Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
É ISTO QUE QUERO FAZER QUANDO ME REFORMAR
É isto mesmo que quero fazer quando for para a reforma - embora ainda faltem muitos anos. Que sucesso faria agora, nas festas do Natal e do Ano Novo, se soubesse cozinhar como Arden. Contudo, as indústrias criativas (turismo, restauração) continuam à espera que eu desenvolva estas competências!
JÁ EXPERIMENTEI O SAPO VÍDEOS
Retomei o tema da primeira mensagem de hoje, a limpeza de um edifício de cristal. O primeiro comentário a fazer é que o som não saíu muito favorecido no registo no serviço de partilha de vídeos do Sapo (embora já fosse deficiente na origem). Mas é uma alternativa ao YouTube, se funcionar bem!
SMS E VOTOS DE BOAS-FESTAS
Pelo estudo do OberCom fica-se ainda a saber que "São os mais jovens – entre os 8 e os 24 anos apenas 1/4 dos jovens diz que não passou a enviar as Boas-Festas através de SMS e/ou MMS, enquanto que dos que têm mais de 65 anos apenas 5% diz que envia as mensagens natalícias por esta via. São também as pessoas com mais recursos escolares, ou seja, a partir dos que têm pelo menos o 9º ano a percentagem de respostas afirmativas ultrapassa os 60%. São ainda os que desempenham profissões mais qualificadas, o que se relaciona directamente com o nível de escolaridade concluido. Residem essencialmente nos grandes centros urbanos e nas regiões mais desenvolvidas do país (Grande Lisboa, Grande Porto, Centro Litoral e Algarve)".
TIRAGENS DOS JORNAIS
Público e Diário de Notícias dão igual relevo aos números da APCT (Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragens e Circulação) referentes às tiragens dos jornais no terceiro trimestre de 2006.
Porque peroro trimestralmente contra o modo como as peças sobre este assunto é tratado pelos jornais - e porque já comentei com uma das jornalistas que escreve sobre o tema acerca do modo como ele é retratado - não irei fazer muitos comentários.
Diz Ana Machado (Público): "o Diário de Notícias [...] viu cair a sua circulação média paga de 37.142 exemplares registados em Setembro de 2005 para 35.870 exemplares em Setembro de 2006". O título do Diário de Notícias e o quarto parágrafo da peça (para ampliar a imagem, clicar nela) têm uma apresentação oposta!
O segundo comentário a fazer é que muito mal vai um país que vê continuamente cair as vendas de jornais. Os outros media não conseguem dar os conhecimentos e a cultura contemporânea que os jornais fornecem.
VIOLÊNCIA NOS VIDEOJOGOS
João Pedro Pereira escreve hoje no Público sobre a violência nos videojogos. O ponto de partida é a reunião do comissário europeu para a Justiça, Liberdade e Segurança com os representantes da indústria dos videojogos e especialistas em saúde e violência no começo de 2007. Razão: a violência nos jogos de computador e os efeitos que estes têm nas crianças e jovens.
Todo o texto provoca um enorme alarme em quem educa ou tem funções na educação. O melhor é ler o texto na totalidade. Uma caixa à direita da página mostra alguns dos videojogos mais violentos, alguns com circulação restrita por proibição em muitos países mas que se tornaram, por isso mesmo, objectos de culto.
Hoje, numa grande superfície, tomei contacto com alguns deles, saltando-me à vista um devido ao seu título. João Pedro Pereira apresenta-o: Grand Theft Auto, de 1998. O jogador é um criminoso urbano que pode assaltar bancos, assassinar contra um pagamento, roubar carros e extorquir dinheiro a prostitutas. Enquanto eu procurava saber o preço do videojogo, uma mãe respondia ao filho: "esse jogo nem pensar; não to vou comprar". Se calhar, a criança queria um dos jogos indicados no texto do Público.
O YOUTUBE PORTUGUÊS
O Sapo já lançou o seu serviço de partilha de vídeos on-line, com o endereço http://videos.sapo.pt/.
Ainda não o experimentei, mas espero fazê-lo em breve!
LIVRARIAS
Público e Diário de Notícias dão conta da tomada da livraria Leitura (Porto) pela Civilização. Após o recente falecimento de José Carvalho Branco, um dos fundadores da Leitura, os herdeiros deste procuraram negociar a venda. A Livraria Civilização Editora pertence ao grupo LMB, que também detém as livrarias Bulhosa e uma gráfica, além de participação na editora Alêtheia.
A livraria Leitura, fundada em Setembro de 1968 pelo editor José Carvalho Branco e pelo livreiro Frenando Fernandes, tornou-se uma dos mais importantes espaços do Porto. Possui um fundo de mais de 120 mil títulos, nomeadamente em ciências sociais, arte, arquitectura e literatura. A junção das livrarias Leitura (tem nomeadamente uma extensão no Museu Grão Vasco, em Viseu) e das sete da Bulhosa existentes em Lisboa podem representar um novo momento nos grupos de livrarias.
Quando vivia no Porto, a Leitura era um dos meus locais de encontro com os livros. Acabei por lançar lá um livro meu, em 1997 (A negociação entre jornalistas e fontes, editado pela Minerva de Coimbra). Ainda hoje, sempre que vou ao Porto, reservo um bocado de tempo para lá ir.
Entretanto, a Buchholz, segundo notícia do Público, vive, de novo, momentos de incerteza, após a morte de José Leal Loureiro, ocorrida esta semana. De 60 anos, Loureiro iria comprar a livraria de Lisboa (conjuntamente com outro sócio) quando Karen Ferreira se retirasse, o que estava já aprazado. O recentemente desaparecido era editor, tendo estado ligado à fundação das editoras portuenses Afrontamento e Regra do Jogo.
CONSUMOS DE MEDIA
[Nota: os dados mostrados a seguir foram retirados da newsletter da Marktest, datada de ontem]
De entre os mais de 500 produtos que a Marktest analisou, alguns mereceram uma maior atenção, devido a mostrarem tendências quanto a comportamentos de consumo de produtos, hábitos e utilização de serviços.
Um primeiro elemento de destaque é o vídeo no lar se ter tornado digital. Considera a Marktest que "A posse de leitor de DVD nos lares portugueses já ultrapassou os 60%, o que deixa inferir que os portugueses preferem, em casa, ver vídeos digitais. A taxa de penetração deste equipamento subiu 15,6% entre 2005 e 2006. O gravador de DVD também já atinge 14,0% dos lares do Continente, aumentando 20,7% face ao ano anterior".
Um segundo elemento é a subida de posse de máquina digital. No presente momento, 43,1% dos lares do país possui este aparelho.
O automóvel com GPS representa o terceiro elemento mais significativo em termos de novas tendências de consumo, com um crescimento de 160%, abrangendo agora 5,2% dos lares do Continente.
Por outro lado, verifica-se a continuação da tendência de descida na compra de CDs áudio, possivelmente devido a um consumo mais elevado de formatos digitais a partir da internet.
CÂNTICOS A CAPPELLA NA IGREJA DA MADALENA, EM LISBOA
Agora, cabe a vez ao Coro Audite Nova de Lisboa, que apresenta na Igreja da Madalena um vasto repertório de cânticos de diversos autores dedicados à época natalícia, indo de Adeste Fidelis, de Pascal, ao clássico We wish you a Merry Christmas, apresentado como um extra. Incluem-se ainda canções dos ingleses Charles Wood e John Stainer, do espanhol E. Cervera e do francês Félix Gunther, entre outros.
Para mais informações, contactar João Freitas Ferreira (213869405, 913469472, jff@belodemorais.com.pt).
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
DA TELEVISÃO PARA A RÁDIO
Claro que a transferência do jornalista João Adelino Faria da televisão (SIC Notícias) para a rádio (RCP, Rádio Clube) não representa um movimento habitual de passagem de um meio para outro. O usual tem sido o movimento inverso. Por isso, não sei se se pode considerar um acto corajoso, pois a rádio não tem o impacto (audiência) da televisão. Mas é uma passagem a saudar, até atendendo à qualidade do jornalista e do que se anuncia como projecto radiofónico do RCP.
A entrevista dada hoje pelo jornalista a Nuno Azinheira (fotografia de Rodrigo Cabrita) é muito interessante (pelo entrevistado e pelo entrevistador, que sabe fazer muito bem este tipo de trabalhos e que, agora, eu leio menos frequentemente, dadas as suas tarefas na hierarquia do jornal, que o inibem de escrever com tanta assiduidade sobre media). Detecto três momentos-chave na entrevista, o primeiro dos quais quando Azinheira alude a um certo desinvestimento na SIC Notícias, ao que o até agora pivô da televisão reagiu: "Para mim é muito claro que há um momento-chave na vida da SIC e da SIC Notícias que deve ser reflectido, que foi a fusão das duas redacções. A SIC generalista beneficiou muito dessa fusão, mas acho que a SIC Notícias ressentiu-se um pouco".
Depois, à pergunta sobre onde quer chegar o RCP, responde João Adelino Faria: "Vejo as pessoas a falar muito em audiências e liderança. Estou mais preocupado em fazermos um bom trabalho. O que quero é que o RCP dê notícias, marque o dia, dê manchetes. O que se passa hoje é que a rádio e as televisões, normalmente, desenvolvem no dia as manchetes dos jornais. Queremos poder competir com os jornais em informação que marque o dia. Se isso acontecer, as pessoas vêm atrás".
Finalmente, quando o novo director de informação do RCP diz: "vamos disputar um mercado já existente e que também é o da TSF, mas o RCP não será uma rádio só de informação, vai ser uma rádio generalista que vai apostar muito na informação, na entrevista, no debate, em determinados períodos do dia. Mas é uma rádio mais generalista, como a Antena 1 ou a Renascença".
Parece, assim, confirmar-se que a aposta da Prisa - grupo espanhol de media que adquiriu um terço do capital da Media Capital, que detém a TVI e aquela e outras rádios - de um modelo próximo da Cadena Ser, numa combinatória de rádio nacional de informação e música com descentralização regional e local.
TAMBÉM EU ESTOU COM UMA CRISE DE ALONGAMENTO
Na sua coluna de hoje no Diário de Notícias, Mário Bettencourt Resendes diz que está com uma crise de alongamento - que não lhe permitiu escrever apenas um tema capaz de preencher a sua coluna. Também o blogueiro está em crise de alongamento; daí, transcrever o que Resendes diz a propósito do que se ouve na rádio:
- Dizem-se hoje, na rádio, coisas assombrosas. Há "animadores" ou "locutores de continuidade" que não resistem a um microfone aberto e julgam-se ao nível dos humoristas da Nação. Era dia 26 de Dezembro, estava o autor destas linhas numa "loja dos chineses", em busca de uma daquelas trivialidades domésticas difíceis de encontrar, mas que, por norma, está à venda nos "chineses". O som ambiente reproduzia uma qualquer rádio, onde a música era interrompida por frequentes diálogos do "casal" de locutores - e é quando "ele", falando do dia que passava, caracterizou-o como um "feriado transexual". Explicação do radialista: é um feriado "que não se assume". Riu muito, ouviu risinhos da parceira e voltou a música. Estarrecido, paguei e saí à pressa, a caminho do carro e de uma estação de rádio decente.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2006
A MINHA HOMENAGEM A EDUARDO STREET
Faleceu Eduardo Street, que os ouvintes da Antena 2 se habituaram a apreciar através da realização de teatro radiofónico (desde 1958) e, nos anos mais recentes, das suas colaborações na mesma rádio. Tinha 72 anos e faleceu por pneumonia.
No noticiário da uma da tarde de hoje da Antena 2, Carmen Dolores (actriz) e João Pereira Bastos (antigo director da estação) recordaram Street. No blogue, recoloco um vídeo com ele, aquando de uma pequena entrevista que me concedeu aqui em casa, por altura do lançamento do seu livro O teatro invisível. História do teatro radiofónico (ver meu blogue em 5 de Maio último; ver também apresentação e comentário do livro).
Na dedicatória do exemplar que me ofereceu, Eduardo Street deixou o seguinte: "Temos a mesma paixão: a rádio". Obrigado, Eduardo!
À VOLTA DOS LIVROS
O meu agradecimento a Ana Aranha, da RDP-Antena 1, pelo convite a falar, na sua rubrica À volta dos livros, do meu livro A fonte não quis revelar - um estudo sobre a produção das notícias, conversa que passou no passado dia 22.
RÁDIO E INTERNET
Conforme eu colocara no blogue, Pedro Portela defendeu dissertação de mestrado na Universidade do Minho, no passado dia 22, com o título Rádio na internet em Portugal - a abertura à participação num meio em mudança.
Portela, anteriormente licenciado em engenharia de sistemas e informática pela Universidade do Minho e actual docente na licenciatura de comunicação social da mesma universidade, está ligado à rádio desde 1988 como locutor, realizador e membro do conselho editorial da Rádio Universitária do Minho (RUM). Profissionalmente e ao longo dos anos mais recentes, tem trabalhado em empresas ligadas ao sector do multimedia.
O trabalho agora apresentado - e do qual obteve a máxima classificação - procura equacionar o meio (rádio) em mudança (após a introdução da internet) tendo como perspectiva o exercício da cidadania. Para Pedro Portela, a rádio na internet abre novas e múltiplas possibilidades para a interacção e discussão pública dos assuntos públicos e políticos.
Após uma introdução histórica da rádio em Portugal, o agora mestre operacionaliza conceitos como universalidade, linguagem, simultaneidade e instantaneidade, individualização e globalização, dentro do espírito das rádios comunitárias, espaço que analisou. Alguns dos autores presentes no seu trabalho são investigadores e blogueiros como João Paulo Meneses, Paula Cordeiro e Jorge Guimarães Silva.
Um dos aspectos mais importantes do trabalho de Pedro Portela é a sua grelha de análise, a partir de duas hipóteses de trabalho: 1) as rádios online portuguesas apresentam um nível de desenvolvimento médio, 2) as rádios online portuguesas não apresentam um modelo aberto à cidadania (pág. 74). Da grelha, destacam-se os seguintes elementos: conteúdos (hard-themes e soft-themes), meios e potencial interactivo. Inicialmente colocando 318 rádios para observação (pág. 91), ele reduz o estudo a 202 (pág. 99). Distingue três tipos de rádios – nacionais, locais e web-only – e várias tipologias de estações – comerciais, cooperativas (índole sócio-cultural), mundo académico, instituições religiosas e partidos políticos.
O autor destaca as ferramentas da rádio na internet – RSS, boletim electrónico, sistemas de comentários, fóruns, blogues, chats e sondagens (pág. 118) - elementos tecnológicos com capacidade para aumentar a participação pública. Contudo, Pedro Portela evidencia as dificuldades das pequenas equipas (quer das rádios web-only quer das rádios locais) de responderem a todos os desafios de ferramentas tecnológicas. Por exemplo, diz que as estações com génese na internet têm pouca maturidade técnica (pág. 89), exiguidade das estruturas técnicas e humanas, más performances técnicas (pág. 99) e que se ligam a iniciativas individuais, no desejo de experimentarem o podcasting (pág. 90), com menor capacidade económica revela-se em menos emprego de vídeos e infografias (pp. 110-111) e ausência da multimedialidade. E evidencia o aumento de notícias desportivas, cor-de-rosa, música e estrelas de cinema e televisão nos media em geral e também nos media sérios (pág. 103), o que se repercute no geral das estações online.
ANO REVISTO EM FACTOS E OPINIÕES
terça-feira, 26 de dezembro de 2006
BRAGA
quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
FELIZ NATAL
Aproveitando o ensejo de me deslocar até lá, meto uns dias de férias aqui no blogue. Assim, desejo a todos(as) leitores(as) um Feliz Natal. Prometo regressar logo depois.
CELEBRIDADES - O QUE MAIS SE PROCURA NO GOOGLE
Assim, no ano do campeonato mundial de futebol e da recosntrução após o furacão Katrina, as cinco palavras mais procuradas nos motores de busca foram: Paris Hilton, Orlando Bloom (o actor de Piratas das Caraíbas, nascido em 1977), cancro, podcasting e furacão Katrina.
LEI DE REESTRUTURAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO
A votação da lei na especialidade estava agendada para ontem, mas a oposição ao governo do PS fez pressão para que o projecto de lei fosse adiado. Segundo um deputado do PSD, estão em causa a protecção social dos trabalhadores que migrem de uma empresa para a outra (numa mesma categoria, ganha-se mais na RTP do que na RDP) e a composição do conselho de opinião (onde poderiam perder lugares os representantes dos trabalhadores daquelas duas empresas).
Também o reforço de poderes da administração nas áreas editorial e de programas, como ontem o Diário de Notícias analisava em pormenor, e a posição da ERC na nomeação ou demissão da administração encontram-se entre as críticas ao projecto de lei.
AINDA SOBRE O LIVRO DE ABRANTES E DAYAN
Na semana passada, quando apresentava o livro Televisão: das audiências aos públicos aos meus alunos, descobri que o livro ainda não estava nas livrarias. Manifestei o meu espanto, pois o livro tivera apresentação pública a 14 de Novembro.
Inquiri editora e distribuidora. E concluí o seguinte: em Novembro e Dezembro as livrarias não querem livros deste tipo. Ou seja: a cadeia de valor do livro fica emperrada no final do ciclo, junto aos leitores. É que as livrarias reservam o seu espaço para livros-álbum ou romances de "sucesso", à espera das vendas de Natal. O que contrai ainda mais o ciclo de um livro de ciências sociais. Janeiro, Julho, Agosto, Novembro e Dezembro são meses para esquecer. Por o público não afluir às livrarias por férias (Julho e Agosto), ou esgotamento dos plafonds para a cultura (Janeiro) ou, ainda, por má vontade dos livreiros. Isto é, um livro com edição de 2006 vai estar no mercado em 2007. Outra questão: não se pode avançar num ano a atribuição do ISBN? No Reino Unido, por exemplo, um livro editado de Setembro até ao final do ano leva já a indicação do ano seguinte. O que, em termos de actualidade, significa dezasseis meses por ano.
Após porfiadas diligências, consegui que o livro fosse colocado na livraria da UCP, com os meus alunos a lerem o livro para o teste de Janeiro de 2007. Eles vão, certamente, merecer um prémio por estarem tão actualizados quanto a bibliografia.
TELEVISÃO: DAS AUDIÊNCIAS AOS PÚBLICOS
O livro teve origem num colóquio - cursos da Arrábida - organizado em Agosto de 2001. A edição contou com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
No texto de apresentação, José Carlos Abrantes, um dos organizadores da obra conjuntamente com Daniel Dayan, questiona o conceito de audiência enquanto retrato fiel dos espectadores de televisão. É exactamente o perfil constante em todo o livro. Dayan escreve quase-público [ver minha mensagem, colocada no passado dia 4], Esquenazi recenseia não-público. Em todo o livro, pois, perpassa a distinção entre público e audiência. É o que acontece com o americano Todd Gitlin, para quem a medida das audiências não passa de um dado estatístico e justifica a sua criação por sociólogos e programadores de televisão e anunciantes.
No blogue, já fiz alusão ao texto de Dayan. Para além deste, destaco as colaborações de Jean-Pierre Esquenazi e Dominique Mehl, Todd Gitlin e John Fiske, bem como Jostein Gripsrud e Eliseo Véron. Mas outros textos, como o de Cintra Torres, merecem igual distinção.
Esquenazi - cuja recente tradução de Sociologia dos públicos se sauda - toma partido inerente pela palavra público (p. 86), que sugere ligação ao espaço público. Público, diz, é "comunidade humana visível e reconhecida, consciente da sua própria visibilidade". Público, escreve pouco à frente, é "um grupo de pessoas que têm algo em comum". E conduz-nos logo para o conceito de não-público, aquele espectador que assiste em casa silenciosamente à emissão de televisão e não tem oportunidade de reagir em público mas apenas no círculo fechado da família. Para se ser público tem de, além da apreensão do programa, interpretar, apropriar e participar, algo que não ocorre com a visualização doméstica (p. 88). Não-público é ainda aquela pessoa que assiste a um programa e o esquece de imediato (p. 86). Ou ainda é não-público aquele que procura o mero entretenimento (p. 92). Esquenazi dá, porém, abertura ao não-público quando, por exemplo, uma série televisiva suscita uma comunidade de fãs, que se reunem e promovem um sentimento comum no espaço público (p. 96).
Gitlin é mais determinado, pois começa o seu texto a afirmar que a audiência é uma ficção respeitada, é a palavra sagrada das indústrias culturais (p. 101), que se manifesta nas listas dos livros mais vendidos, nas receitas de bilheteiras, nos ratings de televisão. Reconheço que, aqui no blogue, dou importância a esses dados - pelo que considero radical a posição de Gitlin. A audiência, completa o professor da Universidade de Nova Iorque, é uma ficção, uma simplificação, é a manifestação numérica do desempenho de uma actividade (p. 103). O tom do seu discurso mantém-se duro ao dizer que a audiência manda a juzante e a montante das indústrias culturais (p. 102). Assim, o acto criativo leva em consideração o que se espera do comportamento da audiência. Um autor tem de prever a venda adequada do trabalho que faz, pressão que o condiciona, no que conta com a colaboração da própria audiência (p. 108). E Gitlin estende a crítica a toda a aparelhagem de mensurar as audiências, pois raça, género e classe social não influenciam directamente o que se vê ou ouve nos media.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2006
O RAPAZ DOS DESENHOS NO TEATRO ABERTO
Peça com versão de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, dramaturgia de Vera San Payo de Lemos, figurinos de Maria Gonzaga e cenário e encenação de João Lourenço, o elenco é constituído por Luís Alberto, Pedro Granger e Rui Mendes.
DOWNLOADS A PARTIR DE TELEMÓVEIS
São 766 mil os portugueses com 10 e mais anos que fazem downloads diversos através do seu telemóvel (10,3% dos possuidores de equipamento nesta faixa etária), segundo a newsletter mais recente da Marktest.com.
A idade é a variável mais importante na análise do indicador, com cerca de 60% dos indivíduos que acedem a este serviço a terem menos de 25 anos. Os valores mais altos estão nos jovens dos 10 aos 14 anos (26,0%), seguindo-se os de entre 15 e 24 anos (23,3%). Por seu lado, a utilização do serviço de downloads é mais elevada nos homens (11,8%) do que as mulheres (8,8%).
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
O QUE VAI ACONTECER PARA O ANO
Já não se fazem balanços do ano, mas prospectiva: o que vai acontecer para o ano? Pelo menos é o que o Guardian fez na sua edição de hoje.
Ora, parece que os jovens que se revêem na série americana The Bachelor, afortunados jovens que encontram depressa o par ideal para casar, vão ter de se voltar para a família e para os conselheiros matrimoniais e pedir ajuda para achar a cara-metade adequada. E parece que os avós vão começar a gastar à tripa-forra em concertos. Até agora, as crianças e os adolescentes enchiam as salas de música; agora estima-se que chegue a vez dos mais velhos com saídas nocturnas regulares e festivaleiras. O futurólogo inquirido pelo Guardian considera que um papel mais activo dos mais velhos pode contribuir para a confusão de papéis e comportamentos adequados a cada idade. Os mais velhos parecerão mais novos e os mais novos parecerão mais velhos. Além de que os avozinhos vão disputar toques de celular como os adolescentes, como o "Für Elise" de Beethoven para um apaixonado de idade madura (www.booseytones.com). Confesso que o meu toque de celular já anda pelas "Gymnopédies" de Eric Satie!
E, depois, estima-se o crescimento de experiências extremas. Já não serão os desportos radicais nem viagens de sonho, mas actividades inolvidáveis como jantar com amigos em mesas e cadeiras 50 metros flutuando acima do solo (ver www.dinnerinthesky.com). Espero que essa espécie de restaurante móvel se desloque para apreciar novos locais enquanto se degusta. Já sei: aqui em Lisboa, quero começar a jantar no Campo Pequeno, começar a sobremesa junto ao rio e voltar lentamente, após os aperitivos, até perto de casa. Calma: o serviço é ainda modesto - a "sala" é apenas suportada por um guindaste gigante. Sempre se poderá dar uma volta, imaginemos que à praça de touros do Campo Pequeno, bem seguro na sua cadeira. Ao pé disto e em termos de domínio espacial, a montanha russa é uma brincadeira infantil.
Além disso, parece-me que vou ganhar dinheiro, segundo o que dizem esses "prospectivadores". Se este ano foi o ano do "You" (você) na internet, como mostra a capa da mais recente Time e os jornais portugueses se deliciaram a comentar, encontrando mesmo o "You" português, o ano de 2007 vai ser o ano em que o produtor de conteúdos na internet vai começar a cobrar pelo seu trabalho (ver www.cambrianhouse.com, que paga direitos de autor aos produtores de conteúdos que vendam materiais realizados, ou a www.lego.com, que permite que os visitantes desenhem modelos Lego, colocando-os nas suas galerias de venda). Já não vou fechar o blogue como tenho pensado, agora que o muito trabalho diário me atira a produção das mensagens bloguísticas da manhã bem cedo para a noite bem tarde, mas tornar-me mais criativo, à espera que o dinheiro corra para o meu bolso.
Para quem tem animais, projecta-se uma vastíssima gama de serviços, desde cabeleiras para o seu gato ou um spa para o seu cão ou produtos de luxo para papagaios - sei lá, talvez se incluam também pinguins - ou outras aves domésticas (ver www.puffins.co.uk). E se o animal está com stress nada como um spray de "redução da modificação de comportamento". Imagino já psicólogos e psiquiatras de periquitos e canários a aconselharem repouso absoluto e férias na neve agora pela passagem de ano. Este tema não me absorve muito, porque de animais só possuo fotografias. O último animal que habitou cá em casa, um pobre periquito, morreu de uma longa exposição solar, já lá vão mais de quinze anos.
Da vasta lista de previsões para 2007, há uma que seguirei certamente. De bom tom em 2007 será desligar o telefone enquanto se almoça ou janta e não trabalhar horas extra para responder a emails ou SMS tardios. Nem colocar posts no blogue às 22:36, como este, por exemplo. A qualidade de vida impõe essas regras, agora que toda a gente anda esbaforida a telefonar - até no metro, que era um sítio sossegado até instalarem antenas para ter sinal de rede do celular (e aquelas tonitruantes televisões indoor nas estações).
Mediante estas prospectivas tão cheias de imaginação, talvez mude de profissão e passe a escritor surrealista (pós-surrealista, certamente) ou consultor de novas tendências de consumo, ofícios que quis fazer desde sempre. O futuro - promissor - está garantido.
CURSOS E OUTROS EVENTOS
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segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
CONCURSO "RÁDIO GRAFIAS"
António Silva, do blogue A Minha Rádio, agora a comemorar quatro anos de actividade, está a promover um concurso. Diz ele: "Se gosta da rádio, se se interessa pela sua história, se o seu imaginário remete para uma caixinha de onde saíam sons e falavam pessoas que pensava estarem lá dentro, se é investigador ou mero curioso, partilhe o seu trabalho connosco".
Por favor, espreite o blogue de António Silva e concorra. Ele tem prémios para os melhores trabalhos, que podem ser textos, imagens, vídeos e áudio (estes últimos enquanto documentos sonoros ou trabalhos para disponibilização em podcasting). O prazo de entrega de textos vai até 30 deste mês.
OS PEQUENOS CENTROS COMERCIAIS
O tema de hoje do Diário de Notícias aborda a sobrevivência dos pequenos centros comerciais (três páginas escritas por Kátia Catulo e Joana de Belém).
Em 1971, nascia o Apolo 70, aqui ao Campo Pequeno. Teve, nos seus dias de glória, salão de blowling e cinema - então, o único centro comercial com cinema. O Cine 222, que nasceria em 1979 na avenida Praia da Vitória, está agora esmagado pelos centros comerciais em volta da Praça do Saldanha. No Porto, o Stop tem visto as suas lojas encerrarem, mas surgiu um novo tipo de ocupação: espaços alugados para ensaio de bandas musicais.
As pequenas superfícies, lê-se numa das peças, perderam a importância de centros comerciais. Por um lado, em 1984, legislou-se no sentido de designar centro comercial o espaço que tivesse um mínimo de 500 metros quadrados e mais do que 12 lojas. Depois, nasciam os grandes centros comerciais, com o Amoreiras em primeiro lugar (1985, quase em simultâneo com a adesão de Portugal à então CEE - 1986 -, mais a abertura dos primeiros hipermercados e o arranque das novas auto-estradas, símbolos do moderno consumismo nacional).
Como na vida das pessoas e das sociedades, alguns centros comerciais de primeira geração estão a lutar pela sobrevivência, enquanto outros se adaptaram aos novos desafios. No primeiro caso, estão o Stop no Porto e o Cine 222 em Lisboa. No segundo caso, o jornal destaca o Fonte Nova que, apesar da proximidade do Colombo, inaugurado em 1997, soube reagir e aproveitar-se dessa situação de vizinhança, com clientes que preferem maior rapidez e atendimento personalizado e não se preocupam tanto com as lojas de marca internacional.
Imaviz (Lisboa) e Brasília (Porto) são centros que estão a tentar reagir à crise actual. Eu, que conheço bem os dois, pois cheguei a trabalhar perto de um e de outro e os frequentava com assiduidade, reconheço o estado de degradação, mais o segundo que o primeiro, dada a dimensão daquele (250 lojas, à época o maior da Península Ibérica).
Ainda numa das peças, revive-se a história do Imaviz, cujo lago de espelhos chegou a atrair pessoas de todo o país que se queriam deixar fotografar junto dele. Agora, um novo logótipo substituirá o lettering antigo, e mais luminosidade e montras criativas serão objectivos a atingir. No Brasília, um investimento de € 12,5 milhões servirá para modernizar a fachada e reconverter o espaço do antigo cinema em zona de restauração. Lojas especializadas em modelismo, banda desenhada, artes marciais e jogos de computador constituem metas para atrair uma clientela de nichos de mercado.
PUBLICIDADE JUNTO À PROGRAMAÇÃO INFANTO-JUVENIL
- O PÚBLICO monitorizou as emissões dos quatro canais com programação infanto-juvenil numa manhã de sábado e viu muitos anúncios.
Esta parcela do lead de uma notícia do jornal Público de hoje - tema da secção de sociedade, ocupando duas páginas escritas por Sofia Rodrigues - alerta para a importância da publicidade junto de crianças e adolescentes nesta altura do ano, quando o Natal significa consumo para muitos. Num dos canais observados, a jornalista contou perto de oito minutos seguidos de publicidade, enquanto noutro dos canais estudados houve quatro intervalos de programação com dez minutos cada dedicados à publicidade.
A jornalista ouviu especialistas, como Sara Pereira, docente e investigadora da Universidade do Minho que tem estudado a programação infanto-juvenil. Mas também responsáveis por parte dos anunciantes, como Manuela Botelho, da APAN. Esta responsável disse mesmo que os grandes anunciantes já têm códigos de conduta com auto-regulação para evitar que os anúncios não publicitem qualidades que os brinquedos não possuem na realidade. Além disso, os códigos de ética devem incluir os pais das crianças, eles próprios vulneráveis às campanhas contínuas na televisão, porta de entrada do público infantil para o universo dos brinquedos, lê-se ainda numa das peças noticiosas.Contenção nas compras de brinquedos para o Natal é um lema a seguir. Como em todo o tipo de compras, afinal.
domingo, 17 de dezembro de 2006
O ANO DOS UTILIZADORES PRODUTORES DE CONTEÚDO
Para Jon Pareles, do Observer de hoje (copyright do New York Times), 2006 foi o ano dos utilizadores produtores de conteúdo. A mais preciosa indicação de tal foi dada pela compra, por Rupert Murdoch e pela Google respectivamente, do MySpace e do YouTube, aquisições que valeram mais de dois milhões de libras.
Os oráculos da alta tecnologia previam há muito que a internet democratizaria a arte e outros dicursos desde que se estabelecesse a distribuição global instantânea. Galerias de arte virtual, canções gratuitas, videoblogues, romances on-line e excertos de filmes seguiriam a expansão da internet e da banda larga. A criatividade do fazer superou a possibilidade do ver.
Assim, a frase do ano (buzzword) foi conteúdo gerado pelos utilizadores, conceito que lembra o instinto tecnocráticos dos investidores mas que o jornalista prefere traduzir por expressão pessoal. Fora a terminologia, acrescenta, todos estão de acordo: patrões dos media tradicionais, donos dos media on-line e milhões de utilizadores da internet usam essa possibilidade de produzir, guardar e publicitar conteúdos. Blogues, software gratuito (open source), wikis colaborativos e páginas pessoais atingem todo o mundo. Muitos usam as tecnologias de modo incipiente - ou usam-na de modo insuficiente, como quem compra um gravador de vídeo e trabalha com uma percentagem pequena dos modos de programação -, mas tudo está ao alcance de um simples clicar do rato.
Embora se possa considerar que a produção de conteúdos pelos utilizadores seja mais antiga do que o movimento deste ano, o novo é que tal produção de conteúdos pode ser feita a partir de casa. Antes, havia uma espécie de isolamento geográfico; agora, as tecnologias reforçam os laços entre o artista profissional e a audiência. Se as entidades produtoras majors gastam milhões de dólares em promoção (filmes, discos), as gravações de baixo custo em produção e distribuição têm um canal excelente - a internet. Esta promove produtores de conteúdos desconhecidos que, se tiverem adequados gatekeepers (promotores), chegam ao sucesso mais rapidamente que os artistas promovidos nos canais tradicionais.
Será que a produção de expressão própria afecta a cultura num sentido mais geral e vasto? Para além da resposta positiva, o jornalista tem um olhar cínico. Sim também é bom para os patrões dos media tradicionais. Como? O processo de selecção - descobrir novos talentos - corre dentro das suas próprias empresas. A selecção, um processo que consome tempo e dinheiro, foi adjudicado a terceiros (outsourcing). Para além da produção de conteúdos pelos utilizadores há também filtros de conteúdo, com sítios a, por exemplo, criarem novos top ten. E mantém-se a questão de origem: será que, por se aceder mais facilmente, se produzem melhores conteúdos? Ou tudo desemboca num espírito empreendedor igualmente comercial?
NOTÍCIAS DA APCE
Dos pontos da newsletter destaco o debate sobre o Estado da Comunicação Interna em Portugal (6 de Dezembro). As perguntas de partida incluiram: quais os desafios da Comunicação Interna? Existe estratégia ou apenas mecanismos? Como avaliar a CI nas empresas em Portugal? Que resultados?
A APCE criou o seu Conselho Consultivo, que reúne sócios da área empresarial e académica, indo apoiar a direcção, presidida por Mário Branco, em iniciativas que visam a dinamização da Associação. O coordenador do novo órgão é Álvaro Esteves, director geral da Média Alta, consultora de comunicação e relações públicas a actuar desde 1989 no mercado português.
Por seu lado, foi lançada mais uma edição do Concurso Grande Prémio APCE 2006, ao qual podem concorrer empresas, entidades e profissionais da área (sócios ou não sócios da APCE). O prazo de candidatura decorre até 29 de Dezembro de 2006.
Outra notícia a destacar é a nomeação de Isabel Borgas, directora de comunicação da Sonaecom, para assessora da European Association of Communication Directors. Esta associação, com sede em Bruxelas e mais de 100 membros oriundos de 23 países, pretende funcionar como rede de directores de comunicação e porta-vozes de empresas europeias, associações e instituições políticas. Além de Isabel Borgas, há outro português membro da associação, David Damião, porta-voz do governo português.
sábado, 16 de dezembro de 2006
NARRATIVA JORNALÍSTICA NO CIBERESPAÇO
No seu blogue Intermezzo, Daniela Bertocchi deu conta ontem do final da escrita da sua dissertação de mestrado (que será previsivelmente defendida em Fevereiro próximo):
- O título do trabalho é A narrativa jornalística no ciberespaço: transformações, conceitos e questões. O estudo foi orientado por Manuel Pinto (Universidade do Minho) e teve co-orientação de Beth Saad (Eca/Universidade de São Paulo). Foi um esforço de crítica e reflexão acerca da retórica ciberjornalística aplicada à construção de narrativas para o espaço digital. Analisei as condições de possibilidade desta retórica no campo do ciberjornalismo utilizando um instrumental teórico-metodológico clássico (tipo narratologia, retórica clássica, filosofia ricoueriana) em diálogo com as teorias da comunicação, novos media, jornalismo e ciberjornalismo. Depois da defesa, publicarei no meu site pessoal (http://bertocchi.info/) a íntegra da tese, assim quem se interessar em dar uma olhada conseguirá perceber melhor o que fiz, por onde passei e a quais conclusões cheguei.
PELE
José Peixoto, guitarrista dos Madredeus, e Maria João fizeram o disco Pele, com canções de José Peixoto e letras de Tiago Torres da Silva, Eugénia de Vasconcellos e do próprio compositor.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
JOVENS DE REGRESSO À RÁDIO?
CONVERSAS NA BULHOSA
Guilherme de Oliveira Martins falará sobre Sophia e o Centro Nacional de Cultura na próxima segunda-feira, dia 18, às 18:30. O tema da conversa será a poetisa e o papel determinante que teve na história do Centro Nacional de Cultura, hoje presidido por Oliveira Martins. Na mesma sessão, a actriz e encenadora Silvina Pereira lerá uma carta de Sophia.
A livraria Bulhosa de Entrecampos fica no Campo Grande, 10 B, em Lisboa.
aguasfurtadas
Retiro do blogue aguasfurtadas, as seguintes sugestões: "Luís Graça, que colabora na "aguasfurtadas" 10 (a sair muito em breve) com o excelente conto "A mulher que sonhava com gladiadores", acaba de criar um blogue onde promete publicar os seus 15 contos dedicados aos "desatinónimos" de Fernando Pessoa. A não perder.Outro blogue de visita obrigatória é o Diário Dócil, de António Gregório, um dos melhores espaços literários da blogosfera de língua portuguesa. A "aguasfurtadas" 10 também inclui um conto inédito deste autor.Finalmente, vale a pena ler a entrevista de Lourenço Bray a Z, ambos colaboradores da "aguasfurtadas" 8. O primeiro na área da fotografia e o segundo na do conto".
RECURSOS HUMANOS NOS MEDIA
Os dados recolhidos e trabalhados - a partir de inquérito aplicado a 341 jornalistas e observação participante em redacções de jornais, televisões e rádios nacionais (estudo do CIES/ISCTE) - indicam que "as edições on-line não constituem uma prioridade em termos de uma gestão de recursos humanos orientada estrategicamente para os seus profissionais e público, e que o aceleramento da concorrência inter-media põe, de certa forma, em causa um modelo de jornalismo vigente até há poucos anos".
O working report do Obercom refere que, "Nas redacções dos principais mass media portugueses, predominam os jornalistas detentores de carteira profissional (95,6%), nascidos nas décadas de 70 (47,2%) e de 60 (34,3%), com idades compreendidas entre os 34 e os 44 anos, e com um nível de escolaridade médio ou superior (70,3%) na área da Informação e Jornalismo (68,4%)" (pág. 6).
Ainda na mesma página, pode ler-se: "Nas redacções de Televisão destacam-se os jornalistas que trabalharam noutras estações televisivas (40,0%), seguidos dos que provêm da Imprensa (20,0%). Nas redacções dos jornais predominam, igualmente, os jornalistas que trabalharam noutros jornais (48,1%), seguidos daqueles que trabalharam em revistas (33,3%). A excepção, em Portugal, centra-se no sector da Rádio, destacando-se os jornalistas provenientes da Imprensa (33,3%), seguidos daqueles que trabalharam noutras rádios (20,0%). É, também, nas redacções da Rádio que se concentra a maior número de jornalistas (20,0%) cujo percurso profissional inclui o desempenho da profissão em edições digitais, seguindo-se as redacções de Televisão (13,3%). Note-se, ainda, que nas redacções da Imprensa mas também nas redacções de Rádio são poucos os jornalistas que alguma vez trabalharam em televisão".
Seguindo o mesmo documento: "Para a generalidade dos jornalistas, com destaque para os jornalistas da Imprensa (94,6%) e de Televisão (93,8%), a quantidade e a diversidade de informação constituem as principais mais-valias da Internet em contexto jornalístico. Segue-se a flexibilidade de tempo e de lugar – destacadas sobretudo pelos jornalistas de Televisão (78,4%), seguidos dos jornalistas da Imprensa (73,4%) e de Rádio (63,5%)" (pág. 13).
Como conclusões, os autores consideram que: 1) a internet aproximou os jornalistas dos vários media em termos de práticas, 2) mantém-se o papel de gatekeeper, 3) as edições on-line não são uma prioridade, 4) a chegada da internet não significou muitas mudanças nos jornalistas quanto ao "regime de trabalho, carga horária, volume de trabalho na redacção e contacto com as fontes", 5) não há uma "optimização das estratégias e ferramentas de gestão dos recursos humanos nas redacções, com destaque para as politicas de desenvolvimento das competências dos jornalistas", 6) os gestores dos media não revelaram muita abertura em termos de inovação.