Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
JORNALISMO CULTURAL EM CONGRESSO EM S. PAULO
O Congresso vai reunir académicos e jornalistas de renome e que irão reflectir e debater o pensamento contemporâneo, as várias identidades culturais e o caminho percorrido pelo jornalismo cultural no Brasil.
A abertura, em 4 de Maio, conta com a presença do ministro interino do Ministério da Cultura do Brasil, Alfredo Manevy. Também no dia 4, o diretor do jornal El Pais, escritor e jornalista Juan Cruz Ruiz, falará sobre o jornalismo cultural na Europa.
Mais informações sobre o congresso, aqui.
JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS: JORNALISMO, OBJECTIVIDADE E VERDADE
ARTE & MERCADORIA
18:00 - O autor enquanto produtor, mesa-redonda acerca de um texto de Walter Benjamin. Com António Guerreiro, Francisco Frazão, Pedro Boléo e Marco Martins
19:30 - Conversa com Maurizio Lazzarato acerca de cultura, trabalho, liberalismo, subjectividade.
Ver mais em Unipop.
CARLA BAPTISTA NA HEMEROTECA MUNICIPAL
quarta-feira, 29 de abril de 2009
CONTEÚDO DOS MEDIA
The Content of media. Quality, profit and competition é o título do livro mais recente de Alfonso Sánchez-Tabernero, editado pela MediaXXI.
Conforme escreve Alan Albarran no prefácio, o livro de Sánchez-Tabernero procura explicar o que está mal nas indústrias dos media e porque a qualidade dos conteúdos tende a baixar e há necessidade de mais regulação. O autor, docente da Universidade de Navarra, tem estudado a gestão das empresas de media, a liderança, os conteúdos dos media e o tema da qualidade no sector do audiovisual. O livro assenta em três hipóteses: 1) a qualidade do audiovisual tem baixado ao longo das décadas, 2) a procura púbica não tem impedido esse declínio, pelo contrário, o público não mostra preocupações com essa perda de qualidade, 3) a vulgaridade nos conteúdos é um risco para o produtor de conteúdos. Se essas hipóteses são verdadeiras, isso deve-se à falta de concorrência na produção de conteúdo de qualidade, falta de talento dos que fazem os conteúdos, falta de profissionalismo por parte dos gestores e directores das empresas de media. Como forma de ultrapassar estas debilidades, Sánchez-Tabernero entende haver uma oportunidade para experimentar novas formas de gestão.
INDÚSTRIAS CULTURAIS E CULTURAS MINORITÁRIAS DOS PAÍSES IBERO-AMERICANOS
DESCARREGAMENTOS ILEGAIS NA INTERNET
INDÚSTRIAS CRIATIVAS NO PORTO
PREJUÍZOS - I
PREJUÍZOS - II
RECEITAS
Autocarro londrino estacionou em Barcelona
terça-feira, 28 de abril de 2009
JOÃO LOPES E O ARGUMENTO NO CINEMA
“ÍMAN” REPRESENTA PORTUGAL NA 4ª EDIÇÃO DO RAMALLAH CONTEMPORARY DANCE FESTIVAL
O festival vai de 21 de Abril a 10 de Maio em Ramallah e noutras cinco cidades da Palestina, assim como Jerusalém, Belém, Haifa, Nazaré e Nablus. A apresentação de Íman está programada para o dia 1 de Maio, às 19:30, no Al-Kasaba Theatre & Cinematheque, em Ramallah, e para o dia 3, à mesma hora, no Palestinian National Theatre, em Jerusalém.
[créditos - texto: alkantara@alkantara.pt; imagem: Ana Borralho]
FIM DE TARDE NO PALÁCIO BEAU SÉJOUR (LISBOA)
- Como se estivéssemos no palácio de Don Fabrizio, em Palermo, na Sicília, Itália. Será um fim de tarde diferente, entre leituras do livro, interpretação histórica e visionamento de cenas do filme de Luchino Visconti. Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, a sessão terá lugar às 18:00 no Salão Dourado do Palácio do Beau Séjour (Gabinete de Estudos Olisiponenses). Fica na Estrada de Benfica, 368, em Lisboa.
COMO ENCARAR A DERIVA DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS PARA AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS?
O painel pretende discutir as indústriais culturais e as indústrias criativas sob o ponto de vista das artes, arquitectura e design, debatendo os conceitos de cultura e criatividade, arte e artista, economia e tecnologia e procurando avaliar desafios e consequências que a preponderância crescente das indústrias criativas coloca às diferentes práticas artísticas. Qual o papel e as (novas) responsabilidades das artes, arquitectura e design neste novo quadro? Como pode cada sector ser um efectivo motor para uma nova economia do século XXI, produzir riqueza económica e contribuir para o desenvolvimento sustentado, mantendo-se simultaneamente como um campo de experimentação e reflexão crítica independente?
Com Tiago Bartolomeu Costa (revista Obscena, Lisboa), Pedro Gadanho (arquitecto, docente universitário e curador, Lisboa) e Rosina Gomez Baeza (directora do LABoral_Centro de Arte y Creación Industrial, Gijón, Espanha).
Sobre esta e outras mesas redondas de O Museu Imaginário (Rua Tenente Raul Cascais, 1B, Lisboa) darei mais informações nos próximos dias.
ESCRITA PARA GUIÕES
O ambiente de formação é o da escrita de série de ficção para televisão, com timings reais e equipa formada onde cada aluno tem responsabilidades (elaboração da grelha, escrita das cenas, revisão de texto). Como se vai do storyline ao primeiro episódio de uma série? Que etapas se atravessam? O que é uma grelha de um episódio? Como dividi-la? Que objectivos deve cumprir um primeiro episódio de uma série?
Os dois guionistas assinaram novelas como Ninguém como Tu, Tempo de Viver, Equador, Olhos nos Olhos (Rui Vilhena) e o remake da novela Vila Faia (Joana Jorge, também envolvida nas equipas criativas de Tempo de Viver e Olhos nos Olhos).
Mais informações: Célia Caeiro.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
INTERNET E PROIBIÇÃO DE DESCARREGAMENTOS ILEGAIS
- O debate sobre downloads ilegais é tão antigo quanto a Internet, pelo menos desde que há largura de banda suficiente para deixar passar música e filmes. Mas nenhuma proposta tinha ido tão longe como a que será discutida quarta-feira no Parlamento francês. Propõe-se que, depois de dois avisos, os cibernautas que descarregam música sem pagar fiquem impedidos de aceder à Internet (Isabel Gorjão Santos, Público, 27 de Abril de 2009).
FESTIVAL GRANDE ANGULAR
As inscrições para o Grande Angular - Festival de Jornalismo Televisivo, que distingue trabalhos de Grande Reportagem e Documentário, foram alargados até 15 de Maio. O Festival decorre em 20 e 21 de Junho no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, premiando trabalhos apresentados nas categorias de Melhor Grande Reportagem, Melhor Documentário, Melhor Produção, Melhor Realização, Melhor Imagem, Melhor Edição, Melhor Captação de Áudio, Melhor Sonorização, Melhor Texto e Melhor Narração.
Mais informações aqui.
EXPOSIÇÃO DE JORNAIS, VESTIDOS, LOGÓTIPOS
Estudos de logótipos, jornais, revistas, maquete e vestidos compõem os mais de 340 objectos em exposição, de 6 de Maio a 2 de Agosto, no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), além de esculturas e pinturas de Amilcar de Castro e Willys de Castro, sob curadoria de Lorenzo Mammì.
O IAC fica no Centro Universitário Maria Antonia - Edifício Joaquim Nabuco, na Rua Maria Antonia, 258, em São Paulo. Ler mais em Canal Aberto.
MEDIA - DOS CONTEÚDOS AOS CONTENTORES
Será que os novos media, muitos deles de pequena dimensão (sítios, blogues, música e vídeo no MySpace e no YouTube respectivamente), satisfazem as características ideais de cidadania e espaço público habermasiano? Ou esta liberdade criativa e sem censura é limitada pela propriedade do contetor? É que na internet se distinguem claramente os conteúdos e os contentores, as empresas que alojam os conteúdos.
INDÚSTRIAS CULTURAIS NO PARLAMENTO EUROPEU (2008)
- 2. Salienta que, no quadro da "economia pós-industrial" actual, a competitividade da União também deverá ser reforçada pelos domínios da cultura e da criatividade; neste contexto, convida a Comissão e os Estados-Membros a conferirem prioridade às políticas que se centrem não apenas na inovação comercial mas também na inovação em acções culturais e na economia criativa;
3. Nota que as indústrias da cultura são entidades fundamentais na prestação de serviços de valor acrescentado, constituindo a base de uma economia do conhecimento dinâmica, motivo por que devem serem reconhecidas pelo seu importante contributo para a competitividade da União Europeia;
4. Considera que as indústrias culturais, que são uma importante fonte de criação de emprego na União Europeia, precisam de tirar partido, em especial, do talento criativo; exorta, por conseguinte, os Estados-Membros a incentivarem a criação de modalidades novas e inovadoras de formação contínua, capazes de promover a emergência do talento criativo.
domingo, 26 de abril de 2009
PAIXÕES DA ALMA
A ocupação dos concertos da 3ª edição, na recta final neste final de domingo, foi de 89,23%, valor superior ao dos anos anteriores, o que ilustra o reconhecimento do trabalho de Mega Ferreira e a sua equipa, após algum afastamento quando se mudou o formato. A 3ª edição custou 700 mil euros, com 300 mil vindos de patrocinadores, 200 mil da venda dos bilhetes e 200 mil do orçamento do próprio CCB. Além dos concertos, registou-se uma novidade este fim-de-semana: as oficinas de música e dança, que trouxeram muitas crianças. Por exemplo, ontem à tarde, era visível a alegria das crianças no jardim das Oliveiras, junto ao edifício onde decorreram os concertos.
[informações recolhidas através da audição da Antena 2]
ANA PANKRATOFF
Dela, mais vídeos aqui e músicas aqui.
NOVAS TENDÊNCIAS NO JORNALISMO: CULTURA & ECONOMIA
- O Jornalismo Cultural é uma profissão jornalística que relaciona factos relacionados com a Cultura, relatando diversas manifestações nas áreas da artes visuais, música, cinema, teatro, televisão, literatura, etc. Reflectem ainda sobre os movimentos culturais, aspectos históricos e políticas culturais relacionando-as, contextualizando-as e interpretando-as.
A globalização, aliada ao desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, veio relançar o protagonismo da comunicação social e o seu efeito de sentido, podendo intervir positivamente na (re)formulação da vida quotidiana, contribuindo para o esclarecimento dos leitores e dos espectadores sobre as grandes mudanças que ocorrem tanto a nível local, nacional como internacional. Por esse motivo, é premente convocar aqueles que se debruçam sobre estes temas desafiando um leque restrito de profissionais da comunicação social para reflectirem connosco o novo paradigma das Indústrias Criativas [Arquitectura, Mercado, Artes Visuais & Antiguidades, Audiovisuais, Televisão & Rádio, Artes Performativas & Entretenimento, Cinema & Vídeo, Design, Escrita & Publicação, Moda, Música, Software Educacional & Lazer, Publicidade, Gastronomia] que queremos implementar, adaptando-o à realidade portuguesa em geral e, em particular, à Área Metropolitana de Lisboa (zona de influência deste projecto), tentando incentivar um debate tão alargado quanto possível nos órgãos de comunicação, para que seja possível contribuir para dar uma resposta às seguintes questões:
1. Pode a Área Metropolitana de Lisboa aspirar a ser uma plataforma de acolhimento para Novos Talentos e Projectos Inovadores? Quais os mecanismos de desenvolvimento que lhe devem estar associados, nomeadamente ao nível da Revitalização Urbana e ao uso das Novas Tecnologias ?
2. Qual a diferença entre Indústrias Culturais e Indústrias Criativas?
3. Como entendem ser possível compatibilizar a liberdade de criação artística (arte pela arte) com a "pertinência comercial" exigível aos conteúdos culturais na era das TIC’s?
4. Como interagir entre os conceitos de Arte, Tecnologia e Empreendedorismo?
sábado, 25 de abril de 2009
35 ANOS ATRÁS
Pelo perfil da mulher, que usa dois colares de contas e um vestido com flores em fundo branco, não se consegue saber mais do que um rosto sério e atento, mas escapa-nos a razão do olhar. O autor da imagem a preto e branco, que poderia dar um razoável retrato etnográfico, deve ter usado uma lente com pequena profundidade de campo. Fora de campo, parece haver árvores; à esquerda, ergue-se um artefacto de que não se compreende o significado por falta de elementos; as silhuetas por detrás da mulher indicam vegetação com algum porte, o que denota uma paisagem da savana africana. Que história pessoal transportava a mulher? Como viveu o fim da colonização portuguesa? Quando acabou a festa de então? Que novos problemas e alegrias?
sexta-feira, 24 de abril de 2009
MUSEUS
TELEVISÃO ESPANHOLA
UMA COLABORAÇÃO DO PÚBLICO
O comentário aqui no blogue é apenas constatar a perda que a colunista provoca ao sair do jornal. A opinião é, segundo o meu olhar, cada vez mais essencial, pois os colaboradores são escolhidos por reflectirem pontos de vista diferentes. Os jornais já não dão notícias (novas), pois a impressão do papel acarreta muitas horas separadas da ocorrência que narram. O centro dos jornais é crescentemente a reflexão e as perspectivas dadas por esses colaboradores externos à redacção. Uma saída de colunista é, assim, uma perda dupla.
CÓPIAS ILEGAIS NA INTERNET
ECOS DA BIENAL DE SÃO PAULO
- A nossa [bienal] é uma bienal histórica: condicionada a trajetória das Exposições Universais do Século XIX e início do Século XX, da imigração desse evento espetacular da Europa às Américas.
A nossa bienal é um caso singular: uma transposição do modelo original de bienal (Bienal de Veneza/final de século XIX) realizado por Ceccilio Matarazzo meio século depois na cidade de São Paulo, uma cidade mercantil em perpétua transformação vivenciando uma ascensão e crescimento exponencial, mas, naquele momento, ainda na periferia do capitalismo. Por curiosidade cabe dizer que no caso Norte Americano, fenômeno que desperta interesse semelhante foi o de uma transmutação: a criação de um novo modelo de museu: o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1939.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
CONVERGÊNCIA NOS MEDIA
O segundo ponto é o da convergência entre media, com integração de redacções (breaking news e online versus redacção do jornal em papel). Exemplos: se os editores de economia e de política, ou de outras áreas, passarem a empregar jornalistas da redacção online para fazerem simultaneamente os trabalhos para o jornal online e o jornal em papel, esvaziam a estrutura da redacção online; o fotógrafo pode desempenhar também o papel de operador de vídeo. Mas há ainda muitos exemplos de redacções dos media em papel e online separadas.
O terceiro ponto é o da convergência de dispositivos, como o telemóvel e a internet. As notícias surgem primeiro nesses dispositivos, enquanto os jornais perdem leitores e e a rádio igualmente ouvintes ou fragmenta-se; mesmo a televisão já não alcança a faixa etária dos 18-30 anos. Os media clássicos podem dar notícias mais desenvolvidas e com outras perspectivas. Os exemplos dos cadernos "P2" e "Ípsilon" do Público em papel foram apresentados como boas opções.
O último ponto é o da convergência entre produtores e consumidores, estes últimos conhecidos como as pessoas anteriormente conhecidas como audiência. A facilidade no acesso a ferramentas de internet e a participação cívica permitem esse esbatimento entre quem faz e quem recebe. Um dos momentos históricos foi a criação da Blogger em Agosto de 1999 (em breve comemora-se uma década de existência dos blogues). Seguiram-se o jornalismo participativo, o jornal OhmyNews, a participação de blogueiros nas convenções partidárias americanas em 2004, o livro Nós os Media de Dan Gillmor.
Mas António Granado chamou também a atenção para os mitos provocados pela convergência. O primeiro é o da redução da dimensão das redacções. Se um gestor fala em convergência, esta é uma forma de cortar custos. Ora, uma redacção habituada a fazer um produto (jornal em papel) que se vê compelida a fazer mais (papel, online, vídeo, podcast), isso significa mais trabalho ou perda de qualidade. Se a redacção se reduz, os resultados não serão bons. O segundo mito é o das redacções estarem cheias de pessoas com grande criatividade que podem adquirir novas especializações. Ora, andar com uma mochila cheia de dispositivos para escrever, registar em som e imagem, fotografar ou fazer vídeo, é excessivo para um jornalista. O profissional multi-tarefas e multi-especialidades pode querer dizer que a qualidade do trabalho nunca passa de mediana.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA EM CASTELO BRANCO
Os 15 anos do Primavera Musical, Festival Internacional de Música de Castelo Branco, comemoram os 200 anos da morte e nascimento de, respectivamente, J. Haydn e F. Mendelsohn, com dois concertos: Voces Caelestes e Ana Mafalda Castro; Quatuor Psophos. Presentes também Largos Horizontes com os Drumming-Grupo de Percussão, com Estou-me(a) Marimbar, e o guitarrista de jazz, Martin Taylor, a solo. Igualmente presentes o duo Naoko Nebl (harmónica) e Andreas Nebl (acordeão) e os vencedores do FOLEFEST 2009, o Trio Accordarchi. O programa contará ainda com a pianista portuguesa Luísa Tender e a Orquestra Sinfónica da ESART, dirigida por Rui Massena, e os solistas Carlos Guilherme e Ana Ester Neves, numa Gala de Ópera realizada no largo da Devesa. De 6 de Maio a 6 de Junho. Para saber mais, ver o blogue Primavera Musical.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
SEXTO E SÉTIMO ANÚNCIOS DO PÚBLICO
Um anúncio, com um homem dentro de fato de astronauta, destaca as secções do jornal: internacional, nacional, local. Outro anúncio, com a imagem de outro homem jovem de gravata levemente desapertada e mangas arregaçadas e com uma máquina (telemóvel?) na mão, aponta para a economia, uma das principais secções do jornal.
As cores são esbatidas, as imagens têm falta de definição, as fotografias são tiradas de baixo para cima, tornando mais imponentes os indivíduos, significando autoridade, responsabilidade, convicção. O Público Sou Eu, diz a assinatura da mensagem, o que corrobora a atitude dos fotografados.
Numa das mensagens, escrevi "a quem se destina realmente a campanha? Aos leitores do jornal em papel? Aos leitores mais jovens"? Sim, parece-me ser essa a resposta: campanha dirigida aos leitores masculinos jovens do jornal. Mas esses já não estão na internet? Fico com dúvidas.
NOVA PEÇA NO TEATRO ABERTO
O Deus da Matança, de Yasmina Reza com encenação de João Lourenço, estreia em breve na Sala Azul do Teatro Aberto. Filipe Duarte, Joana Seixas, Nuria Mencía e Paulo Pires serão os quatro actores a ver na peça.
Dois rapazes andaram à pancada e um deles partiu um dente ao outro. Os pais encontram-se para falar com calma sobre o incidente e as consequências que ele terá para os dois rapazes. Na peça, Yasmina Reza, autora francesa, analisa o universo da família com mistura de humor e crítica social.
JAZZ NA RÁDIO
No próximo sábado, dia 25 de Abril, das 20:00 às 24:00, a Rádio Europa Lisboa (90,4 Mhz) assinala a data em que Ella Fitzgerald faria 92 anos, no programa As Vozes do Jazz. O tema de abertura da emissão será Let’s Begin, criação de Jerome Kern e Otto Harbach. Edição de Ricardo Belo de Morais.
O CINEMA SEGUNDO JOÃO MARIA MENDES
Culturas Narrativas Dominantes. O Caso do Cinema é o novo livro de João Maria Mendes, em edição da Universidade Autónoma de Lisboa, escola onde o autor ensina. O texto segue-se à obra monumental publicada em 2001 pela MinervaCoimbra, Por Quê Tantas Histórias - o Lugar do Ficcional na Aventura Humana, que versa igualmente o cinema.
Mendes vê uma dupla face no cinema: produtor massivo de conteúdos para as indústrias culturais, actividade de arte e ensaio; paradigma desconstrutivo europeu e paradigma reconstrutivo californiano; cultura narrativa dominada e cultura narrativa dominante; organização da intriga e do enredo ou plot e forma de argumento ou script. Mas dedica maior atenção ao cinema narrativo, à sua auto-reflexividade e à rede de relações com outras technês artísticas como a literatura e o teatro. Parte da distinção platónica da diegesis e da mimesis e (quase que) chega a Mikhail Bakhtin, que nas décadas de 1930 e 1940 estudou a novela e sustentou a sua polifonia e cacofonia, com diversos registos discursivos e montagem de vozes, e que se pode aplicar ao cinema.
O livro está dividido em oito partes e estruturado em 79 textos, dando uma ideia de fragmento, de aleatório, de desconstrução. Cinema "europeu" e "americano" (as aspas significam uma certa apropriação de territórios pelo autor), referências constantes aos textos clássicos dos gregos (literatura, filosofia, arte), revolução dos modernos e dos contemporâneos (vanguardas, hipertexto, intermedialidade), estudos de caso (os filmes Matrix, por exemplo) e cinema de arte e de autor são alguns dos pontos específicos deste trabalho de João Maria Mendes.
Fico no ponto 36 ("Arquétipos" e indústrias culturais, pp. 84-88). Mendes convoca os seguintes autores para além dos inevitáveis Theodor Adorno e Max Horkheimer: Roland Barthes, Jean Baudrillard, Edgar Morin, Francis Balle, Léo Bogart, Herbert Marcuse, Guy Debord. Critica nomeadamente este último, ao considerar que as suas posições são conservadoras (preferência por uma cultura erudita e aristocrática e por ignorar a diversidade e qualidade de conteúdos). Mas já não refere David Hesmondhalgh, Justin O'Connor, Enrique Bustamante, Ramon Zallo, nem sequer Patrice Flichy ou Bernard Miège, o que ilustra um pensamento centrado na França pós-estruturalista de Deleuze mas pré-1990. Uma categoria curiosa, e que João Maria Mendes encontra em Bogart, é a distinção entre indústrias pesadas e indústrias culturais (ligeiras ou ultra-ligeiras), casos do cinema, da televisão, da rádio e da imprensa, na perspectiva dos instrumentos produtivos e das mercadorias produzidas (p. 85).
terça-feira, 21 de abril de 2009
ESPAÇO CAMPANHÃ
No próximo dia 25 de Abril, haverá uma sessão especial. Às 15:00, lançamento da publicação Está a morrer e não quer ver, de Mauro Cerqueira; às 16:00, conferência Uma mudança de vida, por Ana Cristina Assis; às 18:30, concerto Hinos para a Europa dos 27, por Marçal dos Campos.
O Espaço Campanhã fica na rua Pinto Bessa, 122, Armazém 4, Porto.
CONFERÊNCIA SOBRE CULTURA E CONFLITO
LAURA BULGER E O FILME SLUMDOG MILLIONAIRE
A LEITURA DE LIVROS EM SONDAGEM DA MARKTEST
- 36,9% dos inquiridos neste estudo revelaram estar a ler um livro ou tê-lo feito no último mês, em contraste com os 63,1% de entrevistados que respondeu negativamente a esta questão. As percentagens de adeptos dos livros sobem junto das mulheres (40,7% delas referiu ter lido ou estar a ler algum livro), dos indivíduos entre 35 e 44 anos (48,0%) e dos residentes na Grande Lisboa (42,8%) e no Grande Porto (42,0%). Entre as classes sociais, encontramos, como referido, mais diferenças, com os valores a oscilar entre os 64,5% observados junto dos que pertencem às classes sociais alta e média alta, os 41,9% junto dos indivíduos da classe média e os 22,7% junto dos que pertencem às classes média baixa e baixa.
34,6% dos entrevistados preferem romances, seguindo-se 13,9% que lêem livros técnicos-científicos. Equador (Miguel Sousa Tavares) é o título mais referido quando aos entrevistados foi pedida a recordação de um livro lido recentemente.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
ANDY WARHOL
O mundo da pintura de Andy Warhol (1928-1987) não é apenas o da pop art, não se reduz ao espírito optimista do american way of life, em que se revelam os ícones da Coca-Cola, das latas Campbell, Marilyn Monroe, Elvis Presley ou Elizabeth Taylor. É também a da cadeira eléctrica, dos acidentes de viação, das séires Death and Disasters (Warhol, Miroir du Grand Monde, catálogo pequeno da exposição, p. 6).
Após ter concluído a licenciatura em design em Pittsburgh, mudou-se para Nova Iorque e começou a trabalhar como ilustrador de revistas como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker. Fazia ainda anúncios publicitários e montras de lojas. Warhol ia frequentemente ao cinema, gostando em especial de Shirley Temple e de Judy Garland. Imortalizou esta, mais a filha Liza Minnelli, nas suas pinturas. Muitas outras estrelas de cinema, assim como empresários e outras celebridades, procuraram-no para serem pintados por ele. A imagem começava com uma sessão de fotografias, onde os modelos eram maquilhados, com eliminação de toda as imperfeições. Cada pintura custava 25 mil dólares, baixando para 15 mil caso houvesse uma segunda obra.
The Factory foi, a partir de 1962, escritório e fábrica, agência de publicidade e espaço de inspiração teatral, musical e plástica para Warhol. Lou Reed e John Cale cantaram a Factory em Songs for Drella (espécie de vida romanceada de Warhol e das suas relações interpessoais). Warhol está por detrás do êxito da banda The Velvet Underground e Nico (Christa Päffgen, 1938-1988; Nico é o anagrama de icon e foi-lhe dado Andy Warhol) e da capa do disco The Velvet Underground e Nico, transformado no álbum da banana. O motivo, verdadeira transfiguração do banal em obra de arte pop, alarga-se a uma audiência muito maior que a das serigrafias que o autor realizava (Warhol, Miroir du Grand Monde, catálogo pequeno da exposição, p. 24). Data dessa época a amizade com a banda inglesa The Rolling Stone e o seu vocalista Mick Jagger.
O fascínio do cinema em Warhol leva-o a comprar equipamentos fotográficos e cinematográficos. Em 1963, roda Sleep, captação silenciosa do sono do poeta John Giorno, facto escandaloso para a época. Em simultâneo, Warhol associou-se a músicos minimalistas como La Monte Young, Philip Glass e Steve Reich. Warhol desenvolveu uma incarnação plástica das estruturas minimalistas da música. Escândalo semelhante provocariam as suas pinturas Camp, auto-retratos drag em 1981, a partir de fotografias Polaroid.
Mas o que mais ficou da obra pop de Warhol foram os acrílicos sobre tela representando Marilyn Monroe, séries repetitivas da mesma imagem a que o pintor deu tonalidades e cores diferentes. Colocadas numa parede como aparece na presente exposição do Grand Palais em Paris adquirem uma ressonância de grande espectacularidade. Sim, Andy Warhol foi uma super-estrela do sistema das estrelas, uma celebridade no que fazia e no que dizia. Mas continua a inspirar toda a gente, como a capa do número de sexta-feira do caderno "Ípsilon" (jornal Público). Seria Elvis Presley (acrílico de 1963) um cowboy ridículo ou um ícone cheio de glamour?
E o que poderíamos dizer dos quadros de Ileana Sonnabend (1973), Sonia Rykiel (1986), Debbie Harry (cantora dos Blondie) (1980), Carolina Herrera (1979), Marella & Giovanni Agnelli (1972)?
domingo, 19 de abril de 2009
AS PISTAS DO MYSPACE
O MySpace é um rede social, onde cada músico ou banda incluem cinco ou seis músicas, vídeos de concertos, fotografias e slideshows, com links para amigos e colegas de profissão e comentários de fãs, alguns de outros músicos, o que permite a (re)construção de tendências musicais. O MySpace, que possibilita ainda a promoção de discos e concertos, com letras de canções, publicita correntes estéticas de países de língua não inglesa, quebrando a hegemonia da pop anglo-americana patente nas rádios portuguesas, por exemplo. As estéticas ou estilos que se ouvem são próximos dos anglo-americanos dominantes, o que ilustra a universalidade de gostos sem pôr em causa particularidades linguísticas e influências locais ou nacionais. É uma montra obrigatória para quem faz música: consagrados e novos valores. A geração mais jovem, de cultura digital, ao aceder a um meio que combina sons, imagem fixa e em movimento, mais próxima dos seus fãs, encontra aqui um novo e poderoso canal de distribuição e publicidade, sem necessidade de grandes financiamentos e aparatos técnicos.
INSTITUTO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS
ANIVERSÁRIO DO BLOGUE CONVALOR
Jubilação ou segunda geração, o facto é que o blogue original já deu sequência a outro, o Elogio de la Librería, com mais especificidade.
Parabéns ao Txetxu Barandiarán.
sábado, 18 de abril de 2009
CORTES ORÇAMENTAIS NA CULTURA? ESTIMULA-SE A CRIATIVIDADE
Alguns apontamentos com base no texto da jornalista: 1) maior procura de bens e serviços culturais e menos apoios estatais, com mais modelos concorrenciais, 2) nos Estados Unidos, o National Endowment for the Arts conseguiu um reforço de 50 milhões de dólares, porque no país há 100 mil grupos de arte não lucrativos que empregam 6 milhões de pessoas e contribuem com 167 mil milhões de dóares por ano para a economia americana, 3) necessidade de aparecerem novos pensadores e críticos de arte, 4) uma época de decadência traduz-se habitualmente em florescimento da cultura e da arte, 5) distinção entre produtos analógicos e materiais versus digitais e imateriais, 6) a geração totalmente digital, que já chegou ao mercado de trabalho e a posições de poder, mostra uma grande agilidade nos media, gosta de modelos de colaboração e de conversas e menos de conferências.
O LIVRO DE JOAQUIM FIDALGO SOBRE ÉTICA E AUTO-REGULAÇÃO
Joaquim Fidalgo foi jornalista fundador do Público, jornal que apareceu em Março de 1990. Antes, trabalhara no Jornal de Notícias (1980-1983) e no Expresso (1983-1989). No Público, fez parte da sua direcção e administração, até 1996, e foi redactor-principal e editor-chefe. De Outubro de 1999 até Setembro de 2001, foi provedor do leitor deste último jornal. Em 2002, abandonou o jornalismo enquanto actividade principal, para se dedicar a tempo inteiro ao ensino e à investigação na Universidade do Minho. Em 5 de Janeiro de 2007, defendeu com brilhantismo o seu trabalho de doutoramento (não fui a Braga assistir a essa prestação de provas, mas relatei o acontecimento no link acima).
Da actividade de provedor de leitor, publicara os principais textos na colecção da MinervaCoimbra dirigida por Mário Mesquita. Título: Em Nome do Leitor. As Colunas do Provedor do "Público" (2004). Da introdução desse livro retiro as seguintes palavras: "Contribui ela [a figura do Provedor do Leitor] para uma efectiva melhoria dos jornais que temos, e para uma genuína interacção entre os "media" e os seus públicos, ou não faz muito mais do que aliviar a consciência das empresas jornalísticas - quando não dos próprios jornalistas".
O ano passado, na colecção da Porto Editora sobre comunicação, publicava O Jornalista em Construção. Informava a apresentação: "Este livro constitui a primeira parte da tese de doutoramento em Ciências da Comunicação por mim defendida em Janeiro de 2007, na Universidade do Minho, e cujo título é O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas". Destaco, do índice, os seguintes elementos: definição da profissão de jornalista, processo de profissionalização, princípio da diferenciação da profissão, jornalismo industrializado, estatuto de jornalista, responsabilidade social do jornalista, tecnologias da informação e alargamento do campo jornalístico.
Nesse livro, fez uma abordagem teórica da sociologia das profissões e dos paradigmas que nas últimas décadas do século XX foram objecto de estudo e debate. Seguindo de perto o texto de Maria de Lurdes Rodrigues sobre profissões, Fidalgo destacaria a diferenciação do jornalista, com "delimitação de um território próprio, distinto do de outras actividades que «faziam» o jornal e tributário de uma lógica de funcionamento também particular" (pp. 70-71). Ao estudar o jornalismo industrializado, o autor olhou a situação em França, nos Estados Unidos, em Portugal e em Espanha.
O livro de 2008 era a entrada para O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas (2009), agora publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação para a Ciência e tecnologia. Trata-se da componente empírica do doutoramento, debruçada sobre o Provedor do Leitor enquanto instância auto-reguladora, onde estudou "as opiniões, relações e sentimentos dos jornalistas relativamente a tal figura". Para perceber melhor o pensamento dos jornalistas, Joaquim Fidalgo conduziu um inquérito junto de jornalistas de três diários nacionais (que não incluiu na presente obra).
Na nota explicativa, Fidalgo indica:
- O objectivo central da investigação proposta é tentar compreender os contornos e as especificidades da profissão de jornalista (uma profissão reconhecida como tal e institucionalizada há escassas décadas), seja nos modos como ela é encarada e tratada pelos seus directos protagonistas, seja nos modos como ela é olhada e julgada pelo todo social em que está inscrita e com quem interage" (p. 18).
O ponto de partida é saber se o jornalismo é ou não uma profissão. O ponto de chegada (pp. 446-478) é constatar que a profissão do jornalista é uma construção situada e datada, o trabalho de comunicação do jornalista estabelece uma forma de poder, o conhecimento veiculado pelos media traz implícita uma atribuição de sentido e uma vinculação social, além de um poder de falar, a comunicação mediática é lugar privilegiado de debate público, a profissão exige uma ética e um saber próprio, o saber profissional e modelo de competência, carregados de responsabilidade social, verificada através da prestação de contas com mecanismos de auto-regulação e co-regulação, com devolução ao público e cidadãos do lugar de co-protagonista no processo de comunicação mediática, de ouvir e falar, com ética de recepção, sem esquecer a ética da empresa e escrúpulo deontológico, com identidade situada na organização e na profissão, e um suporte inicial, a formação.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
CONGRESSO DA SOPCOM
A minha comunicação à mesa de História dos Media chamou-se A Relação das Tecnologias de Informação e dos Media nos Últimos 40 Anos. Retiro três parágrafos da comunicação:
Hilmes (2002, 2008), Keith (2008) e Sterling e Keith (2008) produziram excelentes perspectivas da história dos media electrónicos, que sigo, apesar da realidade nacional não ser coincidente com a história internacional dos media. Hilmes (2002) divide a história dos media em períodos de 10 anos como se fossem ciclos de renovação de tendências, perspectiva aparentada à de Smith (1999), que discursa sobre o tempo da aceitação económica de uma tecnologia. Winston (1998) e Bolter e Grusin (2000) são menos acutilantes na ideia diacrónica e determinista da história e o livro coordenado por Keith (2008) tem preocupações em temas como programação, construção da nação, comunidades e política, cultura e religião.
Já Keith (2008a) destaca os estudos sobre a história da rádio focados, por exemplo, em inquéritos à opinião pública e análise das agências governamentais e das empresas radiofónicas. Keith evidencia o modo inicial como académicos e críticos viam a rádio como meio experimental, popular e frívolo. Contudo, no começo da década de 1930, após a transmissão das conversas à lareira do presidente americano Roosevelt, começaram a encará-la como dotada de força cultural para a mudança. O programa radiodifundido no dia do Halloween de 1938 por Orson Welles, representando uma invasão de marcianos, provou o poder do meio. Keith (2008a) analisa ainda a história da rádio a partir de elementos como género, raça, religião e família, seguindo a preocupação sentida noutro trabalho (Keith, 2008), já assinalado.
Quanto a Daniel, Mee e Clark (1999) e Morton (2004), dão destaque ao registo magnético, com os seus pioneiros e inventores. A gravação constitui uma área fundamental no desenvolvimento dos media electrónicos, da rádio e da televisão aos computadores e à internet, do gravador de som e da cassete ao disco rígido, com uma diversificação de produtos, naquilo a que Daniel, Mee e Clark (1999) chamaram desenvolvimentos relacionados e Winston (1999) designou de redundâncias (os formatos de vídeo VHS, Beta e 8 mm, por exemplo, levando a uma grande guerra comercial). Morton (2004), para além da história do registo musical e do destaque de aparelhos como o fonógrafo, o gravador magnético e o óptico, estudou igualmente as estratégias comerciais e as lutas de patentes.
O vídeo mostra a comunicação de Francisco Rui Cádima, intitulada Para a História do Pluralismo na RTP: Análise de Deliberações e Estudos da AACS e da ERC.
1º VAGA DE AUDIÊNCIAS DA RÁDIO EM 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
SOPCOM
Na conferência inaugural desta manhã, Miquel de Moradas falou sobre o serviço público de televisão e de rádio e da necessidade de mudança de paradigma, com o surgimento do serviço público das redes multimedia. Isso significa, para ele, o fim do broadcasting enquanto se começam a avaliar as consequências da televisão digital terrestre.
O entendimento que faço da proposta de Moradas implica a venda das frequências, até agora um bem público. Embora nunca fosse do domínio público gratuito, pois a licença de emitir numa frequência foi sempre organizada pelos Estados e por organismos internacionais, a passagem para o digital pode implicar uma privatização das frequências e o seu aluguer por valores mais altos, dado o uso comercial delas. A rádio e a televisão usavam as frequências atendendo a valores educacionais e de entretenimento, de democracia e de serviço público - ou seja, havia uma função social de base.
No entanto, vivemos num novo contexto, o da internet (blogues, redes sociais), de maior pluralismo (as ferramentas de produção são muito acessíveis, económica e tecnologicamente, embora surjam vozes reclamando regulação), o que pode equilibrar a perda do uso social das frequências hertzianas.
Das mesas em que estive presente, saliento as comunicações de Luís Bonixe (rádio e sítios da internet de rádio), Dora Santos Silva (jornalismo cultural) e José Luís Garcia e Sara Meireles Graça (jornalismo e jornalistas no contexto do actual capitalismo). A imagem seguinte foi retirada da comunicação de Dora Santos Silva.
VASSILY KANDINSKY
"As grandes pinturas que tomam gradualmente forma dentro do meu coração" são palavras de Vassily Kandinsky escritas numa carta à sua mulher Gabriele Münster em 1915 e que se referem aos trabalhos que planeava e expressam o seu pensamento íntimo face à pintura.
A exposição patente no Centre Pompidou (Paris) de 8 de Abril a 10 de Agosto resulta da apresentação de obras do pintor russo Vassily Kandinsky (1866-1944), pertencentes maioritariamente ao Centre Pompidou (Paris), ao Städtische Galerie im Lenbachhaus (Munique) e Solomon R. Guggenheim (Nova Iorque), num total de algumas centenas de pinturas de grande formato e que o pintor criou entre 1907 e 1942, complementadas com desenhos adquiridos recentemente pelo Musée National d'Art Moderne.
O centro da exposição é o ano de 1921, quando o pintor se exilou na Alemanha. Mas vêem-se igualmente obras iniciais, num estilo a que chamei de expressionismo icónico (influência da pintura de imagens em forma de ícones nas igrejas ortodoxas), pinturas feitas após a sua chegada a Munique em 1908, a Primeira Guerra Mundial, o regresso à Rússia revolucionária (onde tomou parte na intervenção de vanguarda do regime soviético), a sua chegada à escola da Bauhaus em Weimar (1922) e em Berlim (até ao encerramento em 1937), a sua residência em Paris. Do que vi, gostei particularmente das obras feitas no arco histórico de 1909 a 1913, onde há uma surpreendente viragem de estilo e que, a meu ver, tornam Kandinski um dos pintores mais importantes do século XX e fazem da exposição no Centre Pompidou uma das mais importantes a nível europeu este ano.
Kandinsky estudou direito e economia na Universidade de Moscovo, defendendo tese de doutoramento em 1895. No ano seguinte, com 30 anos, viajou para Munique para aprender pintura. Deixou a carreira académica e encontrou Gabriele Münster, com quem passou a viver. O casal viajou pela Europa, nomeadamente por Amsterdão, Viena e Roma. Também esteve na Tunísia. Em 1906, foi a vez de visitar Paris; longe dele estaria a ideia de ali morar e viver os anos finais da sua vida.
O período de 1896-1907 foi de incursões em "desenhos pintados" e pequenas paisagens resultado das viagens que fez. Em 1908, regressava a Munique, onde começou um período de grande intensidade - o período que acima assinalei como o que mais me impressionou. É o período do Blaue Reiter, com Franz Marc, onde abandona lentamente a figuração. A exposição mostra, sem dramatismo mas com uma enorme alegria, essa transição. Em 1911, surge a primeira pintura abstracta, Bild mit Kreis (Pintura com um Círculo), composição de massas coloridas de diferentes densidades. O começo da Guerra em 1914 levou Kandinsky a regressar à Rússia. A um período de euforia sucede um tempo de crise. Sem estúdio e materiais, ele volta-se para o desenho e a aguarela.
Após a Revolução de Outubro de 1917, Kandinsky pinta de novo. Em 1921, viaja para a Alemanha, com a sua terceira mulher, Nina, e aí permanece até 1933. Como escrevi acima, aceita colaborar com a Bauhaus de Walter Gropius, onde se deixa influenciar pelas inclinações racionalistas da escola e pelo trabalho de Paul Klee, que conhece e com quem partilha a ideia da arte aberta para o espiritual. A ascensão do nazismo leva-o, após indecisões, a rumar até Paris (Neully-sur-Seine). Esta mudança reveste-se de um novo período de desânimo: os nazis consideraram degenerada a sua arte. Os seus trabalhos foram retirados dos museus: Guggenheim negociaria a compra de vários destes trabalhos, transportados para Nova Iorque.
[texto a partir do desdobrável que acompanha a exposição, que, anteriormente, esteve patente em Munique. Após a saída de Paris, Kandinsky será mostrado em Nova Iorque, a partir de 18 de Setembro. O catálogo da exposição contém a reprodução das obras expostas e textos de, nomeadamente, Annegret Hoberg, Riccardo Marchi, Vivian Endicott Barnett, Angelika Wiessbach, Matthias Haldemann, Tracy Bashkoff e Christian Derouet]
quarta-feira, 15 de abril de 2009
DOUTORAMENTO DE ARONS DE CARVALHO
Como escrevi abaixo, Alberto Arons de Carvalho defendeu hoje provas públicas de doutoramento sobre a especificidade portuguesa do serviço público de televisão (SPT), provas ocorridas na Universidade Nova de Lisboa. Para o docente desta universidade, autor de livros sobre ética e deontologia do jornalismo, deputado e antigo secretário de Estado da área da comunicação social, a discussão sobre o SPT tem resvalado para a dualidade entre o dispositivo de controlo político do partido no poder e os interesses dos canais comerciais.
O agora doutor, que obteve a nota máxima nas provas, comparou o SPT português com o de outros países europeus como Holanda, Alemanha e Inglaterra, por oposição ao modelo americano. Tendo concluído pela não existência de um só modelo europeu, Arons de Carvalho apresentou uma tese composta de duas partes fundamentais: 1) perspectiva histórica em três fases (fundação da televisão e monopólio, concorrência, digital), 2) aspectos mais importantes do modelo (governação, financiamento, regulação).
Das conclusões do trabalho hoje defendido, anotei as seguintes: em muitos países europeus persistiram modelos governamentalizados; a passagem do período de monopólio para a concorrência gerou crises de identidade em termos de financiamento; apesar de Portugal possuir um regime autoritário na década de 1950, a RTP, a televisão pública, tinha capitais privados na sua constituição (tornados capitais de Estado em finais dessa década, por desistência das entidades privadas); a televisão comercial começou tardiamente em Portugal devido ao período de transição de regime político e anos seguintes (décadas de 1970 e 1980) e porque se reuniu então um consenso de 2/3 do total do parlamento para aceitação do serviço privado; o SPT está já nas novas plataformas multimedia, registando o sítio da RTP a maioria de visitantes dos sítios de televisão.
A uma pergunta do júri sobre se não considerava o modelo de SPT esgotado, Arons de Carvalho entende haver futuro para o serviço público. A partir da existência de serviços fornecidos com as novas plataformas, com transmissão não linear de modo a permitir uma programação feita pelo telespectador, o SPT continua essencial para fornecer serviços a minorias, com formatos específicos de programas e garantia de cultura nacional. Curiosa ainda uma outra observação: nos documentos fundadores da RTP, fala-se de serviço; com Marcelo Caetano, que no final da ditadura usou a televisão para finalidades de propaganda, surgiu o conceito de serviço público.
SONIA RYKIEL
Até meados deste mês, o Museu de Artes Decorativas de Paris (moda, têxtil e publicidade) tem uma exposição dedicada à costureira Sonia Rykiel, nascida em 1930.
Com 17 anos de idade, ela foi trabalhar como modelo para um armazém parisiense de têxtil. Mais tarde, casou com o dono de uma loja de roupa elegante, Sam. Quando estava grávida, em 1962, ainda não havia roupa apropriada para mulheres no estado dela, pelo que começou a desenhar os seus próprios modelos.
Um livro sobre ela diz que Rykiel consagrou-se ao essencial: a arquitectura do vestuário e ao movimento do corpo, uma mulher que passe na cidade ao encontro do namorado ou vá buscar o seu filho à escola sem ficar presa aos gestos e movimentos (Genevieve Lafosse Dauvergne, 2003, La Mode Selon Sonia Rykiel, p. 13)
Além de costureira, ela também tem escrito livros, casos de Et je la voudrais nue, Célébration, Collection terminée. Em 1980, foi votada como uma das dez mulheres mais elegantes em todo o mundo. Andy Wharol fez um célebre quadro dela, que também pode ser agora visto em Paris.
PUBLICIDADE TELEVISIVA
Pela visão daquelas peças, percebe-se o quanto importante é a publicidade - para além do reclame, significa uma maneira de ver o mundo, de marca com valor universal, cultural e económico. São produtos de consumo diário, de prestígio ou de estímulo ao consumo (as viagens). Muitos anúncios são realistas, outros apelam a mundos sociais inexistentes e oníricos. Outros, como o da Amnestia Internacional, revelam um mundo duro, violento e trágico. A publicidade é, como o cinema, campo de muitas perspectivas e com narrativas variadas.
Com a exposição, a publicidade ganha corpo, torna-se menos marginal na programação da televisão. É uma arte a rever, e a estudar. Embora com mais dificuldade que a publicidade impressa, dada a maior inacessibilidade aos arquivos audiovisuais (pelo menos em Portugal).
SOBRE O JORNAL A CAPITAL
O tema de capa do número mais recente da JJ - Jornalismo & Jornalistas é o cartoon de imprensa. Mas retenho o texto de Daniel Ricardo sobre a história do jornal A Capital (1968-2005).
O director e o director-adjunto do Diário de Lisboa e alguns jornalistas haviam saído daquele jornal por discordância com a administração, que pretendia instalar uma máquina offset para impressão do jornal. Norberto Lopes e Mário Neves e os jornalistas que os seguiram acabariam por fundar A Capital, comprando o título à família Covões, proprietária do Coliseu dos Recreios, por um preço simbólico, com a condição de não trairem os valores republicanos. O primeiro número vendeu cem mil exemplares, correndo tudo bem até 1970. Mais jornalistas e máquinas de escrever para a redacção reflectiam o bom momento.
Depois, em 1971, dá-se uma profunda alteração, provocada pela quebra de vendas. Marcelo Caetano, então primeiro-ministro, conversava com um seu parente, administrador do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa: "Toda a imprensa da manhã nos apoia; desgraçadamente, os vespertinos são contra nós. A Capital está numa situação de pré-falência. Peço-lhe que a compre e a faça seguir uma linha editorial semelhante à da Época" [jornal afecto ao partido único, que apoiava Caetano].
Mas a redacção manteve-se unida e não permitiu desvios da linha editorial. Entretanto, a mudança de regime político, em 1974, alterou o rumo do jornal, seguindo o espírito de então. Nos últimos anos de existência, já esta década, o jornal passou por transformações, uma delas a de sair como matutino e como jornal da região de Lisboa. Desde a década de 1980, era visível o esgotamento dos jornais saídos às duas da tarde: a televisão e a mudança de hábitos (residência fora de Lisboa, o que implica um movimento de vaivém diário, com perda de tempos livres). Após o desaparecimento de jornais emblemáticos como Diário de Lisboa e Diário Popular, foi a vez de A Capital.
A Capital ficou como o primeiro jornal a eleger um conselho de redacção, tornando-se espaço de debates sobre a ética da profissão.
terça-feira, 14 de abril de 2009
HISTÓRIA DA CIÊNCIA EM PORTUGAL
O encontro será promovido pela FCT e pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em dois dias (a acordar entre 21 e 24 de Julho) no Centro Científico e Cultural de Macau, à rua da Junqueira, 30, em Lisboa. As inscrições realizam-se através do acesso a FCT ou email para FCT.
SESSÃO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL FILHOS DE LUMIÈRE
TESE DE DOUTORAMENTO DE ARONS DE CARVALHO
Arons de Carvalho é docente daquela universidade, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, autor de livros sobre ética e deontologia do jornalismo, deputado e antigo secretário de Estado da área da comunicação social.
ASSOCIAÇÃO ESPANHOLA DE JORNALISTAS ASSOCIA-SE A CAMPANHA DA FEDERAÇÃO EUROPEIA DE JORNALISTAS
A responsável da European Federation of Journalists, Arne Koening, pediu acções antes que seja tarde de mais, pois o jornalismo é um esteio da democracia europeia, devendo ter mais e melhores apoios que a banca e a indústria automóvel. A FAPE lembra que, entre Junho de 2008 e Abril de 2009, 2221 jornalistas perderam o seu emprego em Espanha devido à recessão.
A HISTÓRIA DO BRASIL SEGUNDO SÉRGIO BUARQUE DA HOLANDA
A Espanha e Portugal são, como a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, p. 31).
Mais à frente, Sérgio Buarque de Holanda afirma a longa e profunda associação à Península Ibérica, em especial a Portugal, uma das principais razões da escrita deste tão importante livro datado de 1936 e revisto em profundidade em 1947.
Antes da redacção do livro, o escritor e professor universitário estivera em Berlim, onde tomou contacto com a sociologia alemã e a epistemologia histórica, com Dilthey e Rickert nomeadamente, onde forjou as raízes de um pensamento moderno, equiparado a outros autores da geração de 30, como Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. Dez anos após Raízes do Brasil, o autor editava Monções, e, no intervalo temporal entre essas obras, exerceu uma enorme actividade de crítico literário e crítico das ideias no Rio de Janeiro e em São Paulo. O interesse do sociólogo transmutava-se em trabalho de historiador.
Obra pequena, de 160 páginas, Raízes do Brasil compõe-se de sete capítulos. Para além do primeiro (Fronteiras da Europa), destaco os capítulos 2 (Trabalho & Aventura) e 4 (O Semeador e o Ladrilhador). O autor divide os povos e os indivíduos em dois tipos, trabalhador e aventureiro, o primeiro aparentado ao holandês e o segundo ao português. Este foi ao Brasil buscar riqueza mas sem muito trabalho, fazendo uma agricultura de pouca profundidade (sem aplicação do arado) (p. 49). O açúcar era um tipo de agricultura adaptado a esse esforço do português. Outra característica do português salientada por Sérgio Buarque de Holanda é a do pouco orgulho em termos de raça, o que significa grande plasticidade social face ao outro (p. 53) - a adaptação ou o desenrascanço, acrescento eu. O autor fala em "suavidade dengosa e açucarada", referindo-se à cultura que deixamos no Brasil, visível na arte e na literatura, em Setecentos e no rococó (p. 61). O grande latifúndio era o centro do poder, face às pouco desenvolvidas cidades (com excepção do Recife, cidade muito colonizada no tempo da ocupação dos holandeses, durante o período filipino).
Mais à frente, Sérgio Buarque de Holanda distingue os portugueses dos espanhóis, exactamente pelo modo como estes últimos constroem as cidades, centralizadas ou centralizadoras, codificadas, uniformizadas, simétricas, com a plaza mayor como espaço de onde emana toda a relação de ordem e força. O autor compara a história estável de Portugal com o país vizinho, ameaçado pela contínua luta de erosão, com catalães, bascos e aragoneses a procurarem sacudir a influência do centro político (p. 116). O português é mais "desleixado", deixa-se ficar no litoral, não penetra no interior. Olhando para a geografia actual, digo eu, os dois países continuam bem distintos: Lisboa fica no litoral, Madrid no centro do país. Mas o semeador vai perder o lugar para o ladrilhador, o latifundiário cede poder ao urbano, mas sem deixar representação política. A sociedade agrária dissolvia-se lentamente no terceiro quartel do século XIX.
As novelas de índole histórica repetem à saciedade o peso do terratenente face ao político da cidade, enovelado em favores e cumplicidades. A história do Brasil repete a de Portugal, mas a posse da terra é distinta. A nossa aldeia não tem equivalente ali, a cultura intensiva e com recurso a mão de obra escrava marcou a história do país do outro lado do Atlântico.
Mensagem dedicada a Fernando O. Paulino, de Brasília, que conhece muito bem a história de Portugal - e me quer "obrigar" a saber igual quantidade sobre o seu país.