Carlos de Oliveira Júnior (Rio de Janeiro, Brasil) tem um currículo escrito em formato clássico e este em formato gráfico. Prefiro o que aqui se mostra e tenho pena de não ter conhecimentos para traçar o meu próprio CV em gráfico.
A partir de informação de Daniela Bertocchi no Facebook.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 31 de maio de 2009
COBERTURA DA CAMPANHA ELEITORAL
- Em época de crise e de contenção orçamental, muitos órgãos de comunicação social estão a fazer contas para minimizar as despesas durante a cobertura da campanha para as eleições europeias. E centram a atenção nos principais partidos, aqueles com assento parlamentar, apesar das várias leis existentes exigirem respeito pelo princípio da igualdade. Mas é uma lei de 1975, traçada longe do cenário dos media actuais, que controla o desvio da imprensa a este princípio. E sobre a televisão privada a lei nada diz em concreto. [...] Mas o facto é que as linhas traçadas neste diploma legal em 1975 [Decreto-Lei 85-D/75 e 14/79], logo após a revolução de Abril, estavam longe do que viria a ser a realidade dos media em Portugal na viragem do século XXI e muito menos previam o que são hoje as necessidades que se colocam à televisão privada. Aliás, este diploma apenas fala dos meios de comunicação social públicos e da imprensa, não havendo sequer um diploma que se dirija ao caso específico da cobertura de campanhas pela televisão [texto de Ana Machado no jornal Público de hoje, página 4 da edição em papel].
CARTAZES POLÍTICOS PARA AS EUROPEIAS
Por regra, os cartazes políticos relativos a eleições são maus do ponto de vista visual. Pelo menos, eu não os acho apelativos.
Os cartazes seguintes ilustram a presente campanha para as eleições para o parlamento europeu, que decorrem de amanhã a uma semana. A campanha em si não tem despertado interesse a não ser quezílias e alusões a casos judiciais.
Como memória futura das imagens públicas da campanha, coloco os cartazes (que vi no percurso que fiz) e considero doze pontos de observação dos mesmos:
1) aposta em rostos dos cabeças de lista, excepto o MPT,
2) alguns dos cartazes trazem apenas o cabeça de lista (PSD, CDS-PP, MEP, MMS), enquanto outros apresentam equipa (PS, CDU, BE),
3) alguns dos cartazes têm (ou tiveram já) ligação a outros cartazes com os líderes partidários (PSD, CDS-PP),
4) cartazes colocados com mais frequência nas principais vias ou rotundas das grandes cidades (fiz as imagens na Av. da República, em Lisboa),
5) identificação dos candidatos, excepto no cartaz do CDS-PP,
6) nos candidatos masculinos há o uso de casaco e gravata, excepto CDU e BE,
7) mais homens que mulheres como principais candidatos (excepto MEP, com uma mulher a cabeça de lista, e PS, com paridade de género),
8) principais elementos nos cartazes: partido, nome do candidato, mensagem política, sítio da internet,
9) apesar disso, é pequeno o número de elementos face à dimensão do cartaz, pois se tem em vista os principais destinatários dos cartazes: as pessoas que se deslocam de transporte ou automóvel,
10) referências à Europa (metade dos cartazes) e a Portugal (metade dos cartazes),
11) candidatos pertencentes a uma nova geração de políticos (excepto PS, além de alguma renovação na CDU),
12) cartazes distintos de um partido mas apenas com pequenas variações de tema (PSD).
Os cartazes seguintes ilustram a presente campanha para as eleições para o parlamento europeu, que decorrem de amanhã a uma semana. A campanha em si não tem despertado interesse a não ser quezílias e alusões a casos judiciais.
Como memória futura das imagens públicas da campanha, coloco os cartazes (que vi no percurso que fiz) e considero doze pontos de observação dos mesmos:
1) aposta em rostos dos cabeças de lista, excepto o MPT,
2) alguns dos cartazes trazem apenas o cabeça de lista (PSD, CDS-PP, MEP, MMS), enquanto outros apresentam equipa (PS, CDU, BE),
3) alguns dos cartazes têm (ou tiveram já) ligação a outros cartazes com os líderes partidários (PSD, CDS-PP),
4) cartazes colocados com mais frequência nas principais vias ou rotundas das grandes cidades (fiz as imagens na Av. da República, em Lisboa),
5) identificação dos candidatos, excepto no cartaz do CDS-PP,
6) nos candidatos masculinos há o uso de casaco e gravata, excepto CDU e BE,
7) mais homens que mulheres como principais candidatos (excepto MEP, com uma mulher a cabeça de lista, e PS, com paridade de género),
8) principais elementos nos cartazes: partido, nome do candidato, mensagem política, sítio da internet,
9) apesar disso, é pequeno o número de elementos face à dimensão do cartaz, pois se tem em vista os principais destinatários dos cartazes: as pessoas que se deslocam de transporte ou automóvel,
10) referências à Europa (metade dos cartazes) e a Portugal (metade dos cartazes),
11) candidatos pertencentes a uma nova geração de políticos (excepto PS, além de alguma renovação na CDU),
12) cartazes distintos de um partido mas apenas com pequenas variações de tema (PSD).
sábado, 30 de maio de 2009
AGENTES CULTURAIS POPULARES
Adriana Facina apresenta o tema da sua aula de 4 de Junho, de Introdução à Produção Cultural, aqui. Ela é professora substituta do curso na área de Planejamento Cultural, Produtora cultural da UFRJ (Universidade do Rio de Janeiro), sócia e gerente de projectos da Mafuá Produções Culturais. Aconselho a leitura do seu texto [de uma das primeiras mensagens do seu blogue, a 31 de Janeiro de 2009, retirei a imagem pertencente ao quadro pintado por Tarsila do Amaral, em 1924, e chamado Morro da Favela].
Diz a autora do blogue: "O Curso de Formação de Agentes Culturais Populares visa capacitar/qualificar jovens e adultos moradores de espaços populares, sobretudo favelas em Niterói e na cidade do Rio de Janeiro, que desenvolvem atividades no campo da arte e da cultura (artistas e produtores culturais dos campos da música, da dança, audiovisual, artes plásticas, artesanato, teatro e «animadores culturais») [10 de Janeiro de 2009].
Diz a autora do blogue: "O Curso de Formação de Agentes Culturais Populares visa capacitar/qualificar jovens e adultos moradores de espaços populares, sobretudo favelas em Niterói e na cidade do Rio de Janeiro, que desenvolvem atividades no campo da arte e da cultura (artistas e produtores culturais dos campos da música, da dança, audiovisual, artes plásticas, artesanato, teatro e «animadores culturais») [10 de Janeiro de 2009].
PRÓXIMO FUTURO
Depois da polarização euro-norte atlântica, é hoje evidente que novas gerações de criadores surgiram e desenvolvem o seu trabalho noutros registos e noutras sociedades. [...] É o caso do triângulo Europa-África-América Latina e Caraíbas, onde a realidade pós-colonial abriu novas perspectivas, tanto localmente como através das diásporas que estabelecem um novo relacionamento com os padrões antes dominantes e transportam uma nova energia de afirmação e reconhecimento [Emílio Rui Vilar]
Próximo Futuro é um Programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea e está previsto que se realize entre 2009 e 2011, com intensidades diferentes. De algum modo, surge na sequência dos Programas O Estado do Mundo e Distância e Proximidade, bem como de outras iniciativas directamente relacionadas com os temas da mobilidade das pessoas e da criação artística internacional [António Pinto Ribeiro]
Destacam-se quatro áreas: cinema, música, teoria, projectos. Mais informações: aqui.
ECONOMIA DA CULTURA EM CABO-VERDE
O blogue cabo-verdiano ALUPEC Ka Ten Tadju publicou anteontem o texto de recente conferência do ministro da Cultura daquele país, Manuel Veiga, texto retirado do jornal A Semana. O tema era economia da cultura. Retiro dois momentos da comunicação:
- Já dissemos que a economia da cultura exige o sujeito cultural, o produto cultural e o mercado da arte. O sujeito cultural tem que ter talento, tem que ter qualificação. Este mesmo sujeito precisa de incentivos, de meios e de condições para criar ou para comunicar a sua arte. Para além da formação, ele deve contar com uma forte organização, capaz de negociar com o mercado e de organizar os pacotes promocionais, ocupar-se do marketing e da publicidade, sensibilizar e convencer os patrocinadores públicos e privados, organizar e garantir o cumprimento da agenda nacional como internacional do sujeito cultural.
[...] Não foi possível ainda estabelecer o peso da nossa cultura no PIB, o valor da exportação de produtos culturais e o número de emprego que cria, o seu peso na criação da qualidade de vida e na fecundação das relações de produção. O Estudo sobre a Economia da Cultura que se preconiza fazer dará resposta a grande parte dessas interrogações.É evidente que o peso da cultura no PIB e o número de emprego que cria não são insignificantes se tivermos em conta:
• O número de artistas, na área musical, que actua nos grupos ou individualmente, nas digressões internacionais, nos festivais de praia, nas festas populares, nos restaurantes (no país ou na diáspora), nas celebrações comemorativas, nas campanhas eleitorais... • O número de organizadores, de técnicos e de produtores musicais que têm rendimento do trabalho que fazem. • O número de actuações de artistas ligados ao teatro e à dança, o número de empregos que cria e o retorno económico que proporciona; • O número de livrarias, estudos de gravações, boîtes e espaços de entretenimento existentes e o volume de negócios que movimentam; • A diversidade da gastronomia caboverdiana e o retorno económico que propicia; • O peso económico da cultura na educação, na investigação e no resgate patrimonial; • O número de artistas plásticos, de fotógrafos e o rendimento que capitalizam; • A diversidade de artesanato existente, o seu volume de negócios e o seu peso na criação de emprego; • A representatividade do turismo cultural na economia nacional e o volume de negócios que decorre da orçamentação e animação de espaços turísticos, empresariais, públicos, religiosos e habitacionais. • O valor económico do recheio e dos serviços de instituições culturais como museu, arquivos históricos, casas de culturas, centros culturais.
MARTA EGGERTH CANTA PUCCINI
Marta Eggerth (também chamada Martha Eggerth) nasceu em Budapeste em 1912. Cantora-actriz que começou a actuar aos 11 anos de idade, manteve carreira por cerca de 70 anos. Entrou em 40 filmes. Popular na Europa, ela e o marido Jan Kiepura, ambos com mães judias, emigraram para os Estados Unidos durante a década de 1930. Eggerth tornou-se muito conhecida pelas suas participações em operetas. No vídeo, ela canta Puccini (1932), num filme onde contracena com o marido.
[fonte do texto: Wikipedia]
[fonte do texto: Wikipedia]
sexta-feira, 29 de maio de 2009
BLOGUES DE CULTURA E ARTE AO LONGO DA EUROPA
O sítio LabforCulture.org é uma plataforma em rede na área da informação das artes e da cultura europeias e está a fazer um levantamento de blogues nessas áreas. O Indústrias já consta da lista. O LabforCulture é um projecto autónomo pertencente à European Cultural Foundation (ECF), em Amsterdão. A reunião mais recente decorreu em Lisboa, em 2007, na Gulbenkian.
REALITY SHOWS: O FORMATO MAIS EXPORTADO DA TELEVISÃO EUROPEIA
Na newsletter de hoje do European Journalism Centre, destaque para os reality shows. Este formato é o de maior sucesso nas exportações europeias, nomeadamente para os Estados Unidos, segundo um estudo agora revelado e que pode indicar um reequilíbrio na balança de pagamentos das televisões europeias.
Assim, se quase todos os canais europeus importam a programação popular americana, caso de séries e de filmes de Hollywood, há também uma crescente procura de programas vindos da Ásia. Mas o mercado exportador europeu tem aumentado as trocas dentro dos países da União Europeia e para fora da Europa, em especial o Reino Unido e a Holanda. Os dois países do norte da Europa exportam para os Estados Unidos os seus programas de reality shows. Programas com Survivor, produzido pela empresa anglo-sueca Planet 24, Big Brother da holandesa Endemol e Pop Idol da inglesa British 19 tornaram-se muito populares entre os americanos. O estudo mostra ainda que programas e filmes europeus estão a atrair mais audiência dentro do continente. Os europeus gastam 33,4% do seu tempo a ver produções europeias.
Assim, se quase todos os canais europeus importam a programação popular americana, caso de séries e de filmes de Hollywood, há também uma crescente procura de programas vindos da Ásia. Mas o mercado exportador europeu tem aumentado as trocas dentro dos países da União Europeia e para fora da Europa, em especial o Reino Unido e a Holanda. Os dois países do norte da Europa exportam para os Estados Unidos os seus programas de reality shows. Programas com Survivor, produzido pela empresa anglo-sueca Planet 24, Big Brother da holandesa Endemol e Pop Idol da inglesa British 19 tornaram-se muito populares entre os americanos. O estudo mostra ainda que programas e filmes europeus estão a atrair mais audiência dentro do continente. Os europeus gastam 33,4% do seu tempo a ver produções europeias.
DANÇA EM SÃO PAULO (BRASIL)
O Teatro de Dança (Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, gerida pela Associação Paulista de Amigos da Arte - APAA) volta a receber o espetáculo Wabisabi, de Susana Yamauchi, estreado no programa Artista da Casa, agora de 10 a 12 de Junho. A "artista resgata vez suas raízes para criar uma visão caleidoscópica e singular que vai da cultura popular ao refinamento das artes superiores nipônicas como a Cerimônia do Chá, o Ikebana, a música imperial Gagaku e o teatro Noh" (do programa dos organizadores).
Mais informações: www.teatrodedanca.org.br e www.canalaberto.com.br.
Mais informações: www.teatrodedanca.org.br e www.canalaberto.com.br.
TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO MUNDO IBERO-AMERICANO
De 19 a 23 de Outubro de 2009, vai decorrer o VI Colóquio Internacional em Coimbra, organizado pelo Grupo Correntes artísticas e movimentos intelectuais do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX — CEIS20, da Universidade de Coimbra, em parceria com o Grpesq Intelectuais e Poder no Mundo Iberoamericano do Núcleo de Estudos Políticos e Culturais do Departamento de História/IFCH, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
São objectivos do colóquio: 1) Incentivar o conhecimento mútuo de investigações e investigadores, 2) Criar condições para o encontro regular e o intercâmbio científico entre investigadores que trabalham nos vários países ibero-americanos em diferentes áreas de ciências sociais e humanas, 3) Promover a criação de projectos comuns de investigação e definir programas pós-graduados com participação de investigadores de vários países, dirigidos a uma compreensão global do mundo ibero-americano.
Propostas de comunicação a partir dos seguintes temas: 1) O campo intelectual como dimensão da modernidade, 2) As artes e o pensamento estético entre tradição e modernidade, 3) Nações, nacionalismo e vanguardas, 4) Problemas de história das ciências, 5) Figuras, movimentos e controvérsias.
Mais informações: coloquiotm@gmail.com.
São objectivos do colóquio: 1) Incentivar o conhecimento mútuo de investigações e investigadores, 2) Criar condições para o encontro regular e o intercâmbio científico entre investigadores que trabalham nos vários países ibero-americanos em diferentes áreas de ciências sociais e humanas, 3) Promover a criação de projectos comuns de investigação e definir programas pós-graduados com participação de investigadores de vários países, dirigidos a uma compreensão global do mundo ibero-americano.
Propostas de comunicação a partir dos seguintes temas: 1) O campo intelectual como dimensão da modernidade, 2) As artes e o pensamento estético entre tradição e modernidade, 3) Nações, nacionalismo e vanguardas, 4) Problemas de história das ciências, 5) Figuras, movimentos e controvérsias.
Mais informações: coloquiotm@gmail.com.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
OS NOVOS TERRITÓRIOS DA PUBLICIDADE
IV Jornadas de Publicidade 2009. Uma iniciativa do Grupo de Trabalho de Publicidade e Comunicação da SOPCOM.
Data: 5 de Novembro de 2009; Local: auditório IEC, Universidade do Minho (Braga); Organização: DCC - Universidade do Minho.
Temas para comunicações: Media digitais vs tradicionais, Planeamento estratégico, Eficácia na comunicação, Estratégias publicitárias nas redes sociais, Marketing viral, Media ambiente – o espaço como meio de comunicação, Publicidade de guerrilha.
O resumo das comunicações não deve ultrapassar as 500 palavras, com submissão até 30 de Junho de 2009. Contactos: Ana Duarte Melo (anamelo@ics.uminho.pt) e Sara Balonas.
Data: 5 de Novembro de 2009; Local: auditório IEC, Universidade do Minho (Braga); Organização: DCC - Universidade do Minho.
Temas para comunicações: Media digitais vs tradicionais, Planeamento estratégico, Eficácia na comunicação, Estratégias publicitárias nas redes sociais, Marketing viral, Media ambiente – o espaço como meio de comunicação, Publicidade de guerrilha.
O resumo das comunicações não deve ultrapassar as 500 palavras, com submissão até 30 de Junho de 2009. Contactos: Ana Duarte Melo (anamelo@ics.uminho.pt) e Sara Balonas.
REVISTA SOBRE A EUROPA E OS MEDIA
"A Europa e os Media", próximo número da revista Media & Jornalismo, vai ser lançado no dia 3 de Junho, na Universidade Nova de Lisboa (auditório 1), à Avenida de Berna em Lisboa, a partir das 12:00. Teresa de Sousa, Miguel Gaspar, Margarida Marques, Ana Isabel Martins e Sérgio Ribeiro são convidados na apresentação da revista do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo).
DOC'S KINGDOM
Reinterrogar a Imagem Política é o tema da edição do seminário internacional sobre cinema documental este ano (16 a 21 de Junho, no Cineteatro Municipal de Serpa). Saber mais em www.apordoc.org.
TEATRO PLÁSTICO
O Teatro Plástico, residente no Porto desde 1995, tem como propósito principal representar peças contemporâneas de questionamento das principais contradições e problemas do nosso tempo. Para saber mais, ver o sítio do Teatro Plástico.
DOS JORNAIS EM PAPEL
Em artigo de ontem publicado no sítio da WAN (World Association of Newspapers), Gavin O'Reilly, presidente daquela associação e director-geral da Independent News and Media, disse em conferência em Barcelona (Power of Print Conference) que a indústria dos jornais enfrenta dificuldades mas estas são partilhadas em período de crise económica. Apesar da crise, o mesmo responsável considerou que as vendas de jornais em papel cresceram 1,3% em todo o mundo em 2008.
TWITTER: VANTAGENS E DIFICULDADES
No jornal Miami Herald (versão electrónica) de anteontem, Edward Wasserman escreve sobre os riscos do Twitter no jornalismo. Não se trata da substituição deste por aquele, nem da crítica pura e simples ao Twitter. Trata-se, isso sim, do risco de os jornalistas de uma sala de redacção privilegiarem o Twitter como local onde se encontram as breaking news e a actualização permanente de acontecimentos, pelo movimento em tempo real da escrita dos que estão ligados à rede, mas esquecendo que o lugar dos jornalistas é junto dos acontecimentos e, principalmente, das pessoas fora do Twitter.
INTERNET COMO CANAL DE PROMOÇÃO SUPLEMENTAR NA DIVULGAÇÃO DA MÚSICA
Com as vendas de CD a cairem muito, as principais etiquetas musicais procuram beneficiar do crescimento de novos sítios na internet como o Imeem. Trata-se de um sítio em que se podem ouvir músicas, descobrir novos artistas e partilhar favoritos com os amigos. Em retorno, o Imeem paga taxas de licenciamento pelo uso da música às etiquetas. Sítio fundado por Dalton Caldwell, o Imeem tinha grandes dívidas de milhões a pagar às etiquetas sem que a publicidade e as vendas cobrissem as taxas a que se viu obrigado, há dois meses atrás.
Agora, os grupos Warner Music e Universal Music concordaram em flexibilizar a dívida, o que permitiu a sobrevivência do Imeem e o fazer um plano de rentabilidade futura. A "amnistia" do Imeem é o sinal de que está a nascer uma nova compreensão entre as etiquetas e os sítios de alojamento de música na internet, estes totalmente dependentes daquelas. A indústria fonográfica considera que é vital ter sítios populares na internet como o Imeem, quer como fontes de receitas quer como meios suplementares aos canais de promoção na rádio e na MTV.
[fonte: New York Times de ontem]
Agora, os grupos Warner Music e Universal Music concordaram em flexibilizar a dívida, o que permitiu a sobrevivência do Imeem e o fazer um plano de rentabilidade futura. A "amnistia" do Imeem é o sinal de que está a nascer uma nova compreensão entre as etiquetas e os sítios de alojamento de música na internet, estes totalmente dependentes daquelas. A indústria fonográfica considera que é vital ter sítios populares na internet como o Imeem, quer como fontes de receitas quer como meios suplementares aos canais de promoção na rádio e na MTV.
[fonte: New York Times de ontem]
quarta-feira, 27 de maio de 2009
FILMINHO
Hoje, ao fim da tarde, André Martins, director do Filminho, esteve na UCP, onde falou daquele festival de entre Minho e Galiza. O vídeo é um excerto da conversa que manteve connosco.
MOSTRA DE CINEMA ACTUAL DA AMÉRICA LATINA
De 27 de Maio a 3 de Junho, na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, em parceria com a Casa da América Latina, propõe-se "um Ciclo de nove filmes realizados nos últimos quatro anos, que ilustram a variedade do cinema realizado no Peru, em Cuba, no México, na Argentina e no Brasil, com ficções e documentários. O Ciclo será inaugurado com La Teta Asustada, da peruana Cláudia Llosa, vencedor do Urso de Ouro no último Festival de Berlim e prosseguirá com o mais recente filme de Arturo Ripstein, um documentário cubano e um filme de Fernando Eimbecke, um dos mais destacados realizadores da sua geração. Entre o dia 1 e o dia 3 de Junho, serão apresentados mais cinco filmes, fechando esta mostra".
[fonte: Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema]
terça-feira, 26 de maio de 2009
LIVRE ACESSO E UTILIZADORES
Em texto recente, Machuco Rosa (2008) considera o duplo movimento no software durante a década de 1970: 1) privatização, 2) natureza pública da informação (p. 160). Ao mesmo tempo que se tem de pagar pelo software, em simultâneo nasce a ideia de open source, de propagação da liberdade (p. 161). A natureza da da licença open source significa que o código se auto-regula. O uso dessa licença torna-se muito comum, caso das redes P2P. Para além do software, fala-se da generalidade dos conteúdos, música, vídeo e texto, de que o Creative Commons é um exemplo e que a notícia de 25 de Maio de 2009 (Público) ilustra.
O exemplo do Linux – obrigatoriedade de disponibilizar publicamente o código-fonte e que permite que outros indivíduos contribuam para a continuação e aperfeiçoamento do software. Isso estende-se a outros exemplos, caso da Wikipedia. As plataformas com conteúdo gerado pelos utilizadores são considerados como a forma específica de produção de conteúdos nos novos media.
Machuco Rosa levanta uma questão importante (p. 163): o que leva as pessoas a criarem conteúdos e sistemas operativos sem enquadramentos institucionais e sem incentivos monetários? O autor avança com cinco ideias: 1) ideia de uma rede global tecnológica aberta, 2) motivações pessoais da ordem da reputação pessoal, bem comum ou desocupação, 3) garantia de um mínimo de participantes que dêem uma informação suficiente, 4) existência de uma estrutura modular para que os contributos individuais se somem, 5) projectos assentes em informação não rival e não exclusiva.
Nasce uma nova esfera pública, em rede (p. 168). E emerge o poder ou situação de igualdade dos peers. Um exemplo é o do http://slashdot.org/, onde as histórias de textos e imagens são classificadas por moderadores, que as pontuam e ordenam (p. 169). Se a pontuação de um criador se torna alta com o tempo, ele passa a classificar e chega a moderador. Mas as posições de criador e moderador tendem a indiferenciar-se. A certificação faz desaparecer distinções nas posições do que julga e é julgado (p. 170). A única instituição que selecciona e certifica é criada pelos peers.
Leitura: António Machuco Rosa (2008). A comunicação e o fim das instituições. Das origens da imprensa aos novos media. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas
segunda-feira, 25 de maio de 2009
PRÉMIOS APCE
Grande Prémio APCE, hoje ao fim da tarde, com alocução de Mário Branco, presidente da associação.
A APCE (Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa) é uma instituição com perto de 20 anos de actividade, com sede em Lisboa e que alberga gestores e técnicos das áreas de comunicação organizacional e de relações públicas.
A APCE (Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa) é uma instituição com perto de 20 anos de actividade, com sede em Lisboa e que alberga gestores e técnicos das áreas de comunicação organizacional e de relações públicas.
ESPAÇOS PERDIDOS - COIMBRA
Livro coordenado por João Figueira, com textos dos jornalistas Álvaro Vieira, Graça Barbosa Ribeiro, João Mesquita (já desaparecido), Júlio Roldão, Lídia Pereira, Marco Carvalho e Paula Carmo. Apresentação feita pelo professor Henrique Fernandes Tomás Veiga e com alguns dos autores do livro.
A sessão realiza-se às 18:30 do dia 27 de Maio no Palácio da Bolsa (rua Ferreira Borges, Porto).
COMUNICAÇÃO EM REDE
Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Vera Araújo editaram agora um livro intitulado Da Comunicação de Massa à Comunicação em Rede. O primeiro capítulo, assinado por Gustavo Cardoso, é o mais teórico, logo o mais interessante para o leitor e o mais disponível para a crítica.
A hipótese inicial é caracterizar o sistema actual dos media não como convergência tecnológica mas como organização em rede do sistema, extensível à dimensão tecnológica, à organização económica e à apropriação social (p. 17). Além disso, o sistema dos media depende dos utilizadores que dele se apropriam. Como grande impulsionadora, a internet permitiu a migração dos media tradicionais para tecnologias digitais e, num segundo momento, os telemóveis e a tecnologia SMS possibilitaram a criação de mais e mais interligações (p. 18). Assim, a convergência deixou de assentar em hardware e apoiou a relação de três camadas: instrumentos, redes e serviços de software. Como referência à não convergência, Cardoso indica a necessidade de protocolos estabelecidos entre as tecnologias e destaca dois meios como preponderantes e capazes de interactividade, a televisão e a internet.
Analisando a sociedade de massa, o autor observa a existência de três perspectivas quanto à relação entre aquela e os media, a primeira das quais é marxista e determinista, para quem a comunicação de massa é a expressão de autoritarismo produzido pelo reduzido poder de controlo sobre o desenvolvimento técnico (p. 24). A segunda posição, em autores como Poster e McLuhan, considera que os media exprimem a natureza da sociedade quer através da sua estrutura quer dos seus conteúdos. Poster entende haver três fases no modo de informação: oral, escrita, electrónica. A terceira perspectiva corresponde a um reequilíbrio, como afirma Ortoleva, em que os utilizadores dos media encontram uma correspondência na relação interpessoal em rede, que condiciona e filtra a recepção das mensagens (p. 25). A acção de uma qualquer tecnologia como os media não se pode entender fora do quadro da cultura. Gustavo Cardoso fala de uma quarta perpectiva, que ultrapassa a sociedade de massa: a nova sociedade da comunicação em rede, associando a comunicação interpessoal com a rede massificada e a difusão dos media pessoais (p. 56).
O autor vê um duplo papel nos media: 1) instrumentos da democracia, 2) espaços de retórica da personalização e das trivialidades (p. 26). O duplo papel dos media traduz, se quisermos, a sua simultânea força e a ambiguidade. Como superação desta situação, Gustavo Cardoso analisa o novo paradigma da comunicação através de quatro dimensões: 1) retórica construída em função da imagem em movimento, 2) novas dinâmicas de acessibilidade da informação, 3) utilizadores como inovadores, 4) inovação nas notícias e nos modelos de entretenimento (p. 36). O primeiro ponto destaca a componente visual da comunicação actual, que constitui uma retórica fundada na simplicidade, rapidez e emoção. A acessibilidade implica novos modelos de filtragem, software livre e tecnologia móvel (telemóvel e computador sem fios) (p. 37). Cardoso dá uma ênfase especial ao papel dos utilizadores como inovadores (p. 40). O utilizador passa a ser considerado como definidor de tendências (p. 41).
Além disso, o novo paradigma da comunicação analisa a relação entre os media e as mensagens (p. 55). Se McLuhan entendia que o meio era a mensagem e Castells considera que a mensagem era o meio, hoje considera-se a mensagem como sendo o meio e em que o meio não é neutro face ao que se transmite.
Leitura: Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Vera Araújo (org.) (2009). Da Comunicação de Massa à Comunicação em Rede. Porto: Porto Editora
A hipótese inicial é caracterizar o sistema actual dos media não como convergência tecnológica mas como organização em rede do sistema, extensível à dimensão tecnológica, à organização económica e à apropriação social (p. 17). Além disso, o sistema dos media depende dos utilizadores que dele se apropriam. Como grande impulsionadora, a internet permitiu a migração dos media tradicionais para tecnologias digitais e, num segundo momento, os telemóveis e a tecnologia SMS possibilitaram a criação de mais e mais interligações (p. 18). Assim, a convergência deixou de assentar em hardware e apoiou a relação de três camadas: instrumentos, redes e serviços de software. Como referência à não convergência, Cardoso indica a necessidade de protocolos estabelecidos entre as tecnologias e destaca dois meios como preponderantes e capazes de interactividade, a televisão e a internet.
Analisando a sociedade de massa, o autor observa a existência de três perspectivas quanto à relação entre aquela e os media, a primeira das quais é marxista e determinista, para quem a comunicação de massa é a expressão de autoritarismo produzido pelo reduzido poder de controlo sobre o desenvolvimento técnico (p. 24). A segunda posição, em autores como Poster e McLuhan, considera que os media exprimem a natureza da sociedade quer através da sua estrutura quer dos seus conteúdos. Poster entende haver três fases no modo de informação: oral, escrita, electrónica. A terceira perspectiva corresponde a um reequilíbrio, como afirma Ortoleva, em que os utilizadores dos media encontram uma correspondência na relação interpessoal em rede, que condiciona e filtra a recepção das mensagens (p. 25). A acção de uma qualquer tecnologia como os media não se pode entender fora do quadro da cultura. Gustavo Cardoso fala de uma quarta perpectiva, que ultrapassa a sociedade de massa: a nova sociedade da comunicação em rede, associando a comunicação interpessoal com a rede massificada e a difusão dos media pessoais (p. 56).
O autor vê um duplo papel nos media: 1) instrumentos da democracia, 2) espaços de retórica da personalização e das trivialidades (p. 26). O duplo papel dos media traduz, se quisermos, a sua simultânea força e a ambiguidade. Como superação desta situação, Gustavo Cardoso analisa o novo paradigma da comunicação através de quatro dimensões: 1) retórica construída em função da imagem em movimento, 2) novas dinâmicas de acessibilidade da informação, 3) utilizadores como inovadores, 4) inovação nas notícias e nos modelos de entretenimento (p. 36). O primeiro ponto destaca a componente visual da comunicação actual, que constitui uma retórica fundada na simplicidade, rapidez e emoção. A acessibilidade implica novos modelos de filtragem, software livre e tecnologia móvel (telemóvel e computador sem fios) (p. 37). Cardoso dá uma ênfase especial ao papel dos utilizadores como inovadores (p. 40). O utilizador passa a ser considerado como definidor de tendências (p. 41).
Além disso, o novo paradigma da comunicação analisa a relação entre os media e as mensagens (p. 55). Se McLuhan entendia que o meio era a mensagem e Castells considera que a mensagem era o meio, hoje considera-se a mensagem como sendo o meio e em que o meio não é neutro face ao que se transmite.
Leitura: Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Vera Araújo (org.) (2009). Da Comunicação de Massa à Comunicação em Rede. Porto: Porto Editora
domingo, 24 de maio de 2009
GRANDE PRÉMIO DE CANNES PARA CURTAS-METRAGENS PARA JOÃO SALAVIZA
João Salaviza venceu o grande prémio de Cannes para Curtas-Metragens, com Arena, história centrada num jovem em prisão domiciliária. Este prémio segue-se ao do IndieLisboa, no início de Maio. O realizador tem 25 anos e é ainda estudante de cinema no Conservatório.
[Fonte: Público Última Hora, 19:23]
[Fonte: Público Última Hora, 19:23]
O REGRESSO DAS CASSETES
A TDK anunciou que, nos primeiros quatro meses deste ano, vendeu um milhão de cassetes (notícia no Público Última Hora de 19 de Maio, com take da Lusa). A líder de mercado no sector diz que esse aumento vem desde os últimos 12 meses.
Em 1988, haveria talvez três mil milhões de cassetes no mundo. Em 2007, a venda de cassetes baixara de 50 milhões anuais para um décimo desse valor, descendo ainda mais no ano posterior. O CD, primeiro, e os ficheiros digitais, depois, substituiriam aquele sistema de gravação magnética.
Explicações possíveis: há ainda muitos aparelhos de leitura de cassetes em casa e no automóvel e diversos sistemas judiciais do mundo ainda usam essa tecnologia. O jornalista fala em saudosismo dos anos 1980.
Em 1988, haveria talvez três mil milhões de cassetes no mundo. Em 2007, a venda de cassetes baixara de 50 milhões anuais para um décimo desse valor, descendo ainda mais no ano posterior. O CD, primeiro, e os ficheiros digitais, depois, substituiriam aquele sistema de gravação magnética.
Explicações possíveis: há ainda muitos aparelhos de leitura de cassetes em casa e no automóvel e diversos sistemas judiciais do mundo ainda usam essa tecnologia. O jornalista fala em saudosismo dos anos 1980.
A DIRECTORA DA VOGUE EM DOCUMENTÁRIO
Uma das notícias de capa da edição de hoje do Observer é o filme sobre a vida de Anna Wintour, directora da revista Vogue, realizado por R. J. Cutler (The September Issue) e que ganhou o prémio de documentário no festival de Sundance deste ano. Lembro que a lendária fama de directora exigente inspirou o filme O Diabo Veste Prada, com Meryl Streep como principal intérprete.
O sítio The September Issue, onde se pode ver uma parcela do documentário, descreve Anna Wintour, directora da Vogue há 20 anos, como a figura mais poderosa e polarizadora na moda e que corporiza a contradição fascinante de paixão e perfeccionismo reinando sobre um conjunto sempre em renovação de designers, modelos, fotógrafos e editores. O realizador R. J. Cutler acompanhou a produção da edição de nove revistas mensais, antecipando a edição de Setembro, que promete ser a maior de sempre.
Contudo, isso serviu para outra mulher, Grace Codding, se afastar da revista (Anna Wintour, à esquerda, e Grace Coddington, em fotografia de Greg Kessler, no sítio Style.com). Desde o momento em que Cutler mostrou interesse em fazer o documentário que a braço-direito de Wintour se opôs, acabando por sair da Vogue. Ao abandonar a publicação, o filme acabou por se centrar em Grace Codding. Pode dizer-se que as duas se complementavam e mudaram o mundo: Anna Wintour como directora criativa, Grace Codding como estilista de génio, aquela como empresária, esta como artista e artesã, possivelmente a mais importante estilista moderna. A relação entre as duas, que começaram a trabalhar na Vogue no mesmo dia, era fascinante e frutuosa, mas ao mesmo tempo tumultuosa, escreve Amelia Hills no Observer.
O filme será mostrado no festival de Edinburgo em 22 de Junho e exibido nas salas de cinema a partir de 11 de Setembro.
O sítio The September Issue, onde se pode ver uma parcela do documentário, descreve Anna Wintour, directora da Vogue há 20 anos, como a figura mais poderosa e polarizadora na moda e que corporiza a contradição fascinante de paixão e perfeccionismo reinando sobre um conjunto sempre em renovação de designers, modelos, fotógrafos e editores. O realizador R. J. Cutler acompanhou a produção da edição de nove revistas mensais, antecipando a edição de Setembro, que promete ser a maior de sempre.
Contudo, isso serviu para outra mulher, Grace Codding, se afastar da revista (Anna Wintour, à esquerda, e Grace Coddington, em fotografia de Greg Kessler, no sítio Style.com). Desde o momento em que Cutler mostrou interesse em fazer o documentário que a braço-direito de Wintour se opôs, acabando por sair da Vogue. Ao abandonar a publicação, o filme acabou por se centrar em Grace Codding. Pode dizer-se que as duas se complementavam e mudaram o mundo: Anna Wintour como directora criativa, Grace Codding como estilista de génio, aquela como empresária, esta como artista e artesã, possivelmente a mais importante estilista moderna. A relação entre as duas, que começaram a trabalhar na Vogue no mesmo dia, era fascinante e frutuosa, mas ao mesmo tempo tumultuosa, escreve Amelia Hills no Observer.
O filme será mostrado no festival de Edinburgo em 22 de Junho e exibido nas salas de cinema a partir de 11 de Setembro.
COLÓQUIO DE INDÚSTRIAS CULTURAIS EM ENCONTRO CINEMATOGRÁFICO
A I Mostra de Cultura Espanhola (Lisboa, 1 a 6 de Junho) traz oito filmes espanhóis, entre eles Camino, vencedor dos prémios Goya. O festival de cinema inclui também o III Encontro Cinematográfico Luso-Espanhol e uma exposição de fotografia, um colóquio de indústrias culturais, um recital poético e espectáculos de dança.
Fonte: Portugal Diário
sábado, 23 de maio de 2009
INDÚSTRIAS CRIATIVAS NO BRASIL
- O papel das indústrias criativas como fator de desenvolvimento econômico volta a ser debatido na 4ª edição da Semana do Empreendedor. O Departamento de Desenvolvimento, Cultura e Turismo da ACI de Santa Cruz do Sul, coordenado por Mara Garske, novamente vai conduzir as atividades ligadas a esta área, programadas para a noite de 26 de maio, com início às 19h15, no Centro de Eventos do Charrua Hotel. O tema deste ano será Artes, Cultura e Artesanato como Negócio. O deputado estadual Ronaldo Zülke será um dos palestrantes do evento. Autor de diversas ações de apoio à cultura no Rio Grande do Sul, Zülke defende a atividade cultural enquanto geradora de emprego e renda. Atualmente, o deputado está na Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia e coordena o Fórum de Economia da Cultura.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
BÉNARD DA COSTA
As palavras de João Bénard da Costa (algumas crónicas do director da Cinemateca Portuguesa, ontem falecido, em sítio do jornal Público. Uma justa homenagem, assim como as cinco páginas a ele dedicadas na edição de hoje daquele mesmo meio. Esperemos agora que sejam impressas em livro.
MASS MEDIA AND COMMUNICATION IN THE NEW MILLENNIUM
At the Moscow State University department of journalism, international journalists will meet at an event entitled "Content, channels and audiences in the new millennium: interaction and interrelations". The programme committee is headed by professor Y. Zassoursky and professor E. Vartanova (Department of Journalism, MSU, Moscow State University).
Programme: The beginning of the XXI century was marked with tremendous change in international politics, economy, information and communication technologies. The emergence of new technologies, channels of distributions and content strategies has led to changes in the content and the work with the audience. The need to comprehend these changes by scientific means is now obvious. The aim of the conference is to analyse the transformations that have taken place in the media system, culture and values of mass media and mass communications on a national and global scale.
Dates: 8 - 10 October 2009
Working language: English
Themes of the sections and sessions:
• Trends in media systems
• Public sphere and the mass media
• Media policy in the digital revolution era
• Mass media and the European and global integration
• Journalism and new media
• Globalisation of the media business and glocalisation of the media content
• New methods and technologies of scientific studies
• Digital revolution in the content industry: how technologies change the ways of content delivery and consumption
• New copy rights in the age of media technologies.
The conference schedule also includes meetings with the most prominent representatives of the Russian media business, public figures and people from the artistic sphere: musicians, artists and writers. Registration fee: the participation in the conference is possible only if the participant submits a registration fee. The rates are: 3500 rubles for foreign participants; 2000 rubles for participants from the Commonwealth of Independent States. The registration fee includes: participation in the sessions and all the other events during the conference; participation of presentations; coffee and lunch meals; buffet at the closing ceremony; hotel booking; invitation issuing costs (for foreign participants); transportation to the hotel (for foreign participants).
Registration deadline: 15 June 2009.
Registration form 1. Family name. 2. Given names. 3. Workplace. 4. Position, degree. 5. Telephone / fax, e-mail. 6. Theme of the presentation. 7. Summary (up to 150 characters). 8. Abstracts (up to 9000 characters).
The registration form should be sent to the following Email address: moscow.readings@smi.msu.ru
Venue: Department of Journalism, Moscow State University, 9 Mokhovaya Street, 125009 Moscow, Russia
[Source: http://www.journ.msu.ru/eng/conference.htm]
Programme: The beginning of the XXI century was marked with tremendous change in international politics, economy, information and communication technologies. The emergence of new technologies, channels of distributions and content strategies has led to changes in the content and the work with the audience. The need to comprehend these changes by scientific means is now obvious. The aim of the conference is to analyse the transformations that have taken place in the media system, culture and values of mass media and mass communications on a national and global scale.
Dates: 8 - 10 October 2009
Working language: English
Themes of the sections and sessions:
• Trends in media systems
• Public sphere and the mass media
• Media policy in the digital revolution era
• Mass media and the European and global integration
• Journalism and new media
• Globalisation of the media business and glocalisation of the media content
• New methods and technologies of scientific studies
• Digital revolution in the content industry: how technologies change the ways of content delivery and consumption
• New copy rights in the age of media technologies.
The conference schedule also includes meetings with the most prominent representatives of the Russian media business, public figures and people from the artistic sphere: musicians, artists and writers. Registration fee: the participation in the conference is possible only if the participant submits a registration fee. The rates are: 3500 rubles for foreign participants; 2000 rubles for participants from the Commonwealth of Independent States. The registration fee includes: participation in the sessions and all the other events during the conference; participation of presentations; coffee and lunch meals; buffet at the closing ceremony; hotel booking; invitation issuing costs (for foreign participants); transportation to the hotel (for foreign participants).
Registration deadline: 15 June 2009.
Registration form 1. Family name. 2. Given names. 3. Workplace. 4. Position, degree. 5. Telephone / fax, e-mail. 6. Theme of the presentation. 7. Summary (up to 150 characters). 8. Abstracts (up to 9000 characters).
The registration form should be sent to the following Email address: moscow.readings@smi.msu.ru
Venue: Department of Journalism, Moscow State University, 9 Mokhovaya Street, 125009 Moscow, Russia
[Source: http://www.journ.msu.ru/eng/conference.htm]
quinta-feira, 21 de maio de 2009
LANÇAMENTO DO LIVRO DE GUSTAVO CARDOSO, RITA ESPANHA E VERA ARAÚJO
A MORTE DE JOÃO BÉNARD DA COSTA
- Membro da direcção desde 1980 e Director desde 1991, João Bénard da Costa confunde-se com a história da Cinemateca e do cinema em Portugal. Intelectual empenhado e activo em revistas e movimentos, historiador, escritor, programador, cinéfilos e não-cinéfilos associavam o seu nome ao cinema, a uma paixão contagiante transmitida em artigos de jornal, folhas de sala, apresentações, conferências e ensaios.
Os filmes da sua vida e o seu filme da vida não se distinguiam, e traziam sempre ecos afectivos, memórias culturais, reflexos dos debates que também viveu. João Bénard da Costa viu muitos filmes, todos os filmes, uma vida inteira de filmes, mas também via sempre filmes que mais ninguém via, porque neles descrevia o que lá estava e não estava, isto é, aquilo que não era aparente e óbvio antes de o lermos nos seus textos.
Foi de uma geração de cinéfilos cineclubistas, e das sessões para estudantes até à Cinemateca, passando pela Fundação Gulbenkian, sempre deu a ver os filmes que amava e os outros também, porque a História do Cinema é inclusiva e não exclusiva. Aprendeu com Henri Langlois, o mítico director da Cinemateca Francesa que conformou aquilo que ainda hoje, em grande medida, entendemos por uma Cinemateca. Ao longo de quase três décadas como Subdirector e depois Director da Cinemateca Portuguesa, nunca abandonou esse credo fundamental de dar a ver e de ensinar como se vê. De descobrir e dar a descobrir.
Terceiro Director da Cinemateca depois de Félix Ribeiro e Luís de Pina, a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema e os seus funcionários orgulham-se do seu legado e zelarão pela sua memória.
INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS HOJE EM DISCUSSÃO NA CULTURGEST
A Plataforma Transcultural para o Século XXI realiza hoje uma série de mesas redondas na Culturgest, em Lisboa, subordinadas ao título Como Encarar A Deriva Das Indústrias Culturais Para as Indústrias Criativas? A partir das 10:00.
Para essa entidade, a definição portuguesa das Indústrias Criativas inclui:
Para essa entidade, a definição portuguesa das Indústrias Criativas inclui:
- As Indústrias Criativas tiveram o seu primeiro reconhecimento político no Plano Tecnológico, no qual é dedicado todo um capítulo à criação e desenvolvimento das indústrias criativas mas sem um calendário de acção incluído. Entretanto a discussão à volta daquelas alargou-se e surgiram iniciativas como a Transforma Think Tank, Inova, Cultdigest e a ADDICT, esta promovida por Serralves. Todos estes projectos ajudam a introduzir um contributo português na criação de políticas sobre indústrias criativas à escala global. Uma questão crucial é "o que são as Indústrias Criativas portuguesas?" A definição britânica já tem uma década e constitui um bom ponto de partida, embora não seja exaustiva. Esta pode ser por isso uma oportunidade para refrescar a definição de indústrias criativas para uma próxima geração de países desenvolvidos e em desenvolvimento que queiram explorar o seu potencial criativo e impulsionar as suas economias. Tal como a criatividade, questões como o transculturalismo, turismo cultural, sustentabilidade, regeneração urbana e inclusão social podem desempenhar um papel importante numa definição "lusa" das indústrias criativas.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
PLURALISMO POLÍTICO VERSUS CONCENTRAÇÃO DA PROPRIEDADE
No Público Última Hora, às 11:47, Filomena Fontes escrevia que o presidente da República vetava pela segunda vez a lei do pluralismo e de não concentração dos media, "reiterando as reservas que tinha levantando quando devolveu, pela primeira vez, o diploma à Assembleia da República". Em nota no sítio da Presidência da República, Cavaco Silva frisava ter pedido "um esforço adicional para que fosse obtido um consenso interpartidário e plural". Após o primeiro veto, o PS introduziu algumas alterações.
Nem uma hora depois (12:26), o Público Última Hora (Sofia Rodrigues) escrevia que o "Governo deixa cair lei do pluralismo e da não concentração dos media". Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, "Estamos em fim de legislatura; não faz sentido continuar com este processo legislativo". Mas, afirmou que o seu partido vai colocar os princípios da lei vetada no próximo programa eleitoral; o PS "não se conforma com a opacidade da transparência do financiamento de alguns meios de comunicação social".
A aceitação da decisão de Cavaco Silva parece-me reflectir bom senso. Mas, a somar à não aprovação do quinto canal de televisão hertziana (decidido pela ERC, que não aceitou as candidaturas a recente concurso), as posições indiciam uma perda de rumo da linha do governo quanto aos media. Por ponderosa, a expressão "opacidade da transparência do financiamento" dos media merece melhor explicação do ministro (ou contextualização da notícia).
Nem uma hora depois (12:26), o Público Última Hora (Sofia Rodrigues) escrevia que o "Governo deixa cair lei do pluralismo e da não concentração dos media". Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, "Estamos em fim de legislatura; não faz sentido continuar com este processo legislativo". Mas, afirmou que o seu partido vai colocar os princípios da lei vetada no próximo programa eleitoral; o PS "não se conforma com a opacidade da transparência do financiamento de alguns meios de comunicação social".
A aceitação da decisão de Cavaco Silva parece-me reflectir bom senso. Mas, a somar à não aprovação do quinto canal de televisão hertziana (decidido pela ERC, que não aceitou as candidaturas a recente concurso), as posições indiciam uma perda de rumo da linha do governo quanto aos media. Por ponderosa, a expressão "opacidade da transparência do financiamento" dos media merece melhor explicação do ministro (ou contextualização da notícia).
OS JORNAIS DE PAPEL QUE HOJE LI
Comparo as críticas de televisão do Público (Jorge Mourinha) e Diário de Notícias (Nuno Azinheira). Escolheram o mesmo tema: os Globos de Ouro da SIC. O primeiro diz mal, o segundo diz bem. Eu, que não vi, fico confuso. Mourinha acha que os Globos não servem para nada; Azinheira tem a vantagem do título ("O capitão Gancho e o jardim bárbaro") e da descrição de alguns pormenores deliciosos. O jornalista do Diário de Notícias escreve que a SIC está a aprender com a TVI, mesmo que isso possa ser mau. O share é que continua terrível para a SIC: 19,6%, abaixo da RTP e da TVI e acima dos canais de cabo e vídeo.
MIGUEL GOMES
Ontem, no ciclo de cinema (argumentistas e realizadores) da Universidade Católica, organizado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, esteve presente Miguel Gomes, realizador de A Cara Que Mereces (2004) e Aquele Querido Mês de Agosto (2008). O realizador, que vai ver o seu filme mais recente passar em países como França, Espanha e Brasil (aqui legendado) nos próximos meses, contou várias histórias em torno da construção deste filme (ver primeiro vídeo). O segundo vídeo é da RTP [Luísa Sequeira entrevista, para o programa Fotograma da RTP, o realizador Miguel Gomes (filme Aquele querido mês de Agosto)].
terça-feira, 19 de maio de 2009
TEATRO EM SÃO PAULO
No próximo dia 6 de Junho, às 21:00, O Núcleo Cênico ProjetoBaZar estreia o projecto BaZar EN-CENA no Teatro Commune (Rua da Consolação, 1218, São Paulo, Brasil), com o espectáculo IRA, inspirado no livro Xadrez, Truco e Outras Guerras de José Roberto Torero, em que quatro actores se desdobram em dez personagens.
Mais notícias em ProjetoBazar e Canal Aberto.
CITAÇÃO DE CITAÇÃO
A propósito do que escrevi aqui ontem (A VITÓRIA DA VÍTIMA?), o meu colega Rogério Ferreira de Andrade escreveu no seu blogue gi-unl: Os pivots célebres dos 'celebrity media groups'
- A propósito do tema da nossa última sessão, e muito em particular do artigo Celebrity firms: The social construction of market popularity, dou-vos conta de um comentário do meu colega Rogério Santos no blogue Indústrias Culturais. O tema são as dramatizações públicas envolvendo profissionais de televisão e que contribuem, de forma mais ou menos indirecta, para o reforço de processos de formação de celebridade dos próprios grupos de media onde trabalham como pivots, animadores ou jornalistas.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
A VITÓRIA DA VÍTIMA?
Em 1 de Abril de 2006, escrevi aqui no blogue sobre O BELO, A VÍTIMA E A VILÃ. Ele era Francisco Penim, então director de programas da SIC, a vítima era Clara de Sousa, de quem o primeiro se separara naquela altura, e a vilã era Soraia Chaves, então na moda pelo erotismo que pôs na sua representação no filme O Crime do Padre Amaro. Penim fora meu convidado dois dias antes numa aula de mestrado ("Media, Públicos e Audiências"); senti-o tenso, com muitos telefonemas. Só no dia seguinte é que percebi a razão: as capas das revistas de televisão e cor-de-rosa. Depois, devido aos maus resultados em termos de audiências da SIC, ele acabou por ser despedido e presentemente saiu das revistas cor-de-rosa. A actriz tem sido notícia regular por causa de outros filmes e séries televisivas polémicas, como Call Girl e A Vida Privada de Salazar.
Por seu lado, a jornalista Clara de Sousa (41 anos) tem mantido alguma presença nas revistas de televisão e cor-de-rosa pelos namorados que teve desde então e, nesta semana, por causa do seu casamento "secreto" com André Marques (29 anos e editor de imagem no mesmo canal onde Clara de Sousa é pivô do noticiário da noite), ocorrido a semana passada. Pelo menos vi quatro publicações (incluindo um diário) com manchetes com a jornalista, de que incluo aqui dois exemplares.
Pensei, quando vi as manchetes: a vítima de 2006 afinal virou vilã, aproveitando as armas de Penim e Chaves. Ainda por cima com títulos a marcarem esse território: Casou-se no domingo, em segredo, com um homem 12 anos mais novo e não teve na cerimónia os filhos, a mãe e a sogra. Família revoltada (TV Guia) [a mãe já faleceu] e Clara de Sousa. Desesperada por engravidar (Nova Gente). Com as fotografias de capa a ajudarem a configurar a mulher malvada em que se tornou. Parecia a vitória definitiva da vítima.
Mas lendo as notícias, fiquei com pensamentos duplos e ambíguos. Não há fotos do casamento, apenas umas fraquíssimas fotografias dos dois, e muitas imagens de arquivo. A Nova Gente fala do desejo antigo da jornalista ter mais filhos, mas referindo-se a uma situação de há dez anos. Nem esta nem a outra revista conseguiram falar com os recém-casados, pelo que montaram peças baseadas em ideias antigas, confidências de quem é mais ou menos próximo do casal (a única prova do novo estado civil da jornalista é a aliança que usa). Nem sequer o padrinho de casamento, de quem se publicam imagens, atendeu o telefone. A mãe do noivo diria que não foi ao casamento porque teve "medo destas coisas, das fotografias, da exposição mediática" (TV Guia). Linhas atrás a mesma revista explicava que só o pai e a madrinha da jornalista testemunharam o acto.
Quando em 2006 escrevi sobre O BELO, A VÍTIMA E A VILÃ, adiantava que as revistas de televisão e cor-de-rosa vivem de notícias para além da programação televisiva. Vivem, sobretudo, das estrelas e das celebridades da televisão, constroem narrativas paralelas às histórias que aquelas representam nos programas, revelam a parte privada das personalidades públicas. Melhor: eliminam a parte privada, porque esta ao ser publicitada nas revistas torna-se pública. E as leitoras (mais os leitores) gostam destas histórias de vilãs, mas também de vítimas que acabam por inverter a situação e ganhar, de casamentos e de crianças que nascem e crescem e se exibem nas revistas, num prolongamento natural das gerações tipo álbum de família.
Aparentemente, não há uma agenda de acontecimentos, mas eles encontram-se: foi a semana do casamento da modelo e apresentadora Marisa Cruz com o jogador João Pinto, depois veio a mágoa da actriz Alexandra Lencastre porque o namorado a queria trocar por outra (mas uma revista assegurava a falsidade da informação e mais tarde a vilã foi desmascarada e voltou tudo à normalidade). A agenda é distinta dos jornais de informação geral, não narram outras desgraças e acidentes a não ser divórcios e paixões desfeitas, mas os enredos tornam populares os que entram nas capas. Pode mesmo acontecer que as personagens que aparecem nas capas paguem bom dinheiro para haver boas histórias. Nesse sentido, surge, por vezes, um(a) jovem divorciado(a) a dizer que está solteiro(a) e à procura de par.
No caso presente, a jornalista pode ficar algo irritada, mas, no fundo, ela e a televisão que representa têm publicidade gratuita. A sua história palpitante, com enredos telenovelísticos, pode augurar um regresso da audiência aos programas do canal. Afinal, ela é uma estrela da televisão e ganha à concorrência feminina dos noticiários das 20:00.
Por seu lado, a jornalista Clara de Sousa (41 anos) tem mantido alguma presença nas revistas de televisão e cor-de-rosa pelos namorados que teve desde então e, nesta semana, por causa do seu casamento "secreto" com André Marques (29 anos e editor de imagem no mesmo canal onde Clara de Sousa é pivô do noticiário da noite), ocorrido a semana passada. Pelo menos vi quatro publicações (incluindo um diário) com manchetes com a jornalista, de que incluo aqui dois exemplares.
Pensei, quando vi as manchetes: a vítima de 2006 afinal virou vilã, aproveitando as armas de Penim e Chaves. Ainda por cima com títulos a marcarem esse território: Casou-se no domingo, em segredo, com um homem 12 anos mais novo e não teve na cerimónia os filhos, a mãe e a sogra. Família revoltada (TV Guia) [a mãe já faleceu] e Clara de Sousa. Desesperada por engravidar (Nova Gente). Com as fotografias de capa a ajudarem a configurar a mulher malvada em que se tornou. Parecia a vitória definitiva da vítima.
Mas lendo as notícias, fiquei com pensamentos duplos e ambíguos. Não há fotos do casamento, apenas umas fraquíssimas fotografias dos dois, e muitas imagens de arquivo. A Nova Gente fala do desejo antigo da jornalista ter mais filhos, mas referindo-se a uma situação de há dez anos. Nem esta nem a outra revista conseguiram falar com os recém-casados, pelo que montaram peças baseadas em ideias antigas, confidências de quem é mais ou menos próximo do casal (a única prova do novo estado civil da jornalista é a aliança que usa). Nem sequer o padrinho de casamento, de quem se publicam imagens, atendeu o telefone. A mãe do noivo diria que não foi ao casamento porque teve "medo destas coisas, das fotografias, da exposição mediática" (TV Guia). Linhas atrás a mesma revista explicava que só o pai e a madrinha da jornalista testemunharam o acto.
Quando em 2006 escrevi sobre O BELO, A VÍTIMA E A VILÃ, adiantava que as revistas de televisão e cor-de-rosa vivem de notícias para além da programação televisiva. Vivem, sobretudo, das estrelas e das celebridades da televisão, constroem narrativas paralelas às histórias que aquelas representam nos programas, revelam a parte privada das personalidades públicas. Melhor: eliminam a parte privada, porque esta ao ser publicitada nas revistas torna-se pública. E as leitoras (mais os leitores) gostam destas histórias de vilãs, mas também de vítimas que acabam por inverter a situação e ganhar, de casamentos e de crianças que nascem e crescem e se exibem nas revistas, num prolongamento natural das gerações tipo álbum de família.
Aparentemente, não há uma agenda de acontecimentos, mas eles encontram-se: foi a semana do casamento da modelo e apresentadora Marisa Cruz com o jogador João Pinto, depois veio a mágoa da actriz Alexandra Lencastre porque o namorado a queria trocar por outra (mas uma revista assegurava a falsidade da informação e mais tarde a vilã foi desmascarada e voltou tudo à normalidade). A agenda é distinta dos jornais de informação geral, não narram outras desgraças e acidentes a não ser divórcios e paixões desfeitas, mas os enredos tornam populares os que entram nas capas. Pode mesmo acontecer que as personagens que aparecem nas capas paguem bom dinheiro para haver boas histórias. Nesse sentido, surge, por vezes, um(a) jovem divorciado(a) a dizer que está solteiro(a) e à procura de par.
No caso presente, a jornalista pode ficar algo irritada, mas, no fundo, ela e a televisão que representa têm publicidade gratuita. A sua história palpitante, com enredos telenovelísticos, pode augurar um regresso da audiência aos programas do canal. Afinal, ela é uma estrela da televisão e ganha à concorrência feminina dos noticiários das 20:00.
DEMISSÃO DE RESPONSÁVEL DA TELEVISÃO ESPANHOLA
A transmissão televisiva do desafio de futebol entre Barcelona e Atlético de Bilbau na quarta-feira passada trouxe para já uma vítima, o director de Desporto do canal de televisão pública de Espanha. Motivo: quando tocava o hino nacional, na presença dos reis do país, houve um grande número de assobios por parte dos assistentes ao jogo. Barcelona é a capital da Catalunha e Bilbau a principal cidade do país Basco, duas regiões independentistas de Espanha. Julien Reyes, o director de Desporto da TVE, desligou a emissão, no que foi considerado um acto de censura. As imagens com assobios passaram apenas no intervalo.
JORNALISMO E TECNOLOGIAS
O Guardian, ao referir-se à conferência do Pensamento Digital (Thinking Digital) realizada a semana passada em Newcastle, que reuniu especialistas dos media sociais e da tecnologia, destacou o papel de Stowe Boyd, que começou a blogar em 1999 e cunhou a designação ferramentas sociais. Ele não declarou a morte dos blogues, mas falou do seu declínio dadas as ferramentas mais recentes, mais rápidas e fáceis. Quando perguntou à assistência quem usava blogues, menos de um terço levantou o braço, mas quase todos usavam redes sociais e a aplicação de micro-blogues Twitter. Hoje, disse Boyd, os blogues foram recuperados pelos media tradicionais e os pioneiros dos blogues têm menos leitores que em anos anteriores.
Por seu lado, para o sítio Editorsweblog.com (Helena Deards) a melhor conclusão a tirar pode ser a de como escrever para além dos jornais, blogues e Twitter. Ou eles se excluem? Ou as tecnologias mais recentes combinam-se com o jornalismo tradicional? Quanto a Dan Lyons, que se mudou da escrita em blogues para a revista Newsweek, descreveu a situação nos jornais como um desastre e considera que a indústria está pior que a indústria automóvel nos Estados Unidos.
Por seu lado, para o sítio Editorsweblog.com (Helena Deards) a melhor conclusão a tirar pode ser a de como escrever para além dos jornais, blogues e Twitter. Ou eles se excluem? Ou as tecnologias mais recentes combinam-se com o jornalismo tradicional? Quanto a Dan Lyons, que se mudou da escrita em blogues para a revista Newsweek, descreveu a situação nos jornais como um desastre e considera que a indústria está pior que a indústria automóvel nos Estados Unidos.
domingo, 17 de maio de 2009
AUGUSTO BOAL
Aqui, não referi o desaparecimento do dramaturgo Augusto Boal (como não o fiz com Vasco Granja, o divulgador dos desenhos animados). Mas, ao ler, uma notícia do sítio Cultura e Mercado, não deixo de escrever três ou quatro linhas sobre o homem do teatro.
Retiro uma parcela do texto de Isabel Coutinho (Público Última Hora, de 4 de Maio) sobre Boal: "Foi preso e durante a ditadura militar (de 1964 e 1985) esteve exilado em vários países e também em Portugal. Nos anos 70, trabalhou durante dois anos com A Barraca, onde assinou a peça Barraca Conta Tiradentes (1977) e escreveu com Chico Buarque Mulheres de Atenas, uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes".
Lê-se no sítio Cultura e Mercado (que não mencionou a permanência do dramaturgo no nosso país):
Retiro uma parcela do texto de Isabel Coutinho (Público Última Hora, de 4 de Maio) sobre Boal: "Foi preso e durante a ditadura militar (de 1964 e 1985) esteve exilado em vários países e também em Portugal. Nos anos 70, trabalhou durante dois anos com A Barraca, onde assinou a peça Barraca Conta Tiradentes (1977) e escreveu com Chico Buarque Mulheres de Atenas, uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes".
Lê-se no sítio Cultura e Mercado (que não mencionou a permanência do dramaturgo no nosso país):
- Boal ampliou a atuação social do teatro e lhe deu uma dimensão política cotidiana sem igual. Suas técnicas teatrais são cultivadas nos mais diversos países do mundo: da Suécia ao México, da Colômbia ao Japão, da França a Moçambique. É um dos artistas brasileiros mais conhecidos na Índia, por exemplo. Suas propostas acabaram se tornando sinônimo de um teatro libertador no qual todos podem ser atores e exercitar as inúmeras possibilidades de metamorfosear-se e de assumir os papéis que muitas vezes a vida os impede de faze-lo. São utilizadas por muitos como instrumento de autoconhecimento e, ao mesmo tempo, de construção da vida social.
POLÍTICA
Tenho muito apreço pelo trabalho de Joaquim Vieira, provedor do leitor do jornal Público desde Janeiro do ano passado. Director do Observatório da Imprensa, foi antes director-adjunto do Expresso e director da revista Grande Reportagem, partilhou com Joaquim Furtado a responsabilidade dos destinos da televisão pública numa altura não muito longínqua e trabalhou na revista Visão, é autor de livros como Jornalismo Contemporâneo. Os media entre a era Gutenberg e o paradigma digital (2007) e fotobiografias de Amélia Rey Colaço (2009), Vasco Santana (2009) e Cardeal Cerejeira (2009), entre outras.
Vieira sucedeu, no cargo do Público, a Rui Araújo. Se este observou criticamente o trabalho dos jornalistas enquanto profissionais individuais (como no caso do plágio, em Janeiro de 2007), o presente provedor analisa o jornal como um todo. Embora com uma linguagem mais sóbria (menos agressiva) que Araújo, o objectivo continua a ser o mesmo: a crítica ao que está mal. Como Araújo, que dedicou muito espaço à necessidade de identificação das fontes de informação e ao modo de escrever em bom português, Vieira tem também um olhar atento sobre estes temas.
Mas entra num domínio que creio não ter sido feito por Rui Araújo: a crítica à orientação política do jornal. Ao analisar a coluna "Sobe e Desce", ele encara "a possibilidade de a secção assumir encapotadamente um espírito de campanha, o qual não está previsto no estatuto editorial do jornal". Mais à frente, escreve: "Não viria daqui mal ao mundo [se o jornal preferisse um governo liderado por Manuela Ferreira Leite, do PSD, em vez do actual do PS, liderado por José Sócrates], não fora o facto de o Público nunca se ter assumido editorialmente como oposição ao Governo, contrariando assim o princípio da «relação rigorosa e transparente» com os leitores que é enunciado no seu estatuto editorial".
Quase no fim do seu texto, Joaquim Vieira refere dez aspectos que não abonam a favor da secção "Sobe e Desce", conforme registo de jornalista do Público que lhe chegou ao conhecimento: "diversidade de critérios, maniqueísmo e simplificação de factos, personalização de temas, enganadoras relações causa-efeito, análise parcial da actualidade, incidência constante nas mesmas figuras, diferentes gradações de apreciação, obrigatoriedade de manter o mesmo número de tópicos por edição, simplificação na escolha de protagonistas, desproporção do impacto da opinião pública". Pelo contrário, apenas um aspecto favorável: os leitores gostam.
Conclui o provedor com os seguintes parâmetros: "coerência de critérios, ponderação, equilíbrio, objectividade, isenção e distanciamento".
Perdoe-me, caro provedor, mas penso que há um melhor caminho. Preferia que o jornal tomasse partido nas próximas eleições. Por que não - e por uma vez - o jornal identificar-se com uma causa ideológica? No mundo ocidental, como nos Estados Unidos e no Reino Unido, isso acontece com alguma frequência. No caso português, ficaria tudo muito mais claro para os leitores e fácil para os responsáveis do jornal.
OBRAS
Ouvi, recentemente, um jornalista opor-se às grandes obras públicas em discussão, tipo comboio TGV ou terceira ponte sobre o Tejo. Ao invés, ele preconizava obras de reparação, restauro e limpeza de monumentos e edifícios, de modo a que as cidades se tornassem mais atraentes (para o turismo, por exemplo). Esse tipo de trabalho dava trabalho a muitos pequenos construtores civis, agora que o país se aproxima do número de 10% de desempregados (8,9% nas estatísticas da semana passada). Para mim, se o ideal é conciliar os dois interesses, merece muito interesse a limpeza das cidades (na imagem: edifício da Avenida de Roma, em Lisboa).
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