Depois da nacionalização do Rádio Clube Português, no final de 1975, com integração na RDP (estação pública), o nome dado às frequências e programas foi Comercial (1979, com João David Nunes à frente), nome mantido após a reprivatização na primeira metade da década de 1990 (1992). Então, como agora, a Rádio Comercial era uma das mais importantes estações de rádio no país.
Hoje, mais de 150 pessoas que passaram na estação reuniram-se em Alcochete. Eu fui observador, vendo as vedetas da rádio desde o tempo do Rádio Clube Português. Confraternizaram os presentes e evocaram-se os desaparecidos, como um vídeo final mostrou.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sábado, 31 de janeiro de 2015
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Séries de televisão em número crescente
Segundo um estudo da FX Networks, o número de séries no mercado televisivo por cabo norte-americano quase aumentou oito vezes nos últimos 15 anos. Em 1999, havia 23 séries, em 2014 o número atingiu 180. Muitas das séries acabam por ser exportadas para fora do país (a partir do Diário de Notícias).
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Cultura pós-literária
Pós-Sociedade. A Sociedade Pós-Literária, Pós-Nacional, Pós-Democrática e Pós-Ocidental
é o mais recente livro de Fernando Ilharco (2014). Dividido em quatro partes e nove capítulos é um livro que reflecte a sociedade de hoje dentro de uma perspetiva antropológica e filosófica. Ele resulta de textos que o autor foi publicando ao longo de dez anos no jornal Público.
Assim, a partir de uma estrutura fragmentária ou mosaicos de ideias, sem a grande narrativa da História como quadro central, pelo que destaca o pós, o professor de comunicação da Universidade Católica tem possibilidade de se expressar a partir de uma série larga de temas sobre a modernidade, a tecnologia, os consumos, os ecrãs e a sociedade, muitas vezes associados a acontecimentos mediáticos de grande importância na discussão da opinião pública.
Como os textos são pequenos em dimensão, num dispositivo de conversa semanal, há uma retoma sistemática de alguns tópicos, esclarecendo, iluminando, olhando de outro viés, o que torna a leitura muito agradável e convidativa.
Autores de referência de Ilharco: McLuhan, Heidegger, Flusser, Baudrillard. Comenta-os, segue-os, mas também os critica. Mesmo quando acho que está distante na sua análise, o autor toma partido, sugere, encaminha, joga com as palavras e as ideias, desfazendo muitos dos lugares comuns ou ideias tomadas por certas. Com regularidade, ironiza. Desconstrói, mesmo não parecendo um pós-estruturalista (como o título do livro leva a pensar). A propósito de caricaturas de Maomé, que provocaram o escândalo e os graves acidentes recentes de Paris (com o jornal Charles Hebdo), o autor acha estranha a atitude, uma vez que um cartoon é apenas um meio de comunicação. Na sua leitura, a sociedade está numa cultura pós-escrita e literária e numa era de cultura semiótica, instantânea e visual do digital, contrária às emoções do texto e do cartaz. Depois, e é um assunto que persegue em todo o livro, o império (depois de Roma, o novo império é o país chamado Estados Unidos) tem os seus bárbaros dentro do seu perímetro. Dantes, o perigo vinha de fora dos muros; hoje, ele está dentro e nem todas as tecnologias de vigilância acabam com o medo do outro. Um terceiro tópico, de muita exigência por parte de Fernando Ilharco, é o da sociedade do espetáculo. Ele escreve que as massas em Berlim esperaram pela câmaras da televisão para começarem a destruir o muro da cidade (1989) - a encenação que corrobora o presente para olhar o futuro.
A propósito da televisão, o autor comenta que esta foi tomada pela gente comum. Escreve: "A vida é um tabloide. Os diretos, as entrevistas e as reportagens sobre o crime, o voyeurismo televisivo dos reality-shows e outros episódios do género faziam de todo o ano uma silly season" (p. 134). Da televisão, a partir das imagens de crianças entrevistadas a semana passada a propósito da cantora argentina Violeta, eu conclui algo ainda mais fractal: a televisão não é apenas da gente comum mas também das crianças. Infantilizou-se ela?
Leitura: Fernando Ilharco (2014). Pós-Sociedade. A Sociedade Pós-Literária, Pós-Nacional, Pós-Democrática e Pós-Ocidental. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 421 p., 20 euros
Desde o começo deste mês, o professor Fernando Ilharco apresenta uma crónica diária na Antena 1, -de segunda a sexta-feira, às 14:20, sob o nome O Novo Normal, com "apresentação de uma história inspiradora e inovadora, narrada numa perspectiva pragmática e num quadro científico. Procurando inspirar e motivar os ouvintes, nomeadamente os profissionais activos e os estudantes, abordo episódios de determinação e vontade, de desempenhos extraordinários e de motivação, de liderança e trabalho em equipa, reflectindo-se sobre as lições que desses casos se podem retirar para a vida profissional e pessoal de cada um" (informação retirada do sítio da Universidade Católica).
Autores de referência de Ilharco: McLuhan, Heidegger, Flusser, Baudrillard. Comenta-os, segue-os, mas também os critica. Mesmo quando acho que está distante na sua análise, o autor toma partido, sugere, encaminha, joga com as palavras e as ideias, desfazendo muitos dos lugares comuns ou ideias tomadas por certas. Com regularidade, ironiza. Desconstrói, mesmo não parecendo um pós-estruturalista (como o título do livro leva a pensar). A propósito de caricaturas de Maomé, que provocaram o escândalo e os graves acidentes recentes de Paris (com o jornal Charles Hebdo), o autor acha estranha a atitude, uma vez que um cartoon é apenas um meio de comunicação. Na sua leitura, a sociedade está numa cultura pós-escrita e literária e numa era de cultura semiótica, instantânea e visual do digital, contrária às emoções do texto e do cartaz. Depois, e é um assunto que persegue em todo o livro, o império (depois de Roma, o novo império é o país chamado Estados Unidos) tem os seus bárbaros dentro do seu perímetro. Dantes, o perigo vinha de fora dos muros; hoje, ele está dentro e nem todas as tecnologias de vigilância acabam com o medo do outro. Um terceiro tópico, de muita exigência por parte de Fernando Ilharco, é o da sociedade do espetáculo. Ele escreve que as massas em Berlim esperaram pela câmaras da televisão para começarem a destruir o muro da cidade (1989) - a encenação que corrobora o presente para olhar o futuro.
A propósito da televisão, o autor comenta que esta foi tomada pela gente comum. Escreve: "A vida é um tabloide. Os diretos, as entrevistas e as reportagens sobre o crime, o voyeurismo televisivo dos reality-shows e outros episódios do género faziam de todo o ano uma silly season" (p. 134). Da televisão, a partir das imagens de crianças entrevistadas a semana passada a propósito da cantora argentina Violeta, eu conclui algo ainda mais fractal: a televisão não é apenas da gente comum mas também das crianças. Infantilizou-se ela?
Leitura: Fernando Ilharco (2014). Pós-Sociedade. A Sociedade Pós-Literária, Pós-Nacional, Pós-Democrática e Pós-Ocidental. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 421 p., 20 euros
Desde o começo deste mês, o professor Fernando Ilharco apresenta uma crónica diária na Antena 1, -de segunda a sexta-feira, às 14:20, sob o nome O Novo Normal, com "apresentação de uma história inspiradora e inovadora, narrada numa perspectiva pragmática e num quadro científico. Procurando inspirar e motivar os ouvintes, nomeadamente os profissionais activos e os estudantes, abordo episódios de determinação e vontade, de desempenhos extraordinários e de motivação, de liderança e trabalho em equipa, reflectindo-se sobre as lições que desses casos se podem retirar para a vida profissional e pessoal de cada um" (informação retirada do sítio da Universidade Católica).
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Obras de Pablo Serrano em Cascais
Trinta anos após a morte de Pablo Serrano, um dos mais notáveis escultores espanhóis contemporâneos, a Fundação D. Luís I (Cascais) apresenta Pablo Serrano – Obras em Papel: uma exposição construída com recurso a uma selecção de obras do acervo de José Luís Rueda, presidente da Fundação Gerardo Rueda, proprietário e director da galeria com o mesmo nome e do da filha do artista. O principal objectivo desta mostra é revelar a relação que o escultor mantinha com o desenho antes da materialização das suas obras. Curadoria da historiadora de arte Consuelo Císcar, ex-diretora do IVAM (Institut Valencià d'Art Modern). De 1 de Fevereiro a 29 de Março de 2015 no Centro Cultural de Cascais (informação da organização da exposição).
Maria Carlota Álvares Guerra
"A Crónica [Feminina] não era propriamente sufragista – apesar das mulheres não terem então direito a voto em Portugal – e ainda menos feminista. Mas a revista pôs as mulheres a ler – o que já não foi pouco - nos transportes, nas salas de espera, nos intervalos do trabalho, no cabeleireiro. A Crónica Feminina cabia na malinha de mão e esse, associado ao preço (1$50), foi o primeiro segredo da revista, que chegou aos 150 mil exemplares semanais. Naquele tempo nem A Bola. O segundo foi o conteúdo de interesses de mulheres, ligado à vida, ao quotidiano. Na altura, as cabeças pensantes trataram com alguma arrogância a revista, que não tinha o glamour da Elle ou da Marie Claire, que se vendiam em Portugal nas edições francesas. Mas hoje até se lhe apropriam do título, ao que julgo sem sequer pedir licença" (do blogue de Diz que é uma espécie de democracia sobre Maria Carlota Álvares da Guerra, que foi chefe de redacção da popular revista da Agência Portuguesa de Revistas).
Retiro de entrevista dada por Maria Carlota Álvares da Guerra (1921-2002) a Luís Garlito (programa A Minha Amiga Rádio, em 21 de Março de 1993, Arquivo da RTP AHC 2685):
"Entretanto, resolvi fazer um programa na Rádio Renascença que se chamava A Hora da Mulher. Era um programa semanal. Convidei o meu amigo Joaquim Pedro para fazer o programa comigo. Tratava de tudo que se relacionava com a mulher. Naquele tempo, ainda se podia fazer coisas desse género sem ser muito ridículo. Agora não tenho pachorra para ler revistas femininas. Sou capaz de ler o Paris Match, uma Visão, com notícias mais válidas do que as modas. Depois de A Hora da Mulher, aconteceu-me uma coisa muito gira que foi os produtos de beleza tal tal da minha saudosa amiga Bertha Rosa Limpo, que tinha uns produtos de beleza, da altura de O Livro do Pantagruel, convidou-me para fazer um apontamento na 23ª Hora. Aí é que foi o grande boom. Eu fiz uma coisa muito bonita e ainda hoje penso que era muito bonita. Escrevia um apontamento, dirigia em cada noite uma crónica a uma mulher que eu tinha na cabeça, a uma senhora que estava em casa porque tinha torcido um pé e estava muito aborrecida porque não sabia o que havia de fazer à vida e eu falava com ela, uma senhora que tinha um filho em África onde andava aos tiros e que andava muito triste, como também estive em dada altura, uma senhora que não tinha emprego. Enfim, fiz um trabalho que ainda hoje acho que valeu a pena fazer. Há um livro que na Renascença, onde tive grandes amigos também, falei agora do senhor Álvaro Jorge. O senhor Mário Pimentel, da Rádio Renascença, que era o director comercial ou de programas, já não me lembro, era um homem de Braga, simpatiquíssimo, falava pelos cotovelos. Eu tremia quando tinha de tratar qualquer assunto com ele porque ia ter com ele lá abaixo ao escritório e já sabia que ficava lá duas horas porque ele falava e nunca mais se calava mas toda a gente gostava de falar com ele. Então, na Rádio Renascença, aceitaram fazer o livro com as minhas crónicas, que teve um êxito enorme. O livro tinha um nome um bocado kitsch. Vou explicar porquê. Eu adorei quando era rapariga nova e mesmo mulher, o Toi et Moi, de Paul Géraldy [1885-1983]. As pessoas chamem-me possidónia, se quiserem, que não hei de emagrecer por causa disso. Havia um poema nesse livro que me tocou particularmente, que era aquele em que ele pede à senhora dos seus amores que baixe um bocadinho o abat-jour porque era melhor e a hora em que os corações se falam, conversam. Que engraçado isto dos corações que conversam. Isto era giro para o título. Então, saiu-me Quando os Corações se Encontram. As pessoas julgavam que eram os corações dos namorados, mas eram os corações das pessoas umas com as outras, quando as pessoas não são propriamente os ogres que gostam de ser contactados, de se acarinhar umas às outras. Foi título de livro e da crónica na 23ª Hora. O Joaquim Pedro arranjou um indicativo musical que era um sonho, uma coisa do Mantovani, lindíssima, e ele fazia questão de anunciar o título do apontamento, da crónica. Aquilo foi para o ar, teve um grande êxito. Quando chegou ao fim do contrato, a Bertha Rosa Limpo quis recomeçar. Tive de fazer mais crónicas e tive muito gosto e felicidade. Tornou-se um bocado difícil porque o João Martins quis um apontamento para o programa dele, de manhã, que se chamou Passo a Passo, Dia a Dia, título giro, que eu e o João Martins cozinhámos. Tornava-se difícil fazer trinta crónicas mensais para a 23ª Hora mais trinta para o Passo a Passo, Dia a Dia. E depois veio o senhor Gilberto Cotta, do Talismã, que também quis umas crónicas. «Eu não posso fazer mais do que dia sim, dia não, porque fico sem graça nenhuma»".
[Crónica Feminina, de 11 de Abril de 1957 e 27 de Junho de 1957, respectivamente]
Retiro de entrevista dada por Maria Carlota Álvares da Guerra (1921-2002) a Luís Garlito (programa A Minha Amiga Rádio, em 21 de Março de 1993, Arquivo da RTP AHC 2685):
"Entretanto, resolvi fazer um programa na Rádio Renascença que se chamava A Hora da Mulher. Era um programa semanal. Convidei o meu amigo Joaquim Pedro para fazer o programa comigo. Tratava de tudo que se relacionava com a mulher. Naquele tempo, ainda se podia fazer coisas desse género sem ser muito ridículo. Agora não tenho pachorra para ler revistas femininas. Sou capaz de ler o Paris Match, uma Visão, com notícias mais válidas do que as modas. Depois de A Hora da Mulher, aconteceu-me uma coisa muito gira que foi os produtos de beleza tal tal da minha saudosa amiga Bertha Rosa Limpo, que tinha uns produtos de beleza, da altura de O Livro do Pantagruel, convidou-me para fazer um apontamento na 23ª Hora. Aí é que foi o grande boom. Eu fiz uma coisa muito bonita e ainda hoje penso que era muito bonita. Escrevia um apontamento, dirigia em cada noite uma crónica a uma mulher que eu tinha na cabeça, a uma senhora que estava em casa porque tinha torcido um pé e estava muito aborrecida porque não sabia o que havia de fazer à vida e eu falava com ela, uma senhora que tinha um filho em África onde andava aos tiros e que andava muito triste, como também estive em dada altura, uma senhora que não tinha emprego. Enfim, fiz um trabalho que ainda hoje acho que valeu a pena fazer. Há um livro que na Renascença, onde tive grandes amigos também, falei agora do senhor Álvaro Jorge. O senhor Mário Pimentel, da Rádio Renascença, que era o director comercial ou de programas, já não me lembro, era um homem de Braga, simpatiquíssimo, falava pelos cotovelos. Eu tremia quando tinha de tratar qualquer assunto com ele porque ia ter com ele lá abaixo ao escritório e já sabia que ficava lá duas horas porque ele falava e nunca mais se calava mas toda a gente gostava de falar com ele. Então, na Rádio Renascença, aceitaram fazer o livro com as minhas crónicas, que teve um êxito enorme. O livro tinha um nome um bocado kitsch. Vou explicar porquê. Eu adorei quando era rapariga nova e mesmo mulher, o Toi et Moi, de Paul Géraldy [1885-1983]. As pessoas chamem-me possidónia, se quiserem, que não hei de emagrecer por causa disso. Havia um poema nesse livro que me tocou particularmente, que era aquele em que ele pede à senhora dos seus amores que baixe um bocadinho o abat-jour porque era melhor e a hora em que os corações se falam, conversam. Que engraçado isto dos corações que conversam. Isto era giro para o título. Então, saiu-me Quando os Corações se Encontram. As pessoas julgavam que eram os corações dos namorados, mas eram os corações das pessoas umas com as outras, quando as pessoas não são propriamente os ogres que gostam de ser contactados, de se acarinhar umas às outras. Foi título de livro e da crónica na 23ª Hora. O Joaquim Pedro arranjou um indicativo musical que era um sonho, uma coisa do Mantovani, lindíssima, e ele fazia questão de anunciar o título do apontamento, da crónica. Aquilo foi para o ar, teve um grande êxito. Quando chegou ao fim do contrato, a Bertha Rosa Limpo quis recomeçar. Tive de fazer mais crónicas e tive muito gosto e felicidade. Tornou-se um bocado difícil porque o João Martins quis um apontamento para o programa dele, de manhã, que se chamou Passo a Passo, Dia a Dia, título giro, que eu e o João Martins cozinhámos. Tornava-se difícil fazer trinta crónicas mensais para a 23ª Hora mais trinta para o Passo a Passo, Dia a Dia. E depois veio o senhor Gilberto Cotta, do Talismã, que também quis umas crónicas. «Eu não posso fazer mais do que dia sim, dia não, porque fico sem graça nenhuma»".
[Crónica Feminina, de 11 de Abril de 1957 e 27 de Junho de 1957, respectivamente]
Desenvolvimento de vídeojogos
O Europa Criativa, programa da União Europeia de apoio aos sectores cultural e criativo que congrega os anteriores programas MEDIA, MEDIA Mundus e CULTURA, publicou o convite para apresentação de propostas referente ao apoio ao desenvolvimento de videojogos (EACEA/06/2015). Como objectivos, o programa apoia videojogos com potencial de exploração e circulação transfronteiriça. Podem concorrer empresas de produção europeias que tenham produzido e distribuído comercialmente um videojogo elegível durante os dois anos civis precedentes à data da publicação do convite à apresentação de propostas, em que o conteúdo digital deve fornecer interactividade com uma substancial componente narrativa, entre outros elementos (ver melhor aqui). Co-financiamento: € 10.000,00 - € 50.000,00 para desenvolvimento de conceito (até ao momento em que um conceito de jogo é realizado); € 10.000,00 - € 150.000,00 para desenvolvimento de projecto (conceito possa ser claramente exposto como um protótipo reproduzível e jogável). Datas Limite de Candidatura: 26 de Março de 2015 às 11:00 (12:00 Bruxelas).
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Pedro Portela defendeu hoje tese de doutoramento sobre rádio
O título da tese foi A Voz do Utilizador na Mediamorfose da Rádio: A Interactividade e os Consumos Radiofónicos do Início do Século XXI e o local a Universidade do Minho (Braga) [fotografia de Alberto Sá da Sala dos Actos do Instituto de Ciências Sociais, onde decorreu a prova]. Pedro Portela, cuja paixão pela rádio se torna evidente no texto da tese, trabalhou duas questões: 1) utilização da rádio pelos ouvintes, 2) oferta das ferramentas interactivas e usos e expectativas da audiência. Das principais conclusões da investigação, retiro as seguintes: 1) uso da rádio online equivalente ao da FM, com consumo de volta a casa (e não apenas dentro do automóvel), 2) fidelidade do ouvinte do online face às rádios aeriais, 3) relação nativos digitais e emigrantes (ou imigrantes) digitais, 4) passividade nas redes sociais (caso do Facebook). Depois deste trabalho, cuja parte empírica se enquadrou numa investigação em curso, o autor propõe novas investigações, nomeadamente em torno das concepções estéticas da rádio, análise das dinâmicas de transferência de FM para o online e propostas de novas formas de medição de audiências.
Das palavras que eu disse na prova, deixo aqui algumas ideias:
"Em primeiro lugar, manifesto a minha alegria por estar aqui no júri de uma muito boa tese de doutoramento. Depois, considero relevante evocar a memória da dissertação de mestrado do autor defendida aqui no final de 2006: Rádio na internet em Portugal – a abertura à participação num meio em mudança. Esse trabalho equacionou o meio rádio em mudança (após a introdução da internet) como perspectiva do exercício da cidadania. [...] Em Dezembro de 2006, notei um grande rigor científico. Ao levantamento preciso de conceitos e ao trabalho empírico notável, observei pessimismo nas conclusões. Volto agora a fazer eco desse rigor e do pessimismo (face à posição dominante de sublime tecnológico). Registo a irrepreensibilidade do trabalho em todas as fases do presente inquérito (montagem, recolha e análise de dados). [...] O primeiro ponto é a grande ideia da tese: substituição e deslocação dos media (pp. 245-246). Possivelmente, a substituição e deslocação dos media opera-se apenas a nível da tecnologia e não tanto do meio rádio. Aliás, o autor apresenta também a ideia de complementaridade (p. 254). Outra boa conclusão da tese é sobre os nativos digitais, que passam mais tempo em casa a ouvir rádio que os outros grupos etários (e de comportamentos)".
Na discussão da tese, falou-se de som e palavra, ouvir como contracultura, intimidade que a rádio traz, invisibilidade da rádio versus interioridade, proximidade, acumulação (o ouvinte de FM também ouve rádio online), paisagens sonoras. E de autores, como Arnheim e Lazarsfeld, Adorno e Brecht.
Parabéns, Pedro!
[as duas últimas imagens são retiradas do sítio do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho; no fundo: vídeo de fraca qualidade feito por mim]
Das palavras que eu disse na prova, deixo aqui algumas ideias:
"Em primeiro lugar, manifesto a minha alegria por estar aqui no júri de uma muito boa tese de doutoramento. Depois, considero relevante evocar a memória da dissertação de mestrado do autor defendida aqui no final de 2006: Rádio na internet em Portugal – a abertura à participação num meio em mudança. Esse trabalho equacionou o meio rádio em mudança (após a introdução da internet) como perspectiva do exercício da cidadania. [...] Em Dezembro de 2006, notei um grande rigor científico. Ao levantamento preciso de conceitos e ao trabalho empírico notável, observei pessimismo nas conclusões. Volto agora a fazer eco desse rigor e do pessimismo (face à posição dominante de sublime tecnológico). Registo a irrepreensibilidade do trabalho em todas as fases do presente inquérito (montagem, recolha e análise de dados). [...] O primeiro ponto é a grande ideia da tese: substituição e deslocação dos media (pp. 245-246). Possivelmente, a substituição e deslocação dos media opera-se apenas a nível da tecnologia e não tanto do meio rádio. Aliás, o autor apresenta também a ideia de complementaridade (p. 254). Outra boa conclusão da tese é sobre os nativos digitais, que passam mais tempo em casa a ouvir rádio que os outros grupos etários (e de comportamentos)".
Na discussão da tese, falou-se de som e palavra, ouvir como contracultura, intimidade que a rádio traz, invisibilidade da rádio versus interioridade, proximidade, acumulação (o ouvinte de FM também ouve rádio online), paisagens sonoras. E de autores, como Arnheim e Lazarsfeld, Adorno e Brecht.
Parabéns, Pedro!
[as duas últimas imagens são retiradas do sítio do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho; no fundo: vídeo de fraca qualidade feito por mim]
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Estações ferroviárias
De modo diferente do exemplo do Entroncamento, a antiga estação do ramal de Cáceres e a envolvente ferroviária, preparam-se para ganhar uma segunda vida (http://webrails.tv/tv/wp-content/uploads/2015/01/WEBRAILS006_anaPatricio3.mp3). Com o final de Fevereiro, a estação de Castelo de Vide tem previsto já ter assumido o conceito Pensão Destino, e o imaginário que Ana Patrício idealizou para aquele espaço desafectado da rede ferroviária nacional.
Estações, apeadeiros, casas de guarda de passagem de nível, ou edificado de apoio à via e obras passaram a estar disponíveis para fins particulares. O ramal de Cáceres encerrou em 2012. Ligava a estação de Torre das Vargens, na Linha do Leste, à estação fronteiriça de Marvão Beirã. Castelo de Vide e Vale do Peso, juntamente com Marvão-Beirã, são as três estações do ramal. A título de curiosidade todas têm painéis de azulejos (informação obtida em http://webrails.tv/tv/).
Artemrede
No ano em que comemora o seu 10º aniversário a Artemrede organiza a Conferência Internacional Políticas Culturais para o Desenvolvimento, agendada para o dia 12 de Fevereiro, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. A Artemrede pretende promover um momento de reflexão e debate assente em duas áreas centrais ao desenvolvimento cultural dos territórios e das comunidades: as políticas governativas e o papel da cultura na definição de estratégias integradas de desenvolvimento territorial; a responsabilidade e o compromisso social das organizações culturais. Programa e inscrições em Artemrede.
Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva
2015 vai ser um ano decisivo para a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS), que agrega o Museu de Artes Decorativas e a sua coleção, as escolas de formação e as oficinas de conservação e restauro (jornal Público, hoje). Sem apoio do Estado, a fundação perdeu em 2014 o seu único mecenas, o Banco Espírito Santo, aquele que lhe garantia a sustentabilidade.
A FRESS, agora presidida por Conceição Amaral, está em negociações com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa. O objetivo é tentar uma componente mais comercial, mais sustentável a longo prazo, segundo o conselho de curadores da Fundação, caso de vendas públicas de peças manufaturadas nas oficinas da fundação. Esta foi criada em 1953, quando Ricardo do Espírito Santo Silva, avô do banqueiro Ricardo Salgado, doou o Palácio Azurara (nas Portas do Sol) e parte da sua coleção privada de artes plásticas e decorativas ao Estado português.
A FRESS, agora presidida por Conceição Amaral, está em negociações com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa. O objetivo é tentar uma componente mais comercial, mais sustentável a longo prazo, segundo o conselho de curadores da Fundação, caso de vendas públicas de peças manufaturadas nas oficinas da fundação. Esta foi criada em 1953, quando Ricardo do Espírito Santo Silva, avô do banqueiro Ricardo Salgado, doou o Palácio Azurara (nas Portas do Sol) e parte da sua coleção privada de artes plásticas e decorativas ao Estado português.
sábado, 24 de janeiro de 2015
Falar de rádio em Alcoutim
Foi ontem à noite em Alcoutim. O mote inicial foi a exposição de telefonias (rádios) da colecção de Orlando José, na Casa dos Condes, patente até ao final do mês. Depois, foi a apresentação do meu livro A Rádio em Portugal, 1941-1968 por Adelino Gomes (que desempenhara o mesmo papel na SPA, no final do ano passado, agora com um discurso mais pedagógico, orientado para um público generalista mas apaixonado pela rádio, levando memórias de sons, como os sinais horários da estação oficial Emissora Nacional / Antena 1) [o vídeo abaixo dá conta de um momento da sua apresentação; peço desculpa pela não boa qualidade do mesmo] [a última fotografia foi tirada por João Carlos Simões].
Encontrámos um ambiente inesquecível. Agradeço a Cristina Ahrens e à sua equipa ligada à câmara municipal e junta de freguesia pela inclusão do meu livro na 50ª tertúlia da Casa dos Condes. E à assistência, com os seus testemunhos e memórias, de que relevo Carlos Brito, antigo dirigente do Partido Comunista, que lembrou, da sua infância, os receptores a bateria, ainda não havia electricidade pública e para as habitações na região. A associação recreativa de Alcoutim tinha uma bateria de reserva, carregada em Vila Real de Santo António ou Beja. Para o mesmo participante, os profissionais da rádio constituíram um elemento essencial para a formação da opinião pública que levou à queda do regime político em 1974. Outro participante, o actor Francisco Brás, que dirige o TEA – Teatro Experimental de Alcoutim, lembrou o teatro e os folhetins radiofónicos tipo Simplesmente Maria e a coxinha do Tide.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Aportuguesamento da música ligeira em Portugal nas décadas de 1940 e 1950
“Cantando espalharei por toda parte”: programação, produção musical e o “aportuguesamento” da “música ligeira” na Emissora Nacional de Radiodifusão (1934-1949) foi o título da tese de doutoramento de Pedro Filipe Russo Moreira em Ciências Musicais, ramo de Etnomusicologia, da Universidade Nova de Lisboa. Recupero aqui o sumário desse trabalho:
"A presente tese apresenta uma abordagem etnomusicológica à produção de “música ligeira” no âmbito da Emissora Nacional de Radiodifusão, entre 1934-1949. Analiso as principais linhas das políticas de programação levadas a cabo pelas diferentes administrações, nomeadamente de António Joyce (1934-1935), Henrique Galvão (1935-1940) e António Ferro (1941-1949) (Capítulos 1 e 2), e os principais elementos discursivos utilizados, focando a atenção na organização da produção da “música ligeira” na sua relação com as políticas culturais do Estado Novo e com as estratégias de programação das três administrações no período em foco. A grelha analítica e a metodologia foram construídas a partir de diferentes perspectivas disciplinares, como a Etnomusicologia Histórica, Antropologia, Sociologia, Estudos de Música Popular e História Contemporânea, privilegiando uma perspectiva interdisciplinar que permitiu uma abordagem ampla ao objecto de estudo. Neste sentido, a investigação permitiu problematizar o processo de institucionalização da “música ligeira” na EN através de uma análise às diferentes componentes envolvidas na produção musical, nomeadamente as orquestras (Capítulo 3), a composição (Capítulo 4 e 5), os cantores (Capítulo 6), revelando a sua organização, interligação, e interdependência. A produção de “música ligeira” foi determinante na orgânica institucional através da promoção de concursos, prémios e de novas estruturas durante a administração de António Ferro. Aprofundei a actividade do Gabinete de Estudos Musicais, fundado em 1942 por ímpeto de António Ferro e Pedro do Prado, cuja terceira secção se dedicou ao processo de “aportuguesamento” da “música ligeira”, ou seja, ao arranjo de melodias de matriz rural, ou à composição de originais inspirados em géneros coreográficos associados ao universo do “folclore” (p. ex.: vira, corridinho) adaptados para as orquestras e cantores da EN. A análise deste processo foi efectuada tendo em conta as políticas de folclorização e de “aportuguesamento” empreendidas pelo SPN/SNI liderado por António Ferro no quadro da sua matriz ideológica nacionalista no quadro da modernidade que preconizava. A análise dos dados permitiu ainda concluir que não foram alheias a este processo as influências dos géneros musicais divulgados pelas indústrias transnacionais da música, como o Swing, o Tango, o Bolero, e dos seus modelos performativos, como evidenciado pela visibilidade alcançada pelas “vedetas” da rádio. O estudo do processo de construção de uma “vedeta” no âmbito radiofónico através do caso específico das Irmãs Meireles permite ilustrar as premissas anteriores, no modo como se internacionalizaram e levaram além-fronteiras o projecto de “aportuguesamento” delineado por António Ferro. Partindo de uma perspectiva relacional, foi também possível cruzar as políticas de programação e de produção musical da EN com outras instituições do Estado Novo, realçando as políticas interinstitucionais através do caso paradigmático da colaboração com a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho e do programa radiofónico Serões para Trabalhadores lançado em conjunto com a EN (Capítulo 7), central como meio para a endoutrinação dos operários, mas constituindo igualmente um dos principais destinatários da produção de “música ligeira” da rádio oficial do Estado Novo".
[Rádio Nacional, 10 de Janeiro de 1947]
"A presente tese apresenta uma abordagem etnomusicológica à produção de “música ligeira” no âmbito da Emissora Nacional de Radiodifusão, entre 1934-1949. Analiso as principais linhas das políticas de programação levadas a cabo pelas diferentes administrações, nomeadamente de António Joyce (1934-1935), Henrique Galvão (1935-1940) e António Ferro (1941-1949) (Capítulos 1 e 2), e os principais elementos discursivos utilizados, focando a atenção na organização da produção da “música ligeira” na sua relação com as políticas culturais do Estado Novo e com as estratégias de programação das três administrações no período em foco. A grelha analítica e a metodologia foram construídas a partir de diferentes perspectivas disciplinares, como a Etnomusicologia Histórica, Antropologia, Sociologia, Estudos de Música Popular e História Contemporânea, privilegiando uma perspectiva interdisciplinar que permitiu uma abordagem ampla ao objecto de estudo. Neste sentido, a investigação permitiu problematizar o processo de institucionalização da “música ligeira” na EN através de uma análise às diferentes componentes envolvidas na produção musical, nomeadamente as orquestras (Capítulo 3), a composição (Capítulo 4 e 5), os cantores (Capítulo 6), revelando a sua organização, interligação, e interdependência. A produção de “música ligeira” foi determinante na orgânica institucional através da promoção de concursos, prémios e de novas estruturas durante a administração de António Ferro. Aprofundei a actividade do Gabinete de Estudos Musicais, fundado em 1942 por ímpeto de António Ferro e Pedro do Prado, cuja terceira secção se dedicou ao processo de “aportuguesamento” da “música ligeira”, ou seja, ao arranjo de melodias de matriz rural, ou à composição de originais inspirados em géneros coreográficos associados ao universo do “folclore” (p. ex.: vira, corridinho) adaptados para as orquestras e cantores da EN. A análise deste processo foi efectuada tendo em conta as políticas de folclorização e de “aportuguesamento” empreendidas pelo SPN/SNI liderado por António Ferro no quadro da sua matriz ideológica nacionalista no quadro da modernidade que preconizava. A análise dos dados permitiu ainda concluir que não foram alheias a este processo as influências dos géneros musicais divulgados pelas indústrias transnacionais da música, como o Swing, o Tango, o Bolero, e dos seus modelos performativos, como evidenciado pela visibilidade alcançada pelas “vedetas” da rádio. O estudo do processo de construção de uma “vedeta” no âmbito radiofónico através do caso específico das Irmãs Meireles permite ilustrar as premissas anteriores, no modo como se internacionalizaram e levaram além-fronteiras o projecto de “aportuguesamento” delineado por António Ferro. Partindo de uma perspectiva relacional, foi também possível cruzar as políticas de programação e de produção musical da EN com outras instituições do Estado Novo, realçando as políticas interinstitucionais através do caso paradigmático da colaboração com a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho e do programa radiofónico Serões para Trabalhadores lançado em conjunto com a EN (Capítulo 7), central como meio para a endoutrinação dos operários, mas constituindo igualmente um dos principais destinatários da produção de “música ligeira” da rádio oficial do Estado Novo".
[Rádio Nacional, 10 de Janeiro de 1947]
Os melhores da rádio em 1970 segundo a Casa da Imprensa
José Manuel Nunes, José Nuno Martins e Adelino Gomes receberiam os prémios da Rádio 1970 atribuídos pela Casa da Imprensa apenas no começo de 1972. O quarto nome dos premiados foi o operador José Videira. Estes eram os rostos da designada rádio nova, a brotar em especial desde 1970.
A estes nomes, eu acrescentaria João Paulo Guerra e Rui Pedro. Novas correntes musicais e, sobretudo, uma nova maneira de olhar o mundo e os seus acontecimentos, com uma leitura profunda que não tinha eco ou comparação nos media censurados.
Flama, 28 de Janeiro de 1972.
A estes nomes, eu acrescentaria João Paulo Guerra e Rui Pedro. Novas correntes musicais e, sobretudo, uma nova maneira de olhar o mundo e os seus acontecimentos, com uma leitura profunda que não tinha eco ou comparação nos media censurados.
Flama, 28 de Janeiro de 1972.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Marco Paulo
Não gosto do género musical interpretado por Marco Paulo mas não pretendo fazer uso dessa minha apreciação nas linhas que se seguem. O sociólogo ou o historiador deve olhar para os factos ou estruturas de forma mais objectiva. O importante é compreender como os fenómenos e as tendências ocorrem e as suas razões.
Marco Paulo é nome artístico, pois o cantor nasceu como João Simão da Silva. A primeira vez que ele cantou na televisão foi num programa de Cidália Meireles ainda com o seu nome de nascimento. Nesse programa, a antiga membro do trio Irmãs Meireles dizia defender a música portuguesa. Simão da Silva teve êxito na actuação, o que levou a editora Valentim Carvalho a procurá-lo.
António Calvário, figura do cantor romântico de então, transferira-se para a Belter, com condições que a Valentim de Carvalho não podia oferecer [na mesma altura, Madalena Iglésias também foi para a etiqueta Belter]. Ficando sem o crooner de maior rendimento, a editora viu potencialidades em João Simão da Silva e começou uma operação de lhe arranjar repertório. Em dois sentidos, através de originais de Manuel Paião e Eduardo Damas e das versões de cantigas internacionais com letra adaptada em português. O primeiro disco do novo cantor foi um grande sucesso: Vorrei.
O cantor dos cabelos encaracolados cantaria canções dedicadas a mulheres, com os nomes delas: a Joana, que acabaria por casar com o rival, a Isabel, que jurou amor mas também se afastou, Nina, de tranças morenas, Anita, com os seus blues jeans, a morenita, que ia namoriscando os rapazes e se divertia a dar-lhes falsas esperanças, Susana, altiva que fingia não o ver na rua. E o estrondo veio quando cantou Eu Tenho Dois Amores, uma loura, outra morena. Isto é, histórias de amores fracassados mas igualmente de promessas nem sempre muito duradouras.
Se a mudança de regime político em 1974 acabou com a maior parte dos artistas do nacional-cançonetismo, Marco Paulo ganhou sucesso nos anos seguintes, uma espécie de voz popular rural e semi-urbana face à música urbana de intervenção e politizada. Agora, na semana que fez 70 anos de idade, ele foi motivo de recordação. Cantores de idade mais jovem ocupam o seu lugar de outrora, caso de Tony Carreira. Sobre este, um dia, fiquei admirado: um grupo grande de fãs suas vestiam t-shirts com o seu rosto estampado. Um concerto por ele dado no Campo Pequeno levara essa multidão de mulheres, algumas já de idade madura, a percorrer alegremente os corredores do centro comercial.
Marco Paulo é nome artístico, pois o cantor nasceu como João Simão da Silva. A primeira vez que ele cantou na televisão foi num programa de Cidália Meireles ainda com o seu nome de nascimento. Nesse programa, a antiga membro do trio Irmãs Meireles dizia defender a música portuguesa. Simão da Silva teve êxito na actuação, o que levou a editora Valentim Carvalho a procurá-lo.
António Calvário, figura do cantor romântico de então, transferira-se para a Belter, com condições que a Valentim de Carvalho não podia oferecer [na mesma altura, Madalena Iglésias também foi para a etiqueta Belter]. Ficando sem o crooner de maior rendimento, a editora viu potencialidades em João Simão da Silva e começou uma operação de lhe arranjar repertório. Em dois sentidos, através de originais de Manuel Paião e Eduardo Damas e das versões de cantigas internacionais com letra adaptada em português. O primeiro disco do novo cantor foi um grande sucesso: Vorrei.
O cantor dos cabelos encaracolados cantaria canções dedicadas a mulheres, com os nomes delas: a Joana, que acabaria por casar com o rival, a Isabel, que jurou amor mas também se afastou, Nina, de tranças morenas, Anita, com os seus blues jeans, a morenita, que ia namoriscando os rapazes e se divertia a dar-lhes falsas esperanças, Susana, altiva que fingia não o ver na rua. E o estrondo veio quando cantou Eu Tenho Dois Amores, uma loura, outra morena. Isto é, histórias de amores fracassados mas igualmente de promessas nem sempre muito duradouras.
Se a mudança de regime político em 1974 acabou com a maior parte dos artistas do nacional-cançonetismo, Marco Paulo ganhou sucesso nos anos seguintes, uma espécie de voz popular rural e semi-urbana face à música urbana de intervenção e politizada. Agora, na semana que fez 70 anos de idade, ele foi motivo de recordação. Cantores de idade mais jovem ocupam o seu lugar de outrora, caso de Tony Carreira. Sobre este, um dia, fiquei admirado: um grupo grande de fãs suas vestiam t-shirts com o seu rosto estampado. Um concerto por ele dado no Campo Pequeno levara essa multidão de mulheres, algumas já de idade madura, a percorrer alegremente os corredores do centro comercial.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
A voz dos telefones que pertencia a locutora de rádio
Em 1973, a voz do telefone 15 (das horas) passava a pertencer a Maria Júlia Guerra, locutora de rádio.
A locutora começara a atividade radiofónica em 1959 dentro das funções do Secretariado Nacional de Informação. Após estágio neste organismo do Estado, ela entrou na Rádio Renascença, onde seria a voz do programa de discos pedidos Quando o Telefone Toca. Desde 1964 a colaborar com a Emissora Nacional, vincular-se-ia à estação pública em 1966. No final de 1970, ela estagiaria na BBC.
O serviço de horas dos telefones começara em 1934. Alterado em 1952, com uma gravação de sistema ótico, voltaria a sofrer mudanças em 1964, quando Maria Leonor Magro, então popular locutora da Emissora Nacional, emprestou a sua voz ao serviço. Em 1973, a entrada em funcionamento de novo sistema, agora com disco magnético, levou ao convite para Maria Júlia Guerra dar a sua voz (Flama, 27 de abril de 1973).
O serviço de horas dos telefones começara em 1934. Alterado em 1952, com uma gravação de sistema ótico, voltaria a sofrer mudanças em 1964, quando Maria Leonor Magro, então popular locutora da Emissora Nacional, emprestou a sua voz ao serviço. Em 1973, a entrada em funcionamento de novo sistema, agora com disco magnético, levou ao convite para Maria Júlia Guerra dar a sua voz (Flama, 27 de abril de 1973).
Kino - cinema de língua alemã
A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, organizada pelo Goethe-Institut, começa amanhã dia 22 de Janeiro, em Lisboa, com o filme que concorreu pela Alemanha à nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, As Irmãs Amadas, de Dominik Graf, no cinema São Jorge.
Um ponto alto da mostra será a presença do realizador Andreas Prochaska para apresentar o seu mais recente filme O Vale Sombrio, premiado em vários festivais internacionais, no dia 24 Janeiro.
Orpheon Portuense
A Sociedade Orpheon Portuense (1881-2008). Tradição e Inovação, com coordenação de Henrique Luís Gomes de Araújo e edição da Universidade Católica Editora, é um livro sobre aquela instituição que oferecia simultaneamente uma prática amadora, uma oferta profissional e um intercâmbio internacional de música erudita, dependendo apenas dos seus recursos, como indica Rui Vieira num dos primeiros textos do volume (p. 9). A instituição beneficiava do fundador Bernardo Moreira de Sá, discípulo de Joseph Joachim no conservatório de Leipzig, e de outros nomes de músicos profissionais e da necessidade cultural de famílias da cidade, continua a ler-se no mesmo texto.
No parecer de Tiago Manuel da Hora, em outro texto do livro, a Sociedade de Concertos do Orpheon Portuense foi responsável pela apresentação de grandes vultos da música na esfera internacional no final do século XIX e em grande parte do século XX, ultrapassando até os propósitos iniciais da instituição (p. 25). Três direcções artísticas lideraram o Orpheon, da família Moreira de Sá. A sede, depois de algumas mudanças, acabaria por se fixar na praça da Batalha, no coração da cidade. No mesmo texto, salienta-se que, em meados de 1895, se lotavam os 350 lugares do salão do Grémio Comercial do Porto. O número de sócios ia crescendo lentamente, chegando a mil em 1974. No final desta década, dificuldades financeiras e o aparecimento de outras instituições ditaram a perda de importância do Orpheon (p. 31). No final da década de 1980, o número de concertos reduzia-se. O último concerto ocorreu em Março de 1993. No começo de 2008, uma derradeira assembleia geral extinguia a sociedade, passando todo o espólio para a Fundação Casa da Música (p. 195).
Sem integrar aqui todos os textos, escrevo que João-Heitor Rigaud analisa a vida e obra de Moreira de Sá, Maria do Rosário Pestana conclui que o Orpheon reflecte um novo modelo de sociedade nas esferas pública e associativa, Christine Wassermann Beirão estuda o contributo da instituição na divulgação da música portuguesa, Jorge Castro Ribeiro a arte de saber ouvir e Henrique Luís Gomes de Araújo debruça-se sobre as famílias fundadoras, de músicos e empresários, pertencentes às elites da cidade e da região que contribuíram para a sustentabilidade da sociedade orfeónica. A obra, de grande qualidade gráfica, tem muitas imagens de músicos que tocaram no Orpheon Portuense, o que a torna um objecto de inegável interesse.
No parecer de Tiago Manuel da Hora, em outro texto do livro, a Sociedade de Concertos do Orpheon Portuense foi responsável pela apresentação de grandes vultos da música na esfera internacional no final do século XIX e em grande parte do século XX, ultrapassando até os propósitos iniciais da instituição (p. 25). Três direcções artísticas lideraram o Orpheon, da família Moreira de Sá. A sede, depois de algumas mudanças, acabaria por se fixar na praça da Batalha, no coração da cidade. No mesmo texto, salienta-se que, em meados de 1895, se lotavam os 350 lugares do salão do Grémio Comercial do Porto. O número de sócios ia crescendo lentamente, chegando a mil em 1974. No final desta década, dificuldades financeiras e o aparecimento de outras instituições ditaram a perda de importância do Orpheon (p. 31). No final da década de 1980, o número de concertos reduzia-se. O último concerto ocorreu em Março de 1993. No começo de 2008, uma derradeira assembleia geral extinguia a sociedade, passando todo o espólio para a Fundação Casa da Música (p. 195).
Sem integrar aqui todos os textos, escrevo que João-Heitor Rigaud analisa a vida e obra de Moreira de Sá, Maria do Rosário Pestana conclui que o Orpheon reflecte um novo modelo de sociedade nas esferas pública e associativa, Christine Wassermann Beirão estuda o contributo da instituição na divulgação da música portuguesa, Jorge Castro Ribeiro a arte de saber ouvir e Henrique Luís Gomes de Araújo debruça-se sobre as famílias fundadoras, de músicos e empresários, pertencentes às elites da cidade e da região que contribuíram para a sustentabilidade da sociedade orfeónica. A obra, de grande qualidade gráfica, tem muitas imagens de músicos que tocaram no Orpheon Portuense, o que a torna um objecto de inegável interesse.
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Tim Etchells e Hugo Glendinning em Torres Vedras
A Cooperativa de Comunicação e Cultura inaugurou a exposição Empty Stages, de Tim Etchells e Hugo Glendinning, na câmara escura, rua da cruz, 13, em Torres Vedras, e que se prolonga até 6 de Março.
"Os palcos são retratados, regra geral, no seu auge, habitados por corpos trabalhados, quase perfeitos, expressivos, que os enchem de vida e histórias. Tim Etchells, em colaboração com Hugo Glendinning, mostra o palco como um papel em branco ou uma moldura vazia por ocupar. Numa senda por palcos vazios de todo o mundo, entre teatros amadores, bares, escolas, centros de convenções, átrios de igrejas, teatros municipais e clubes de trabalhadores, fotografaram os palcos nos momentos vazios que se opõem aos momentos repletos de vida que associamos a estes lugares. “Empty Stages” é, mais do que um conjunto de momentos, um comentário social de como as comunidades estão a mudar a maneira de ver os espectáculos. Este comentário surge na forma de retratos de palcos vazios. Como vamos usar estes e outros lugares vazios, será da responsabilidade, mais do que da imaginação, da consciência de cada um" [imagem e texto fornecidos pela organização].
"Os palcos são retratados, regra geral, no seu auge, habitados por corpos trabalhados, quase perfeitos, expressivos, que os enchem de vida e histórias. Tim Etchells, em colaboração com Hugo Glendinning, mostra o palco como um papel em branco ou uma moldura vazia por ocupar. Numa senda por palcos vazios de todo o mundo, entre teatros amadores, bares, escolas, centros de convenções, átrios de igrejas, teatros municipais e clubes de trabalhadores, fotografaram os palcos nos momentos vazios que se opõem aos momentos repletos de vida que associamos a estes lugares. “Empty Stages” é, mais do que um conjunto de momentos, um comentário social de como as comunidades estão a mudar a maneira de ver os espectáculos. Este comentário surge na forma de retratos de palcos vazios. Como vamos usar estes e outros lugares vazios, será da responsabilidade, mais do que da imaginação, da consciência de cada um" [imagem e texto fornecidos pela organização].
60 horas de emissão em 1966
60 horas de emissão diária na Emissora Nacional em ondas médias, curtas e de frequência modulada em 1966, como se lê na notícia do Diário Popular de 7 de Outubro de 1966. Com 33 boletins noticiosos por dia, lidos por 31 locutores (estes apenas liam e não escreviam as notícias). Sollari Alegro, antigo secretário de Salazar e então presidente da Emissora Nacional, destacaria igualmente as produções de teatro, folhetim e conto. No caso dos folhetins, em 1965, seriam apresentados oito originais, com um custo de quase 525 contos. Era uma época em que a estação pública ainda possuía orquestra sinfónica, além da orquestra ligeira, esta responsável pela produção musical em programas ao vivo (Serão para Trabalhadores, Variedades, Nossas Melodias). Na altura, já se discutia a emissão ao longo das 24 horas do dia, processo apenas iniciado em 1970.
[obrigado a Gonçalo Pereira, por em ter dado a conhecer o recorte do jornal]
[obrigado a Gonçalo Pereira, por em ter dado a conhecer o recorte do jornal]
domingo, 18 de janeiro de 2015
Idas ao cinema e aos museus
"O número de idas ao cinema voltou a descer em 2014 e é o mais baixo dos últimos 18 anos. Tendência contrária têm as visitas aos museus: aumentaram em 2013 para um recorde desde a década de 1950. E porquê? O 25 de Abril, a qualificação da população, o turismo e a internet ajudam a explicar essas evoluções" (http://expresso.sapo.pt/visitar-um-museu-ja-e-quase-tao-comum-como-ir-ao-cinema=f904308#ixzz3PHEQFvDz). Isto é, 12 milhões de espectadores de cinema em 2014 (dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual) contra 11 milhões de visitantes dos museus em 2013 (dados do Instituto Nacional de Estatística).
sábado, 17 de janeiro de 2015
Os famosos entre a televisão e as revistas
"O circuito dos famosos: dos ecrãs para as revistas cor-de-rosa. As revistas cor-de-rosa revelam nas capas o seu total parasitismo em relação à TV. Segundo um levantamento da Sábado, foram capas em 2014 na Flash, Nova Gente, VIP, Caras, Lux, TVMais e TVGuia: Cristina Ferreira (38 vezes), Judite Sousa (26), Bárbara Guimarães (17), Tony Carreira (15), Cláudia Vieira (11), Rita Pereira (10). O único homem da lista, Carreira, também é uma figura da TV, onde está sempre presente, como «namorado das mães de Portugal». Como os leitores destas revistas não conhecem bem senão caras da TV, as revistas ficam-se por aí" (Eduardo Cintra Torres, Correio da Manhã, 4.1.2015). Falta explicar a ligação das revistas aos grupos das televisões para compreender melhor a teia de interesses mediáticos.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Memória das comunicações
Em Portugal, realizou-se um importante encontro nacional sobre património industrial em 1986, reunindo os animadores de uma nova área, a da arqueologia industrial. Dos membros activos do encontro, recordo José Amado Mendes, Jorge Custódio e José Lopes Cordeiro. Então, eu estava a trabalhar sobre a história das telecomunicações em Portugal, tendo analisado alguns suportes visuais e cartazes da actividade ao longo das décadas de 1930 e 1940.
O universo das comunicações faz parte da minha vida profissional desde há 40 anos. Por isso, me lembrei da imagem à esquerda. Não sei o percurso posterior do fotografado e do fotógrafo mas lembro-me das condições da fotografia e do local, possivelmente feita no ano de 1989, ainda estava eu engajado na actividade de arqueologia industrial. O mecânico aqui presente juntava fios de cobre para novas ligações telefónicas num longo repartidor, trabalho minucioso e monótono de soldar com um ferro apropriado. Por baixo do sítio onde solda, um folha de papel grosso funciona como local de aparo das parcelas desperdiçadas de solda, ao lado de um documento onde tem a informação sobre o trabalho em execução. Num tempo anterior, ele usava um fato macaco de cor azulada mas aparece aqui com roupa de uso pessoal.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Valores das indústrias criativas no Reino Unido em 2013
As indústrias criativas, segundo o Department for Culture, Media and Sport (DCMS), tiveram um crescimento de quase 10% no sector criativo do Reino Unido, valendo 76,9 milhões em 2013. O sector inclui cinema, televisão, música, artes, arquitectura, design gráfico e publicidade. Entre os factores que impulsionaram a indústria nesse ano, o DCMS destacou os Jogos Olímpicos, com reduções ou isenções fiscais, a série televisiva americana A Guerra dos Tronos (Game of Thrones) e filmes como Gravity.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Exposição de Sebastião Salgado em Lisboa
A exposição Génesis, de Sebastião Salgado, estará patente na Cordoaria Nacional (Lisboa), a partir de Abril (e até Agosto de 2015). De acordo com a organização da exposição, "Com curadoria de Lélia Wanick Salgado, a exposição é composta por 245 fotografias de grande formato e é uma visão pessoal sobre os últimos redutos, naturais e humanos, de um planeta ameaçado. Os «ambientes intocados» retratados em Génesis contrastam à primeira vista com os anteriores trabalhos de Sebastião Salgado, mas fazem na realidade o contraponto perfeito com a massificação do trabalho, as migrações e a industrialização globalizada". Além disso, o documentário O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado sobre o fotógrafo, será estreado a 9 de Abril.
Nota sobre a fotografia: as mulheres mursi e surma são as últimas mulheres do mundo a usar discos para estender os lábios. Dargui, povoação mursi no Parque Nacional Mago, perto de Jinka. Etiópia. 2007
Indústrias criativas
Rosamund Davies e Gauti Sightorsson editaram Introducing the Creative Industries. From Theory to Practice em 2013. É um manual adequado para quem quer ensinar indústrias criativas e culturais, dividido em três partes, além de uma introdução e de um útil glossário no final do volume.
Trabalhar nas indústrias criativas, produção e circulação de projectos e economia criativa são os temas fundamentais do livro. Destaco tópicos envolvidos nos capítulos: propriedade e empreendedorismo, criatividade, modelos de produção e circulação de bens culturais, financiamento, patrocínios e mecenato e constante mudança na área.
Trabalhar nas indústrias criativas, produção e circulação de projectos e economia criativa são os temas fundamentais do livro. Destaco tópicos envolvidos nos capítulos: propriedade e empreendedorismo, criatividade, modelos de produção e circulação de bens culturais, financiamento, patrocínios e mecenato e constante mudança na área.
Memórias da telefonia
Colecionador Orlando José
Local: Casa dos Condes, Biblioteca Municipal de Alcoutim Horário: De segunda a sexta-feira, entre as 08:30 e as 16:30 Organização: Município de Alcoutim
Local: Casa dos Condes, Biblioteca Municipal de Alcoutim Horário: De segunda a sexta-feira, entre as 08:30 e as 16:30 Organização: Município de Alcoutim
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Paródias (Paula Rego e Rafael Bordalo Pinheiro)
Eu nunca pensaria juntar Paula Rego e Rafael Bordalo Pinheiro, como a exposição Paródias (curadoria de Catarina Alfaro), mas essa relação permite compreender melhor os valores, as formas e as mensagens da obra da pintora radicada em Londres. Ela funciona como a hospedeira da obra de Bordalo Pinheiro, a lente pela qual o olhamos. As inquietações políticas em Paula Rego são mais subtis que as de Rafael Bordalo Pinheiro, os quadros daquele de índole mais cultural e universal, as obras deste de carácter mais temporal e local sobre o quotidiano político. A alegoria, a metáfora e a alusão visual nela corresponde ao comentário escrito nele. Mas permanece o mesmo mundo antropomórfico, um reino animal de gestos e comportamentos próprios, a referência permanente à ópera, como Aida, Rigoletto e La Traviata (Rafael Bordalo Pinheiro passara pelo teatro como actor e figurinista). Isso quer dizer que o retrato e a caricatura são representações - como no teatro - indo da sátira à comédia e à tragédia.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
RTP
O Conselho Geral Independente da RTP terá proposto o nome de Gonçalo Reis para presidente da RTP e o de Nuno Artur Silva para administrador para a área dos conteúdos. Gonçalo Reis já esteve na RTP entre 2002 e 2007 (na direcção de Almerindo Marques), ao passo que Nuno Artur Silva é director-geral das Produções Fictícias e do canal Q e moderador do programa Eixo do Mal, da SIC Notícias. Falta ainda indicar o nome do administrador financeiro.
Actualização a 21 de Janeiro de 2015: O conselho de administração da RTP renuncia após entrega do relatório de contas de 2014 até ao final do mês, enquanto ministro agradece a "boa gestão" da equipa de Alberto da Ponte.
Actualização a 22 de Janeiro de 2015: Cristina Vaz Tomé, gestora na consultora KPMG e com passagem pelo Instituto de Investigação Cientifica Tropical, vai integrar a nova administração da RTP com o pelouro financeiro, segundo o presidente do Conselho Geral Independente (CGI) ontem na Grande Entrevista da RTP-Informação.
Actualização a 21 de Janeiro de 2015: O conselho de administração da RTP renuncia após entrega do relatório de contas de 2014 até ao final do mês, enquanto ministro agradece a "boa gestão" da equipa de Alberto da Ponte.
Actualização a 22 de Janeiro de 2015: Cristina Vaz Tomé, gestora na consultora KPMG e com passagem pelo Instituto de Investigação Cientifica Tropical, vai integrar a nova administração da RTP com o pelouro financeiro, segundo o presidente do Conselho Geral Independente (CGI) ontem na Grande Entrevista da RTP-Informação.
Biblioteca de dança
José Sasportes, antigo ministro da Cultura, presidente da comissão portuguesa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), crítico de dança, director da Escola de Dança do Conservatório Nacional, director do Serviço Acarte da Fundação Gulbenkian e conselheiro da Universidade Técnica de Lisboa, vai doar a biblioteca pessoal, com cerca de 2500 livros, e o espólio documental da área da dança, que inclui recortes de imprensa, ao Museu Nacional do Teatro, em Lisboa. Em 1970, publicou a primeira História da Dança em Portugal, em 1980 lançou a revista La Danza Italiana, que ainda dirige, e em 2013 coordenou a publicação da primeira Storia della Danza Italiana. A cerimónia vai ocorrer na próxima quarta-feira.
Boyhood e os Globos de Ouro
Boyhood foi vencedor nas categorias de cinema dos Globos de Ouro, conseguindo três prémios na 72.ª edição da gala. O filme venceu os prémio de melhor realizador foi para Richard Linklater (Boyhood: Momentos de uma vida), melhor filme e melhor actriz secundária (Patricia Arquette). Eddie Redmayne obteve o prémio de melhor actor em The Theory of Everything (A Teoria de Tudo) e Julianne Moore o de melhor actriz em Still Alice (O Meu Nome é Alice). Birdman e The Theory of Everything (A Teoria de Tudo) conseguiram cada dois galardões.
Falar em Alcoutim no mês da rádio
Na Casa dos Condes, Biblioteca Municipal de Alcoutim, no próximo dia 23 de Janeiro, pelas 21:00, a quinquagésima tertúlia A Palavra Sexta à Noite, num mês dedicado à rádio.
domingo, 11 de janeiro de 2015
O Primeiro de Janeiro
Li que O Primeiro de Janeiro não tem editado desde o final de 2014. Na realidade, o sítio da internet do jornal não é renovado há onze dias. O jornal em papel foi fundado em 1868 no Porto.
sábado, 10 de janeiro de 2015
C2
"Publicada pelo Instituto Cultural e produzida pela Companhia do Desenvolvimento Cultural e Criativo 100 Plus Limitada, a primeira revista electrónica local relativa às indústrias culturais e criativas C2 será lançada no dia 10 de Janeiro de 2015. A revista irá cobrir as actividades mais recentes das indústrias locais e coligir informações internacionais actualizadas sobre estas áreas, permitindo que os leitores conheçam os desafios e as oportunidades enfrentados em Macau, com o objectivo de impulsionar as indústrias culturais e criativas locais e das regiões vizinhas.
O ano de 2015 deu o pontapé de saída com o lançamento da primeira revista electrónica local das indústrias culturais e criativas para acompanhar o crescimento robusto destas indústrias no mundo. Estas indústrias são, em alguns países, parte integrante do crescimento económico. O nome da revista, C2, é uma síntese de “Cultura” e “Criatividade”, uma plataforma para o intercâmbio de informações culturais e criativas já que a mesma pode ser considerada como communication square em inglês. Esta revista trilingue (em chinês, português e inglês) será actualizada online na primeira segunda-feira de cada mês, com reportagens escritas, vídeos e ficheiros disponíveis em formato PDF. Também marcará presença em médias sociais como o Facebook e o WeChat" (C2).
由文化局出版,佰家文化創意發展有限公司製作,本澳首份文創產業網上雜誌《C2文創誌》將於一月十日推出,探討澳門文創產業發展動向、蒐羅外地最新產業資訊,讓讀者了解澳門當前面對的機遇與挑戰,以促進本地及地區內文創產業的發展。 二零一五新年伊始,本澳首份文創產業網上雜誌《C2文創誌》創刊號正式登場,全球文創產業發展迅速,更成為部分國家舉足輕重的產業,C2取Culture(文化)和Creativity(創意)之意,亦可解讀為“Communication Square”的意思,即溝通的廣場,作為一個文創訊息交流的匯聚點,具有雙重意涵。《C2文創誌》為中、葡、英三語月刊,每月首個周一於雜誌網站發佈,除文字報導外,網站還提供影片及PDF檔供讀者閱覽,同時設立臉書專頁和微信帳號,與讀者分享最新文創情報。(C2)
No texto http://www.slideshare.net/mestre00/por-ao-ngan-wa, Ao Ngan Wa analisa a série Harry Potter e como a legislação inglesa foi alterada por esse filme.
由文化局出版,佰家文化創意發展有限公司製作,本澳首份文創產業網上雜誌《C2文創誌》將於一月十日推出,探討澳門文創產業發展動向、蒐羅外地最新產業資訊,讓讀者了解澳門當前面對的機遇與挑戰,以促進本地及地區內文創產業的發展。 二零一五新年伊始,本澳首份文創產業網上雜誌《C2文創誌》創刊號正式登場,全球文創產業發展迅速,更成為部分國家舉足輕重的產業,C2取Culture(文化)和Creativity(創意)之意,亦可解讀為“Communication Square”的意思,即溝通的廣場,作為一個文創訊息交流的匯聚點,具有雙重意涵。《C2文創誌》為中、葡、英三語月刊,每月首個周一於雜誌網站發佈,除文字報導外,網站還提供影片及PDF檔供讀者閱覽,同時設立臉書專頁和微信帳號,與讀者分享最新文創情報。(C2)
No texto http://www.slideshare.net/mestre00/por-ao-ngan-wa, Ao Ngan Wa analisa a série Harry Potter e como a legislação inglesa foi alterada por esse filme.
José Mário Branco na Flama
A capa da revista Flama de 7 de Janeiro de 1972 traz a fotografia de José Mário Branco, músico a viver exilado em França. Para uma revista moderada como a Flama, e com a censura do Estado Novo sempre presente, foi uma capa ousada, a que se acrescenta o subtítulo "Voz de Mudança" referente ao músico e cantor. O impacto é ainda maior quando a assinatura do texto traz o nome de Adelino Gomes, então a colaborar com o programa Página 1, da Rádio Renascença.
O título camoniano do disco novo lançado pelo jovem compositor era muito significativo: Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades. Pelo que registo a frase justificativa do título pelo autor: "Embora imbuído ainda daqueles temas saudosistas e aparentemente pessimistas das líricas camonianas, a análise que é feita sobre o tema da mudança é perfeitamente dialéctica". José Mário Branco, muito preocupado com o trabalho da animação cultural (escolar, produção artística urbana e difusão da cultura), já estabelecera contactos e era um exemplo para outros músicos, como o também exilado Sérgio Godinho, José Jorge Letria e José Afonso. Para este último, produziria um dos seus mais importantes álbuns em termos de sonoridades: Cantigas do Maio.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Parodiantes em 1972
Na rubrica "Rádio Crime", os Parodiantes de Lisboa tinham as personagens inspetor Patilhas (José Andrade, ajudante Ventoinha (Rui Andrade, também autor do texto), Buraquinho (Callaty Santos) e em papéis variados Alfredo Alvela (Flama, 24 de Março de 1972).
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Fotografias de Bryan Adams em Cascais
Na exposição Exposed, com fotografias de Bryan Adams no Centro Cultural de Cascais, encontram-se retratos das fadistas portuguesas Aldina Duarte, Gisela João, Ana Moura e Cuca Roseta, mas também a rainha de Inglaterra, Mick Jagger, Amy Winehouse, [Steven Patrick] Morrissey, Julianne Moore e Mickey Rourke.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Eu sou Charlie
Ontem, na arguição de uma tese de mestrado na Universidade Nova de Lisboa sobre o humor no canal Q, eu comentava o impacto dos cartoons franceses e dinamarqueses sobre religião e a opinião negativa do presidente da Turquia sobre os cartoonistas. O candidato lembrava o modo como o humor é um escape nas ditaduras, ao que expressei as minhas dúvidas, apesar de referir os comentários surgidos nos espectáculos de teatro de revista nos anos do Estado Novo.
Estava longe de imaginar o quanto actual é a discussão sobre o humor e os cartoons como marcadores e formadores de opinião pública. Hoje, depois dos assassínios de Paris no jornal satírico Charlie Hebdo, eu (também) sou Charlie.
Estava longe de imaginar o quanto actual é a discussão sobre o humor e os cartoons como marcadores e formadores de opinião pública. Hoje, depois dos assassínios de Paris no jornal satírico Charlie Hebdo, eu (também) sou Charlie.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Festival Internacional de Documentário de Melgaço
Filmes do Homem - Festival Internacional de Documentário de Melgaço selecciona para 2015 documentários sobre o tema geral migrações. Os filmes devem manifestar o ponto de vista do autor sobre aspectos relacionados com questões sociais, individuais, culturais ou de identidade, provocadas pela troca de país, de região ou de domicílio. Data limite de inscrição 28 Fevereiro de 2015. Ver mais em http://www.filmesdohomem.pt/.
Convergent Television(s)
"The history of media convergence, especially of convergent television, is a field that needs to be further investigated. Media convergence is often considered a taken-for-granted phenomenon, a kind of ‘irresistible’ force that has changed and is continuously changing media ecosystems. Furthermore, it seems to be mainly an American phenomenon because it has involved US politics and companies and because the most relevant reflections and publications on this topic come from American scholars. This issue of VIEW tries to deal with this complex and polysemic concept from different points of view, adopting several theoretical and methodological frameworks. It attempts to counteract some of the aforementioned taken-for-granted ideas, analyzing TV convergence from a historical and long-term perspective, considering symmetrical case studies of success and failures, concentrating on the European dimension through the lens of transnational, comparative, and national contributions" (http://viewjournal.eu/index.php/view/issue/view/6/showToc).
domingo, 4 de janeiro de 2015
Beck
Ulrich Beck, conhecido sociólogo alemão que criou o termo sociedade de risco (Riskiogesellschaft) morreu com a idade de 70 anos. Os seus livros, traduzidos para 35 línguas, incluíam temas sobre os desafios do nosso tempo como as alterações climáticas, o terrorismo e as crises financeiras. Beck nasceu em Maio de 1944 em Stolp na Pomerânia, agora Slupsk (Polónia), cresceu em Hanover e estudou sociologia, filosofia, psicologia e ciência política em Munique nas décadas de 1960 e 1970. Docente em várias universidades alemãs, Ulrich Beck ocupou o lugar de professor de sociologia da Universidade Ludwig Maximilian de Munique (LMU), em 1992. Ele ocupou outros cargos académicos, incluindo o de professor visitante no Departamento de Sociologia da London School of Economics, desde 1997. Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, Beck morreu no dia 1 de Janeiro, após ataque cardíaco. Num ensaio de 2012 para a revista Der Spiegel, o académico politicamente engajado descreveu a chanceler alemã Angela Merkel como "Merkiavelli" em relação ao seu papel dominante nas políticas europeias.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
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