Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
NOVA ESTRATÉGIA DA AOL
A AOL - que se vai separar da Time Warner no próximo mês - prepara-se para produzir notícias, entretenimento e outro conteúdo online. A AOL tem perdido visitantes e lucros. Com a nova orientação de produzir conteúdo digital de alto nível, a empresa espera atrair novamente publicitários e consumidores.
MEDIA, CULTURA, TRABALHO
Toby Miller (2008) considera que, no estudo dos media e da cultura, deve considerar-se igualmente a questão do trabalho.
Os estudos dos media estão dominados por três tópicos: 1) propriedade e controlo, 2) conteúdo, 3) audiências. Miller propõe uma nova leitura, saltando dos Estudos dos Media 1.0, onde sobressai o pânico nos cidadãos e consumidores como audiências, e dos Estudos dos Media 2.0, em que os mesmos cidadãos são celebrados. Os Estudos dos Media 1.0 chamam a atenção para a inoculação da audiência e o controlo empresarial, deixando de lado o aspecto laboral; os Estudos dos Media 2.0 chamam a atenção para os modelos de compreensão e resposta, mas marginalizam igualmente o trabalho. Propõe os Estudos dos Media 3.0, sem pânico nem actos celebratórios, mas com a análise do jogo electrónico e da precariedade laboral internacional.
Para compreender a infraestrutura dos media, continua Miller, é preciso compreender a inovação tecnológica, a regulação, o trabalho e a propriedade, usando a investigação etnográfica, político-económica e as políticas públicas para perceber como são os media. Para compreender o resultado, é preciso atender à produção, às análises de conteúdo e textual, combinar métodos estatísticos e hermenêuticos para estabelecer modelos de significado. Para compreender as audiências, é necessário estudar os ratings, os usos e gratificações, os efeitos, a audiência activa, a etnografia, as tradições psicanalíticas, combinar medidas quantitativas e qualitativas.
Leitura: Toby Miller (2008). “Step away from the croissant. Media Studies 3.0”. In David Hesmondhalgh e Jason Toynbee (ed.) The media and social theory. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 213-223
Os estudos dos media estão dominados por três tópicos: 1) propriedade e controlo, 2) conteúdo, 3) audiências. Miller propõe uma nova leitura, saltando dos Estudos dos Media 1.0, onde sobressai o pânico nos cidadãos e consumidores como audiências, e dos Estudos dos Media 2.0, em que os mesmos cidadãos são celebrados. Os Estudos dos Media 1.0 chamam a atenção para a inoculação da audiência e o controlo empresarial, deixando de lado o aspecto laboral; os Estudos dos Media 2.0 chamam a atenção para os modelos de compreensão e resposta, mas marginalizam igualmente o trabalho. Propõe os Estudos dos Media 3.0, sem pânico nem actos celebratórios, mas com a análise do jogo electrónico e da precariedade laboral internacional.
Para compreender a infraestrutura dos media, continua Miller, é preciso compreender a inovação tecnológica, a regulação, o trabalho e a propriedade, usando a investigação etnográfica, político-económica e as políticas públicas para perceber como são os media. Para compreender o resultado, é preciso atender à produção, às análises de conteúdo e textual, combinar métodos estatísticos e hermenêuticos para estabelecer modelos de significado. Para compreender as audiências, é necessário estudar os ratings, os usos e gratificações, os efeitos, a audiência activa, a etnografia, as tradições psicanalíticas, combinar medidas quantitativas e qualitativas.
Leitura: Toby Miller (2008). “Step away from the croissant. Media Studies 3.0”. In David Hesmondhalgh e Jason Toynbee (ed.) The media and social theory. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 213-223
domingo, 29 de novembro de 2009
AS LIVRARIAS SEGUNDO MARGARIDA CORDEIRO
- - Há quanto tempo não vai a Lisboa?
- Há dois anos. Fui lá fazer as operações [aos olhos]. Mas as livrarias estavam todas de rastos. Não têm o afluxo que tinham dantes. Eu estava sempre na livraria e sabia o que chegava.
INTEGRAR PELA ARTE
O MEF - Movimento de Expressão Fotográfica apresenta a exposição do Projecto Integrar pela Arte, financiado pelo Ministério da Cultura /DGartes. Este é um projecto de expressão artística com uma perspectiva de inclusão social, efectuado junto de 4 instituições de apoio a populações de algum modo
carenciadas. Apresenta-se em 4 exposições distintas, fruto das actividades realizadas com as intituições: Paisagens do Vento - Retratos, Um Outro Olhar é Possível, Inclusão do Olhar II e Retrato(s) de Um Quotidiano. Para ver na Fábrica da Pólvora, em Oeiras, de 3 a 20 de Dezembro e de 5 a 17 de Janeiro (4ª a Dom 12-18h, Sáb. 12-21h). Inaugurações: dia 3 de Dezembro às 15:00 e dia 5 de Janeiro de 2010 às 15:00. Ver mais em Integrar pela Arte e Movimento de Expressão Fotográfica.
carenciadas. Apresenta-se em 4 exposições distintas, fruto das actividades realizadas com as intituições: Paisagens do Vento - Retratos, Um Outro Olhar é Possível, Inclusão do Olhar II e Retrato(s) de Um Quotidiano. Para ver na Fábrica da Pólvora, em Oeiras, de 3 a 20 de Dezembro e de 5 a 17 de Janeiro (4ª a Dom 12-18h, Sáb. 12-21h). Inaugurações: dia 3 de Dezembro às 15:00 e dia 5 de Janeiro de 2010 às 15:00. Ver mais em Integrar pela Arte e Movimento de Expressão Fotográfica.
PEER REVIEW SURVEY
Peer Review Survey 2009: Preliminary Findings:
- Should peer review detect fraud and misconduct? What does it do for science and what does the scientific community want it to do? Will it illuminate good ideas or shut them down? Should reviewers remain anonymous?
On 8th September 2009 the preliminary findings of one of the largest ever international surveys of authors and reviewers, the Peer Review Survey 2009, were released. The findings were presented in the session "Science Fact or Science Fiction: Should Peer Review Stop Plagiarism, Bias or Fraud?" at the British Science Festival, where Tracey Brown of Science About Science, David Adam of The Guardian and Peter Hayward of Lancet Infectious Diseases debated the challenges of publishing research.
Peer review is fundamental to integration of new research findings. It allows other researchers to analyse findings and society at large to weigh up research claims. It results in 1.3 million3 learned articles published every year, and it is growing rapidly with the expansion of the global research community. With that growth come new concerns - about getting the next generation of researchers to review in sufficient numbers, about maintaining the system's integrity and whether it can be truly globalised; and also new ideas - about alternative quality measures, technologies to prevent plagiarism, rewarding reviewers and training them.
Rádio, programas infantis e propaganda
Em edição de autor, Valeriano Machado publicou em 1940 o texto Lições do avôzinho, conversas que ele transmitiu em duas emissoras de Lisboa, a Rádio Hertz e a Rádio Graça. Eram histórias destinadas ao público infantil, num tipo de programas então muito populares. O autor, ao contar episódios da vida do país ao longo dos séculos, juntava esclarecimentos sobre algumas palavras mais complexas, numa perspectiva pedagógica segundo a cultura da época. Considerando-se historiador, as suas conversas com a neta adquiriam um carácter intimista, doce até, onde o emprego de diminutivos ilustra carinho.
Fiquemo-nos no começo da primeira lição, para se compreender o enquadramento cultural e social dos programas. Apesar de nada se adiantar nesse começo em termos de conhecimento cultural e histórico, é muita a informação sobre a etiqueta e a relação entre duas gerações diferentes:
"- Sua benção, avôzinho!...
"- Deus te faça venturosa, querida Naninha!... Vamos, então, ao nosso serãozinho?!... Estás bem disposta?!...
"- Estou, sim, avôzinho.
"- Desejas dar a liçãozinha do costume?!...
"- Desejo, porque, mais tarde, já senhora, quero ser muito instruída, para quando me perguntarem seja o que for, saber responder".
Não conheço outros trabalhos de Valeriano Machado, mas uma pesquisa na base de dados da Biblioteca Nacional indica a existência de outros textos seus, assinados com aquele nome ou com o de José António Valeriano Machado. Assim, em 1920, editado pela Tipografia do Comércio, publicou um trabalho intitulado Riso de Portugal, riso amarelo ou risos e flores. Também em 1920, e em parceria com Vasco Macedo e Bernardo Ferreira (estes dois na música), surgiu Coplas da revista em dois actos e 2 quadros Risos e flores, aproveitamento do primeiro trabalho. Com data de 1926 e editado no Rio de Janeiro, apareceu Cinzas... : poesia tosca.
Como disse acima, o livro Lições do avôzinho - dedicado à filha do autor, Marina Correia Valeriano Machado - é o repositório de programas infantis na rádio, onde se apresentavam episódios da história de Portugal. Cada lição era dedicada ao filho(a) ou neto(a) de amigos ou familiares do autor, o que ilustra bem o carácter de comunicação de bairro que as rádios locais de Lisboa desempenhavam na década de 1930. Daí igualmente o autor ter colocado no livro as fotografias de três colaboradoras do programa, Maria Helena de Carvalho, a primeira e mais jovem (ao lado, na imagem), Maria Manuela Simões Saraiva e Idalina Fonseca dos Santos (a Lili da Rádio Graça, o que significaria possivelmente a mudança do programa da Hertz para a rádio Graça). Aliás, Lili apareceu identificada logo na terceira lição, considerada amiga de Naninha, a neta da história.
À linguagem simples e ingénua do autor podemos juntar o clima social e cultural da época. 1940 foi o ano da Exposição do Mundo Português, quando o regime de Salazar já estava consolidado e a Europa começava uma das guerras mais devastadoras no continente. O fechamento do regime, a defesa do mundo rural e dos costumes tradicionais e a história de oitocentos anos de nação estão patentes no livro, utilizando a rádio como meio da transmissão geracional de memória oral. A função educativa da rádio foi aproveitada instrumentalmente pela propaganda ideológica do regime, mesmo que o autor a enquadrasse apenas de modo inconsciente.
RELVAS, LUMIÈRE E VON STUCK
O chalet de Carlos Relvas e o seu espólio pessoal (livros, máquinas fotográficas, mobiliário, laboratório) lembram-me outras duas casas, de outros visionários, a dos irmãos Lumière em Lyon (cinema) e de Franz von Stuck em Munique (pintura).
O museu dos Lumière (ver o texto que aqui escrevi sob a designação Lumière) abriu em 2003, em Lyon (França), ocupando a casa onde os irmãos inventaram o cinematógrafo. Filhos de um fotógrafo muito conhecido em Lyon, eles próprios tornados fotógrafos, evoluiram para o mais novo medium de então, o cinema. Estávamos em Março de 1895.
Por seu lado, o pintor Franz von Stuck (1863-1928), impulsionador do Jugendstil, a arte nova de Munique, tornou a sua casa uma autêntica obra de arte (ver meu comentário no blogue, em Villa Stuck).Tectos, paredes e o quadro Die Sünde são dos espaços mais fantásticos que vi.
Em todas estas casas, nota-se a invenção e criatividade, a ousadia e o excentrismo das actividades dos seus autores à época, apoiados em fortunas sólidas e em espírito aventureiro. Mas acabam aqui as semelhanças. A casa dos Lumière tem muito equipamento cinematográfico da época, o espólio de Relvas é menor. Os Lumière foram profissionais, fizeram filmes que circularam no mundo, arriscando mas ganhando muito dinheiro. Relvas ter-se-ia mostrado satisfeito pelo reconhecimento internacional pelos prémios e pelas medalhas em concursos de fotografia, dado o modo que o levou a imprimir em alto relevo na parede de entrada a reprodução dessas medalhas, além do seu lado científico e benemérito, ao desenhar um bote salvador no rio Douro.
Desconheço as políticas de aquisição de bens, mas não me parece absurdo que o museu de Lyon compre equipamentos da época de modo a ter uma colecção muito vasta. Depois, as casas-museu de Lumière e de von Stuck ficam em cidades ricas de dois dos mais ricos países da Europa, em quarteirões associados à burguesia dessas cidades, com árvores e ruas limpas, afastadas dos núcleos históricos sobrepovoados e barulhentos. Arredada do olhar crítico mas cosmopolita das elites urbanas desses países, a casa de Relvas ficava na grande propriedade rural, então como ainda hoje numa planície agrícola muito fértil junto à antiga estrada real de Lisboa ao Porto. Os Lumière e von Stuck teriam visitantes vizinhos apreciadores da sua arte, numa circulação permanente de novas ideias, Relvas saía da Golegã em busca do contacto intelectual internacional, de modo a manter-se actualizado.
O museu dos Lumière (ver o texto que aqui escrevi sob a designação Lumière) abriu em 2003, em Lyon (França), ocupando a casa onde os irmãos inventaram o cinematógrafo. Filhos de um fotógrafo muito conhecido em Lyon, eles próprios tornados fotógrafos, evoluiram para o mais novo medium de então, o cinema. Estávamos em Março de 1895.
Por seu lado, o pintor Franz von Stuck (1863-1928), impulsionador do Jugendstil, a arte nova de Munique, tornou a sua casa uma autêntica obra de arte (ver meu comentário no blogue, em Villa Stuck).Tectos, paredes e o quadro Die Sünde são dos espaços mais fantásticos que vi.
Em todas estas casas, nota-se a invenção e criatividade, a ousadia e o excentrismo das actividades dos seus autores à época, apoiados em fortunas sólidas e em espírito aventureiro. Mas acabam aqui as semelhanças. A casa dos Lumière tem muito equipamento cinematográfico da época, o espólio de Relvas é menor. Os Lumière foram profissionais, fizeram filmes que circularam no mundo, arriscando mas ganhando muito dinheiro. Relvas ter-se-ia mostrado satisfeito pelo reconhecimento internacional pelos prémios e pelas medalhas em concursos de fotografia, dado o modo que o levou a imprimir em alto relevo na parede de entrada a reprodução dessas medalhas, além do seu lado científico e benemérito, ao desenhar um bote salvador no rio Douro.
Desconheço as políticas de aquisição de bens, mas não me parece absurdo que o museu de Lyon compre equipamentos da época de modo a ter uma colecção muito vasta. Depois, as casas-museu de Lumière e de von Stuck ficam em cidades ricas de dois dos mais ricos países da Europa, em quarteirões associados à burguesia dessas cidades, com árvores e ruas limpas, afastadas dos núcleos históricos sobrepovoados e barulhentos. Arredada do olhar crítico mas cosmopolita das elites urbanas desses países, a casa de Relvas ficava na grande propriedade rural, então como ainda hoje numa planície agrícola muito fértil junto à antiga estrada real de Lisboa ao Porto. Os Lumière e von Stuck teriam visitantes vizinhos apreciadores da sua arte, numa circulação permanente de novas ideias, Relvas saía da Golegã em busca do contacto intelectual internacional, de modo a manter-se actualizado.
sábado, 28 de novembro de 2009
TURISMO CHINÊS
- Uma pesquisa promovida pela Organização Mundial do Turismo apontou que em 2007 o consumo dos chineses em viagem ao exterior ficou em 5º lugar no ranking mundial, substituindo o Japão. O ritmo de crescimento da China nessa área é de 23% ao ano.
A notícia foi divulgada ontem (28) no Fórum Internacional de Indústrias Culturais da China 2009. Segundo as informações, o Japão caiu para a 7ª posição no consumo em viagens internacionais, porém a despesa per capita do país é nove vezes maior do que a da China.
Os primeiros quatro países no ranking são Alemanha, EUA, Reino Unido e França.
EMILIO SALGARI POR PEDRO MEXIA
Eu também li Emílio Salgari (1862-1911), pelo que agradeço a Pedro Mexia ter recordado o escritor na sua coluna semanal do Público. E igualmente Julio Verne, embora não tanto como algumas pessoas da minha geração. Ambos escreveram romances de aventuras fascinantes e a sua leitura permitia sonhar e idealizar como seriam as paisagens e os contextos sociais e culturais, coisa que nem os próprios sabiam. É que o seu conhecimento vinha de livros e de enciclopédias, pelo que punham a imaginação a funcionar.
A banda desenhada e o cinema animado de ficção científica funcionam no mesmo registo, e de igual modo as sucessivas modas de filmes de extra-terrestres, monstros ou como a leva de filmes actuais de vampiros.
Muito interessante no texto de Pedro Mexia: em quase duas das quatro colunas ele referencia outro autor, Umberto Eco, no seu livro A misteriosa chama da Rainha Loana. Eco faz uma longa e elogiosa observação a Emilio Salgari. Este, continua Mexia, vinha de uma família modesta e teve uma existência problemática: a mulher enlouqueceu, ele temia cegar e acabou por se suicidar "à japonesa", com os editores continuamente a explorarem-no, pagando-lhe pouco pelos três romances que produzia por ano.
GOLEGÃ (I)
A Casa-Estúdio Carlos Relvas (1838-1894) fica na Golegã, de onde o fotógrafo era natural. O estúdio (ou chalet, como ficou conhecido), inaugurado em 1876, teve projecto do próprio Relvas, com traços revivalistas que vão do neo-gótico ao neo-romântico e que parecem antecipar arte nova, pela utilização do ferro forjado (33 toneladas usadas) e do vidro como materiais essenciais. O vidro permite entrar muita luz, preciosa para o trabalho do fotógrafo na exposição lenta dos seus modelos. Rico proprietário e lavrador da planície ribatejana, o fotógrafo expôs e ganhou prémios em Portugal, França, Áustria, Estados Unidos e outros países. A Casa Carlos Relvas foi reaberta em 2007, depois de obras de restauro, já na posse da autarquia da Golegã. Sítio a visitar, ele combina com a obra de José Relvas, seu filho, mais voltado para a pintura, faiança, arte sacra e livros, como se pode ver na Casa dos Patudos, em Alpiarça. Se Carlos Relvas foi monárquico, José Relvas proclamou a República em Outubro de 1910.
Com cerca de seis mil habitantes, a Golegã é igualmente conhecida pela sua igreja matriz, designada por Nossa Senhora da Conceição, do século XVI e um dos exemplares melhor conservados do estilo manuelino, e pela feira nacional do cavalo. Curioso o signo usado na publicidade de rua das lojas da Golegã: o cavalo está sempre presente nessa sinaléctica.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
CURSOS DA ESAD
A ESAD - Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos - vai lançar o terceiro programa de formação aberta ESAD/LAB, para o ano lectivo 2009/10, com 20 novos cursos de curta duração como design social, serigrafia experimental, lighting design, ilustração 3D, banda desenhada digital, ilustração para moda e softwares da área, arte urbana/graffiti e veejaying.
DESIGN DE COMUNICAÇÃO
- Design Social
- Ferramentas de Criatividade – Mapas Mentais
- Apresentações Multimédia e Técnicas de Apresentação
ARTES DIGITAIS E MULTIMÉDIA
- Ilustração e Banda Desenhada Digital
- Intermédia: Processos e Tecnologias
- Ilustração 3D Módulo 1/ Interface e Modelação
- Ilustração 3D Módulo 2/ Texturas e Materiais
- Ilustração 3D Módulo 3/ Iluminação e Rendering
- Lighting Design para Produções Cénicas
- Arte do Veejaying
DESIGN DE PRODUTO
- Introdução ao Design de Transportes / Automóveis
DESIGN DE MODA
- Gestão de Moda
- Kaledo, Software para Moda
- Ilustração de Moda: Homem e Criança
- Ilustração de Moda: Senhora
- Moda/ Modelação de Vestuário
JOALHARIA
- Joalharia: 5 retratos / 5 identidades
ARTES
- Oficina Fotográfica: narrativa e retrato
- Serigrafia Experimental
Práticas de Intervenção Artística
- Caracterização e Maquilhagem para Televisão e Moda
- Maquilhagem para Moda/ Avançado
- Caractecrização para Cinema, Televisão e Teatro/ Avançado
- Arte Urbana: Graffiti
DESIGN de INTERIORES
- Luminotecnia
- 3D Studio Max Intro3D Studio Max Modelação Avançada
- 3D Studio Max Renderização Avançada com V-Ray
- 3D Studio Max – Personagens
- Photoshop para Arquitectura e Design
Mais informações: ESAD
DESIGN DE COMUNICAÇÃO
- Design Social
- Ferramentas de Criatividade – Mapas Mentais
- Apresentações Multimédia e Técnicas de Apresentação
ARTES DIGITAIS E MULTIMÉDIA
- Ilustração e Banda Desenhada Digital
- Intermédia: Processos e Tecnologias
- Ilustração 3D Módulo 1/ Interface e Modelação
- Ilustração 3D Módulo 2/ Texturas e Materiais
- Ilustração 3D Módulo 3/ Iluminação e Rendering
- Lighting Design para Produções Cénicas
- Arte do Veejaying
DESIGN DE PRODUTO
- Introdução ao Design de Transportes / Automóveis
DESIGN DE MODA
- Gestão de Moda
- Kaledo, Software para Moda
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- Ilustração de Moda: Senhora
- Moda/ Modelação de Vestuário
JOALHARIA
- Joalharia: 5 retratos / 5 identidades
ARTES
- Oficina Fotográfica: narrativa e retrato
- Serigrafia Experimental
Práticas de Intervenção Artística
- Caracterização e Maquilhagem para Televisão e Moda
- Maquilhagem para Moda/ Avançado
- Caractecrização para Cinema, Televisão e Teatro/ Avançado
- Arte Urbana: Graffiti
DESIGN de INTERIORES
- Luminotecnia
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- 3D Studio Max – Personagens
- Photoshop para Arquitectura e Design
Mais informações: ESAD
ECONOMIA DOS MEDIA
Quando comecei a ler World of media. Yearbook of Russian Media and Journalism Studies 2009, pensei que se tratava de uma obra inspirada na corrente da economia política, devedora da perspectiva marxista, como em Vincent Mosco, Janet Wasko, Graham Murdock e Helena Sousa. Mas reparei melhor na biografia dos autores.
Elena Vartanova, directora da Faculdade de Jornalismo da universidade Lomonosov e a editora do livro, é doutorada em filologia. Yassen Zassoursky, a quem homenagearam em Outubro, presidente da mesma faculdade, é filólogo. A primeira desenvolve estudos nomeadamente na economia dos media, o segundo tem trabalhado a sociedade da informação e dos media, mas a sua especialização é literatura americana e estudos comparativos das literaturas americana e russa. Dos diversos colaboradores do livro, e docentes da mesma faculdade, contei uma mão cheia de mais filólogos.
O olhar do filólogo, atento aos sinais, ao uso das palavras em situações concretas, é o ideal para analisar uma sociedade que sofreu uma das mais profundas alterações políticas e sociais na passagem do século XX para o XXI, a Rússia. Por isso, estudar as tendências de mudança dos media deve passar pela leitura destes observadores atentos e privilegiados.
Diz Vartanova no seu texto (p. 21): a discussão dos temas de censura, liberdade de expressão e relação media e política deu lugar ao debate sobre o afastamento da política por parte dos indivíduos e das audiências de massa. Hoje, as pessoas estão mais voltadas para a sua carreira, salários, vida familiar e sucesso pessoal, distanciando-se da esfera pública para se preocuparem com a esfera individual. Consumem conteúdos mediáticos leves (filmes, séries, programas humorísticos, concursos, reality-shows, revistas sobre celebridades) em detrimento da informação de qualidade (notícias, análise, documentário) (p. 31). Esta última é apenas utilizada pela elite. O consumo dos media processa-se essencialmente como actividade de lazer (e prazer, acrescento). O tempo livre é alvo de produtores de conteúdos, anunciantes e fabricantes dos media. Ela conclui (p. 39) que, das funções dos media - informação, educação, interactividade, entretenimento -, é esta última a mais procurada pelos produtores dos media.
Num texto mais curto, e simultaneamente mais complexo e esquemático (a precisar de aprofundamento e evidência empírica), o filólogo Yassen N. Zassoursky destaca os diferentes modos de consumo dos media e as suas audiências (pp. 41-43). Se a audiência era individual nos séculos XVII-XIX (ler jornais e revistas no café, ao pequeno almoço, no escritório), torna-se simultaneamente individual e colectiva na primeira metade do século XX (leitura do jornal, ida ao cinema) (e escuta e visão na rádio e no começo da televisão, acrescento eu) e de massa ou consumo de massa (gosto já não individual mas colectivo, consumo colectivo). A economia dos media atende especialmente ao tempo livre, ideia que liga Zassoursky a Vartanova, e os media ocupam-se do desporto, da cultura de massa, do entretenimento e do turismo, com a publicidade a influenciar as opções da televisão comercial em detrimento das dimensões educacional e informacional.
O aparecimento da internet torna o consumo individual, em diversos casos. Mas, em situações de crise (acontecimentos trágicos, inesperados, de dimensão nacional ou mundial), as audiências regressam aos media de massa que controlam o espaço informativo. Ao mesmo tempo, o telefone móvel (acesso a conteúdos e transmissão de conteúdos) e a desmonopolização da televisão global (a concorrência da Al Jazeera frente à CNN, por exemplo) significam mais complexidade e turbulência. Mas o velho sábio Zassoursky já não trabalha este futuro.
[imagem tirada em 8 de Outubro último, na universidade Lomonosov; Elena Vartanova está de pé, a falar ao microfone, e Yassen N. Zassoursky senta-se ao seu lado esquerdo]
Elena Vartanova, directora da Faculdade de Jornalismo da universidade Lomonosov e a editora do livro, é doutorada em filologia. Yassen Zassoursky, a quem homenagearam em Outubro, presidente da mesma faculdade, é filólogo. A primeira desenvolve estudos nomeadamente na economia dos media, o segundo tem trabalhado a sociedade da informação e dos media, mas a sua especialização é literatura americana e estudos comparativos das literaturas americana e russa. Dos diversos colaboradores do livro, e docentes da mesma faculdade, contei uma mão cheia de mais filólogos.
O olhar do filólogo, atento aos sinais, ao uso das palavras em situações concretas, é o ideal para analisar uma sociedade que sofreu uma das mais profundas alterações políticas e sociais na passagem do século XX para o XXI, a Rússia. Por isso, estudar as tendências de mudança dos media deve passar pela leitura destes observadores atentos e privilegiados.
Diz Vartanova no seu texto (p. 21): a discussão dos temas de censura, liberdade de expressão e relação media e política deu lugar ao debate sobre o afastamento da política por parte dos indivíduos e das audiências de massa. Hoje, as pessoas estão mais voltadas para a sua carreira, salários, vida familiar e sucesso pessoal, distanciando-se da esfera pública para se preocuparem com a esfera individual. Consumem conteúdos mediáticos leves (filmes, séries, programas humorísticos, concursos, reality-shows, revistas sobre celebridades) em detrimento da informação de qualidade (notícias, análise, documentário) (p. 31). Esta última é apenas utilizada pela elite. O consumo dos media processa-se essencialmente como actividade de lazer (e prazer, acrescento). O tempo livre é alvo de produtores de conteúdos, anunciantes e fabricantes dos media. Ela conclui (p. 39) que, das funções dos media - informação, educação, interactividade, entretenimento -, é esta última a mais procurada pelos produtores dos media.
Num texto mais curto, e simultaneamente mais complexo e esquemático (a precisar de aprofundamento e evidência empírica), o filólogo Yassen N. Zassoursky destaca os diferentes modos de consumo dos media e as suas audiências (pp. 41-43). Se a audiência era individual nos séculos XVII-XIX (ler jornais e revistas no café, ao pequeno almoço, no escritório), torna-se simultaneamente individual e colectiva na primeira metade do século XX (leitura do jornal, ida ao cinema) (e escuta e visão na rádio e no começo da televisão, acrescento eu) e de massa ou consumo de massa (gosto já não individual mas colectivo, consumo colectivo). A economia dos media atende especialmente ao tempo livre, ideia que liga Zassoursky a Vartanova, e os media ocupam-se do desporto, da cultura de massa, do entretenimento e do turismo, com a publicidade a influenciar as opções da televisão comercial em detrimento das dimensões educacional e informacional.
O aparecimento da internet torna o consumo individual, em diversos casos. Mas, em situações de crise (acontecimentos trágicos, inesperados, de dimensão nacional ou mundial), as audiências regressam aos media de massa que controlam o espaço informativo. Ao mesmo tempo, o telefone móvel (acesso a conteúdos e transmissão de conteúdos) e a desmonopolização da televisão global (a concorrência da Al Jazeera frente à CNN, por exemplo) significam mais complexidade e turbulência. Mas o velho sábio Zassoursky já não trabalha este futuro.
[imagem tirada em 8 de Outubro último, na universidade Lomonosov; Elena Vartanova está de pé, a falar ao microfone, e Yassen N. Zassoursky senta-se ao seu lado esquerdo]
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
A ARTE COMUNICANTE - CONFERÊNCIA NO CNC
Conforme aqui escrevera, decorreu ao fim da tarde de hoje, em instalações do Centro Nacional de Cultura, em organização conjunta com a Universidade Católica, a conferência A arte comunicante. Como conferencistas escutámos Alexandre Melo, António Pinto Ribeiro e João Salaviza, com a minha moderação (da direita para a esquerda, em fotografia de Ana Cachola).
Tomei várias notas, esperando ser o mais fiel às ideias dos conferencistas, dada a minha (outra) condição de moderador. Assim, António Pinto Ribeiro, ensaista, docente universitário e programador cultural, falou das condições do mediador na produção e comunicação da arte. Sem recuperar a dicotomia de cultura erudita e elitista versus cultura massifcada e perto do kitsch, identificou alguns pontos essenciais, como a ausência de tradição de criação artística de autor, dada a falta de contexto internacional, num encontro com outros mundos criativos, as fragilidades nas escolas em estabelecer um circuito completo da criação à distribuição internacional, em contexto de permanente debate pelos pares durante o curso da criação. Para Pinto Ribeiro, há um pésssimo hábito nacional de não discutir (espectáculos, filmes, livros), frustrante para o artista e o programador.
Dessa frustração do artista em não ver discutida a sua obra falou João Salaviza, jovem realizador de cinema que ganhou recentemente a Palma de Ouro para curtas-metragens no festival de Cannes com Arena, anteriormente galardoado no IndieLisboa. Para Salaviza faltam em Portugal revistas sérias sobre cinema, o que o levou a recordar o ambiente da escola de cinema de Buenos Aires onde completou os seus estudos universitários: ali, se uma revista defende um filme e outra ataca o mesmo filme, forma-se uma polémica útil para a criação. Salaviza reconhece haver blogues onde se faz crítica de cinema mas considera ser escassa a actividade. Salientou a crítica feita ao seu Arena por Daniel Melim (blogue Infinito ao Espelho).
Alexandre Melo, docente universitário, ensaista e curador, salientou igualmente o desaparecimento do espaço social e mediático da discussão das obras de arte, recordando o tempo em que se podiam escrever duas páginas de revista sobre uma exposição de um artista ainda não conhecido ou editar textos de mais do que um autor sobre um filme, o que provocava uma diversidade de leituras e de opiniões. Mas Alexandre Melo evidenciou uma nova atitude com a geração da primeira década do século, mais global (estimulada pelo programa Erasmus, por bolsas e novas instituições), ao invés das gerações das décadas de 1960 ou 1970, em que os próprios artistas consagrados punham no seu currículo as viagens feitas ao estrangeiro. Ou seja, estão a modificar-se os processos de conhecimento e reconhecimento internacional.
Tomei várias notas, esperando ser o mais fiel às ideias dos conferencistas, dada a minha (outra) condição de moderador. Assim, António Pinto Ribeiro, ensaista, docente universitário e programador cultural, falou das condições do mediador na produção e comunicação da arte. Sem recuperar a dicotomia de cultura erudita e elitista versus cultura massifcada e perto do kitsch, identificou alguns pontos essenciais, como a ausência de tradição de criação artística de autor, dada a falta de contexto internacional, num encontro com outros mundos criativos, as fragilidades nas escolas em estabelecer um circuito completo da criação à distribuição internacional, em contexto de permanente debate pelos pares durante o curso da criação. Para Pinto Ribeiro, há um pésssimo hábito nacional de não discutir (espectáculos, filmes, livros), frustrante para o artista e o programador.
Dessa frustração do artista em não ver discutida a sua obra falou João Salaviza, jovem realizador de cinema que ganhou recentemente a Palma de Ouro para curtas-metragens no festival de Cannes com Arena, anteriormente galardoado no IndieLisboa. Para Salaviza faltam em Portugal revistas sérias sobre cinema, o que o levou a recordar o ambiente da escola de cinema de Buenos Aires onde completou os seus estudos universitários: ali, se uma revista defende um filme e outra ataca o mesmo filme, forma-se uma polémica útil para a criação. Salaviza reconhece haver blogues onde se faz crítica de cinema mas considera ser escassa a actividade. Salientou a crítica feita ao seu Arena por Daniel Melim (blogue Infinito ao Espelho).
Alexandre Melo, docente universitário, ensaista e curador, salientou igualmente o desaparecimento do espaço social e mediático da discussão das obras de arte, recordando o tempo em que se podiam escrever duas páginas de revista sobre uma exposição de um artista ainda não conhecido ou editar textos de mais do que um autor sobre um filme, o que provocava uma diversidade de leituras e de opiniões. Mas Alexandre Melo evidenciou uma nova atitude com a geração da primeira década do século, mais global (estimulada pelo programa Erasmus, por bolsas e novas instituições), ao invés das gerações das décadas de 1960 ou 1970, em que os próprios artistas consagrados punham no seu currículo as viagens feitas ao estrangeiro. Ou seja, estão a modificar-se os processos de conhecimento e reconhecimento internacional.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
SOBRE A TVI
Juan Luis Cebrián, administrador-delegado do grupo de media espanhol Prisa, lamentou "o falhanço das negociações para a entrada da PT na Media Capital", em Junho passado (toda a informação a partir da notícia do Público). O acordo com a PT poderia ser alargado a mercados como o brasileiro. Após o falhanço, o grupo Prisa "está a negociar com a Telefonica, e que passa pela venda da plataforma de televisão paga, a Digital Plus", o que permite regressar ao projecto com o Brasil (a Telefonica e a PT detêm investimentos naquele país).
Cébrian, que entende ser necessário a Europa estabelecer um mercado comum nas telecomunicações e na energia como na moeda única, falou também das relações com a Ongoing. A Prisa, através da Media Capital, vai repartir a TVI com a Ongoing (este grupo terá 25 a 30%). Diz o responsável da Prisa que a Ongoing "vai tomar uma minoria muito importante da companhia. Há um pacto de accionistas que os protege como minoria e que lhes dá determinados privilégios que entram nos privilégios padrão de minorias em sociedades cotizadas e que garantem que o seu investimento não vai ser refém da maioria".
Na entrevista, o mesmo responsável recusa "a acusação de que tenha havido influência externa na decisão de cancelar o Jornal Nacional de sexta-feira [TVI] e garantiu que a decisão foi exclusiva do administrador delegado da Media Capital [Bernardo Bairrão] e da direcção do canal de televisão". Manuela Moura Guedes, apresentadora do noticiário, viu o programa ser suspenso em Setembro último.
Cébrian, que entende ser necessário a Europa estabelecer um mercado comum nas telecomunicações e na energia como na moeda única, falou também das relações com a Ongoing. A Prisa, através da Media Capital, vai repartir a TVI com a Ongoing (este grupo terá 25 a 30%). Diz o responsável da Prisa que a Ongoing "vai tomar uma minoria muito importante da companhia. Há um pacto de accionistas que os protege como minoria e que lhes dá determinados privilégios que entram nos privilégios padrão de minorias em sociedades cotizadas e que garantem que o seu investimento não vai ser refém da maioria".
Na entrevista, o mesmo responsável recusa "a acusação de que tenha havido influência externa na decisão de cancelar o Jornal Nacional de sexta-feira [TVI] e garantiu que a decisão foi exclusiva do administrador delegado da Media Capital [Bernardo Bairrão] e da direcção do canal de televisão". Manuela Moura Guedes, apresentadora do noticiário, viu o programa ser suspenso em Setembro último.
CONSUMO E CENTROS COMERCIAIS
Cultura e consumo. Estilos vida na contemporaneidade é um livro publicado o ano passado, organizado por Maria Lucia Bueno e Luiz Octávio de Lima Camargo, pela editora Senac de São Paulo. Consumos, estilos de vida e modernidade são alguns dos conceitos e textos publicados no livro. Mas também há artigos sobre o museu doméstico, turismo, oferta enológica, moda e vestuário e centros comerciais.
Detenho-me neste último tema, objecto de análise de Heitor Frúgoli Júnior (pp. 231-246). O autor escreve sobre sociabilidades no centro comercial, apreciando o comportamento em centros de São Paulo (Brasil), em especial os comportamentos e tipos de frequentadores. Heitor Frúgoli Júnior define os shopping centers como instituições do grande comércio moderno, com ênfase para a venda de bens no sector de vestuário e com equipamentos voltados para o lazer, com controlo e vigilância do comportamento dos seus utilizadores.
Isto levou o autor a definir duas tendências nestes espaços públicos e locais de consumo: 1) selectividade e elitização, em bairros de alto poder aquisitivo, e 2) popularização e massificação, em bairros populosos e de diversificação de camadas sociais. Um terceiro elemento a considerar é o das camadas juvenis que entram nos centros comerciais para sociabilização e interacção social. O autor estudou grupos juvenis provenientes de grupos imigrantes, como os coreanos e japoneses, que se encontravam em determinados centros como se fossem territórios ou enclaves étnicos, e as claques de futebol, que igualmente delimitavam espaços de encontro.
Os centros comerciais são igualmente espaços públicos usados para manifestações ligadas a novos movimentos. Ele refere a realização de um evento de homossexuais, com o beijaço ou a hora do beijo, e de negros e mulatos, de boné e óculos escuros, chamando-se de "manos" (termo popularizado pelo rap), afirmando ideias afirmativas de cor de pele. Po regra, os encontros dão-se na praça da alimentação, espaço maior e propício para a ocupação pacífica.
Finalmente, Heitor Frúgoli Júnior vê os centros comeciais como locais de execução de interpretações ou ritualizações da modernidade, sem esquecer as relações de consumo e de reciprocidade na sociabilização. Ele defende a ideia de um consumo no plano simbólico.
Detenho-me neste último tema, objecto de análise de Heitor Frúgoli Júnior (pp. 231-246). O autor escreve sobre sociabilidades no centro comercial, apreciando o comportamento em centros de São Paulo (Brasil), em especial os comportamentos e tipos de frequentadores. Heitor Frúgoli Júnior define os shopping centers como instituições do grande comércio moderno, com ênfase para a venda de bens no sector de vestuário e com equipamentos voltados para o lazer, com controlo e vigilância do comportamento dos seus utilizadores.
Isto levou o autor a definir duas tendências nestes espaços públicos e locais de consumo: 1) selectividade e elitização, em bairros de alto poder aquisitivo, e 2) popularização e massificação, em bairros populosos e de diversificação de camadas sociais. Um terceiro elemento a considerar é o das camadas juvenis que entram nos centros comerciais para sociabilização e interacção social. O autor estudou grupos juvenis provenientes de grupos imigrantes, como os coreanos e japoneses, que se encontravam em determinados centros como se fossem territórios ou enclaves étnicos, e as claques de futebol, que igualmente delimitavam espaços de encontro.
Os centros comerciais são igualmente espaços públicos usados para manifestações ligadas a novos movimentos. Ele refere a realização de um evento de homossexuais, com o beijaço ou a hora do beijo, e de negros e mulatos, de boné e óculos escuros, chamando-se de "manos" (termo popularizado pelo rap), afirmando ideias afirmativas de cor de pele. Po regra, os encontros dão-se na praça da alimentação, espaço maior e propício para a ocupação pacífica.
Finalmente, Heitor Frúgoli Júnior vê os centros comeciais como locais de execução de interpretações ou ritualizações da modernidade, sem esquecer as relações de consumo e de reciprocidade na sociabilização. Ele defende a ideia de um consumo no plano simbólico.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
NOVO TÍTULO DE JOÃO FIGUEIRA
Conforme já escrevi aqui, o livro Jornalismo em liberdade, de João Figueira, é apresentado hoje, 24 de Novembro, pelas 18:00, na livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa. O lançamento é feito pelo director-adjunto do jornal Público, Miguel Gaspar, participando ainda Maria Manuela Tavares Ribeiro, coordenadora científica do CEIS 20 (centro de estudo de Coimbra dedicado às ciências sociais e história), João Barreiros, director de Informação da Antena 1, e os jornalistas Emídio Rangel e Vicente Jorge Silva.
O blogueiro gostaria de estar presente, mas as aulas até à noite impedem-no. Desejo muitos sucessos ao autor e à editora (Almedina).
O blogueiro gostaria de estar presente, mas as aulas até à noite impedem-no. Desejo muitos sucessos ao autor e à editora (Almedina).
A CIDADE E OS SEUS CONSUMOS CULTURAIS
Plural de cidade: novos léxicos urbanos é um livro organizado por Carlos Fortuna e Rogerio Proença Leite e editado recentemente pela Almedina. Lê-se no começo da apresentação do livro: "Plural de cidade são as cidades que existem dentro da cidade. Não é um conjunto diverso de cidades, nem uma questão de geografia. Plural de cidade são os territórios díspares que fazem a cidade, as políticas sócio-urbanas e a sua ausência, o atropelo aos direitos e as paisagens de privilégio, as formas de segregação e a ostentação, a cultura, a saúde, o emprego, o dinheiro, o futuro e, ao mesmo tempo, a falta de todos eles".
Além dos organizadores, o livro traz textos de autores como João Teixeira Lopes, Eva Vicente, Silvana Rubino, Paulo Peixoto, Lúcia Bógus, Cristina Meneguello, Luciana Mendonça, Eugénia Rodrigues e outros.
Ana Rosas Mantecón escreve sobre consumos culturais (pp. 299-317). Daí analisar o campo cultural, os públicos e a sua formação, os pactos de consumo (as negociações dentro e fora do campo cultural) e de leitura e de inteligibilidade e as margens de acção dos públicos. Claudino Ferreira estuda os intermediários culturais, que fazem funcionar os circuitos culturais e asseguram a mediação entre a criação e produção da cultura, por um lado, e a recepção e consumo, por outro lado. Por vezes, escreve, a intermediação cultural confunde-se com o próprio sistema de produção das indústrias culturais (p. 322).
Além dos organizadores, o livro traz textos de autores como João Teixeira Lopes, Eva Vicente, Silvana Rubino, Paulo Peixoto, Lúcia Bógus, Cristina Meneguello, Luciana Mendonça, Eugénia Rodrigues e outros.
Ana Rosas Mantecón escreve sobre consumos culturais (pp. 299-317). Daí analisar o campo cultural, os públicos e a sua formação, os pactos de consumo (as negociações dentro e fora do campo cultural) e de leitura e de inteligibilidade e as margens de acção dos públicos. Claudino Ferreira estuda os intermediários culturais, que fazem funcionar os circuitos culturais e asseguram a mediação entre a criação e produção da cultura, por um lado, e a recepção e consumo, por outro lado. Por vezes, escreve, a intermediação cultural confunde-se com o próprio sistema de produção das indústrias culturais (p. 322).
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
SANTA MARIA, AÇORES
Na ilha de Santa Maria vivem cinco mil e seiscentas pessoas. Chegou a haver o dobro da população. 40 anos atrás, vivia-se um clima de cosmopolitismo, pois a aviação comercial entre a Europa e a América parava na ilha para abastecimento (Santa Maria fica a meio caminho entre Paris e Boston, por exemplo). As tripulações e os viajantes dormiam ali e animavam as actividades. Com a evolução da aviação, deixou de ser necessário a paragem. Depois, com a transferência do principal aeroporto do arquipélago dos Açores para Ponta Delgada, e mesmo com o efémero êxito dos Concorde que ali aterravam, a ilha voltou a um grande isolamento.
Hoje, ouve-se a memória desses tempos: toda a gente recorda a época dos aviões. Os aviões não significavam poluição mas fonte de negócio, que houve e acabou. É uma nostalgia estranha - como quando os velhos falam da mocidade acabada ("no meu tempo", costuma ouvir-se). Por outro lado, isso significa solidariedade - as pessoas falam umas das outras, conhecem-se, cumprimentam-se, sabem como vai a saúde de cada um e preocupam-se.
A terra (o chão) é bonita. Vê-se logo a origem vulcânica quando se aprecia a cor da areia da praia. As casas bordejam as estradas, o tráfego é fluído, o peixe que se come nos restaurantes tem nomes que nunca ouvira: veja, bicudo da Índia, lírio. Mas também bodião (que preparara e comera em Lisboa).
Hoje, ouve-se a memória desses tempos: toda a gente recorda a época dos aviões. Os aviões não significavam poluição mas fonte de negócio, que houve e acabou. É uma nostalgia estranha - como quando os velhos falam da mocidade acabada ("no meu tempo", costuma ouvir-se). Por outro lado, isso significa solidariedade - as pessoas falam umas das outras, conhecem-se, cumprimentam-se, sabem como vai a saúde de cada um e preocupam-se.
A terra (o chão) é bonita. Vê-se logo a origem vulcânica quando se aprecia a cor da areia da praia. As casas bordejam as estradas, o tráfego é fluído, o peixe que se come nos restaurantes tem nomes que nunca ouvira: veja, bicudo da Índia, lírio. Mas também bodião (que preparara e comera em Lisboa).
domingo, 22 de novembro de 2009
VOLTANDO À PASTELARIA ARTESANAL
Em mensagem publicada aqui, ontem, escrevi sobre o livro de Pedrita (Rita João, Pedro Ferreira) e Frederico Duarte, Fabrico próprio. Hoje, recebo a informação que a "primeira edição de 1500 exemplares está esgotada".
Parabéns. O projecto merece.
Parabéns. O projecto merece.
ARTE DÉCO NA GULBENKIAN
Decorre até 3 de Janeiro de 2010 a exposição Arte Déco 1925 na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).
Os objectos expostos incluem peças de mobiliário, cerâmicas e porcelanas, vidros, pinturas, desenhos e cartazes, esculturas, jóias e tapeçaria, concebidas por artistas e integradas, na sua maioria, na Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, em Paris. Artistas ligados às fábricas de Sèvres, Beauvais, Baccarat e Christofle e criações individuais de Ruhlmann, Süe et Mare, Jourdain, Chareau, Cartier, Boucheron, Lalique, Léger, Le Corbusier, Dupas, e outros estão patentes na exposição.
Na década de 1920, os modelos decorativos simplificaram as suas formas e deram espaço a motivos abstractos e geométricos, aliados a correntes como o cubismo e o construtivismo, mas igualmente à arte africana. A exposição original, que ocupou um espaço indo do Grand e do Petit Palais até à Esplanade des Invalides, acolheu três tipos de pavilhões: prestígio, modernos, estrangeiros. Portugal não esteve representado enquanto país.
[informações retiradas do jornal-brochura da exposição]
Os objectos expostos incluem peças de mobiliário, cerâmicas e porcelanas, vidros, pinturas, desenhos e cartazes, esculturas, jóias e tapeçaria, concebidas por artistas e integradas, na sua maioria, na Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, em Paris. Artistas ligados às fábricas de Sèvres, Beauvais, Baccarat e Christofle e criações individuais de Ruhlmann, Süe et Mare, Jourdain, Chareau, Cartier, Boucheron, Lalique, Léger, Le Corbusier, Dupas, e outros estão patentes na exposição.
Na década de 1920, os modelos decorativos simplificaram as suas formas e deram espaço a motivos abstractos e geométricos, aliados a correntes como o cubismo e o construtivismo, mas igualmente à arte africana. A exposição original, que ocupou um espaço indo do Grand e do Petit Palais até à Esplanade des Invalides, acolheu três tipos de pavilhões: prestígio, modernos, estrangeiros. Portugal não esteve representado enquanto país.
[informações retiradas do jornal-brochura da exposição]
VIDEOJOGOS
Em Portugal, durante 2009, já foram vendidos dois milhões de videojogos no valor de 61,9 milhões de euros, indica o Público de hoje (textos de João Pedro Pereira). Os jogos de consola são os mais vendidos (50 milhões de euros), seguindo-se os de computador. Já a pensar no próximo Natal, estima-se que se ultrapassem os 88 milhões de euros anuais em vendas no nosso país.
Os analistas prevêem que os jogos ultrapassem a indústria cinematográfica em 2012. Por isso, na indústria de videojogos, há, para além do consumo e consequente entretenimento, empresários portugueses a trabalhar na sua produção. Começam por pequenos projectos para chegar a grandes jogos de consola. O jornalista identifica alguns jogos desenvolvidos no nosso país: Atomik Kaos, Under Siege, Hospital Hustle, Miffy's World, Aquatic Tales.
Já há cursos em videojogos [foram anunciados antes do ano lectivo começar, em Bragança e Barcelos, embora eu não saiba o resultado], mas falta mão-de-obra especializada. A responsável de uma empresa diz que é difícil negociar com as editoras porque não há histórico de fazer videojogos no país e faltam pessoas com o conhecimento necessário. Além das empresas, existe a Associação Portuguesa de Ciências dos Videojogos, presidida por Nélson Zagalo, docente da Universidade do Minho. Para este investigador, a indústria não vive apenas dos grandes jogos; há oportunidades como a dos jogos sociais para o Facebook.
Os analistas prevêem que os jogos ultrapassem a indústria cinematográfica em 2012. Por isso, na indústria de videojogos, há, para além do consumo e consequente entretenimento, empresários portugueses a trabalhar na sua produção. Começam por pequenos projectos para chegar a grandes jogos de consola. O jornalista identifica alguns jogos desenvolvidos no nosso país: Atomik Kaos, Under Siege, Hospital Hustle, Miffy's World, Aquatic Tales.
Já há cursos em videojogos [foram anunciados antes do ano lectivo começar, em Bragança e Barcelos, embora eu não saiba o resultado], mas falta mão-de-obra especializada. A responsável de uma empresa diz que é difícil negociar com as editoras porque não há histórico de fazer videojogos no país e faltam pessoas com o conhecimento necessário. Além das empresas, existe a Associação Portuguesa de Ciências dos Videojogos, presidida por Nélson Zagalo, docente da Universidade do Minho. Para este investigador, a indústria não vive apenas dos grandes jogos; há oportunidades como a dos jogos sociais para o Facebook.
JULIE E JÚLIA
1. Sobre o filme Julie e Júlia, retiro a seguinte informação da Wikipedia (acesso hoje, 22 de Novembro de 2009, às 13:00):
3. Ontem, escrevi sobre um livro sobre pastelaria. O processo poderia ser semelhante. Afinal, as indústrias criativas (e a cozinha e a doçaria integram-se no conjunto de actividades entre o artesanato e a industrialização ligas às arte criativas) têm uma relação de muito préstimo com a cultura contemporânea.
- "Julie & Julia é um filme de comédia lançado em 7 de agosto de 2009 e foi dirigido por Nora Ephron. O filme, baseado entre outros na autobiografia de My Life in France, retrata a vida de Julia Child, autora de livros de culinária e apresentadora de televisão norte-americana, e a tentativa de Julie Powell (Amy Adams) de cozinhar todas as 524 receitas de Julia Child (Meryl Streep) do livro Mastering the Art of French Cooking. [editar] Elenco: Meryl Streep -Julia Child, Amy Adams - Julie Powell, Stanley Tucci - Paul Child, marido de Julia Child, Chris Messina - Eric Powell, marido de Julie Powell[1], Linda Emond - Simone Beck("Simca"), Jane Lynch as Dorothy McWilliams, irmã de Julia Child[2], Mary Lynn Rajskub - Sarah, melhor amigo de Powell[3], Vanessa Ferlito - Cassie[4], Casey Wilson - Regina[5]".
3. Ontem, escrevi sobre um livro sobre pastelaria. O processo poderia ser semelhante. Afinal, as indústrias criativas (e a cozinha e a doçaria integram-se no conjunto de actividades entre o artesanato e a industrialização ligas às arte criativas) têm uma relação de muito préstimo com a cultura contemporânea.
Джули и Джулия: Готовим счастье по рецепту [JULIE & JULIA]
- "Джули и Джулия: Готовим счастье по рецепту
"Всё-таки хорошо, что я пообедала перед сеансом! Не так хотелось есть при просмотре=)
"Фильм снят по книге, но существенно от неё отличается. Сюжет почти полностью передан, а вот динамичность и тонкий юмор книги во многом пострадали. Немного затянуто, к концу второго часа я начала уставать.Тем не менее, хорошее, расслабляющее, качественное американо-французское кино. Не пожалела, что сходила, рекомендую всем, у кого есть любовь к готовке, лишние пару часиков и правильное настроение.
"Пришла домой и занялась ужином... Не иначе как подействовало".
[enamourment]
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