Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
ESTUDOS COMPARADOS (2)
Dois livros que merecem ser comparados: os livros editados pela RTP e TVE (Espanha) aquando dos cinquenta anos de actividade da televisão pública nos dois países ibéricos, o português editado recentemente e o espanhol em 2006. Nas duas televisões há marcas comuns: o nascimento da televisão sob ditaduras políticas, o período de ouro da paleo-televisão (sem concorrência) e a conquista das audiências pelos canais privados.
Lê-se no prólogo do livro escrito por Lorenzo Días: "A TVE, juntamente com a RAI e a BBC, é uma das melhores televisões da Europa. [...] A Espanha, graças à Constituição de 1978, colocou-se num lugar de vanguarda entre as grandes potências mundiais. A televisão foi a chave nesta perestroika da sociedade espanhola: fez-nos europeus e à Espanha profunda aplicou um pesado lifting. Se a rádio foi o nosso parque de emoções, a televisão foi o parque de atracções. O século de ouro da nossa televisão foi o compreendido entre 1962 e 1975, quando brilharam os guionistas de luxo".
A televisão espanhola arrancava em 28 de Outubro de 1956, eram 18:15 de domingo, a partir de uma moradia no Paseo de la Habana. Então, em Madrid e nos seus arredores estimava-se haver 600 receptores de televisão. Depois, a venda de televisores disparou em 1960, para ver um casamento real (o dos reis da Bélgica, Fabiola e Balduino), então designado o casamento do século - nas décadas seguintes haveria outros casamentos do século. A informação era controlada pela censura, sem espaço para o jornalismo de análise, estava-se no tempo dos diários tele-falados (1956-1959), em que se realçava a informação vinda da terceira página do diário ABC.
Também em 1956, em Setembro, e num perímetro reduzido à volta da Feira Popular em Lisboa, faziam-se emissões experimentais. O primeiro serviço de notícias e actualidades foi a Revista Mundial. No dia da estreia, apresentou-se um documentário francês e diversos assuntos como o lançamento de um submarino à água, uma peregrinação a Lourdes, aspectos da guerra da Argélia, o funeral do cardeal católico inglês, uma reportagem sobre a visita dos representantes dos jornais e rádios à instalações de televisão na Feira.
Depois, 7 de Março de 1957 era a data oficial das emissões da RTP, já abrangendo as áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto (livro de Vaco Hogan Teves; texto condensado de Alexandre Honrado). No mês anterior, a visita da rainha inglesa Isabel II (ainda hoje no poder!) foi uma espécie de prova de fogo da televisão pública nacional. Nessa e nas páginas seguintes pouco se sabe em que condições eram transmitidas as notícias, qual a liberdade de intervenção dos jornalistas. E o autor também não diz que a RTP era das maiores televisões da Europa, como o faz o seu colega espanhol. Apenas se fica a saber que, em 1957, não havia Telejornal mas uma secção de Cinema e Noticiários a trabalhar para um Jornal de Actualidades. Não havia imagens; quando muito, imagens fixas.
Leituras: Vasco Hogan Teves (2007). RTP, 50 anos de história. Lisboa: Rádio e Televisão de Portugal, 431 páginas
Lorenzo Días (2006). 50 anos de TVE. Madrid: Alianza Editorial, 414 páginas
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
GULBENKIAN EM DOIS LIVROS
Foi hoje ao fim da tarde lançado o livro em dois volumes Fundação Calouste Gulbenkian. Cinquenta anos, 1956-2006. No vídeo, o professor António Barreto apresenta os volumes que coordenou.
Com 880 páginas, o livro conta com os seguintes autores (e capítulos): António Barreto (A Fundação Gulbenkian e a sociedade portuguesa), José Medeiros Ferreira (A instituição), (Imagens), António Correia de Campos e Jorge Simões (Caridade), António Pinto Ribeiro (Arte), António Nóvoa e Jorge Ramos do Ó (Educação), Jorge C. G. Calado (Ciência), Kenneth Maxwell (Internacional), (Imagens), João Confraria (Património), (Cronologia).
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN EM LIVRO
LIVRO DE JOSÉ AFONSO FURTADO
Do livro de José Afonso Furtado - O papel e o pixel. Do impresso ao digital: continuidades e transformações - já aqui escrevi longamente, aquando da sua edição brasileira.
Agora, com a chancela da Ariadne (Lisboa) foi feita uma nova edição. O seu lançamento foi ontem na Casa Fernando Pessoa (Lisboa). O professor João Caraça fez a apresentação (ver vídeo).
Recupero o que escrevi em 18 de Março do ano passado:
- do mesmo modo que se fala na substituição do cinema pelo vídeo, também se fala no desaparecimento do livro e emergência de suportes digitais. A internet, diz Furtado traduz-se no surgimento de novas formas de escrita, edição, distribuição e leitura, mas também de editores electrónicos, livrarias virtuais, obras hipertextuais e dispositivos de leitura de livros electrónicos. Furtado chama a atenção para uma ecologia que evita a oposição simplista entre impresso e digital, pois a passagem da cultura do livro em papel para o digital não é a morte de uma por outra mas antes uma transição, existe mais compromisso que ruptura. E apela à distinção produzida por Martin-Barbero entre palimpsesto e hipertexto: aquele põe-nos em contacto com a memória e a pluralidade dos tempos que acumulam os textos, este remete para a enciclopédia e para a intertextualidade. O que nos conduz para a aceitação de três modos diferentes de inscrição e transmissão dos textos: manuscrito, impresso e electrónico.
LIVRO DE PAULO TAVARES
SEMINÁRIOS DE LITERACIA DOS MEDIA EM FARO
Realizam-se, no próximo dia 6 de Dezembro, no Anfiteatro 0.5 do Complexo Pedagógico do Campus da Penha (Universidade do Algarve, Faro), dois seminários com o tema comum de Literacia dos Media organizados pelo CICCOMA - Centro de Investigação em Ciências da Comunicação e Artes da Universidade do Algarve.
O primeiro, Ingmar Bergman's Scenes from a Marriage: Popular Culture in a High Art Context, terá lugar pelas 14:30, proferido pelo Prof. Erik Hedling (Universidade de Lund, Suécia).
O segundo, The biographic approach to the artistic languages of improvisation, que resulta de colaboração do CICCOMA com a Associação Grémio das Músicas, terá lugar pelas 16:00, proferido pelo músico e pedagogo de jazz Joe Morris, que actua e ensina em Nova Iorque.
Ambos os seminários destinam-se a investigadores e a alunos finalistas dos cursos da Universidade do Algarve nas áreas da Comunicação e das Artes, mas são abertos a toda a comunidade.
CONCERTO DOS BARBACUTE
O quinteto luso-italo-brasileiro Barbacute apresenta Você… dança?, um concerto-viagem com escalas na América do Norte e no ragtime de Scott Joplin, na América do Sul (chorinhos de Pixinguinha e Zequinha de Abreu, bachianas de Heitor Villa-Lobos, tangos de Astor Piazzolla) e passagens pela Europa do Leste e pela Klezmer, a música da diáspora judaica.
António Carrilho (flautas de bisel e direcção musical), Fausto Corneo (clarinete e clarinete baixo), Marcelo Fortuna (guitarra e cavaquinho), Edoardo Sbaffi (violoncelo) e Miguel Leiria Pereira (contrabaixo) constituem o quinteto. Que toca no CCB (Grande Auditório), no dia 2 de Dezembro pelas 17:00.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
COLÓQUIO SOBRE AUDIOLIVROS
No dia 29 (quinta-feira), pelas 18:30, o Goethe-Institut Portugal (Campo dos Mártires da Pátria, 37, em Lisboa) vai promover um colóquio sobre audiolivros, moderado por João Morales, director da revista Os Meus Livros.
O evento conta com a presença de representantes de duas editoras de audiolivros alemãs: Theresia Singer, gerente da Headroom Sound Production (Colónia) e Claudia Gehre, directora da Audio Verlag (Berlim), uma das maiores editoras de audiolivros e membro da Associação das Editoras Alemãs. A realidade nacional será exposta por Oriana Alves, da editora portuguesa de audiolivros A Boca.
A iniciativa pretende a troca de conhecimentos e a apresentação de modelos de excelência na área da criação de um programa editorial, análise de mercado e marketing. A conferência dirige-se a editoras, livrarias, bibliotecas, imprensa e todos os interessados na área.
O mercado de audiolivros está a ser uma história de sucesso: em 2006, um estudo da Media Control Gfk Internacional destacou uma subida de vendas de 20% comparativamente a 2005. A realidade alemã é prova disso, com cerca de 17 mil audiolivros e mais de 500 editoras activas no mercado. Os audiolivros mais vendidos atingem vendas comparáveis às dos livros impressos e da música.
Este colóquio - com entrada livre e tradução simultânea em português e alemão - é o primeiro passo de um projecto cujo ponto alto será um Verão Áudio no jardim do Goethe-Institut em Lisboa. Para recolher mais informações: mensing@lissabon.goethe.org.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
LISBOA COMO CAPITAL EUROPEIA DO SUL
Uma importante entrevista foi a publicada na edição do último sábado no jornal Expresso, de José Carlos Pinto Coelho, presidente da Confederação de Turismo de Portugal, e Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, a Nicolau Santos (caderno "Economia", p. 13).
Para os entrevistados, que abraçam um projecto de revitalização de Lisboa enquanto capital cosmopolita, "As cidades que estão na crista da onda na Europa são aquelas em que se regista uma participação muito empenhada dos moradores na sua melhoria. As pessoas que lá moram têm vaidade, têm orgulho, têm gozo. Isso em Lisboa não se passa". Para os mesmos, "O turismo de cidade de lazer está tratado mas falta o turismo de negócio. A vantagem brutal que temos neste momento, arranjando um projecto nacional, é criar um projecto transversal à sociedade, que transforme Lisboa numa capital de negócios daqui a 15 anos".
Objectivo: colocar Lisboa no grupo de quatro cidades (Madrid, Barcelona, Bruxelas e Amsterdão), que estão atrás das grandes europeias (Londres, Paris, Frankfurt), conjunto de cidades "indispensáveis para as empresas europeias instalarem delegações ou sedes". Lisboa tem uma boa base, mas está "descuidada, está suja. Precisa de espaços verdes, da recuperação do seu património histórico e arquitectónico. É indispensável trazer habitação para o centro histórico da cidade. É um factor de dinamização de todas as actividades". E acrescentam os entrevistados: "Basta haver a 15 anos o planeamento do que se faz em cada ano e o que vai integrar anualmente o projecto global".
Há, igualmente, um olhar muito crítico: "Muitos dos comerciantes que estão na Baixa já não são comerciantes. Não estão lá com um negócio dinâmico, activo, inovador. estão parados à espera de um trespasse. Acham que já cumpriram um ciclo de vida e não estão a fazer nada para se actualizar".
A entrevista aponta, como destaquei acima, para Lisboa se transformar em capital do sul da Europa, atraindo sedes (ou delegações) das grandes empresas internacionais e em que é essencial a reinvenção da cidade em termos arquitectónicos, históricos e culturais. Mas quais os fundamentos principais desse projecto da Confederação de Turismo de Portugal? O texto do jornal não aponta. Fiquemos à espera de mais novidades.
"DISNEYZAR" O MUNDO
Alan Bryman, em The Disneyization of society (2004, reeditado nos anos consecutivos), olha o mundo com lentes opostas à de George Ritzer (ver nomeadamente o que escrevi em 9, 17 e 25 de Novembro e 5 e 14 de Dezembro de 2006).
Isto é, Ritzer olha a mcdonaldização como a racionalização associada ao fordismo, gestão científica e burocracia, decomposta em quatro pontos: 1) eficiência, 2) calculabilidade, 3) previsibilidade e 4) controlo. Para o mesmo autor, "Estandardização e homogeneidade são outros elementos vitais para a McDonaldização – isto é, os negócios da McDonald’s oferecem produtos e serviços de forma eficiente na medida em que existe, para os consumidores, uma escolha limitada. Rapidez, linha de montagem e códigos escritos de conduta dos vendedores da comida McDonald’s situam-se na linha definida por Ritzer de McDonaldização. Trata-se [...] de uma perspectiva pessimista de olhar a presente sociedade de consumo" (texto escrito aqui em 9 de Novembro de 2006).
Já o pensamento de Bryman, embora afirme apostar na linha de pensamento de Ritzer, vai dar a resultados diferenciados. A essência da disneyização é o consumo e o aumento de interesse fornecido por produtos e serviços como variedade, imaginação e espectáculo. O autor aponta quatro princípios: 1) tematização (narrativas pouco articuladas com instituições ou objectos mas que resultam na popularidade destas), 2) consumo híbrido (formas diversificadas ligadas a esferas institucionais distintas), 3) merchandising (promoção e venda de bens sob a forma de imagem e/ou logótipo de instituições), e 4) trabalho performativo (tendência de olhar o trabalho como performance ou filosofia de valor).
Bryman elege os parques temáticos da Disney como estrutura base do seu conceito, onde o temático quer dizer significados e símbolos distintos e partilhados por consumidores, com novas oportunidades de entretenimento e experiências, em que nos expomos constantemente a formas de entretenimento e permanecemos mais tempo num local porque gostamos dele e consumimos mais. A ênfase é colocada na paisagem dos serviços [servicescape], onde o ambiente físico se adapta ao serviço apresentado. Música, desporto, moda, cinema e arquitectura são algumas das áreas empregues e visíveis em parques de diversão, restaurantes McDonald's, centros comerciais, lojas temáticas, cidades e museus.
CONSUMO CRÍTICO
Duas perspectivas críticas de consumo, a comentar quando houver disponibilidades de tempo.
Leituras: Bauman, Zygmunt (2007). Vida de consumo. Buenos Aires, México e Madrid: Fondo de Cultura Económica (original inglês de 2007)
Lipovetsky, Gilles (2007). A felicidade paradoxal. Ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo. Lisboa: Edições 70 (original francês de 2006)
O BLOGUE DE AUGUSTO M. SEABRA
Nessa mensagem inicial, escreve o mesmo Augusto M. Seabra: "houve também uma acrescida disponibilidade para retomar outras práticas, designadamente de programação, que não menos me importam. O ciclo dedicado ao cineasta Hou Hsiao-Hsien na Culturgest, o labor dedicado ao recente DocLisboa, como programador associado e comissário da retrospectiva de Diários e Auto-Retratos, a programação para a Orchestrutópica do concerto Metropólis ou o trabalho com Tiago Guedes e Maria Duarte no espectáculo Ópera, fazendo a assistência artística, foram-me particularmente gratificantes".
Continuação de bom trabalho!
domingo, 25 de novembro de 2007
LIVRO DE ALEXANDRA CARVALHO ANTUNES
Foi hoje lançado o livro de Alexandra Carvalho Antunes, O veraneio da família Anjos. Diário de Maria Leonor Anjos (1885-1887), no próprio palácio Anjos, em Algés, uma edição da Câmara Municipal de Oeiras [no vídeo, uma parcela da intervenção da autora].
Maria Leonor Anjos (1872-1940) pertencia a uma família ligada ao comércio e ao têxtil, vivendo em Lisboa mas tendo casa de veraneio em Algés, numa época em que aquela zona era um local aprazível de praias. O diário agora publicado dá conta das impressões da realidade daquela jovem quando tinha 13 a 15 anos. Escrito em francês, descreve cenas da vida quotidiana e viagens que realizou com a família pela Europa (Espanha, França, Alemanha e Suíça) em 1886 e 1887.
Regista ela no dia 24 de Agosto de 1886:
- [...] Dois ou três dias à tarde fomos passear de barco até à Cruz Quebrada [a partir de Algés].
No dia onze houve uma distribuição de prémios no Convento do Bom Sucesso [em Belém], à qual fomos assistir. Estava muita gente mas não tanto como de costume.
O arcebispo de Mitilene distribuiu os prémios que consistiam em livros. Os alunos, que eram cerca de cinquenta, tocaram piano e harpa e recitaram poesias em inglês, em italiano, em alemão e em francês.
Ontem foi domingo, fomos à missa das onze e meia.
A ACOMPANHAR NO FUTURO
O blogue Sérgio Dias-Branco, nome do seu autor. É um blogue sobre cinema.
Sérgio Dias-Branco tem doutoramento em Estudos Fílmicos (Universidade de Kent) e publicará no próximo ano "Getting Out of the Sci-Fi Ghetto?: Battlestar Galactica and Genre Aesthetics", no livro Battlestar Galactica: Flesh, Spirit, and Steel, editado por Roz Kaveney and Jennifer Stoy (Londres: I.B. Tauris). Título da tese de doutoramento defendida o ano passado: Strings of Fragments: An Aesthetic Investigation into Television.
sábado, 24 de novembro de 2007
OS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE ALEXANDRA BARRETO
Que alegria descobrir Alexandra Barreto em Animais Domésticos. Pelo que depreendo, a mudança de blogue tem a ver com a mudança de domicílio (geográfico). Ela escrevia o blogue seta despedida. Foi um (longo) ano de silêncio.
(Re)começou no dia 11 de Outubro. Bom trabalho e longa duração.
HISTÓRIA DE ARTE E DESIGN
A UNIDCOM/IADE, Unidade de Investigação em Design e Comunicação do Instituto de Artes Visuais Design e Marketing, em colaboração com a Escola Superior de Design (ESD), está a organizar um Colóquio de História da Arte e do Design dedicado ao tema Os Interiores em Portugal.
Iniciativa levada a cabo com o apoio da Direcção do IADE, ela é coordenada cientificamente por António Nunes Pereira e Sandra Costa Saldanha e terá lugar na Sede Cultural do IADE, Palácio Pombal (Rua do Alecrim, Lisboa), em 12 e 13 de Fevereiro de 2008.
O colóquio privilegiará quatro áreas de abordagem essenciais: 1. Leituras e Percursos Funcionais. Organização e vivência dos interiores domésticos; 2. Decoração e Artes Decorativas. A metamorfose dos espaços; 3. Público e Privado. Os programas decorativos oitocentistas; 4. Do Fin de Siècle ao Pós-Modernismo.
Mais pormenores no sítio de Os interiores em Portugal.
LIVRO DE RÁDIO
Marcos Pinto (Hamburgo, 1979) é licenciado em Comunicação Social e apresenta o programa Toda a tarde do Rádio Clube (Português) desde Abril deste ano. Nele já entrevistou muitas das principais figuras da rádio portuguesa, de que resulta o livro agora publicado com o título No ar. 100 histórias da rádio (Prime Books, 175 páginas).
O livro explica, por exemplo, "Para onde foi Joaquim Furtado, no dia 25 de Abril de 1974, depois de ter passado horas a fio no Rádio Clube Português? O que relatou Carlos Cruz num Lusitano-Sporting? Que relação tem António Sala com Maria Vitória? Que ameaça fez Artur Agostinho à Rainha de Inglaterra? E que conversa teve Júlio Isidro com a Polícia"? Estas e outras histórias fazem parte do livro.
De Carlos Cruz, o livro conta a seguinte história com ele como relatador do jogo Lusitano de Évora-Sporting a contar para a primeira divisão de futebol (como vai longe esse tempo, com o Lusitano na primeira): "O guarda-redes dos leões chamava-se Carvalho e o avançado alentejano Carambalho. Num lance de perigo, Carlos relata com entusiasmo, esquecendo-se de umas letras pelo meio. Remate de Carambalho para defesa de Carvalho. Saiu-lhe um palavrão. «Numa fracção de segundos, fiquei a pensar o que faria. Não emendei, respirei fundo e segui em frente». Ao lado, os técnicos da Emissora nacional, desmanchados em riso" (página 64).
Nota: o blogueiro participou num dos programas de Marcos Pinto, a 26 de Maio deste ano, de que fez eco aqui.
ROMANCE DE GONÇALO M. TAVARES
VOZ E HARPA NO PALÁCIO ANJOS, EM ALGÉS
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
SPIN DOCTOR MAIS AGENDA
A situação interna na RTP, com o caso Rodrigues dos Santos, tornou-se complicada de gerir. As notícias no Público e no Diário de Notícias onde se dizia que a administração queria despedir o jornalista até ao Natal custasse o que custasse, a par da tomada de posição dos jornalistas da estação pública e do sindicato dos jornalistas, precipitaram o caso. Este deixava de ser interno e passava ao domínio do espaço público, da discussão pública.
Como se sabe, dias depois de rebentar a polémica, o presidente do canal público foi convidado para presidente da empresa Estradas de Portugal, que pertence ao Estado, abandonando, assim, a RTP, enquanto se anunciava que o vice-presidente da estação assumiria a sua condução até ao final do ano.
Ontem, o saído presidente da televisão deu uma entrevista ao canal, onde considerou que nunca esteve em causa a demissão do jornalista. O seu rosto denunciava outras intenções. Parte interessante da entrevista é a história pessoal do entrevistado, que começou a trabalhar aos 13 anos e foi saneado politicamente no período mais exacerbado do pós 25 de Abril de 1974. Homem de percurso e perfil simultaneamente rigoroso e irascível, a entrevista serviu para ilustrar o que estava em causa - no debate e na situação com o jornalista. Era, com objectividade, uma entrevista de balanço (e de salvar a face e suavizar posições). Até na confissão de que o ministro o convidara para continuar à frente da RTP.
Hoje, é indicado o seu sucessor, Guilherme Costa. Traçado o perfil do novo gestor, o ministro vem destacar a confiança na independência do novo presidente da RTP. Isto é, o ministro que convidara o anterior gestor a permanecer no lugar fazia o elogio do novo.
Há, aqui, uma boa gestão de danos colaterais e de agenda de acontecimentos. Ontem, foi a notícia da despedida de um gestor (configurando que o caso polémico com Rodrigues dos Santos estaria resolvido sem despedimento); hoje, fez-se o anúncio do senhor que se segue. O ministro, pela rapidez e sageza com que geriu um assunto muito delicado nestes últimos dias, o testemunho do ex-presidente e as declarações do futuro presidente de que continuará na linha da anterior administração (embora cada gestor tenha objectivos e orientações diferentes), mostram um ensaio perfeito de sucessão de coisas (e uma combinação prévia). Como se tudo tivesse estado sempre bem, sem dúvidas, sobressaltos ou desencontros. Um perfeito trabalho de produção de acontecimentos (melhor: de pseudo-acontecimentos) Não fosse a forma de conduzir as coisas de Almerindo Marques, é bem provável que ele continuasse no lugar.
A isto se chama tecer ocorrências, elaboradas por spin doctors, de modo a que tenham efeito na opinião pública, resultem num determinado sentido. Spin doctor, em si, é alguém (ou uma agência de comunicação, ou uma figura pública ou fonte oficial) que trabalha em, ou usa, relações públicas (ou em lugares de grande acesso mediático) e cria factos ou encenações, comentando-os em conferências de imprensa, entrevistas e outras formas de comunicação com os jornalistas.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
DEFESA DE TESES
Das que eu tenho conhecimento (directo ou indirecto):
Mestrado - 18 de Dezembro, às 15:00, Carolina Ferreira, com o título O altifalante do regime. A Emissora Nacional como arma de guerra no conflito colonial (Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras),
Doutoramento - 19 de Dezembro, às 15:00, Susana Salgado, com o título Presidenciais 2006: Os media e a construção das candidaturas (Sala de Conferências da Reitoria da Universidade de Lisboa).
AS REDES SOCIAIS SEGUNDO JOSÉ MANUEL FERNANDES
- Um dos textos que hoje editamos no P2 a propósito da rede social on-line que incentivava jovens a automutilarem-se é significativamente intitulado: «Filtros ajudam a proteger, mas não substituem os pais».
Trata-se de um problema que todos devem estar atentos. Como se controlam os fluxos de informação e entretenimento da internet? O mesmo se coloca quanto à televisão, conquanto o número de canais disponíveis no televisor seja incomensuravelmente menor que o acesso livre à internet.
Mas o primeiro parágrafo do director do jornal está mal formulado. A rede social online em si não incentiva a automutilação, mas apenas um link ou um grupo de discussão dentro da rede social. O que é muito distinto. Nos primeiros anos (2004-2005), pertenci à rede associada com esta notícia, o Orkut, nome retirado do seu fundador, Orkut Buyukkokten, turco de 32 anos, engenheiro de software da Google, e não me apercebi de conteúdos violentos. Uma das características de adesão ao sistema é que cada pessoa pode convidar uma outra qualquer pessoa. Uma rede social é aberta e, como o nome indica, é um local virtual onde se estabelecem ligações entre pares, com textos e, em especial, fotografias dos próprios. O proprietário de uma rede deve controlar os conteúdos mas precisa de tempo para detectar desvios (exemplo mais preciso: no YouTube os vídeos devem respeitar os direitos de autor, mas muitos são piratas, o que obriga a um varrimento regular para detectar as infracções). Posteriormente ao Orkut arrancaram outras redes sociais, como o Hi-5, muito popular em Portugal, e, nos meses mais recentes, o Facebook.
Reconheço, contudo, que há precedentes no Orkut (ligado ao Google). A 26 de Maio de 2006, escrevi aqui:
- GOOGLE DO BRASIL SUSPENDE PÁGINAS DO ORKUT. Ontem, a Google informou ir eliminar várias páginas da popular rede Orkut no Brasil, após as autoridades deste país descobrirem que algumas das páginas promovem a violência, terrorismo e pornografia infantil. Isto além de se suspeitar que um outro sítio foi criado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), o grupo criminoso responsável pela recente violência em S. Paulo. O Orkut tem 16 milhões de usuários, 72% dos quais são brasileiros. Fonte: Reuters.
ANTÓNIO SÉRGIO NA RADAR
António Sérgio na rádio Radar (97,8 Mhz na área de Lisboa) a partir de 3 de Dezembro, diz um dos spots que está a promover a nova grelha de programas da estação [imagem retirada de IOL Música]. O programa de António Sérgio tem o nome de Viriato 25 e preencherá as noites entre as 23 e a 1 da manhã, de segunda a sexta-feira.
É uma boa notícia. Eu próprio, aqui, após conhecimento da notícia do seu despedimento da Rádio Comercial, sugeria isso. Ainda bem.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
PINTURA DE HÉLIO CUNHA NA SNBA
Hélio Cunha comemora os seus 25 anos de pintura com uma exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) intitulada A idade de ouro.
No seu blogue, é possível ver reproduções de várias das obras que tem criado.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
AS CELEBRIDADES SEGUNDO JOHN LANGER
O texto de John Langer (Television’s "personality system") foi publicado inicialmente em 1981. Logo, podemos encará-lo como clássico e sujeito a críticas, dada a distância temporal até hoje. A televisão inglesa sofreu muitas alterações e a continental ainda as teve mais profundas, com o nascer dos canais comerciais, no que designamos habitualmente por neotelevisão. Os conceitos promovidos por Langer são afectados pelo tempo e pelas mudanças (sociais, económicas, culturais, tecnológicas), mas ficam aqui – para reflexão.
O ponto de partida de Langer é o sistema de estrelas de cinema (star system). Para Langer, não existe igual sistema na televisão. Aqui, revelam-se somente personalidades, categoria inferior à das estrelas. A codificação das estrelas no cinema pressupõe ideais, modelos de deuses e heróis; importa menos a personagem em si que o arquétipo (o tipo construído idealmente). Langer, seguindo Dyer (ver mensagem de anteontem) e Edgar Morin, ilustra o desenvolvimento do cinema com a psicologização dos protagonistas (cinema nos anos de 1930), o realismo, a ideia de “final feliz” e as personagens tipo (a rapariga pobre, a rapariga insinuante, o cavalheiro, o palhaço, o inocente, o proprietário), que vão de encontro aos espectadores, os quais obtêm felicidade ao consumir estes modelos. Depois, para conhecer melhor as personalidades, existem as revistas (cor-de-rosa, coração, de fãs), elemento crucial para o star system enquanto criador de imagem (Langer, 2006: 184). Aliás, Langer vê uma evolução das revistas, que passaram de um modelo de produção de ídolos para um de consumo de ídolos. Os heróis e as celebridades registam as suas biografias, revelam as suas vidas privadas.
Claro que a obsessão com as personalidades corrói o estatuto divino do sistema das estrelas, pois estas, embora não deixem de ser especiais, combinam agora o excepcional com o normal, o ideal com o dia-a-dia.
Ao invés, a televisão é para se ver no conforto do lar, é uma tarefa interligada com a rotina das horas do dia, associada à rede de valores íntimos diários. Não requer a saída ao cinema, a localização numa sala escura e a necessidade de se manter até ao fim sem se levantar, conversar ou fazer outra actividade. A televisão é um fluxo, como a vida que nunca para, não precisa de marcação prévia que quebre a rotina (como decidir ir ao cinema). Entre cinema e televisão há diferenças: distância/íntimo, rotina/extraordinário, familiar/excepcional, imediato/remoto. O que reintroduz a questão dos sistemas de estrela e de personalidade.
A televisão, enquanto fluxo, faz entender também a ideia de estação do ano, de série, de episódios consecutivos emitidos num horário previamente fixado. O que difere do cinema, em que a estrela aparece apenas uma ou duas vezes por ano. À ideia de fluxo opõe-se a de catálogo (em Patrice Flichy). Na televisão, o actor/actriz não tem o nome ou fama que possui no cinema, é quase anónimo, fica abafado pela personagem que representa ao longo de uma série. Fixamos o nome da personagem, esquecemos o nome do intérprete. As revistas, uma vez mais, são a extensão dessas personagens, através de colunas de opinião ou de boatos e fofocas.
Aqui permito-me discordar de John Langer, pois o tempo actual de televisão criou a sua bolsa de actores e actrizes, com as séries a serem vendidas em DVD após passagem num canal generalista ou por cabo. Donas de casa desesperadas, CSI ou Dr. House têm personagens e sabemos o nome dos actores e actrizes.
A televisão tem um formato adequado ao tema aqui tratado, o talk-show, doravante designado por programa de conversas. O ambiente destas conversas é informal, cria-se espaço para o convidado falar de si – e especialmente do que está a fazer ou promover naquele instante. Se liberta algum segredo pessoal, está no programa de conversas para, sobretudo, falar de projectos É um espaço de publicidade, acrescenta Langer (2006: 191).
Há outra característica na televisão. Quem nela aparece (caso de programas noticiosos ou conversas) estabelece uma relação directa com o espectador (olhos nos olhos), que leva este a acreditar no interlocutor. Diz-se: ele falou comigo, disse-me “boa noite” ou “até amanhã”. A relação atinge a intimidade, embora virtual.
O que isso implica? A estrela de cinema tem um estatuto próximo de um deus ou herói, a sua vida – mesmo que revelada – contém ainda mistérios. Na televisão, não há segredos mas apenas uma relação diária, directa, informal, de pessoa que está na televisão mas poderia ser um de nós a estar lá (a pós-televisão, como designou Eduardo Prado Coelho). O escuro da sala de cinema amplia essa distância com o actor/actriz, obriga-nos à reverência (o silêncio, o estar até ao fim). A claridade da televisão distrai-nos, deixa-nos falar a propósito do que se vê e ouve, a abandonar a tarefa de acompanhar a televisão e ir fazer outra coisa e voltar de novo, sem qualquer cerimonial de reconhecimento.
Como atrás discordei de Langer, a propósito da celebrização de actores/actrizes de televisão, também o faço aqui, dado o aumento de tempos de visionamento da televisão, mais de 25 anos após a publicação do seu texto, assim como a associação crescente entre cinema e televisão quanto à circulação de actores/actrizes pelos dois meios e a uma cadeia de valor que se aproxima (o cinema é uma indústria como a televisão, o DVD funciona como um produto comum aos dois meios após circulação do filme ou da série, em termos de venda). O que se mantém? O distanciamento – que a montagem do cinema permite e a da televisão inibe –, o sonho (providenciado pela ilusão do ecrã do cinema é maior e mais luminoso que o da televisão), a sofisticação do argumento (o episódio de televisão tem uma duração limitada, 50 minutos por exemplo, o filme dura mais tempo, com liberdade artística), o nome nos anúncios no cinema tem um impacte mais forte e destacado que a publicitação na televisão ou em possíveis anúncios na imprensa.
[a partir da leitura do texto de John Langer, incluido no livro de P. David Marshall (ed.) (2006) The celebrity culture reader. Nova Iorque e Londres: Routledge, pp. 181-195]
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
LIVRO DE JOSÉ AFONSO FURTADO
Já com uma importante obra no domínio do livro e das suas condições, José Afonso Furtado apresenta agora a edição nacional de O papel o o pixel as grandes questões sobre o livro na era do digital.
O lançamento da obra será no dia 27 deste mês, pelas 18:30, na Casa Fernando Pessoa (rua Coelho da Rocha, 16, a Campo de Ourique, em Lisboa) e a apresentação caberá a João Caraça.
Percorrendo os diversos capítulos, o "leitor encontrará uma reflexão actualizada do panorama actual do livro e da sua transformação em digital, sabendo que uma não anula a outra, antes torna os problemas diferentes, revolucionando as práticas de leitura e as aprendizagens cognitivas" (informação veiculada pela edição do livro).
José Afonso Furtado é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste de Gulbenkian desde 1992. É também docente do Curso de Pós-Graduação em Edição - Livros e Novos Suportes Digitais, da Universidade Católica Portuguesa. Publicou nomeadamente O que é o Livro (1995) e Os Livros e as Leituras. Novas Ecologias da Informação (2000). O livro agora lançado já conhece edições
brasileira (aqui tratada em 18 de Março de 2006) e espanhola.
LIVRO DE MARGARIDA CARVALHO
Híbridos Tecnológicos, ensaio sobre o conceito de híbrido na cultura e na arte contemporâneas, de Margarida Carvalho, será lançado no dia 26 de Novembro, pelas 18:30, na FNAC Colombo. Margarida Carvalho é docente na Escola Superior de Comunicação Social. A obra é publicada pela Editora Nova Vega.
A apresentação da obra estará a cargo de Maria Teresa Cruz, docente da Universidade Nova de Lisboa e especialista em Estética e Cultura Contemporânea.
Retiro da página da editora:
- O conceito de híbrido tem vindo a ganhar destaque perante o impacto da globalização e da diluição de fronteiras e identidades nacionais. Novas alianças e fusões no seio da economia, da política e da tecno-ciência potenciam uma condição de miscigenação da cultura contemporânea. O rizoma de Gilles Deleuze e Félix Guattari, o cyborg de Donna Haraway, o ciberespaço de William Gibson, as hibridações entre arte, natureza e tecnologia de Char Davies – muitos são os autores e artistas que têm contribuído para a criação de seres e paisagens nas quais as virtualidades do futuro se mesclam com o que emerge no presente. Tais visões de mundos possíveis, que oscilam entre a utopia e o apocalíptico, anunciam uma profunda instabilização das fronteiras entre os seres, a realidade e a ficção, o artificial e o natural, etc. Este livro interpela a condição de hibridação generalizada da experiência contemporânea dando especial ênfase à análise das relações entre tecnologia, cultura e arte.
INSTITUTO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA
O Instituto Português de Fotografia (IPF) tem uma newsletter, Contacto. O sítio do Instituto Português de Fotografia é "um espaço dedicado à Fotografia e às actividades formativas e culturais do" instituto, a acompanhar.
O IPF tem instalações em Lisboa (Rua da Ilha Terceira, 31A) e no Porto (Rua da Vitória, 169).
NOVA PÁGINA DO PÚBLICO
Gostei. O vídeo da esquerda não está a funcionar. Deve ser do arranque ou a banda larga ainda é estreita.
Observação a seguir à colocação desta mensagem: carregar os vídeos exige uma subtileza, a de não clicar em cima da seta dentro do vídeo mas numa das pequenas imagens por baixo. Da leitura de alguns vídeos, conclui-se que estes assentam em informação leve e de interesse humano, num registo editorial distinto da edição em papel (mais perto do actual modelo do caderno P2). Os vídeos deixam de reflectir a linha reflexiva e interpretativa do jornal em papel, aproximando-se da leitura televisiva dos acontecimentos? Haverá também notícias de política, de cultura e de arte?
REVISTA NADA
Destaques desta edição, a nº 10: Jorge Leandro Rosa, O Corpo e a Carne: Duplicidades Contemporâneas, Luís Graça, Intersecções, confrontações, apropriações, incorporações, comparações, relações: A arte biológica vista do laboratório, Susana Ventura, E o elevador irrompeu em direcção ao céu, atravessando as nuvens, rumo ao infinitoŠ, João Oliveira, Irene Izes, A Dasilva O, Incontornável, Byron Kaldis, Estudos Culturais e Formas de Arte Pós-Moderna: Os Novos Movimentos Sociais?, e muitos outros textos. Além de entrevistas, como a feita a José Luís Garcia, sobre A geração de 60/70, as metamorfoses da política e os dilemas da tecnociência.
Mais informações, locais de venda e assinaturas em http://www.nada.com.pt/.
domingo, 18 de novembro de 2007
CELEBRIDADES
Richard Dyer ("Stars as images", no livro de P. David Marshall, The celebrity culture reader, 2006) indica que a estrela é fundamentalmente uma imagem, um signo visual. O estrelato é a imagem de como as estrelas vivem (fala-se e escreve-se sobre a personalidade da estrela e os detalhes da sua vida pessoal).
Isto é: 1) consumo (anatomia o estilo de vida, consumo sumptuário, ídolos do consumo), 2) sucesso, 3) personalidade extraordinária (por oposição à vida normal e repetitiva de cada um de nós), 4) sonho, 5) paixão.
Há, acrescenta Dyer, uma tipologia de estrelas: 1) tipo social (boa pessoa, tímido, herói, atraente), 2) tipo alternativo ou subversivo (rebelde, mulher independente, ambiguidade sexual).
O ALIENISTA, PEÇA DE MACHADO DE ASSIS
Ver mais informações em http://www.nuescuro.com.br/.
REVISTAS DE DOMINGO
Não gosto particularmente de revistas que acompanham as edições de domingo dos diários. Por um lado, pelo papel brilhante que dá cabo da pele (o verniz das páginas faz-me secar a pele).
Em segundo lugar, pelo conteúdo. Os temas são tratados de modo mais leve que os cadernos principais, há muitas mais mensagens publicitárias (roupas, móveis, automóveis), mesmo que surjam em texto de reportagem. Embora não apareça a indicação publi-reportagem, sabemos que são peças pagas.
Mas há, claro, temas interessantes. Na Pública de hoje, Álvaro Barbosa, coordenador do curso de Som e Imagem da Universidade Católica (Porto), fala de um projecto seu, "Public Sound Objects", patente na Casa da Música (Porto).
Já o El Pais Semanal coloca na capa uma fotografia de Andy Wharol, a propósito de uma exposição fotográfica daquele artista, em Madrid - as suas polaroids e fotomatons. Ele fez imensos auto-retratos, por vezes como drag queen, ou mostrando as suas mãos. Obcecado, era o que era, procurando ficar para a posteridade como herói. Provocador, por outro lado, em busca da imagem perfeita do artista.
BAIXA-CHIADO
Num dos jornais que hoje comprei vinha uma publicação, Baixa-Chiado. Diz o editorial: "Percorremos Lisboa bairro a bairro em busca das melhores dicas de compras e lazer". Eis o domínio das indústrias criativas.
Tinha vontade de reproduzir imagens e textos, como o anúncio da confeitaria Nacional, ali à praça da Figueira, ou do Storytailors, mas, na página do índice, há uma ordem expressa: "interdita a reprodução total ou integral de textos e imagens por quaisquer meios". Fica apenas o sítio: http://www.convida.pt/, onde se podem apreciar as imagens das capas desta série de bairros de Lisboa e as suas lojas e espaços de lazer.
ESPECIALISTA EM ANÁLISE DOS MEDIA
A ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) admite dois técnicos superiores de 2.ª classe com licenciatura (classificação mínima de 13 valores), em Ciências da Comunicação, Sociologia (vertente Sociologia da Comunicação) ou Jornalismo, experiência em análise de conteúdo e bom domínio do programa SPSS (estatística para as ciências sociais). Como condições preferenciais: estudos pós-graduados na área da comunicação social.
As candidaturas devem ser enviadas até ao dia 30 de Novembro e para o Conselho Regulador da ERC (Av. 24 de Julho, 58, 1200-869 Lisboa) ou para o endereço electrónico info@erc.pt.
sábado, 17 de novembro de 2007
SOBRE OS LEITORES DO INDÚSTRIAS
Os leitores do Indústrias são estes, configurados em mensagens recebidas esta semana e que insiro a seguir (retirados os elementos que pudessem identificá-los). A eles (e elas), o meu muito obrigado. Continuem a frequentar este espaço.
- Li o seu artigo sobre a tese de [...] e gostava de lhe pedir se me pode por em contacto com ela. Publiquei uma tese com tema semelhante, mas em jornais diários e sou jornalista da [...]. Por isso, gostava de ver o trabalho dela.
- Sou leitora atenta (sempre que o tempo o permite) do seu blog. Reparei, por exemplo, que acompanha a revista [...] e que fez referência ao último número, para o qual colaborei com um artigo sobre [...]. Escrevo na medida em que penso poder interessá-lo em divulgar um colóquio a ter lugar, em breve, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, organizado pelos departamentos de Sociologia e de Filosofia da mesma Faculdade. O colóquio Luso-Brasileiro, a ocorrer dias 26 e 27 de Novembro, será um evento pontuado por intervenções do jovens investigadores e outros, todas elas na área da política, cultura e artes. As expectativas são elevadas.
- Faz de conta que somos velhos amigos. Na verdade, eu me sinto um velho amigo do Rogério. Eu, quase todos os dias entro no «Indústria Culturais» e, em diversos momentos, fico me lastimando ser pobre, não ter apoio para viajar e trabalhar intensamente para acompanhar este debate. Eu introduzi o «Industria Cultural» no meu micro quando li um resumo comentado do livro de Benedict Anderson sobre as Comunidades Imaginadas. Pois é, vivemos e participamos diferentes paradoxos. Eu, por exemplo, vivo uma situação (ou condenação!!??) muito estranha neste momento em que se afirma que a racionalidade e as tecnologias facilitam e que o trabalho está esgotado, estou absolutamente estressado. Vou me apresentar [...] Já falei de mais e vamos ao que interessa. Fiquei profundamente interessado pelo Colóquio «Política, Cultura, Arte» que será realizado no Porto, ainda este mês. Eu não encontrei nenhum link para informações e acessar as informações. Você sabe como/onde consigo os texto em debate?
- Gostei muito do teu artigo. Gostaria de saber se pode mandar-me alguma informação extra a respeito do jornal «Novidades», porque estou escrevendo um artigo sobre um brasileiro que publicava nesse jornal.
O DESAPARECIMENTO DOS CINEMAS QUARTETO
Já há bastante tempo que o conjunto de salas de cinema ali à avenida Estados Unidos (Lisboa) se abeirava do encerramento. A crise do pequeno café lá instalado (fecha-não fecha), a "fuga" de distribuidores - que inibia a presença da estreia de filmes - e a perda geral do glamour daquelas salas foram momentos marcantes na sua queda. O proprietário do Quarteto queixar-se-ia disso, li-o há muito tempo. As mesas à entrada das salas haviam deixado de ter clientela que esperava pelo começo do filme ou que discutia os principais momentos do filme visionado logo após a saída. O espaço de tertúlia desaparecera.
Agora, a autoridade das actividades económicas encontra falhas a nível de segurança, nomeadamente os materiais que revestem as salas dos cinemas. Trata-se de uma realidade insofismável. Desde sempre me arrepiou as condições das salas. Mas elas estavam abertas porque a mesma autoridade nunca levantou problemas.
Logo, existe uma boa dose de hipocrisia por parte desta entidade. Os cinemas estavam moribundos, foi apenas encontrar um meio para decretar a sua morte. Isso é eutanásia.
Na memória de muitos cinéfilos, entre os quais me encontro, ficam horas infindáveis de prazer pela visão de fitas e fitas que não passavam nas outras salas. E de educação para o cinema. Os cinemas de bairro ficam mais pobres, confirmando a tendência dos multiplex dos centros comerciais e do home cinema.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
HISTÓRIA DA RTP
Já está disponível a história da RTP (50 anos de actividade) on-line.
Escreve o autor, Vasco Hogan Teves:
- Nesta versão digital - igualmente disponível “on-line” no sítio da RTP na Internet – se dá conta de um longo caminho de luzes e sons que já marcaram, pelo menos, duas gerações. É uma História que vem de longe e chega aos dias de hoje evidenciando uma enorme capacidade de se projectar no futuro. É a História, integral, dos 50 anos da RTP que assim fica disponível num suporte com muito maior capacidade informativa do que se encontra no Livro também editado para assinalar o mesmo acontecimento. O Autor dedicou idêntico empenho em ambos os trabalhos e espera que eles atinjam a finalidade que objectivamente os caracteriza: serem elementos de utilidade para o conhecimento e interpretação da História da RTP, pois que, chegada aos 50 anos, ela tem muito para contar. E não apenas pelo que foi mostrando num ecrã em contínua evolução – isto é: na sua vertente de espectáculo, sem que seja possível descartar os protagonistas – mas, também, na sua vida empresarial, corrente, quase sempre marcada por problemas económicos e da conjuntura política.
Do que já li, o livro conta muitas histórias como se de uma grande família se tratasse, além de um retrato técnico do meio de comunicação, mas dá menos destaque ao quadro geral da sociedade e da cultura do meio interligado à mesma sociedade [imagem retirada do livro on-line da RTP].
Uma dessas histórias descreve o seguinte: "Com Álvaro Benamor também se passaram das boas, até porque ele tinha fama (e proveito, vamos lá) de distraído. E este é um bom exemplo: estava a realizar um programa com o duo Yola - Paulo quando o «cai-cai» da bailarina resolveu cair mesmo, vá lá saber-se se por força do calor que se fazia sentir no estúdio... Benamor ficou positivamente em pânico e não encontrou melhor solução do que sair da régie, aos gritos, direito ao estúdio, completamente esquecido que o programa estava «no ar»... em directo. Valeu a presença de espírito dos operadores que – provavelmente a contra-gosto – fecharam planos sobre o Paulo ou buscaram um ou outro elemento do cenário, enquanto Yola se compunha. Na régie, a anotadora e o misturador substituíram momentaneamente um Benamor perfeitamente desalentado".
PONCE LEÃO SOBE A PRESIDENTE DA RTP
Esperemos mais sossego na RTP, agitada com o caso Rodrigues dos Santos, como os jornais voltam a dar conta nas edições de hoje.
O NOVO LIVRO DE NÉSTOR CANCLINI
- Já não dizemos vejo-te no café; dizemos vejo-te no Messenger (Canclini, 2007: 77)
A idade deu um brilho especial ao radicalismo de Canclini, tornando Lectores, espectadores e internautas um livro notável (editado pela Gedisa em 2007). Ou seja, a linha ideológica está viva, mas a experiência de pensamento e acção do autor conduziram a um trabalho cuja leitura é muito agradável.
Como o título indicia, a viagem de Canclini faz-se pelos universos audiovisuais em tempos pós-modernos. A escrita das 136 páginas é recentíssima (em dois lados diferentes do livro ele refere Maio de 2007). Lectores, espectadores e internautas é uma espécie de dicionário, com 29 entradas, umas mais previsíveis - como cinéfilos e videófilos, convergência digital, globalização -, mas outras menos esperadas - abertura, assombro, suspeitas, tele-solidariedade. Um olhar atento, corrosivo por vezes, como quando escreve sobre pirataria (p. 115):
- A concepção jurídica predominante nos países latinos atribui a propriedade intelectual ao criador das obras literárias, artísticas, musicais, audiovisuais ou científicas. O direito anglo-americano estabelece o copyright, noção centrada nos direitos de reprodução que abarca um espectro mais amplo: gravações sonoras, emissões radiofónicas e televisivas, incluindo ou tratando de incluir recentemente os suportes digitais.
- Enquanto os pós-modernos celebram a mobilidade e o nomadismo,a desterritorialização e a facilidade com que nos comunicamos, na verdade nem todos podem escapar à exigência de disponibilidade constante, a vigilância de quem te recorda que pertences a uma empresa e um lugar ainda que estejas numa outra cidade ou outro país.
POLÍTICA, CULTURA, ARTES - EM ANÁLISE NO PORTO
Do programa constam as seguintes actividades:
26 de Novembro
9:45 – Abertura
Mesa redonda
10:00 – Deambulando: rua, praça, cidade, João Teixeira Lopes (Universidade do Porto)
10:30 – Reflectir a cultura e o poder à escala local, Ana Pereira Roseira e Ana Roseira Rodrigues (Instituto de Sociologia - Universidade do Porto)
11:00 – O problema do ensino da filosofia face à expropriação da cultura, Rodrigo Pelloso Gelamo (Universidade Estadual Paulista - Brasil)
11:30 – Debate
Mesa redonda
14:30 – Experiência e linguagem na educação: do inumano da arte à sua expressividade na actividade docente, Pedro Angelo Pagni ( Universidade Estadual Paulista - Brasil)
15:00 – Do espectador ao espectactor: uma nova poética política, José Soeiro (Sociólogo)
15:30 – Lucino Visconti. Corpo-montanha e corpo-vazio, Cíntia Gil (Instituto de Filosofia - Universidade do Porto)
16:00 – Debate
Mesa redonda
16:45 – A experiência da criação artística como gesto de renúncia e despojamento de si, Luís Falcão (Escola Superior de Teatro e Cinema - Lisboa)
17:15 – Resistências locais à cultura dominante, Rui Pedro da Fonseca (Instituto de Sociologia - Universidade do Porto)
17:45 – Políticas do corpo e corpos políticos: a questão do abortar, Leonel Santos (Instituto de Filosofia - Universidade do Porto)
18:15 - Debate
21:00 - Cine-grafias Jana Sanskriti. Um teatro em campanha, realizado por Jeanne Dosse
Conversa com José Soeiro (Sociólogo) e Regina Guimarães (Escritora)
27 de Novembro
9:45 – Abertura
Mesa redonda
10:00 – Corpos inabitáveis. A superfície do silêncio, Eugénia Vilela (Universidade do Porto)
10:30 – Squatters: a realidade urbana como matéria plástica ou o acto político que é existir em não-lugares, Paula Albuquerque (Artista audio-visual)
11:00 – Arte e formas de universalidade, Rui Magalhães (Universidade de Aveiro)
11:30 - Debate
Mesa redonda
14:30 – Arte e contrapoder, José Maria da Costa Macedo (Universidade do Porto)
15:00 – Montagem cinematográfica: a construção de um todo e o desejo de soltar a imagem do tempo, Maria Joana Figueiredo (Realizadora)
15:30 – A dança e as lutas do corpo, Né Barros (Coreógrafa)
16:00 - Debate
Mesa redonda
16:45 – Experiência, produção de subjectividade e educação, Rodrigo Barbosa Lopes (Universidade Estadual Paulista - Brasil) 17:15 – A cultura como instrumento de legitimação de estratégias de reconfiguração dos centros urbanos, João Queirós e Vanessa Rodrigues (Instituto de Sociologia - Universidade do Porto)
17:45 – Fantasporto: sobre a reinvenção de um evento lendário da cidade do Porto, Tânia Leão (Instituto de Sociologia - Universidade do Porto)
18:15 - Debate
21:00 - Cine-grafias Ah, não ser eu toda a gente e toda a parte e 20 de Junho de 2006, realizado por Maria Joana
Conversa com Maria Joana (Realizadora) e Rui Moreira (Artista Plástico)
PASTÉIS DE NATA E PASTELARIAS DE SÃO PAULO
Lê-se:
- Terça-feira é o dia em que os 150 integrantes da diretoria do Sindicato dos Panificadores de São Paulo se reúnem - sempre das 16h às 20h - para discutir o preço do pãozinho e reclamar dos fornecedores de farinha. Desde que os jogos da Série B do Campeonato Brasileiro começaram, porém, os diretores mais dedicados têm estendido alguns dos encontros até bem mais tarde. Depois das 20h, eles trocam a sala de reuniões pelo terraço do sindicato e, entre uma garfada de bacalhau e um gole de vinho português, discutem outro assunto essencial para a classe - o desempenho da Portuguesa.
Foi ali que os padeiros decidiram, há um mês, que a classificação do time para a 1ª divisão era, sim, problema deles. (Quase 90% são portugueses, afinal de contas.) E organizaram o projeto Padarias Pró Portuguesa (PPP), uma “caixinha” para incentivar os jogadores a lutarem para voltar à elite do futebol. Na terça passada, todos fizeram hora extra para assistir ao jogo contra o Coritiba, que poderia garantir a vaga. O time perdeu, mas conseguiu se classificar - com a ajuda do PPP, garantem os padeiros.
Obrigado ao "correspondente" do IC em Brasília, Fernando Paulino.
MONSTRA E ACTIVIDADES EDITORIAIS
O Monstra Festival de 2008 vai decorrer em Maio (8 a 18) [a segunda imagem e o link referem-se ao Festival de Animação de Lisboa já realizado este ano].
A Monstra também tem actividades editoriais, indo lançar o livro Poética do Movimento, de José–Manuel Xavier, na FNAC do Chiado (Lisboa) no dia 22 de Novembro, 5ª feira, pelas 21:00. A apresentação competirá a Teresa Rita Lopes.
Seguir-se-á a exibição de Déserts, um filme realizado pelo autor e três outros filmes de realizadores portugueses, por ele escolhidos.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
ARTE E PATRIMÓNIO DO DOURO
Nos próximos dias 30 de Novembro e 1 de Dezembro, a Diocese de Lamego apresenta o I Colóquio Regional sobre História, Arte e Património no Douro, sob o tema Quanto Douro conhecemos? O colóquio decorrerá em Lamego e Tarouca.
Mais informações (e ficha de inscrição) através do email geral@diocese-lamego.pt ou do sítio da Diocese de Lamego.
RODRIGUES DOS SANTOS E A RTP
- RODRIGUES DOS SANTOS SAIRÁ CUSTE O QUE CUSTAR (1ª página do Público de hoje)
- RODRIGUES DOS SANTOS FORA DA RTP ANTES DO NATAL (1ª página do Diário de Notícias de hoje)
- A confirmar-se o despedimento, como várias notícias dão hoje conta, estamos perante um atentado à liberdade de expressão - e isso é obviamente grave. Claro que a administração da RTP vai argumentar com a hipotética falta de lealdade, mas o jornalista repetiu, no Público, aquilo que disse na extinta AACS e que é público. E que foi público - obrigado Hélder. A partir desse momento nem faria sentido não responder à pergunta do Público. Fora isso, JRS foi muito contido, parece-me. Sobre horários nada sei, mas também é óbvio que, sendo hipoteticamente verdade, há muito que é assim e nada, antes, foi feito (Blogouve).