novidades e adaptar esse conhecimento à procura do cliente. Os clientes, em especial aqueles que procuram informação de discos saídos, obtêm respostas adequadas apenas em especialistas que os esperam do lado de lá do balcão.
Há um gosto informado, escreve Dubber, que apenas se encontra nesses sítios (e não no grande armazém ou na internet tipo Amazon ou iTunes). Há que filtrar (saber filtrar) dentro de uma oferta de seis milhões de canções. Os que gostam de música – o pão com manteiga desses retalhistas independentes, como continua Dubber – precisam de entusiastas, de líderes de opinião que o ambiente online não dá.
Claro que a tecnologia ajuda, como Andrew Dubber indica na segunda parte do seu post – e que eu aconselho a que leiam na totalidade (ver em New Music Strategies).
FOTOGRAFIA DE JOÃO FAZENDA
Na Reitoria da Universidade de Lisboa inaugura amanhã a exposição de fotografia de João Fazenda, Algarve – da luz e da obscuridade (pode ser visitada até ao dia 23 de Maio).
A exposição "mostra um Algarve com características próprias de uma terra do sul, banhada por uma luz solar intensa e quente, nas horas zenitais, doce e aconchegante nas horas crepusculares".
João Fazenda vive em Lisboa e trabalha na Amadora, licenciado em Direito e com formação em Fotografia (curso de Fotografia e Cinema dos Serviços Cartográficos do Exército). Deu formação em Fotografia: clubes juvenis e residências universitárias (1971/72), Instituto Português de Fotografia (1972/73), Polícia Judiciária (1978), Serviços Cartográficos do Exército (1975) e Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (1993/94). Actividade associativa: membro da direcção do Foto-Clube 6x6, depois Associação Portuguesa de Arte Fotográfica — APAF (1971 a 1973).
VI O DIOGO INFANTE NA MINHA RUA
Sei que o Diogo Infante está no Porto (e a Eunice Muñoz também). A peça interpretada por ambos estreou sexta-feira no Porto (teatro São João).
Mas eu vi há minutos o actor, vestido com uma bata da farmácia da minha rua. Quando passei por ele, o seu olhar acompanhou-me. Não percebi se ele estava a fazer campanha pelos não fumadores, pois no seu sorriso havia um sinal que não descodifiquei.
Não sei se é legal aproveitar, deste modo, a imagem de uma figura pública para publicitar uma farmácia. Mas que é curioso, isso é!
LIÇÃO DE FRANCÊS - 6
Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "ÍNTIMA FRACÇÃO - PROGRAMA DE FRANCISCO AMARAL":
« Un roi sans divertissement »*
Jusque là, l’éditeur avait tout de son côté pour s’en sortir et il l’a fait merveilleusement en jouant sur le registre de l’humour. Mais voilà que le jeu se complique : une partie qui au départ se jouait à deux doit intégrer un troisième qui apparemment veut participer.
J’attends pleine de curiosité, car moi je ne vois pas la suite…Pourtant je fais confiance au meneur du jeu.
Qui a dit cela : un roi sans divertissement est un homme plein de misères ?*
Jean Giono
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Publicada por Anónimo em INDÚSTRIAS CULTURAIS a 4/11/2008 04:38:00 PM
O meu agradecimento à colaboração de MGF, agora cessada.
FUNDAÇÃO PARA ESTUDOS DE OPINIÃO
O fundador e actual presidente do Grupo Marktest, Luís Queirós, e esposa Paula Queirós tomaram a decisão conjunta de doar um milhão de euros para a criação de uma fundação particular de direito privado, sem fins lucrativos, a Fundação VOX POPULI.
Os fins estatutários da Fundação "visam a prossecução e difusão das boas práticas aplicáveis à exegese dos estudos de opinião, ao desenvolvimento de investigação científica, académica e de cidadania, vocacionado para o estudo das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo, na perspectiva de incentivar e promover a defesa da sustentabilidade e do progresso social e ambiental".
Segundo a informação veiculada pela própria Fundação VOX POPULI, esta integrará nos seus órgãos sociais "personalidades reconhecidas pelo trabalho desenvolvido em várias áreas de actividade, mormente, na área da pesquisa de opinião, entre as quais os administradores executivos do Grupo Marktest, que com a sua participação irão colaborar para o crescimento e sucesso deste novo projecto".
Luís Queirós dedicou o seu percurso profissional aos estudos de mercado e à pesquisa de opinião, iniciado como principal responsável pelo departamento de estudos de mercado de uma empresa multinacional. Em 1980, avançou para a fundação da empresa Marktest, hoje empresa-mãe de um grupo que emprega 300 colaboradores e desenvolve negócios em vinte países. Representou a ESOMAR (1988-1994) e participou na criação da Associação Portuguesa de Estudos de Mercado e Opinião (APODEMO), fundada em 1993, de que foi primeiro presidente da Direcção.
CICLO DE CINEMA NA UCP - QUESTÕES DO NOSSO TEMPO
segunda-feira, 21 de abril de 2008
SEMINÁRIO SOBRE REDE APLICADA AOS TEATROS
No próximo dia 29, pelas 18:30, na Universidade Católica Portuguesa, Carla Luís Duarte vai apresentar em seminário o trabalho A lógica do funcionamento em rede aplicada aos Teatros: Rede Nacional de Teatro ou Redes Nacionais de Teatros?
Tendo como base a sua dissertação de mestrado naquela universidade, a autora aborda o recente funcionamento em rede dos teatros enquanto processo emergente de um novo enquadramento sócio-cultural, com especial incidência no seu impacto ao nível da descentralização da cultura, reabilitação urbana, promoção da criação artística e crescimento sustentado de uma procura cultural esclarecida.
INDIELISBOA'08
O 5º Festival Internacional de Cinema Independente (INDIELISBOA'08) vai decorrer de 24 de Abril a 4 de Maio nos cinemas Londres e São Jorge, no Fórum Lisboa e no Teatro Maria Matos.
Para saber mais informações, procurar em www.indielisboa.com.
DIA INTERNACIONAL DO LIVRO E DOS DIREITOS DE AUTOR
O Museu da Presidência da República vai comemorar o Dia Internacional do Livro e dos Direitos de Autor (23 de Abril), através duma parceria com a FNAC-Colombo.
Foi definido um programa que irá decorrer durante todo o dia, com venda de publicações editadas pelo Museu e ateliers sobre o livro e a leitura entre as 10:00 e as 21:30 no Fórum FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
Pelas 18:00, irá decorrer uma mesa-redonda sobre o livro, com a participação de Lourença Baldaque (Museu da Presidência da República), do escritor José Luís Peixoto, do editor Mário Sena (editora Guerra e Paz) e do presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e editor da Âncora, António Baptista Lopes.
MICHAEL SCHUDSON EM LISBOA
Michael Schudson foi, para uma assistente ao seminário dado por ele na semana passada, a (sua) bibliografia ao vivo. Leitora profícua dos trabalhos de Schudson, ela seguiu atentamente o que o sociólogo dizia, no seu tom sereno e lento, muito contido, transparecendo pouco as suas emoções.
Que me ficou dele? Foi a primeira vez que veio a Portugal, a avenida da Liberdade lembrou-lhe Paris (Champs Elysées), gostou de andar a pé pela baixa lisboeta, viu o castelo de S. Jorge e o museu do Chiado, andou de metro e deu entrevistas (ao Público e à SIC sei que deu). Proferiu uma conferência na FLAD (Fundação Luso-Americana) e deu nove horas de seminário de Sociologia do Jornalismo a alunos de doutoramento e mestrado da UCP.
Antes de o conhecer, o perfil que eu tinha dele era o de historiador e sociólogo do jornalismo, em especial a imprensa. Mas rapidamente percebi outras características na sua investigação: cidadania, participação cívica, democracia, jornalismo. Retive logo o seu amplo conhecimento pela história americana, pelos pais fundadores e como a democracia americana é peculiar: eleições com churrascos, festas, procissões. Se o ponto forte de Schudson é o conhecimento da América, a sua fragilidade é a de conhecer menos bem a realidade europeia (em que Portugal se dilui, claro).
A sua investigação incide na imprensa, como escrevi acima, mas refere com frequência a televisão. Se dá menos espaço à internet, considera a importância de haver quem seleccione a vasta informação nela disponibilizada, à imagem da abertura do seu livro The power of news: os jornalistas continuarão a ser precisos para seleccionar e interpretar alguns dos acontecimentos, organização fundamental quando há milhares de ocorrências e não existe tempo de atenção para todos.
Fixei também o método de ensinar. Faz uma pequena introdução, aponta os textos a discutir, escreve tópicos no quadro e vai procurando envolver os alunos. Às perguntas respondeu lentamente: enquadrava a questão, dava um apontamento, argumentava. Do que disse percebiam-se os seus livros: Discovering the news, The power of news, The good citizen. Falou menos dos assuntos do livro The sociology of news, embora destacasse o papel das fontes de informação. Traçou sete pontos em que o jornalismo pode ajudar a democracia (mobilização, informação, investigação, explicação, empatia social, fórum público, ensino da democracia), desenhou um esquema de profissionalismo (o vídeo, de cerca de 11 minutos, foi retirado da sessão de 16 de Abril).
Mal chegou a Portugal, quis conhecer o perfil dos estudantes do seminário, que jornais nacionais e locais havia e como era a televisão (ficou mais interessado quando soube que shows de informação americanos passam nos canais de cabo portugueses). No seminário falou frequentemente do New York Times e do Los Angeles Times e dos media da sua cidade californiana San Diego e das eleições quer no seu estado quer das presidenciais deste ano.
Agora que vou reler Schudson, vou fazê-lo lembrando-me da sua voz e do modo de explicar os temas. Aprendi muito.
domingo, 20 de abril de 2008
SEMINÁRIO SOBRE CENSURA, DITADURA E DEMOCRACIA EM MAIO
O seminário Luso-Brasileiro Censura, Ditadura e Democracia, organizado pela Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ) e Fundação Mário Soares (FMS), vai decorrer nos próximos dias 8 e 9 de Maio, nas instalações desta última instituição.
Programa
8 de Maio (5.ª feira)
10:00 - Abertura, com Luís Miguel Cintra (Teatro Cornucópia)
10:45 - Censura e Burocracia de Estado (Moderadora: Ana Cabrera, CIMJ), com Fernando Rosas (IHC – FCSH/UNL), Cristina Costa (ECA/USP), Alfredo Caldeira (FMS) e Maria Luísa Tucci Carneiro (FFLCH/USP)
15:00 - Censura e Liberdade de Expressão (Moderadora: Cristina Costa, ECA/USP), com Ana Cabrera (CIMJ), Caco Barcelos (Jornalista), Fialho Gomes (CIMJ) e Beatriz Kushner (Arq. Geral Rio de Janeiro)
18:00 - Lançamento Actas do Seminário Internacional A Censura em Cena - Teatro, Comunicação e Censura (São Paulo: FAPESP, Terceira Margem, 2008)
Lançamento de número especial da revista Media & Jornalismo (CIMJ) (Apresentação: Mário Mesquita)
21:30 - Espectáculo teatral
9 de Maio (6.ª feira)
10:00 - Censura e Produção Artística (Moderadora: Roseli Figaro Paulino, ECA/USP), com Graça dos Santos (Univ. de Paris X - Nanterre), César Vieira (Autor, Director e Advogado), Luiz Francisco Rebello (Autor e Advogado) e Mayra Rodrigues Gomes (ECA/USP)
15:00 - Censura e Resistência (Moderador: Alfredo Caldeira, FMS), com Vicente Jorge Silva (Jornalista), Roseli Figaro Paulino (ECA/USP), Fernando Lopes (Realizador) e Celso Frateschi (Actor e Professor EAD/USP)
17:30 - Censura ao Teatro, com Ángel Berenguer Castellary (Univ. de Alcalá)
21:00 - Censura e Democracia (Moderadora: Diana Andringa, Jornalista), com José Pacheco Pereira (Investigador/ISCTE), António José Teixeira (Jornalista/SIC) e Renata Pallottini (Poetisa e Dramaturga)
Encerramento, com José António Pinto Ribeiro (Ministro da Cultura) e Mário Soares
[para saber mais, procurar aqui]
Programa
8 de Maio (5.ª feira)
10:00 - Abertura, com Luís Miguel Cintra (Teatro Cornucópia)
10:45 - Censura e Burocracia de Estado (Moderadora: Ana Cabrera, CIMJ), com Fernando Rosas (IHC – FCSH/UNL), Cristina Costa (ECA/USP), Alfredo Caldeira (FMS) e Maria Luísa Tucci Carneiro (FFLCH/USP)
15:00 - Censura e Liberdade de Expressão (Moderadora: Cristina Costa, ECA/USP), com Ana Cabrera (CIMJ), Caco Barcelos (Jornalista), Fialho Gomes (CIMJ) e Beatriz Kushner (Arq. Geral Rio de Janeiro)
18:00 - Lançamento Actas do Seminário Internacional A Censura em Cena - Teatro, Comunicação e Censura (São Paulo: FAPESP, Terceira Margem, 2008)
Lançamento de número especial da revista Media & Jornalismo (CIMJ) (Apresentação: Mário Mesquita)
21:30 - Espectáculo teatral
9 de Maio (6.ª feira)
10:00 - Censura e Produção Artística (Moderadora: Roseli Figaro Paulino, ECA/USP), com Graça dos Santos (Univ. de Paris X - Nanterre), César Vieira (Autor, Director e Advogado), Luiz Francisco Rebello (Autor e Advogado) e Mayra Rodrigues Gomes (ECA/USP)
15:00 - Censura e Resistência (Moderador: Alfredo Caldeira, FMS), com Vicente Jorge Silva (Jornalista), Roseli Figaro Paulino (ECA/USP), Fernando Lopes (Realizador) e Celso Frateschi (Actor e Professor EAD/USP)
17:30 - Censura ao Teatro, com Ángel Berenguer Castellary (Univ. de Alcalá)
21:00 - Censura e Democracia (Moderadora: Diana Andringa, Jornalista), com José Pacheco Pereira (Investigador/ISCTE), António José Teixeira (Jornalista/SIC) e Renata Pallottini (Poetisa e Dramaturga)
Encerramento, com José António Pinto Ribeiro (Ministro da Cultura) e Mário Soares
[para saber mais, procurar aqui]
SEMINÁRIOS SOBRE LITERATURA, CINEMA E ARTE NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE
O Grupo de Trabalho de Estudos Fílmicos da SOPCOM convida todos os interessados a participarem em dois seminários a ter lugar na próxima semana na Universidade do Algarve (dia 23).
Os dois cursos serão ministrados por Bernadette Lyra, professora titular da Universidade Anhembi-Morumbi, São Paulo.
Bernadette Lyra é escritora, ex-Secretária de Estado da Cultura e actualmente coordena o mestrado em comunicação daquela universidade, onde exerce ainda a função de directora de Pesquisa e Pós-Graduação. Tem desenvolvido um amplo trabalho na área da imagem e da sua intertextualidade com a literatura.
O PODER DA IMPRENSA: AGENDA-SETTING NO CONTEXTO DAS LEGISLATIVAS DE 2005
Foi com este título que José Santana Pereira apresentou, na passada quinta-feira dia 17, a sua dissertação de Mestrado em Política Comparada no Instituto de Ciências Sociais (Lisboa), concluída com a nota de Muito Bom por unanimidade. O objectivo era contribuir para a compreensão da influência dos media nos comportamentos e atitudes políticas em Portugal, em termos de agenda-setting (agendamento).
O contexto da investigação eram as eleições de 2005 (Primeiro-ministro em funções há quatro meses; não era líder do partido vencedor nas eleições anteriores; dissolução da AR; novas lideranças no PS e no PCP; boatos; vitória do PS com maioria absoluta). O medium analisado foi a imprensa (suporte escrito que pode ter maior efeito persuasivo e existência de dados sobre conteúdo da imprensa, ao invés da televisão, dada a ausência de dados para a mesma análise). Os elementos empíricos resultaram do Projecto Comportamento Eleitoral (ICS), com conteúdo de 1700 notícias publicadas entre 6 e 20 de Fevereiro de 2005 nos jornais ou revistas - 24 Horas, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Público, Expresso e Visão), categorizadas em 51 temas. O investigador usou ainda um inquérito pós-eleitoral com amostra representativa da população portuguesa continental (2801 indívíduos) para obter percepções e atitudes individuais.
A hipótese principal usada por José Santana Pereira foi saber se "a importância conferida aos temas de actualidade variará em função da saliência que estes temas conheceram na imprensa (Agenda Setting)".
Como conclusões, "existem indícios de que a saliência que os temas de actualidade conheceram na imprensa influenciou em alguma medida a opinião sobre a sua importância", embora "na análise agregada, as correlações são baixas , e os efeitos são influenciados por uma série de factores contextuais; Na análise individual, os efeitos são confusos e quase negligenciáveis, e as percentagens de variância explicada muito reduzidas; Confirma-se o facto de que a agenda setting é captada de forma mais forte pela análise agregada, sendo que os efeitos tendem a diluir-se na análise individual (Erbring et al, 1980; Roessler, 1999)".
Depois, quanto aos efeitos de moderação, "A análise agregada demonstrou que, na maioria dos casos estudados, o grau de envolvimento dos temas, os hábitos de discussão interpessoal, o conhecimento político e a escolaridade afectam a ocorrência de influência pelos media; No entanto, no caso do Correio da Manhã, os leitores são influenciados independentemente das suas características individuais; Visão e 24 Horas demonstraram não ter influenciado a agenda dos seus leitores no período em análise: Visão, sendo uma revista de informação genérica de peridiocidade semanal, pode ser considerada como fonte menos importante de informação; Tom do 24 Horas (humor e sarcasmo) pode fazer com que este não seja considerado uma fonte credível para informação, mas apenas um veículo para fugir das preocupações quotidianas (Hill, 1985)". Já na "análise individual, os efeitos são muito pouco expressivos".
PINTURA DE ALICE VALENTE NA COVILHÃ
Organizado pelo Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior e o Sexto- Empírico - Núcleo de Filosofia da UBI, inaugura no dia 30 de Abril, pelas 18:30, na Galeria de Exposições do Museu de Lanifícios da UBI, Real Fábrica de Panos, Rua Marquês D’Ávila e Bolama (Covilhã), a exposição de pintura de nove obras em díptico do «traço:verde-oliva», a 7ª cor das nove cores do projecto «CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» de Alice Valente.
O RAPAZ DO ACORDEÃO
Vi-o tocar de um modo invulgar, experimental, arrancando sonoridades que jamais ouvira.
Estou a falar de Will Holhouser e o seu trio (composto ainda por Ron Horton, no trompete, e David Philips, no contrabaixo), acompanhado por "a very special guest" Bernardo Sassetti, com este a suscitar aplausos, gritos e assobios dos fãs mais fortes do pianista (parece-me que a fatia da audiência feminina vibrou mais, naturalmente). Pequenas peças, de improviso, de ritmos melódicos ora compreensíveis ora de grande experimentalidade, encheram o grande auditório do CCB nos Dias da Música.
A minha memória do acordeão levava-me a considerá-lo uma antiga tecnologia já completamente em desuso. Como outras tecnologias, como a que serviu de encontro de velhos colegas ontem, que recordaram uma situação profissional desaparecida mas onde persiste uma relação pessoal para além da morte da tecnologia. É a história viva, como alguém disse. A esmagadora desses indivíduos já não está profissionalmente activo. Não escrevem as suas memórias, vivem de coisas antigas, repetem os mesmos tiques ou referem a tecnologia como interessante, têm um conhecimento ténue das novas tecnologias e da gestão a elas associada. As tecnologias digitais arrumaram para o canto do museu as anteriores da geração electromecânica (como ocorrera na televisão com o sistema electrónico a eliminar a tecnologia mecânica de Baird). Posso estimar em dez anos a completa subsituição tecnológica, que aconteceu de igual modo em todo o mundo ocidental. Portugal terá sido até local de experiências de tecnologias digitais (alemã e americana), pois um pequeno mercado permite efectuar adaptações e resolver problemas que seriam mais sensíveis num país de maior dimensão.
Um dia, o conhecimento daquela tecnologia vai desaparecer. Pena que não fique registada como a dos músicos do CCB e o espaço museológico é escasso e mal tratado e compreendido.
Aqui, cabe espaço a uma reflexão: os músicos, como outros artistas, empregam materiais e equipamentos insensíveis à novidade ou não das tecnologias. A criação e a inventividade são variáveis independentes dos suportes, pois estes permitem experimentalidades nunca antes tentadas, como o caso do acordeão de Holhouser.
O dia para recordar a memória da tecnologia também não estava agradável. Chovia torrencialmente. A cidade apareceu ainda mais deprimida do que está - os edifícios velhos estão abandonados, os empregos de outrora desapareceram e tornaram a área mais vazia e inóspita. Até chovia no interior do hotel, espaço que tinha um grande glamour quando eu era adolescente (falava-se em festas e de clientes importantes). Os sítios também se ressentem da decadência humana.
[imagens do Porto, baixa da cidade]
sexta-feira, 18 de abril de 2008
8ª CONFERÊNCIA MUNDIAL DE ECONOMIA E GESTÃO DOS MEDIA EM 19 E 20 DE MAIO DE 2008
Nos dias 19 e 20 de Maio, vai realizar-se a 8ª Conferência Mundial de Economia e Gestão dos Media na Universidade Católica Portuguesa, uma organização do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC) daquela universidade, o Journal of Media Economics e a revista Media XXI.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
SUMMER INSTITUTE EM MEDIA DIGITAL DO PROGRAMA UT AUSTIN/PORTUGAL
O Primeiro Summer Institute em Media Digital (Programa UT Austin/Portugal, CoLab), a decorrer entre 26 de Maio e 28 de Junho, será composto por seis workshops intensivos, com duração de uma a duas semanas, palestras públicas e um ciclo de cinema, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa.
Professores da Universidade do Texas, em Austin, orientarão todas as actividades. A sessão de abertura ocorrerá em 2 de Junho, às 18:00, no Auditório 1 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Av. de Berna, Lisboa).
A participação nos workshops é feita através de candidatura para o email utaustinportugal@fct.mctes.pt.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
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