Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
CINEMA NO MUNDO
À Sara Mendes, Bruna Santos, Sara Dias e Sofia Conceição os meus parabéns. Ainda bem que descobriram a importância dos blogues como ferramenta de comunicação.
QUEBRA DE LEITORES DE IMPRENSA
Os índices de audiência da imprensa diária generalista registaram uma quebra homóloga de 8,2% no último trimestre de 2006 (newsletter de hoje da Meios e Publicidade). A informação segue os dados fornecidos pelo Bareme Imprensa (Marktest): os hábitos de leitura da imprensa diária recuaram dos 27,9% entre Setembro e Dezembro de 2005 para os 25,6% no mesmo período do último ano, perda que resulta em menos 189 mil leitores.
MAIS DE DOIS MILHÕES JOGAM EM COMPUTADOR OU CONSOLA
Destacam-se jovens e estudantes. Dois terços dos jovens entre 15 e 17 anos fazem-no (75,4%), número que baixa para 60,3% nos jovens dos 18 aos 24 anos. Há mais homens adeptos (35,0%) que mulheres (21,0%). Apesar de menores diferenças nos vários pontos do país, é na Grande Lisboa e no Litoral Centro que o número dos que joga computador ou consola é superior à média do universo. Nas classes sociais, a alta e média alta e a alta apresentam taxas superiores à média.
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
O RAPAZ DOS DESENHOS NO TEATRO ABERTO
SÉRGIO GODINHO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ESPINHO
António Costa falará sobre a obra.
Local: Salão Nobre da Piscina Solário Atlântico, Rua 6, em Espinho.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
TEATRO EM ALMADA
EXPOSIÇÕES
domingo, 28 de janeiro de 2007
ESTOU RIQUINHO!
Aceito ofertas de compra!
CINEMA
Scoop já vi, Diamante de sangue só o trailer. Johansson ligada ao realizador Allen, DiCaprio a Martin Scorsese; se quisermos, aquela modelada pela finura do intelectual novaiorquino e aquele pelo olhar impiedoso que retrata a violência humana.
DiCaprio, nascido em 1974, ficou conhecido mundialmente pelo filme Titanic, embora com nome já firmado antes. Diz o Observer de hoje que DiCaprio em pessoa é gentil, polido, conta piadas e olha directamente o interlocutor. No cinema, é uma força da natureza.
[capas dos suplementos "Y", "6ª", "Actual" e "Review"]
CAFÉ
Mas não só os portugueses. Bryant Simon, um investigador americano andou, durante um ano, a observar o comportamento dos consumidores de café da cadeia Starbucks. O resultado será publicado no livro Consuming Starbucks, a sair em 2008.
Uma caixa da página do Observer de hoje sobre o assunto, assinado por David Smith, dá-nos conta da cronologia do café na Europa (ou a partir de olhos londrinos, se quisermos). Assim, no ano de 1554, os cidadãos de Constantinopla abrem lojas de venda de café, chegando os grãos da bebida à Inglaterra em 1652. Na década seguinte, os cafés tornam-se um fenómeno social e, até finais do século, esses espaços são bons locais para trocar informação (Habermas diria que os cafés são locais de manifestação da opinião pública, com a leitura de jornais e discussão dos seus temas). Já por volta de 1700, os cafés entram em queda (presumo que em disputa com o chá, mas o texto é omisso).
A recuperação dá-se nos anos 30 e 40 do século passado, graças a, simultaneamente, um ambiente revolucionário e um fluxo nostálgico. Depois, instala-se a Starbuck, como se houvesse um antes e um depois. Considera Bryant Simon: se a Starbuck não introduziu o café nem o bom café, deu-lhe uma identidade.
Em Portugal, certamente, existem também identidades em algumas marcas: Brasileira, Nicola, Delta. À marca falta o estabelecimento, com identidade forte (tirando a Brasileira). Esperando historiadores e sociólogos do café e dos seus hábitos de consumo.
VIR A LISBOA EM MARCHA LENTA
Ed Gillespie, o "evangelista" das viagens lentas - que usam todos os meios de transporte excepto o avião - vai dar uma volta ao mundo em Março próximo. No topo da agenda, a poluição e o aquecimento global.
Um dos pontos importantes desta notícia do Observer de hoje (texto de Juliette Jowit) é a comparação de tempo de deslocação entre Londres e Lisboa versus poluição. De avião, demora 2:35 horas e polui 0,18 toneladas de dióxido de carbono. De comboio (Waterloo-Londres a Portsmouth, 1:32 hora), de barco (Portsmouth a Bilbau, 29:00 horas) e de comboio (Bilbau a Lisboa, o tempo que quiser, se parar em várias cidades espanholas) e polui 0,028 toneladas.
Venham, visitantes, venham a Lisboa! De marcha lenta, se quiserem. A cidade é bonita.
sábado, 27 de janeiro de 2007
FEDRA
No texto incluído no desdobrável que acompanha a peça, Vasco Graça Moura fala da peça como pertencendo ao "teatro para ler", com texto em poesia, o que torna difícil a adaptação para os nossos tempos (para actores e espectadores). Isso verificou-se na fria recepção do público (a segunda salva de palmas, na representação de ontem à noite, surgiu porque as actrizes Sara Carinhas (Arícia) e Kjersti Kaasa (Isménia) apareceram no palco em tempo oportuno - nunca estivera integrado num público tão alheado.
Ouvi críticas cá fora, que considerei justas: o texto ouve-se muito mal, em especial nos primeiros diálogos. Com as personagens sempre em grande tensão, próximas da parede, e no fundo do palco, com representação muito estática, devido à história, a peça é muito "dura" e menos perceptível do que o desejável.
Uma correcção que os actores e actrizes terão de fazer se querem que a peça corra bem até 18 de Fevereiro.
Gostei do cenário. A parte da esquerda lembrou-me a pintura de Giorgio de Chirico. E, no primeiro diálogo em que entra Beatriz Batarda, o nome principal na peça, quando recebia uma raio de luz pela esquerda, lembrei-me dos pintores pré-rafaelistas. A porta ao fundo do cenário organiza adequadamente o espaço, em termos de profundidade, cor e dramatismo. Já não percebi tão bem os grafismos no chão.
QUEM OUVE A RDP?
Sobre a Antena 1, considerou-se que, apesar da geração mais velha ser a mais fiel, o canal de rádio quer-se reposicionar para abranger um segmento mais juvenil, entre os 35 e 55 anos. O provedor e o director de antena estiveram bem nas questões e nas respostas. Igual reposicionamento está a procurar uma estação comercial, a Renascença, o que significa uma guerra de audiências entre as duas estações.
Sobre a Antena 2, houve muita informação. Primeiro, a mudança de imagem que se tem operado nos últimos tempos, com novos programas de autor e estabilização de segmentos, abandonando o estilo tradicional e implantando um discurso aligeirado e com improvisação. Isso significa uma alteração de profissionais, com a entrada de novos e de maior formação académica.
O provedor colocou questões pertinentes, escudado em emails de ouvintes: críticas ao tempo (muito) dedicado ao jazz, ao trabalho de Rafael Correia (Lugar ao Sul). Mais objectivo me pareceu a crítica a programas monográficos como Raízes, de música do mundo ou étnica, em que se passa um disco inteiro e se lê o que vem na capa do disco. O director defende a abertura às correntes contemporâneas, mas o seu discurso posterior aponta para a queda do programa Raízes (à hora de almoço). Estou de acordo com a necessidade de reformulação do programa de música do mundo, pois também me parece um modelo de difícil manutenção.
Por essa altura do programa do provedor, ouvi uma expressão surpreendente de Rui Pêgo: "Não estou contente, se não demitia-me". Não percebi o alcance da expressão, dada a possibilidade de uma leitura dupla e contraditória.
Sobre uma crítica à falta de programas de debate, Rui Pêgo lembrou os que já existem - e realçou a sua qualidade -, casos de Ana Sousa Dias, João de Almeida e Luís Caetano (Um certo olhar). Sobre este último, acho-o de uma grande inteligência, acuidade e actualidade, o que implica uma longevidade do formato e do seu realizador.
O director de programas deu uma notícia que me deixou muito contente: para o Verão, volta o teatro radiofónico. Pena que o seu realizador, Eduardo Street, já não o possa acompanhar. Pelo menos, fica a justa homenagem.
Na próxima sexta-feira, continuará o balanço de 2006 na rádio pública. E, conquanto o centro da conversa entre José Nuno Martins e Rui Pêgo seja a Antena 3, haverá igualmente destaque para a Antena 2, a propósito do programa Rittornello, de Jorge Rodrigues, envolvido em polémica nos últimos tempos.
Confesso que gostei de ouvir o director de programas e percebi melhor a importância do papel do provedor, pois há alguém que coloque, com serenidade, objectividade e conhecimento, perguntas que o ouvinte gosta de saber. Fico a aguardar a sua análise sobre o caso do programa Rittornello, dadas as altas expectativas que tenho.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
TEXTURAS
Texturas é uma revista espanhola que pretende "gerar um espaço de análise, debate, reflexão e opinião crítica no tocante ao universo do livro e à leitura, edição e processos de criação nos seus diferentes momentos, sem esquecer os direitos de propriedade intelectual e, por conseguinte, as oportunidades, ameaças e desafios que as novas tecnologias nos estão a oferecer. Como conclusão, um panorama muito aberto para uma revista que o quer «apanhar» [na teia]".
Os editores da revista são José María Barandiarán e Manuel Ortuño. O escritório da Trama Editorial fica no Monte Esquinza 28, 28010 Madrid (sítio em breve: http://www.revistatexturas.com). Para informação geral, contactar info@revistatexturas.com; para enviar artigos e comentários redaccion@revistatexturas.com; para publicidade e assinaturas promocion@revistatexturas.com.
A Texturas vai existir em papel, com periodicidade quadrimestral (três números por ano), e também na internet, não como apenas edição electrónica, mas com uma nova versão, para ganhar cumplicidades. No número inicial, Roger Chartier escreveu sobre Librerías y libreros: historia de un oficio, desafíos del presente e José María Barandiarán sobre Edición, ¿independiente o interdependiente?, entre muitos outras colaborações. Análise de livros, importância das tecnologias na edição actual, tertúlias e comentários preenchem outros pontos da publicação.
Boa sorte a Barandiarán e Ortuño pela aventura.
OBERCOM
A investigação analisa os seguintes sectores: investimento publicitário, televisão hertziana, de cabo e por satélite, com perfis de públicos, cinema, vídeo, rádio, imprensa, comunicações móveis e acesso à internet.
Fica, nos quadros seguintes, a representação gráfica de públicos de televisão, um estímulo para ler o documento de Carla Martins e Gustavo Cardoso, para o Obercom.
RESPOSTA A UM COMENTÁRIO (SOBRE A VERSÃO BETA)
Já tenho uma versão do Indústrias no Wordpress há muito tempo. Mais de metade dos textos do Indústrias está lá. Contudo, esqueci quer a palavra de acesso quer o endereço do blogue. Tenho de me organizar e tomar nota de tudo num caderno azul.
ALTA DEFINIÇÃO
A inscrição prévia é feita aqui, podendo obter mais informações através do email bpe.portugal@eu.sony.com.
Programa
11H - XDCAM
Produção e Worksflow - Caso prático cliente Sony
Caso DUVIDEO - Apresentação do workflow desde aquisição a arquivo passando pela pós produção. Impacto da introdução do meio não-linear nos processos de trabalho da produtora (Vitor Marques - Duvideo)
MOG Solutions - Apresentação de alguns casos práticos de clientes XDCAM com Soluções MOG+XDCAM (Vitor Teixeira - Mog Solutions)
15h - HDV Utilização em Produção- Preparação da câmara, HVR Z1, para rodagem.
(Testes de sensibilidade, e de latitude).
- Decisões estéticas/cromáticas, para a construção da imagem. (Influências, filtros utilizados, etc.).
- A rodagem. (Equipamentos e equipa).
Francisco J. Vidinha: Director de Fotografia. Professor na Escola Superior Artística do Porto, (E.S.A.P.). Professor no curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, da Universidade do Porto.
VERSÃO BETA
Por minutos, pensei que a migração para a versão Beta do blogue (agora com entrada pelo Google) iria correr mal - e o blogue ficaria em silêncio infinito.
Claro que a máquina americana é cega e não reconhece os sinais ortográficos. O que significa trabalho suplementar para alterar as informações nas colunas laterais.
SE NÃO HOUVER MAIS DANOS.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
POLIR QUALIFICAÇÕES
Pergunta a Open University (Reino Unido):
Por que quer estudar connosco?
- pela carreira?
- por interesse pessoal?
Por que tipo de curso está interessado?
- cursos de iniciação?
- cursos de curta duração em arte/ciência/tecnologia?
- licenciaturas?
- pós-graduações?
A Open University é a maior universidade da Europa, indica o desdobrável (220 mil estudantes por ano). Áreas incluidas: humanidades, gestão, computação, engenharia, direito, ambiente, saúde, matemática, ciência, ciências sociais.
Logo: publicidade inteligente.
AUDIÊNCIAS DE RÁDIO EM 2006
- Os gostos das audiências mudam, e é o que querem as estações que melhor as conhecem (Bernard, 1998, tradução livre a partir da citação colocada no blogue NetFM, de anteontem).
AS RÁDIOS MAIS OUVIDAS E OS FORMATOS DE PROGRAMAÇÃO
- O documento mais importante sobre a radiodifusão em Portugal, a Lei da Rádio, mostra que, entre as dez rádios mais ouvidas em Portugal, existem cinco generalistas e cinco temáticas.
Se no actual contexto da rádio contemporânea a existência de cinco temáticas não surpreende, espanta que, estando os fundamentos da rádio generalista em declínio, esta forma de programar se apresente tão pujante.
Mais: essas cinco rádios estão entre as sete mais ouvidas em Portugal: RFM (1º), RR (2º), RC (3º), Antena 1 (5º) e Antena 3 (7º). No entanto, não é preciso dominar muito bem a teoria (ou a prática) da programação radiofónica para saber que:
- Um desses canais, RFM, é uma segmentação empresarial de um outro, a RR (e isso pressupõe sempre uma escolha de público-alvo em detrimento de outros);
- A Rádio Comercial tenta «imitar» a RFM;
- Antena 1 e Antena 3 são segmentações de público do mesmo grupo (RDP) e que esta última é uma rádio jovem, essencialmente musical (o que pressupõe que a primeira não dispute o mesmo público, mas outro, menos jovem) [...]
INVISIBLE RED
O endereço é Invisible Red. Segundo o seu autor, Hugo Tornelo, trata-se de "um blogue que aborda temas como o Marketing de Guerrilha, os novos media, Arte contemporânea, Cultura e Arte Urbana". Bilingue (em português e inglês).
QUALQUER SEMELHANÇA COM A FICÇÃO É PURA REALIDADE
Claro que queria escrever que qualquer semelhança com a realidade é pura ficção.
Isto a propósito de uma informação que me chegou de fontes geralmente bem desinformadas, caso de Olavo Aragão (http://freelance.weblog.com.pt). A propósito de uma "jornalista" chamada "Rute Monteiro", aquele profissional revela ter novas revelações. E colocou um vídeo.
Confesso que me assaltaram dúvidas. Afinal, há três prisioneiros e não uma só. Depois, a rapariga parece-me bem vestida, maquilhada e com uma tinta tipo colacao, daquele achocolatado que as crianças gostam. Em terceiro lugar, não há qualquer vestígio de ambiente violento (bandeiras, indivíduos façanhudos com armas, gritos, legendas em árabe, imagens mal amanhadas). Será que o vídeo é verdadeiro?
No dia 19, eu fizera já referência ao "desaparecimento" da "jornalista" no Líbano. Fico à espera de mais dados dessas fontes geralmente mal informadas, LOL.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
MEMORIAMEDIA
Cabacinha, Três mocinhas, Azeite e vinagre, Marido da bruxa, Genro bêbado, Perdizes e Lobo esfomeado são alguns dos contos tradicionais apresentados em vídeo.
Este projecto, de José Barbieri, que aconselho a que visitem aqui, tem o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, do Ministério da Cultura (Delegação Regional do Alentejo), Instituto de Estudos de Literatura Tradicional e Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O projecto combina, assim, elementos tradicionais (contos alentejanos, por exemplo, de Beja, Cuba, Serpa) com multimedia.
NÃO VI O LIVRO, MAS LI O FILME
Do call for papers, encontram-se as seguintes justificações para o colóquio:
"Num momento em que, em numerosas Universidades Portuguesas, se vão integrando, cada vez com maior incidência, os Estudos de Cinema, quer numa vertente comparatista (Cinema e Literatura), quer numa dimensão mais estritamente cinematográfica, pensando o Cinema no contexto dos Estudos Artísticos ou das Ciências da Comunicação, torna-se premente repensar a importância de tais estudos, discutir denominações e historiar o trabalho já realizado. Trata-se de pôr em contacto todos os que, nas Faculdades de Letras e de Ciências Humanas, leccionam cadeiras de cinema, bem como os estudantes que elaboram (ou elaboraram) dissertações de Mestrado e de Doutoramento, na área, com o objectivo de trocar experiências e de estudar caminhos conjuntos a seguir, mantendo embora, eventuais diferenças de enfoque".
O call for papers decorre até 25 de Fevereiro de 2007 (prazo limite), devendo os mesmos ser enviados para cinemaeliteratura@fl.ul.pt, com resumo da comunicação e título (máximo 10 linhas), em formato word, e curriculum vitae (máximo 1 página) . Para além do email, os contactos são: Rita de Oliveira Correia (Centro de Estudos Comparatistas), Faculdade de Letras de Lisboa -Cidade Universitária - 1600 – 214 Lisboa, telefone 217920085 e fax 217960063. A organização pertence a Mário Jorge Torres (Universidade de Lisboa).
No colóquio, haverá duas conferências plenárias, por especialistas estrangeiros (Robert Stam, da Tisch School of Arts, New York University, e Marc Cerisuelo, da Université de Paris VII, Denis Diderot ), duas mesas-redondas com especialistas portugueses (a primeira com professores que ensinam cadeiras de Cinema em universidades portuguesas e a segunda com cineastas) e sessões com comunicações livres (mediante call for papers e selecção prévia das propostas submetidas à apreciação).
TRÊS HORAS E MEIA DE CONSUMO DIÁRIO DE TELEVISÃO
Em 2006 e em média, cada português viu 3:30:05 de televisão por dia (dados da Marktest Audimetria/MediaMonitor), menos 2 minutos e 4 segundos que o ano anterior.
Dezembro foi o mês de maior consumo de televisão e Maio o menor.
As variáveis que mais influenciam o consumo de televisão são idade e situação no lar. Os maiores consumidores são: por região, os residentes no Grande Porto, com 3:45:11; por classe social, os indivíduos da classe baixa, com 4:20:09; por sexo, as mulheres, com 3:47:48; por idade, os indivíduos com mais de 64 anos, com 4:57:25; por situação no lar, as donas de casa, com 4:10:05.
Ao invés, os jovens e os indivíduos das classes alta e média alta apresentam menores índices de audiência de televisão.
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
HISTÓRIA DO JORNALISMO NOS ANOS 60
Fernando Correia e Carla Baptista. Jornalistas: do ofício à profissão. Mudanças no jornalismo português (1956-1968) - livro da Editorial Caminho a ser lançado em Março
Hoje, decorreu mais uma sessão do II Seminário de de Cultura de Massas em Portugal no Século XX, na Universidade Nova de Lisboa, falando Carla Baptista e Fernando Correia sobre Os anos sessenta como um período de viragem no jornalismo escrito português.
Como eu previa, foi uma belíssima sessão. Trabalho já concluído e pronto a publicar em Março próximo, com o título Jornalistas: do ofício à profissão. Mudanças no jornalismo português (1956-1968), editado pela Caminho, os autores apresentaram alguns dos seus pontos essenciais.
Factores tecnológicos, históricos e dentro do próprio campo mediático foram assuntos desenvolvidos. Por exemplo, a máquina de escrever entrou na redacção do Diário Ilustrado em 1956, vulgarizando-se apenas na década posterior. Até aos anos 50, os telegramas das agências eram distribuídos por estafeta, aparecendo depois o telex, mas funcionando apenas num sentido, o da agência noticiosa para os jornais. O fax e o gravador portátil (ainda muito pesado) surgem também no período estudado. E é também nessa época que os jornalistas passam a deslocar-se de viatura para alguns serviços de exterior, aproveitando as furgonetas que faziam o trabalho de envio de jornais.
A razão das balizas históricas do trabalho a publicar explicam-se rapidamente. 1956 é o ano de arranque do Diário Ilustrado [que eu fiz uma mais que curta alusão no passado dia 10 aqui] , diário precursor de um conjunto de renovações: redacção jovem, com habilitações literárias a nível da licenciatura, novo modelo empresarial apostando no outsourcing (a impressão era feita na tipografia do jornal O Século), meios tecnológicos (máquina de escrever para todos os jornalistas), corpo de fotógrafos (Eduardo Gageiro começaria ali a sua frutuosa carreira) e arranjo gráfico cuidado e inovador. Para completar as mudanças, faltaria ao Diário Ilustrado admitir mulheres na sua redacção.
Já 1968 é o ano da mudança de primeiro-ministro, com a subida de Marcello Caetano ao poder e a esperança de alteração de regime político, que ficaria por fazer. Nos anos subsequentes - e o trabalho recente de Ana Cabrera (Marcello Caetano: poder e imprensa) ilustra isso - ocorreriam profundas alterações no campo jornalístico: lei da imprensa de 1972, mudança da tipografia de chumbo a quente para o offset no Diário de Lisboa em 1971, compra de jornais por empresas capitalistas.
A entrada da televisão (1957) e a criação do jornalismo radiofónico, enquanto nascia a concorrência entre jornais, marcam ainda a história dos jornais, caso dos de Lisboa. Fernando Correia e Carla Baptista estudaram em especial os vespertinos (Diário Ilustrado, Diário de Lisboa, Diário Popular, A Capital), jornais onde se verificariam maiores alterações. E estabeleceram uma geografia bem precisa do negócio do jornalismo, o Bairro Alto, espaço que significa convívio, debate de interesses, identidade profissional dos jornalistas. Num tempo em que os tipógrafos tinham muita força enquanto classe laborial e a censura existia de modo pesado. Aliás, os Serviços de Censura funcionavam perto (no actual Solar do Vinho do Porto), o que "facilitava" a deslocação de provas entre jornal e entidade censória. Os jornais empregavam contínuos para fazerem essas "entregas" de modo rápido. Um deles chamava-se Carlos Lopes, mais tarde conhecido mundialmente como campeão de atletismo.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
AINDA SOBRE O WRESTLING (TEXTO MEU)
- "Batista, Cena, King Booker, Under taker… Dizer estes nomes ou falar chinês com alguns pais será quase o mesmo, mas os mais novos sabem quem são todos estes heróis das lutas “a fingir”, assim como todos os golpes do Wrestling.Basta ir a uma escola na hora do intervalo e é ver os meninos ou a tentar imitá-los, ou a jogar com os bonecos. A violência está na televisão, está nos recreios, e também nas salas de aula. A culpa não é só da televisão, é acima de tudo da educação, do que as crianças aprendem em casa e sobretudo do que não aprendem por falta de tempo dos pais".
JORNALISMO PORTUGUÊS NOS ANOS SESSENTA
O tema é Os anos sessenta como um período de viragem no jornalismo escrito português e os autores são Carla Baptista e Fernando Correia. Os dois investigadores estão a concluir um estudo alargado sobre este tema, tendo já publicado alguns artigos.
Carla Baptista é docente na Universidade Nova de Lisboa e Fernando Correia desempenha funções como docente na Universidade Lusófona, além de chefe de redacção das revistas Vértice e Jornalismo e Jornalistas e autor de livros sobre jornalismo.
Recomendo vivamente a presença nesta sessão do seminário, pelo trabalho já desenvolvido pelos autores. A entrada é livre.
MUDANÇAS NO PÚBLICO
Desejo boa sorte ao António, nesta sua nova função no jornal!
PÚBLICOS DE CINEMA
Dividindo os públicos de cinema em três categorias - assíduos, regulares e ocasionais (p. 40) -, o autor francês regista duas localizações cinéfilas: 1) afastada, constituida pelos festivais, um tempo de encontro e de temática (filme fantástico, curtas-metragens, policial), que remete para um tipo de sociabilidade, e 2) ultra-proximidade, a do cinema em casa (com o DVD) e que remete para outro tipo de sociabilidade [nos seus textos, o Observatório de Actividades Culturais, de Maria de Lurdes Lima dos Santos, chamaria, respectivamente, prática cultura de saída e doméstica]. O cinéfilo reconhece especialmente os actores cuja carreira no ecrã coincide com o período de frequência mais intensa nas salas de cinema, entre os 18 e 35 anos (p. 109).
O capítulo mais interessante deste livro é, para mim, o que trata do cinema na cidade, em especial a sua arquitectura e sociologia de públicos (pp. 28-41). Diz Ethis que a história social do cinema é inseparável da construção, transformação e desaparecimento de salas de cinema.
Inicialmente, quando o cinema era espectáculo de feira e de saltimbancos, falava-se alto durante a projecção, mudava-se de lugar e aplaudiam-se cenas. Depois, para garantir o sucesso do novo cinema, a sala passou a ter uma arquitectura institucional - semelhante à da câmara municipal, teatro, escola, biblioteca, estádio ou, hoje, o centro comercial - e os seus responsáveis trataram de "educar" os públicos, significando códigos sociais mínimos. O neoclassicismo de alguns cinemas (fachada, interior) alargou-se a outros estilos (art deco, modernismo). É aquilo a que Emmanuel Ethis designa por cine-palácios. Estou a pensar em alguns cinemas portugueses, como o Éden e o S. Jorge em Lisboa e o Coliseu no Porto. Então, ir ao cinema representava, para os seus públicos, prestígio que se aproximava do teatro ou da ópera.
Já os anos de 1970 marcariam nova alteração. As profundas transformações urbanas, através do desenvolvimento sistemático dos arredores das grandes cidades e da chegada de novos habitantes, trouxeram também os promotores das indústrias culturais. Dentro dos centros comerciais implantar-se-iam salas multiplexes, com várias salas num só sítio oferecendo vários filmes. Em Portugal, o ano de 1985 seria marcante (adesão à então CEE, no final do ano, primeiro hipermercado Continente, centro comercial das Amoreiras, começo do alargamento do conceito de auto-estrada). Ao mesmo tempo, instalava-se a ideia de "cinema permanente", com sessões contínuas. Era um rude golpe nos cine-palácios e, também, em cinemas de bairro e em associações como os cineclubes, cujos públicos se constituiam em torno do "cinema de arte". Isto sem falar na concorrência da televisão, a partir da massificação nos anos 1970 (em Portugal, mais precisamente em 1977, há trinta anos, a novela Gabriela prendia a atenção do país inteiro).
Ethis chama a atenção para um pormenor interessante. No tempo do cine-palácio, circulava normalmente uma só cópia de um filme. Este apresentava-se em regime de exclusividade durante duas a três semanas, após o que ia para salas mais distantes do centro urbano, numa espécie de segunda exclusividade. Num terceiro tempo, as pequenas salas de bairro e das outras cidades recebiam o filme. Da exclusividade à distribuição poderia decorrer um grande período de tempo. Havia uma relação - quanto maior o sucesso do filme, mais tarde chegava às salas das pequenas salas e com a cópia muito estragada pelo número de exibições feitas.
Para acabar, destaque para a análise que Ethis faz às estrelas de cinema, as quais já ocuparam outro importante sociólogo francês, Edgar Morin. Cada geração possui um repertório de estrelas, diz Ethis (p. 83). Instrumento de base instituido pelo cinema americano desde 1910, a estrela ocupa um lugar central em muitas outras cinematografias nacionais. A estrela interessa particularmente à sociologia do cinema, dado que toca múltiplos aspectos sociais constitutivos do objecto cinematográfico.
A estrela transporta uma aura mágica, que dá a ilusão que ela chegou a uma posição determinada porque foi eleita. Deste modo, a estrela está, simultaneamente, longe do fã que a idolatra, devido ao seu estatuto, mas mais próximo deste do que qualquer outro actor. Podemos, assim, concluir que o modo de existência da estrela é um discurso estético e social, acrescenta Ethis, que nos encaminha para a compreensão do estatuto do fã. A mitologia das estrelas situa-se numa zona mista e confusa, entre crença e divertimento.
Emmanuel Ethis dirige o departamento de Ciências da Informação e da Comunicação da Universidade de Avignon
domingo, 21 de janeiro de 2007
O TRABALHO DO PROVEDOR DO LEITOR
- Diário de Notícias de hoje, pág. 41 (jornalista Susana Pinheiro): Acha que o provedor pode ser a ponte entre o leitor e o jornal?
Joaquim Fidalgo: Acho que o provedor de leitor pode ser um dos elementos. Na tese comecei pelo provedor, mas a partir do provedor estudei sobretudo as questões da auto-regulação inscritas na lógica da prestação de contas que, por sua vez, se inscrevem na lógica da responsabilidade dos jornalistas que se inscreve no sentido ético dessa profissão.
WRESTLING
O jornal Público dedica quase duas páginas da edição de hoje ao tema. Imitando Batista e outros, as crianças agarram os amigos pelo pescoço e atiram-nas ao ar ou ao chão. Ou saltam em cima delas.
Há uma forte ligação entre televisão, videojogos e espectáculos - em Portugal, está já montada toda a cadeia de valor de uma indústria cultural. E com fortes influências na saúde dos seus fãs. Por verem na televisão, nos videojogos e nas performances das estrelas da luta em espectáculos ao vivo, as crianças acreditam que têm capacidade de imitar os heróis. Podendo, facilmente ir parar ao hospital, como já alertam a Associação para a promoção da Segurança Infantil e a Associação dos Consumidores dos Media, diz o artigo da jornalista Bárbara Wong.
PORTUGAL, ÂNIMO
Portugal precisa de ânimo.
O relatório "Observador Cetelem 2007" sobre consumo em doze país da Europa não traça um quadro optimista de Portugal (hoje no El Mundo, jornal de Madrid). O indicador de ânimo é mesmo um desânimo, o que significa que os discursos optimistas dos governantes embatem na descrença dos seus concidadãos.
O Reino Unido está no oposto. Em 2006, os ingleses foram os que mais viajaram e compraram electrodomésticos e viaturas, enquanto nos próximos meses 45% têm intenção de amealhar dinheiro e 54% acreditam que irão consumir mais. O fascínio pela internet é também o maior da Europa: metade pensa adquirir produtos pela internet, com 16% a comprarem alimentos por esse meio. Até 2010, o Reino Unido espera crescer 2,1% ao ano.
LAZER, CULTURA E TEMPOS LIVRES A SUL DE LISBOA
Na passada quarta-feira (17 de Janeiro), o Diário de Notícias publicou um caderno a que chamou "Especial Cidades". Retiro informações de duas dessas páginas, dedicadas a "Depois do trabalho. Lazer a sul com um pé em Lisboa", assinadas por Marina Almeida.
Primeiro, são duas páginas de bom gosto estético, com belas fotografias de Nuno Fox e Diana Quintela. Depois, os textos, curtos, identificam perspectivas diferentes (espaços culturais, grandes superfícies de consumo, projecto específico cultural) a seguir a um texto de enquadramento (sociológico e político). Terceira ideia: apesar de haver já uma oferta nos concelhos na margem sul do Tejo face a Lisboa, a população mais exigente ainda precisam de vir à capital para consumir cultura (teatro, cinema, exposições).
Quarto, e mais importante, é o nomear dos principais espaços de cultura, lazer e consumo, dentro de uma perspectiva impressionista que é a do jornalismo, orientado para informação das grandes massas. Assim, Marina Almeida realça as seguintes actividades: Ilustrarte (Barreiro), Festival Internacional de Teatro de Almada (já na 24ª edição), Festival Internacional de Percussão, Música e Dança Portugal a Rufar, Seixal Jazz (bianual) [ou será bienal?], Festival de Música Antiga dos Capuchos e Festival de Cinema de Tróia (Festróia).
No espaço dedicado à Ilustrarte (Bienal Internacional de Ilustração para a Infância), fica-se a saber que começou em 2003, da mão de dois químicos (Eduardo Filipe e Ju Godinho) e com apoio da Câmara Municipal do Barreiro, contando, actualmente, com a presença dos melhores ilustradores a nível mundial, criando "uma pequena legião de seguidores". A jornalista refere a existência de 80 associações de cultura, recreio e desporto, só no Seixal, algumas delas centenárias como a Sociedade Filarmónica União Seixalense.
Como quinto ponto do "Especial Cidades" quanto a cultura, destaque para a existência das grandes superfícies (hipermercados e centros comerciais), com atenção focada no Almada Fórum, de mais de 74 mil metros quadrados, 280 lojas e 700 mil potenciais clientes e consumidores. Aqui, a FNAC e o Continente são as lojas de maior volume de vendas. Mas há ainda espaço para o recente Rio Sul Shopping e o Freeport de Alcochete, o que significa uma mudança radical nos hábitos de consumo e permanência das populações situadas do outro lado do rio.
sábado, 20 de janeiro de 2007
JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
Antigo director da RTP e director-adjunto do Expresso e actualmente presidente do Observatório de Imprensa, assim como autor de conhecidos e bem feitos livros-álbum sobre a história contemporânea portuguesa, Joaquim Vieira publica o resultado de curso sobre jornalismo contemporâneo realizado no Centro de História Contemporânea e Relações Internacionais (CHRIS).
A obra será apresentada por Vanda de Sousa (Universidade Independente).
ARTIGOS DE REVISTA
- O que nos interessa, neste artigo, é evidenciar as experiências vividas pelos jovens moradores da comunidade da Candelária, no complexo de favelas da Mangueira, e a relação com o espaço de habitação, seu significado e a "força do lugar" no cotidiano vivido, face às ordenações tecnológicas contemporâneas e à compressão tempo-espaço. Para isso, faremos uma breve digressão histórica para a contextualização da gênese urbanística da comunidade da Candelária, bem como estabeleceremos uma discussão conceitual sobre lugar e comunidade. Por fim, apresentaremos uma reflexão sobre o uso de tecnologias digitais.
BABEL
Claro, a história é muito mais complexa do que isto, mas o importante é fixarmo-nos nalguns pormenores. Por um lado, a reflexão sobre o desenvolvimento das sociedades. Em Marrocos, vive-se ainda pela sobrevivência. Adolescentes guardadores de cabras experimentam os ritos de passagem: a puberdade e a manifestação das pulsões sexuais aliam-se à procura de afirmação e reconhecimento de força física inerente aos adultos que o uso correcto da espingarda poderá proporcional. E, ao mesmo tempo, o modo honrado como o guia recolheu a mulher americana ferida e o marido e recusou uma recompensa monetária traz-nos a um universo são em que os valores morais e espirituais ainda prevalecem.
O mesmo americano mostra a sua violência em país estrangeiro, pela demora em ver a sua mulher ser socorrida. Quase ao mesmo tempo, os seus pequenos filhos estão presentes em cenas de violência perpetradas por concidadãos seus a mexicanos que entram na fronteira. O imperialismo americano está presente neste contraste. Uma outra imagem de comparação que me ficou (dentro da ideia de imperialismo) é o uso da força e da violência da polícia. Um país menos desenvolvido (Marrocos) e um país desenvolvido (Estados Unidos) têm a mesma estrutura mental de polícia: perseguir, violentar, resolver rapidamente mesmo que independentemente dos danos colaterais. Mas as vítimas são os cidadãos dos países menos desenvolvidos: em casa ou na fronteira do seu país.
As histórias sobre o Japão mostram outra violência, a das palavras, das imagens e do silêncio. Talvez sejam as mais perturbadoras e, em simultâneo, as mais ternas. A sexualidade está patente de uma forma mais cruel que nas cenas entre marroquinos e entre mexicanos (nível mais perto da normalidade, se assim se pode chamar). No retrato que Alejandro González faz do Japão, nota-se uma grande decadência de costumes, em que a uma sociedade de abundância corresponde uma grande falta de afectos. A principal história no Japão também anda em torno da puberdade e do relacionamento com o Outro (sexual), com a procura de aceitação da diferença (reconhecimento, entre os rapazes, da condição de surda-muda da rapariga).
Apesar da desigualdade no olhar os vários países desta Babel - não em edifício onde os homens falam as línguas mais estranhas mas a nível planetário -, há um olhar moderno: as televisões, os helicópteros e, em especial, o belíssimo travelling do plano final, lembrando as elegantes naves do filme Guerra das Estrelas ou os filmes de Wim Wenders. E o corte som-silêncio quando a rapariga surda-muda entra numa discoteca. O silêncio num momento de grande ruído mostra o quanto diferente é o mundo interior e o mundo exterior, em que a pele do indivíduo guarda uma fronteira quase tão igual à fronteira física entre países.
A Babel é, pois, um filme sobre as diferenças e as fronteiras que se estabelecem entre os homens e dentro do indivíduo, quando o corpo humano começa a crescer dentro de si - a passagem do estado de criança para o de adulto.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
COMENTÁRIO DO PROVEDOR DO LEITOR DO PÚBLICO E NOTA DA DIRECÇÃO DO JORNAL SOBRE O CASO DE PLÁGIO
- Caro Rogério Santos,
Permita-me contestar esta sua afirmação:
"(...) ao publicar as trocas de email com a jornalista acusada de plágio, acho que deu passos além do razoável (coluna de anteontem)."
FACTOS
1- A troca de e-mails foi divulgada, inicialmente, pela jornalista (11/01/2007) e não pelo Provedor do Leitor do PÚBLICO.
Clara Barata transmitiu essa correspondência à Direcção do PÚBLICO, Conselho de Redacção e Provedor.
"2- A Direcção do jornal divulgou - pouco depois - esse mesmo documento da jornalista no site do jornal - http://blogs.publico.pt/provedor/ <http://blogs.publico.pt/provedor/> - antes de o provedor publicar a sua crónica."
3- O provedor só publicou a sua crónica no dia 14...
Acho que lhe devia esta explicação.
Melhores cumprimentos,
Rui Araújo
Provedor do Leitor do PÚBLICO
Lê-se ainda: "Neste caso particular, a Direcção considera que a jornalista Clara Barata errou ainda ao utilizar como fonte a Wikipedia. Esta enciclopédia online, apesar da qualidade de muitas das suas entradas, não pode ser usada como fonte devido a dois factores:
- é possível a qualquer pessoa alterar o seu conteúdo e há, por essa razão, o risco de colher uma citação após uma alteração incompetente, um acto de vandalismo ou uma brincadeira de um dos seus autores.
- os autores da Wikipedia são anónimos, não sendo por isso possível avaliar a sua idoneidade, independência ou competência.
A Wikipedia pode ser usada como ferramenta de pesquisa de informação pelos jornalistas (como directório ou apontador), mas apenas porque cita outras fontes, muitas delas idóneas, que podem ser consultadas directamente".
Sobre o provedor, "A Direcção não se pronuncia por princípio sobre a actuação do Provedor em exercício. A Direcção sempre considerou e continua a considerar que esta posição é a única que permite um livre exercício da magistratura do Provedor e considera essa liberdade de acção essencial à independência de que se deve revestir o seu trabalho".
Sobre a jornalista: "A Direcção discutiu o levantamento de um processo disciplinar à jornalista Clara Barata e decidiu não o fazer".
Como procedimento futuro, "Nos próximos dias serão dados a conhecer e submetidos a discussão da Redacção, e dos seus representantes no Conselho de Redacção, princípios e procedimentos mais claros nestes domínios. Esses princípios e procedimentos, uma vez adoptados, passarão a ser considerados parte integrante do Livro de Estilo do PÚBLICO".
DESAPARECIMENTO
Freelance é um blogue de jornalismo independente dirigido por Olavo Aragão (olavo.aragao@hotmail.com). Na sua edição de hoje, Olavo Aragão dá conta do desaparecimento de uma jornalista portuguesa no Líbano.
Trata-se de Rute Monteiro, residindo há alguns anos no Brasil (no estado de Mato Grosso do Sul) e sequestrada no Líbano em Outubro do ano passado.
Escreve o blogueiro-jornalista: «Junto com a declaração dos sequestradores, várias fontes referiram aexistência de uma fita de vídeo mostrando a jornalista portuguesa com outros dois jornalistas italianos e afirmava ainda que "estavam os três a ser bem tratados» e de «boa saúde». Estranhamente, o caso raramente mereceu atenção dos media e dos governos envolvidos, nomeadamente o português".
: ) : ) : )
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
HOJE, O BLOGUE ATINGIU 400 MIL VISITANTES!
Muito obrigado a todos os que procuram e lêem o Indústrias.
O QUE SIGNIFICA CONVERGÊNCIA PARA OS MEDIA EM MANCHESTER
Se a palavra convergência descreve normalmente um conjunto de projectos e operações, ela adquiriu um estatuto especial em Manchester, escreve Oliver Luft (http://www.journalism.co.uk/). Luft ouviu Ian Wood, editor-assistente do Manchester Evening News (MEN), e que representa um conjunto de media que servem a Grande Manchester (canal televisivo M, portal Manchesteronline, rádio local, 23 semanários e respectivas páginas de internet). Esta cidade e toda a região estão a experimentar o conceito completo de convergência em termos de jornalismo.
Assim, em vez dos jornalistas daqueles meios irem atrás das notícias do dia (breaking news), dão ênfase às notícias próprias, pensando em como elas podem servir o grupo todo – leia-se: os diferentes media impressos, audiovisuais e on-line. O que significa usar inteligentemente os materiais informativos e adaptá-los à especificidade de cada meio. Ian Wood adianta que é importante não esquecer nenhum aspecto dos media, pelo que considera ser errado dizer-se que os media impressos estão mortos. A imprensa é um elemento vital na estratégia da convergência.
A notícia completa de Oliver Luft pode ser lida aqui.
WEB 2.0 EM DISCUSSÃO NO PROGRAMA TELEVISIVO DO CLUBE DE JORNALISTAS
[ler também Mas certamente que sim!, de Paulo Querido]
ESTUDO DE CINEMA DA MARKTEST
Retiro da newsletter da Marktest (16 de Janeiro) a seguinte informação:
- CAEM recomenda Bareme Cinema
Em Dezembro último, a CAEM decidiu recomendar o estudo Bareme Cinema, da Marktest, como estudo de referência para o meio cinema.
O Conselho Técnico Consultivo do Grupo Cinema da CAEM, que analisou o projecto de estudo de audiências de cinema apresentado pela Marktest após solicitação dos dois principais operadores do mercado, decidiu recomendar este estudo como "o único estudo que fornece a informação indispensável à análise de audiências pelo mercado, de acordo com as exigências e potencial deste mesmo mercado.
A análise contemplou aspectos relevantes deste tipo de estudos, nomeadamente os objectivos, opções metodológicas, questionário, indicadores e informação a disponibilizar, apresentação da informação e utilização do software Marksel.
Perante estes dados, o Conselho Técnico Consultivo do Grupo Cinema considera que o presente estudo seja considerado como estudo de referência para o mercado já que tem em conta os consensos técnicos e financeiros gerados em torno do desenvolvimento do mesmo, sendo portanto uma decisão convencionada pelo mercado utilizador representado na CAEM".
O Bareme Cinema é um estudo de audiências para o meio Cinema em Portugal Continental, que permite analisar este meio em 3 grandes vertentes:
- A caracterização do comportamento da população Portuguesa face ao meio Cinema.
- A publicação de audiências por cinemas/complexos.
- O planeamento publicitário em cinemas/complexos/circuitos/redes dos operadores.
MARKETING DE GUERRILHA EM FESTIVAL
O objectivo deste projecto - continua a notícia - é divulgar novos formatos de comunicação como o marketing viral e de guerrilha, os quais servem para promover produtos.
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
CLUBE DE JORNALISTAS
INDÚSTRIA LIVREIRA
Uma das editoras consultadas pela revista, a Verbo, aposta nos planos de desenvolvimento de produtos a longo prazo, caso das enciclopédias e dicionários. Outra editora, Centro Atlântico, refere a importância dos canais de comercialização (tradicionais e on-line). Livros técnicos (saúde, por exemplo) representam uma saída distinta de algumas editoras.
Novos modos de ler (audiobook e ebook) e publicação de novos autores são outros elementos a destacar. Falta, para completar o dossiê, a análise ao resto da cadeia de valor, da distribuição às livrarias (e aos jornais, críticos e prémios). Hoje, há dados novos sobre as livrarias, cujo processo de concentração tem conhecido muita dinâmica.
BLOGUE JORNALISMO E COMUNICAÇÃO REGRESSOU
Mais cedo do que eu pensava, o blogue Jornalismo e Comunicação voltou com mensagens nas áreas de reflexão que nos habituaram (novo endereço: http://mediascopio.wordpress.com/). Assumindo-se como blogue colectivo do Projecto Mediascópio (CECS - UMinho), projecto de investigação do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho incluído na linha de investigação Media e Jornalismo, tem os seguintes investigadores como colaboradores: Manuel Pinto, Helena Sousa, Luis António Santos, Joaquim Fidalgo, Felisbela Lopes, Madalena Oliveira, Sara Moutinho, Daniela Bertocchi e Sérgio Denicoli.
Bem-vindos, de novo, à blogosfera!
PERGUNTA
A MORTE DA FILOSOFIA E A TLEBS
O desaparecimento da Filosofia como disciplina obrigatória tem-se dado em detrimento, por exemplo, das TIC, disciplina mais fácil para os alunos, pois, em muitos casos, sabem mais que o docente. Isto leva-os a escolher esta disciplina pelas vantagens daí advindas, e porque o discurso da empregabilidade se adapta melhor (ouve-se dizer que as tecnologias da informação dão emprego mas que ninguém quer empregar um filósofo; isso é coisa desprovida de bom senso, pois todo o mundo usa, mais tarde ou mais cedo, um computador e os progamas a ele associado, e os países mais ricos são os que desenvolvem competências críticas, lêem jornais, formam associações cívicas).
Ao invés do desaparecimento lento (e infeliz) da Filosofia, o movimento contra a TLEBS está a ter sucesso. TLEBS é o acrónimo de uma infeliz decisão de pôr crianças a aprender um novo tipo de gramática portuguesa, ainda em regime experimental. O movimento das petições - corrente que se está a servir exemplarmente da internet para criar redes e, assim, fazer ouvir as suas pretensões - já reuniu mais de 4452 assinaturas e levou a que a TVI passasse, nos noticiários de ontem, o conteúdo da petição, liderada pelo arquitecto José Claro Nunes. Hoje, de manhã, pela rádio, ouvi dizer que a edição dos manuais com a infeliz TLEBS estavam suspensos, o que é uma (primeira) medida acertada.
Para a mobilização em defesa da Filosofia ir-se-á realizar em Março, em data a anunciar, um encontro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Passe a palavra.
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
A ESCALADA DE VIOLÊNCIA DOS PROVEDORES
O provedor do Público "inventou" um sistema perigoso, a tocar a estrutura do julgamento popular. Claro que tem razão no que vem escrevendo, mas, ao publicar as trocas de email com a jornalista acusada de plágio, acho que deu passos além do razoável (coluna de anteontem). A jornalista ao responder "E porque raio haviam de estar colocadas entre aspas, pergunto eu" corria o risco de ser citada no jornal. Mas, da parte do provedor, poderia ter havido alguma reserva de resguardo da privacidade daquela. Assim, esta fica numa posição ainda menos defensável que a da semana passada.
Não há qualquer delicadeza da parte do provedor, mesmo quando escreve: "a honestidade e a humildade só nos enobrecem". E a escalada no tom de apreciação do trabalho jornalístico pode ter repercussões negativas no próprio trabalho jornalístico. Estou a pensar no modo filosófico de anteriores provedores; se Mário Mesquita ou Estrela Serrano sairam eventualmente "distanciados" de alguns elementos da redacção do jornal do qual eram provedores, fizeram sempre análises discretas sobre o modo como se relacionaram com os jornalistas, mas com um sucesso superior junto dos leitores. É a minha leitura. O modo agora usado é mais brutal.
MANUEL, QUANDO VOLTA O BLOGUE?
Manuel Pinto, o blogue em que escreves, com um conjunto de professores e investigadores da Universidade do Minho, é um espaço imprescindível. Os leitores querem ler os teus textos e dos teus colegas.
Só vejo duas hipóteses - para além da resolução técnica da Blogger. Migrar para outro espaço de blogues, com publicitação de blogues nacionais a darem conta da mudança de endereço (e porque não os media tradicionais também a informarem um possível novo endereço?). Ou arranjar espaço em blogues que estão a funcionar, até à resolução do problema. O Indústrias Culturais - se não for afectado por avaria semelhante - pode abrigar os textos que, decerto, tens para publicar.
A CONTINUAÇÃO DO SILÊNCIO É QUE NÃO QUEREMOS!
UMA MEMÓRIA DO CAFÉ MARTINHO
Carlos Barroco Esperança (2006). Pedras soltas. Memórias perdidas... e achadas. Lisboa: Marktest, pp. 118-119
ESTUDOS DE GÉNERO E MEDIA
A nova secção - que pretende agrupar académicos que estudem o tema, envolvendo a prática profissional e o trabalho comparativo - irá relacionar os estudos de género com a investigação sobre os media, em especial a etnicidade, políticas de identidade, indústria dos media, estudos feministas, cultura popular e teoria pós-estruturalista.
Caso queira informações suplementares, por favor contacte: sofie.vanbauwel@ugent.be.
A ECREA é uma associação que resultou da fusão de duas associações anteriores - ECA (European Communication Association) e ECCR (European Consortium for Communications Research) -, ocorrida em 25 de Novembro de 2005.
SANTIAGO DO CACÉM
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
100 MIL VISITANTES
JORNAIS DIÁRIOS PORTUGUESES DO SÉCULO XX
20 ANOS DE ANTENA MIRÓBRIGA RÁDIO
A emitir em 102,7 MHz desde o começo, a AMR pode também ser ouvida a partir daqui. Segundo dados da Marktest, a AMR é uma estação com muito boa audiência à escala do Alentejo. O blogueiro, colaborador da AMR durante o ano transacto, deseja as maiores felicidades aos corpos gerentes e aos colaboradores da rádio que asseguram diariamente a boa qualidade de emissão.
As imagens mostram o presidente da Assembleia-Geral (José Catarino) e da Direcção (Ferrer de Carvalho, este em vídeo) e duas antigas grelhas de programas.