domingo, 30 de março de 2014

Censura discográfica (16)

"30.3.1974. Inconveniente para aquisição Grupo Coral e Etnográfico Os Trabalhadores de Ferreira do Alentejo, marca Tagus 40021, na faixa Nós Somos trabalhadores".

sexta-feira, 28 de março de 2014

Censura discográfica (15)

"28.3.1974. Inconveniente a aquisição de disco de Gina Maria (Música Popular Portuguesa), Alvorada LPS 50-70, faixa As Freiras de Santa Clara".

quarta-feira, 26 de março de 2014

Mário Crespo

A sua despedida de coordenador do Jornal das Nove da SIC Notícias foi emocionada. Ele enumerou um elevado conjunto de jornalistas com quem aprendeu e partilhou a profissão. E fez um grande elogio à democracia, quase a comemorar 40 anos em Portugal.

Censura discográfica (13)

"26.3.1974. Por determinação superior, devem ser retirados de programação todos os trechos da autoria de José Afonso, Jorge Letria e Adriano Correia de Oliveira ou por eles interpretados, embora de outros autores. As respetivas gravações devem ser remetidas a arquivo reservado" (assinado).

[anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro, 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro, e 4, 12, 15, 19 e 21 de Março; próxima edição a 27 de Março]

Cultural industries

The Theory of the Cultural Industries: A "Milieu" for Building Dynamic Knowledge, by Eric George (to read more click here): " In this article, I first examine the institutional contexts that have supported the development of research on this theme within French and Québécoise research groups. I then focus on discussions around the very nature of “the cultural industry” as a research object, as well as its unique characteristics. Thirdly, I address another issue of debate among the protagonists of this text, the concept of a “social logic” (or “model”). Finally, I conclude with a few open-ended questions with the goal of deepening research in this domain".

sábado, 22 de março de 2014

O dia em que Paulo Pires e Rui Zink cozinharam cavala

Hoje de manhã, realizou-se um workshop no mercado 31 de Janeiro, cujo objectivo foi cozinhar cavala. O ator Paulo Pires, o escritor e professor universitário Rui Zink e outros cozinheiros estiveram a fritar aquele peixe e a preparar arroz para o acompanhar. A actividade inseriu-se na campanha em curso de dinamização dos mercados da cidade de Lisboa.

A chef Patrícia Borges, da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche), do Politécnico de Leiria, conduziu o workshop e deixou a receita de filetes de cavala, como se mostra abaixo.




Exposição de fotografia de André Cepeda

Inaugurou hoje e vai até 10 de Maio de 2014 a exposição Rien, de André Cepeda. Ela pode ser vista na Cooperativa de Comunicação e Cultura – Centro de Cultura Contemporânea de Torres Vedras, Rua da Cruz nº.9-13, 2560-653 – Torres Vedras. A exposição compõe-se de nove fotografias e pretende dar continuidade ao trabalho iniciado em 26 de Outubro de 2013 no novo edifício câmara escura, e pretende consolidar um projecto de anos ligado as artes plásticas. Horário: segunda a sexta, das 14:30 às 19:30 e sábado das 14:00 às 18:00.

Inércia

"Inércia, a de que falam Galileu e Newton, a que é refutada por físicos da actualidade, a do pensamento filosófico sobre a sociedade contemporânea, a de Fernando Pessoa - essa, sim, a que nos debruça sobre a mecânica do corpo. Não é sobre preguiça, é sobre a textura do conforto, quando é íntimo e se instala, quando se impõe e está do lado de fora da casa. Levar Inércia à cena talvez seja fazer desse conforto um conflito, convocar o pensamento da Ciência e da Filosofia para o confronto através do teatro, entendido como espaço de diálogo, escutas e hipersensibilidade. Inércia podia ser um gesto de pensamento: mas são quatro pernas e duas vozes a dançar" [texto da organização].

Direcção Artística: Ricardo Boléo, Texto: Fernando Pessoa, Apoio à Dramaturgia: Armando Nascimento Rosa, Interpretação: Cátia Terrinca e José Leite, Produção: UmColetivo.

Datas: 9 a 19 de Abril às 21:30. Ribeira – Primeiros Sintomas (Rua da Ribeira Nova, 44, Lisboa, nas traseiras do Mercado da Ribeira, Cais do Sodré). Duração aprox: 50 minutos.

New York

sexta-feira, 21 de março de 2014

Censura discográfica (12)

"21.3.1974. Inconveniente a aquisição de disco ou faixa de padre Zezinho (Canções para Caminhar no Amor; Estou Pensando em Deus)".

Retiro da Wikipedia: "Canções para Caminhar no Amor é um compacto do Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ, o Padre Zezinho. É um dos muitos volumes de compactos feitos pelo Padre Zezinho, SCJ para jovens em processo de formação. Neste compacto, o Padre Zezinho, faz um paralelo entre ser seguidor de Jesus e Fazer sua obra" [imagem retirada de http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/discografia-2].

[anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro, 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro, e 4, 12, 15 e 19 de Março; próxima edição a 26 de Março]

A memória dos media e muita outra informação no número mais recente da revista Jornalismo e Jornalistas

No número mais recente da revista Jornalismo e Jornalistas (nº 56, outubro-dezembro de 2013), a memória dos media ocupa um excelente espaço: histórias de jornalistas, com Urbano Tavares Rodrigues, por Gonçalo Pereira Rosa, Rodrigues Sampaio no lápis de Bordalo Pinheiro, por Álvaro Costa de Matos, e Rádio Clube Português em 1963, por mim próprio. Mas há ainda uma entrevista a Paulo Martins, com uma tese de doutoramento sobre a relação entre direito à informação e direitos da personalidade, publicado em livro, por Carla Martins, a cerimónia da entrega dos Prémios Gazeta 2012, com o (meu) destaque para Germano Silva, Gazeta de Mérito, e entrevista a José António Cerejo, Prémio Gazeta de Imprensa 2012.

O volume pode ser consultado digitalmente em http://www.clubedejornalistas.pt/uploads/JJ56.pdf.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Sobre a cultura pop e a música ié-ié

O livro de Barry Miles (London Calling, 2010) é uma espécie de roteiro histórico dos movimentos culturais londrinos desde o final da II Guerra Mundial. Melhor: situa-nos com mais detalhe no Soho, nas livrarias e galerias, nos clubes, na ligação beat, na Indica Books, nos objetos voadores, no verão do amor (1967 e Sgt. Pepper), na moda, no punk, nos neo-românticos. Na contracapa, Miles escreve sobre a atração magnética londrina em artistas, escritores, músicos e designers da moda. O autor explora a contracultura - criativa, avant-garde, anarquista, mas igualmente os bares de jazz da década de 1950, Francis Bacon, o YBA (Young British Artists). Miles já escreveu muito sobre a cultura pop, incluindo Zappa, McCartney, Kerouac e Ginsberg, entre outros.

Já o livro de Bob Stanley (Yeah, Yeah. The Story of  Modern Pop, 2013) é o roteiro musical desde 1952 até à atualidade. Stanley explica que a pop moderna nasceu naquele ano por três razões: o primeiro single de 45 rpm, o lançamento da revista New Music Express e, a 14 de novembro de 1952, a primeira tabela de discos mais vendidos (chart, depois com a designação americana de hit parade). Um pouco antes, as big bands davam lugar aos cantores solistas, pois estes custavam muito menos dinheiro do que aquelas; os disc jockeys punham a nova música nas rádios, como sucederia com a Radio Luxemburg, que começara ainda em 1934 a emitir programas em inglês.

Do livro de Stanley salto para as páginas 121 e 122, quando ele recorda janeiro de 1964 em Paris. Então, os Beatles chegavam e atuavam com a loura Sylvie Vartan. Instalados no hotel George V, com um piano à sua disposição, os músicos daquela banda compuseram as canções do que seria o álbum A Hard Days Night. De Paris regressaram a Londres, apenas por um dia, e viajavam para Nova Iorque. Aqui, estiveram no programa de Ed Sullivan Show.

Eu li que a audiência calculada nessa noite foi de sete milhões de espectadores, algo nunca atingido por um grupo de músicos. Era Fevereiro de 1964, há cinquenta anos, portanto. Daí, a exposição patente na biblioteca pública Donald & Mary Oenslager Foundation, em Nova Iorque.


Oficina de História e Imagem

Oficina de História e Imagem, 27 de Março de 2014 (quinta-feira), Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Torre A, piso 3, sala 313. Av. Berna, 26-C, Lisboa. 16h-18h

Filmar o país no Verão de 1970: os filmes do arquivo de filme científico de Gottingen. Catarina Alves Costa, comentário de José Neves.

"O arquivo de filmes do Centro de Estudos de Etnologia constitui-se como um conjunto de registos visuais que acompanhavam de modo não sistemático e aleatório incursões ao terreno, pesquisas comparativas e extensas, ou recolhas de objetos feitas pelos etnólogos. No entanto, o conjunto de filmes feitos em colaboração com os alemães que vieram, em missão de urgência, filmar o país no Verão de 1970, apesar de refletirem as mesmas temáticas e a mesma abordagem, seriam rodados numa campanha intensiva, organizada previamente. Em vinte dias, durante o Verão de 1970, Benjamim Pereira e Ernesto Veiga Oliveira organizaram e acompanharam intensamente a rodagem de 14 documentários - em película de cor e som síncrono - que decorreram em Trás-os-Montes, do Barroso à Serra Minhota, no Litoral, Beira e Alentejo" [texto da organização].

Organização: Oficina de História e Imagem/Instituto de História Contemporânea (Grupo de investigação "Cultura, identidades e poder"). Contacto: oficinahistoriaeimagem@gmail.com.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Censura discográfica (11)

"19.3.1974. Inconveniente a aquisição de disco ou faixa: Vieira da Silva (Canção para um Povo Triste), maranus RREP0059. Idem para Fernando Lopes Graça e Arminda Correia (Fernando Lopes Graça, trecho O Menino de sua Mãe), Decca 740502".

terça-feira, 18 de março de 2014

III Congress of History and Sport

May 29 and 30, 2014. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. New University of Lisbon Lisbon, Portugal

Call for papers Organization: Group for History and Sport, from the Instituto de História Contemporânea (IHC) of Universidade Nova de Lisboa and Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX of Universidade de Coimbra – CEIS20.

International Congress with papers accepted in Portuguese, English and Spanish. Proposal submissions until April 28, 2014 to: historia.desporto@gmail.com

Proposals: title, abstract (500 words), 3 key-words and curriculum (200 words)

Goals: The Portuguese Group for History and Sport (GHD) gathers researchers from several institutions, with the main goal of promoting cooperation, research and studies in the field of sport history. The GHD also organizes events for History and Sport at the national and international levels. Also organizes an annual congress, whose goal is the discussion and the production of knowledge in the various aspects of the intersection of history and sport. The theme for the 2014 congress is Sport and War

Subject: In 2014 is the centenary of the Great War (1914-1918), a moment of rupture in the contemporary history of Portugal, Europe and the World. For that reason, the III Congress of History and Sport will be dedicated to Sport and War, in different perspectives, including social, economic, political, religious, media, culture, ethics, cultural, artistic, structural and others.

Call for papers: We seek abstracts of no more than 500 words from persons interested in participating in the II Congress of History and Sport. Please include three key words related to your proposed paper, a brief curriculum vita, academic affiliation and contact information (including email and telephone). Papers can be presented in Portuguese, English and Spanish. Proposals should be submitted via email to: historia.desporto@gmail.com

Important dates: April 28 – Closing deadline for proposals May 2 – Notification of abstract acceptance May 10 – Final program announced

Fees: Until May 25: 25 euros and 10 euros (students). After May 25: 35 euros and 20 euros (students)

 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Gauguin e Futurismo italiano

Paul Gauguin e o Futurismo italiano, duas expressões da cultura europeia. Aquele no MoMA, este no Guggenheim.



Motown

Berry Gordon Jr. nasceu em novembro de 1929 em Detroit, Estados Unidos. Antes de possuir a sua empresa de discos, trabalhou numa linha de montagem de automóveis Ford e Lincoln-Mercury e praticou boxe. A sua vida musical começou ao lado do seu amigo William "Smokey" Robinson. Em 1959, a família de Gordon emprestou-lhe 800 dólares para arrancar com a maior empresa africano-americana do mundo - a Motown Record. Gordy era um escritor de canções talentoso e um homem vocacionado para os negócios, juntando à sua volta autores de canções, músicos e cantores que tornaram o som da Motown inesquecível. A Motown trouxe ao mundo nomes como Mary Wells, os Contours, os Miracles. No sul dos Estados Unidos, a Motown levou à aceitação de uma nova música, acabando com estereótipos antigos. A editora tornou-se ainda mais conhecida e prestigiada quando gravou os discursos do dr. Martin Luther King Jr.

Temptations, Smokey Robinson, The Supremes, Marvin Gaye, Marvelettes e Stevie Wonder são outros nomes que eu recordei com emoção ao ver a exposição sobre a Motown no Schomburg Center for Research in Black Culture, igualmente uma biblioteca pública, no Harlem. E, da exposição, eu retive um magnífico vestido usado por Diane Ross, das Supreme.

 

domingo, 16 de março de 2014

Os media hoje

John Spinda, a propósito dos 25 anos do livro Media, Sports, and Society, identificou um avanço na relação entre estes diversos elementos na atualidade. Por exemplo, há muitos media internos dedicados às equipas, uma cobertura mais especializada e orientada para nichos e uma maior conglomerização dos media. A múltiplos canais em diversos media, como o crescimento de fãs produtores de conteúdo como blogues, Spinda chamou a atenção para a alteração do conceito de jornalista nos novos media. Além disso, os media estão diferentes face à época, como o noticiário contínuo 24 horas por dia e a especialização da cobertura com múltiplas câmaras nos estádios e pavilhões. Finalmente, Spinda elencou as novas oportunidades para os jogadores, por exemplo, com histórias pessoais orientadas para audiências específicas.

sábado, 15 de março de 2014

Sobre os 25 anos de edição de uma investigação em media e desporto

O tema da mesa redonda era a comemoração dos 25 anos de edição de Media, Sports, and Society, livro organizado por Lawrence Wenner [na imagem]. Então, era um tempo ainda de investigação em comunicação de massa e não em estudos dos media. Era ainda um tempo em que a televisão moldava a transmissão desportiva, no caso americano o baseball. Tal foi o motivo de partida da comunicação de Robert Bellamy, num tempo em que o gravador de vídeo não estava massificado e o controlo remoto era um meio de "saltar" a publicidade. Robert Krizek falaria com nostalgia do tempo da publicação do livro. Hoje, a investigação segue outros percursos, a partir do Google. Os estudantes já não conhecem a máquina de escrever e os Lovin' Spoonful, por exemplo. Sem mágoa, Walter Gantz referiu a importância do livro, dado conjugar sociologia e psicologia do desporto, audiências e estudos de fãs. Marie Hardin, vinda dos cultural studies ingleses (Manchester) recordaria o livro como aberto a experiências de outros países, pois os textos organizados por Wenner parecem aplicar-se à realidade de outros países.


Media e desporto

Encontra-se a decorrer a sétima cimeira em comunicação e desporto promovida pela IACS (International Association for Communication), apoiada pelo Marist College Center for Sports Communication, em Nova Iorque.

De uma das comunicações (Merryn Sherwood) sobre o perfil do diretor de comunicação desportivo, retirei algumas ideias interessantes: 1) crescimento dos profissionais de media e relações públicas desportivos, 2) frequência universitária (85% no caso do país estudado: Austrália), 34 anos de média de idade dos diretores de comunicação desportivos, especialização em comunicação e jornalismo, 3) título do emprego (relações com os media, relações públicas, escritor e editor, comunicação corporativa estratégica, produtor de conteúdos), 4) competências exigidas a nível pessoal (capacidade de atuar sob pressão, gestão do tempo, flexibilidade, ética forte) e a nível técnico (comunicação, escrita, papel de entendimento de situações, conhecimento desportivo).

De uma das outras comunicações que registei, de Lothar Mikos e Hans-Jorger Stiehler, retirei a importância dos direitos de licenciamento das transmissões, que chegam aos 628 milhões de euros na presente temporada do futebol na Bundesliga alemã. Os autores identificaram cinco plataformas (televisão a pagamento, televisão de acesso livre, rádio e internet, online e móvel. O futebol é a principal modalidade transmitida na televisão, com uma média de 185 minutos de cobertura para noventa minutos de jogo. Como conclusões, os dois autores alemães identificaram a comercialização do desporto mediatizado, um aumento de histórias pessoais e uma maior entronização dos fãs com ênfase na sua emoção.


Um sumário da minha comunicação pode ser visto abaixo:

Censura discográfica (10)

"15.3.1974. Inconveniente adquirir ou transmitir António Calvário (Vou ao Norte, de José Eduardo Pereira)", Imavox IM 20031F. [anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro, 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro, e 4 e 12 de Março; próxima edição a 19 de Março]

Lincoln Center

O palco onde atuou a Maria Schneider Orchestra, no Lincoln Center, na rua 60, com vista para o Central Park. Dezoito músicos em concerto fabuloso.


A orquestra de Schneider fez-me lembrar a portuguesa de Fernando de Carvalho, que eu nunca ouvi mas que a minha investigação sobre a rádio portuguesa da década de 1940 me deu a conhecer. Ele estruturaria a sua orquestra com dezasseis elementos, menos dois que a da compositora americana; esta introduziu na estrutura clássica uma guitarra elétrica e um acordeão, que proporciona um som de fusão que as orquestras americanas e a de Fernando de Carvalho de há setenta anos não possuíam.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Fotografia e graffiti

Charles Marville (1813–1879) foi o fotógrafo oficial da cidade de Paris. Por isso, testemunhou a abertura dos grandes boulevards da cidade e a construção de grandes estruturas públicas do tempo do Baron Georges-Eugène Haussmann, feitas para o imperador Napoleão III (Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque).



City as Canvas. Graffiti Art from the Martin Wong Collection é uma exposição patente no Museu da Cidade de Nova Iorque. Martin Wong (1946–1999) foi um pintor americano do final do século XX que acompanhou, colecionou e viu o graffiti como arte.

J., um português nos Estados Unidos

J. nasceu em 1957 na região da Guarda. Com 22 anos foi trabalhar para os Estados Unidos para Elizabeth, perto de Newark, New Jersey. A mulher já lá estava. Os seus dois filhos nasceram naquele país. Têm hoje 30 e 32 anos.


Contou-me quase toda a vida. Tem duas irmãs, uma delas foi trabalhar para França e já está reformada. Na visita de três semanas que fez a Portugal, arrendou (a partir do inglês to rent) um carro, esteve na sua casa da Guarda, visitou a mãe de 99 anos que está num lar naquela cidade e levou uma das irmãs a ver a filha (sobrinha dele) que trabalha em Elvas.

J. trabalha na construção. Tem emprego de Março a Novembro. Depois, fica desempregado. Na zona de Elizabeth, há alguns clubes portugueses onde se jogam as cartas e se vê a televisão. Disse-me ir ver o jogo do Benfica, que se efetua hoje, à hora que eu escrevo, através do canal do clube de Lisboa que ele paga no cabo.

Ele disse-me que não sabe inglês, apesar de viver nos Estados Unidos há 34 anos. Ou seja, vive fechado na sua comunidade de falantes de português. E sobre Portugal, quando lhe fiz uma pergunta sobre a realidade atual, disse-me não estar interessado - "não seguir", segundo as suas palavras.

Soube de tudo, porque íamos conversando enquanto víamos o filme o filme A Rapariga que Roubava Livros nos nossos ecrãs.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Censura discográfica (9)

"12.3.1974.  Inconveniente adquirir ou transmitir Green Windows (Doce e Fácil Reino do Blá-Blá-Blá, de José Cid), Mário Viegas (Palavras Ditas), Daniel Filipe e Mário Viegas (A Invenção do Amor e Outros Poemas de Daniel Filipe) José Jorge Letria (José Jorge Letria, De Viva Voz), da Guilda da Música, e José Jorge Letria e Carlos Moniz (3 Novas e 3 Velhas), de ZIP-ZIP".

De José Cid, escutar https://www.youtube.com/watch?v=Dwpa1uccn0A. No disco 3 Novas e 3 Velhas (composição de José Jorge Letria e Carlos Alberto Moniz) incluíam-se ainda As Noivas de Bilros (José Afonso), Romance Feudal (José Jorge Letria) e Sete Fadas (António Quadros e José Afonso).

 
[anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro, 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro, e 4 de Março; próxima edição a 15 de Março]

sábado, 8 de março de 2014

O dia triunfal de Fernando Pessoa

"Num dia em que finalmente desistira - foi em 8 de Março de 1914 - acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tal poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida" (carta a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935).

Numa organização da Fundação Aristides de Sousa Mendes, foi hoje proposta uma viagem às casas em que Fernando Pessoa viveu na freguesia de Arroios, aqui em Lisboa. José Manuel Cymbron foi o guia e José Fanha leu poemas de Pessoa nos jardins de Cesário Verde e do Constantino. Também foram lidos poemas de Fernando Pessoa na livraria Assírio & Alvim e na Escola de Passos Manuel, na rua de Passos Manuel, 24, onde o poeta viveu com a sua tia Anica entre 1912 e 1914.



A aproveitar a visita, dei uma volta a parte significativa da freguesia de Arroios,que se pode ver abaixo, à procura de roteiros culturais, como ficou demonstrado o interesse durante a manhã.



quinta-feira, 6 de março de 2014

O regresso de Moniz à TVI

José Eduardo Moniz voltou à TVI, quatro anos e meio depois de ter deixado o canal de televisão onde foi director-geral. A nova função é a consultoria na área da produção de ficção para todo o grupo Media Capital, trabalho que ele sabe fazer bem. O portefólio do grupo, para além da TVI, engloba a TVI Ficção, a +TVI nas plataformas de televisão paga e a produtora Plural.

Exposição no Museu Nacional de Arte Contemporânea

Guedes de Dion

Manuel Eduardo José Guedes Coelho Moreno Dion nasceu em Abril de 1922 em Lisboa. Adoptou o nome profissional de Guedes de Dion. Em 1950, publicou um livro intitulado Pedras de Fogo e Cinza, um interessante conjunto de contos que eu, na sua leitura, procurei desconstruir. O meu objectivo era compreender como se vivia em Lisboa naquela época.

São onze contos. O primeiro chama-se "Reportagem na Europa" e conta a história de um jornalista que viaja de navio dos Estados Unidos para a Europa e que lhe é dado conhecer um passageiro que procura encontrar a sua mulher em Espanha, que o havia abandonado e fugido com outro homem. "Carta para Lisboa", a segunda história, descreve a presença de um caixeiro-viajante no Alentejo e o seu conhecimento de uma família em cuja casa pernoita nesse dia e recebe o pedido da jovem adulta desse lar para ser portador de uma carta para o seu marido, então a trabalhar em Lisboa. O penúltimo conto, "Madrugada no casino", narra a história de um homem que, todas as noites, joga e perde muito dinheiro no casino e paga refeições a um número crescente de "amigos". As mulheres também o rodeiam. No final, o "engenheiro", como gostava que o tratassem, saiu do casino, acompanhado de dois polícias. Era, afinal, um burlão. Uma das histórias mais marcantes do livro é a que dá pelo título "O telefone tocou às 5", em que duas mulheres conversam, ou melhor, criticam a pequena alta sociedade em que se inserem. O conto é um retrato da frivolidade de uma camada social da Lisboa de 1950.

Mas o que me levou a escrever sobre o livro de um autor esquecido é o seu último conto: "Noticiário das Dez". O autor narra a história de Jorge, seu velho camarada da escola básica e do reencontro entre ambos quinze anos depois, já homens feitos e com uma história de vida completa. Jorge gastara mal muito dinheiro do seu pai, que o expulsou de casa e, com isso, o obrigou a uma árdua vida de trabalho. Empregado de mesa num paquete, quando regressou a Lisboa, procurou um novo emprego. Como que por milagre apareceu-lhe um lugar na secretaria de uma estação de rádio. Vencimento mensal: novecentos e cinquenta escudos. Rapidamente, as suas qualidades vieram ao de cima e concorreu e obteve um lugar de locutor na mesma estação. A prova de acesso ao lugar consistia em ler um texto em português, em francês e em inglês. Empregado de mesa habituado a servir gente de muitos países, as provas sairam-lhe muito bem. Pouco tempo depois, subia mais um degrau na responsabilidade da estação de rádio, em especial os serviços de exterior. No ano de 1945, um dos acontecimentos internos mais importantes seria uma cheia no Ribatejo, o que o obrigou a deslocar-se à lezíria para fazer a reportagem. Chegado à estação, todo molhado e sem ter jantado, ele ia ler o noticiário das dez, mas o director dispensou-o, passando o serviço a outro colega. Na viagem de táxi de regresso a casa, ele ouvia, pela voz do seu colega, que o seu pai, então administrador-geral do Banco Imperial, falecera. Desde que começara a trabalhar na rádio, ele quisera fazer as pazes e pedir desculpa ao pai, mas não conseguira. Agora, ia fazer-lhe a última despedida.

 

Guedes de Dion, com esta história, que pode ser lida no slideshare acima, mostra como funcionaria uma redacção de rádio, assente em serviço de notícias e reportagens. Guedes de Dion seria, naquela época, produtor radiofónico. Há um som de reportagem sua que pode ser ouvido aqui.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Letras & Rádio


"Hei-de correr por todos esses campos, como se fosse rapariguita, e roubar fruta em todas as herdades. Hei-de colher flores aos braçados e levá-las ao Senhor Padre António para o altar do Santíssimo. Senhor! Há lá nada mais bonito do que os campos pela Primavera! Hei-de também levar os filhos da Engrácia à Fonte Nova, para comermos amoras e trazer para casa uns dois ou três cabazitos bem cheios. Farei doce e com a amora mais graúda encherei uns cestos maneirinhos para ofertar a quem se deva algum favor" (p. 131).

"Numa Primavera de luz suave, o mundo não esperou mais, porque ela tinha dezanove anos, um olhar assustado, um corpo irrequieto, e havia a força estranha das coisas desconhecidas a abrir caminho, o caminho mais ou menos tortuoso de cada um" (p. 59).

"Conheci-o num garden-party de Edith Grey, como afinal o podia ter conhecido à beira-rio, junto daqueles pequenos vendedores ambulantes, num antiquário da Rua de S. Bento, ou em qualquer teatro de revista. Mas isto só o compreendi mais tarde, e ainda mais tarde o ousei confessar" (p. 42).

"Corro e a minha saia tem cintilações vistosas. Ele segura-me pela cintura e rimos. À nossa esquerda, uma alegre barraca pintada de verde com uma grande árvore fazendo sombra às pequenas mesas de madeira tosca. Sentamo-nos. Ah! Cerveja fresquinha! Que bom! E farturas acabadas de fazer, com muito açúcar e canela" (p. 33).

"O claxon voltou a tocar. Peguei então na bolsa que estava sobre o leito e lancei em redor um olhar cansado. Não poderia abandonar todas aquelas coisas em que vivera durante alguns anos sem mágoa. O nosso quarto!... A nossa casa!... Os nossos filhos!... Abandonar!... Não há palavras que exprimam certos estados de alma. Há apenas estados de alma que a alguns é dado suportar... Ele foi o homem que casou comigo. E, como tal, deu-me uma casa, dois filhos, um automóvel, criadas, algumas viagens... enfim, o que todos os maridos dão ou procuram dar às mulheres. Mas, em troca, eu não sei o que lhe dei" (p. 95).

"De súbito, julgo que vou rir também, que sou capaz de trautear uma canção em voga, que sou capaz de desnudar os ombros, de conquistar os homens, de arrebatar a Primavera e de me encontrar outra num sítio diferente. Ali, naqueles cabarets, há muitas que passaram a ser outras... E eu sinto o Destino quebrar-se em mim, na síncope do meu coração desnorteado. Mas avanço exaltada pela mesma insatisfação que me deslumbra! Uma porta abre-se e batem-me no rosto as notas vibrantes de uma melodia e o cheiro acre de tabaco e de gente. O fumo envolve-me. Um calor imenso inunda-me a fronte. E assalta-me uma necessidade inadiável de beber. Vou entrar, vou beber, vou rir e chorar e ser para todo o sempre a sombra de mim própria. Um homem passa e dá-me um encontrão. Ao fundo, uma mulher pintada chama-o. Fujo" (pp. 166-167).

Maria Irene Dionísio publicou Adeus, Amigo!... em 1960, resultado de prémio atribuído pelo Secretariado Nacional de Informação (SNI), então liderado por César Moreira Baptista. António Quadros, no prefácio, dá indicações preciosas sobre o livro de contos: "Dir-se-á que as qualidades de Maria Irene Dionísio ainda não amadureceram por completo; que, atraída pela sua grande facilidade. deixa às vezes resvalar a sua linguagem para o lugar comum; que os contos podiam ser mais seleccionados pois nem todos possuem a mesma altura".

Da autora, não conheço mais nenhuma obra. Esta é certamente de juventude. Nem sei bem o seu percurso pelo teatro e pelo teatro radiofónico. Na fotografia, Maria Irene Dionísio contracena com Manuel Lereno, uma representação evocativa do quinto centenário do nascimento da rainha D. Leonor na Emissora Nacional, ao lado de actores conhecidos como Carmen Dolores, Jaime Santos, Álvaro Benamor, Luís Filipe, Isabel Wolmar, João Perry, Júlia Santos, Luís Santos, Varela Silva, António Sarmento, Odete André e Mário Sargedas (Flama, 16 de Maio de 1958).

terça-feira, 4 de março de 2014

Television News Channels

"Looking at the markets for news, the channels available and the importance of news programmes in 38 countries, this report highlights several interesting trends regarding the access to, and use of news for European citizens, both EU members and prospective EU members. Receiving news from a variety of reliable sources is fundamental to the process of information-gathering, decision-making and opinion forming of European citizens. Pan-European and International news channels are expected to provide an international focus on news, to present more news about the rest of the world and to mirror the globalisation of business and international co-operation. In particular, channels such as Euronews aim to cover world news from a pan-European perspective, and also reflect the integration of governance and economics at the EU level. Without doubt, the most important international news channels in terms of distribution and presence throughout Europe are CNN International, BBC World News, RT (Russia Today), Al Jazeera (English) and Euronews (English). These are followed by France 24 in English and Deutsche Welle (see Part I)" (source: Television News Channels in Europe, October 2013).

 

Censura discográfica (8)

"4.3.1974. Inconveniente adquirir ou transmitir Daniel Filipe e Mário Viegas (A Invenção do Amor e Outros Poemas de Daniel Filipe) (Orfeu-Stat 016)". Poesias publicadas em 1972 pela editora Presença.

Daniel Filipe (1925-1964), natural de Cabo Verde, foi poeta e jornalista, colaborador das revistas Seara Nova e Távola Redonda, entre outras publicações literárias. Mário Viegas (1948-1996) foi actor, encenador e recitador português. Foi como aluno da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que começou a interessar-se pelo teatro.

"Em todas as esquinas da cidade / nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros / mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e / detergentes / na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém / no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa / esperança de fuga / um cartaz denuncia o nosso amor".


Mais informações sobre o disco em http://guedelhudos.blogspot.pt/2008/04/orfeu-stat-016-muitos-discos-rodaram-na.html.

[anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro e 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro; próxima edição a 12 de Março]

segunda-feira, 3 de março de 2014

Quebra da venda de livros

"A venda de livros em Portugal sofreu uma quebra de 4,6% face ao exercício anterior, o que representa uma facturação de 310 milhões de euros em 2013, segundo o estudo Sectores Portugal, publicado pela DBK, da Informa D&B" (Público online). Lê-se, depois: "a produção no mercado editorial registou uma descida de 4,7%, para 324 milhões de euros, acompanhando a «tendência de redução do número de editoras», que engloba actualmente cerca de 460 empresas e «emprega hoje 2600 trabalhadores»".

domingo, 2 de março de 2014

Resnais

"O realizador de Hiroshima Meu Amor e É Sempre a Mesma Cantiga morreu na noite de sábado em Paris. Quase um século de cinema à aventura", escreveu Jorge Mourinha no Público online. No meio das notícias da ameaça do início de uma guerra na Crimeia, quase não apetece recordar Alain Resnais. Mas ele fica na nossa memória. E o seu modo de fazer cinema lembra-me o nosso Oliveira.

A posição de Justin O'Connor

Justin O'Connor escreveu no The Conversation (27.2.2014) que um relatório publicado a semana passada pelo Creative Industries Innovation Centre concluiu que 43% da força de trabalho criativa pertence a indústrias não criativas como fábircas, serviços financeiros e saúde. Para um dos mais sérios autores de indústrias criativas, isto quer dizer que a agenda das indústrias criativas está fora de rumo.


[a partir de https://www.flickr.com/photos/frauleinschiller/]

Dias antes, Roy Green e Lisa Colley, em We can rebalance Australia’s economy with creative industries, escreviam que o termo indústria criativa implica a existência de indústrias não criativas, o que não resolve a questão, conclui O'Connor.

Embora não com estes dados mas com uma visão próxima, eu defendi na quinta-feira no Porto, em seminário, igual posição, alertando para o perigo da instrumentalização do conceito nas cidades nacionais, que acreditaram na performatividade do conceito indústrias criativas.

sábado, 1 de março de 2014

Como Queiram

Não vira no teatro de S. Luís, Como Queiram, de William Shakespeare (1599 ou 1600), encenado por Beatriz Batarda. Por uma grande sorte, apareceram os bilhetes que queríamos no teatro Carlos Alberto. Foi um consolo para o espírito estar naquela sala. Há um centro, Rosalinda (interpretada por Carla Maciel), mas outros centros luzem no palco: Orlando (Nuno Lopes) e Tocaspartes (Luísa Cruz), um bobo da corte que irradia ironia e alegria.

Como comédia, a peça acabaria por um conjunto de casamentos. O tradutor da peça, Daniel Jonas entende que isso parece apressar o final da peça, pois algumas narrativas pessoais ainda não tinham sido resolvidas. Na realidade, o pai de Rosalinda, que obrigara ao exílio o pai de Célia (Sara Carinhas) e esta, o que levou a prima Rosalinda também a refugiar-se na floresta, aceita a nova situação sem se entender a razão da sua mudança profunda de opinião. Mas a peça dura cerca de três horas! E, no final da representação, é visível o cansaço dos artistas. A felicidade destes é verem uma plateia cheia, jovem e entusiasta.

Vénus de Vison

Ana Guiomar (no papel de Vanda) e Pedro Laginha (como Tomás) são os intérpretes de Vénus de Vison, de David Ives, numa versão de Marta Dias para o Teatro Aberto. Vanda aparece a uma audição para um papel de actriz, quando Tomás já se preparava para ir embora, depois de um dia em que muitas candidatas apareceram para o papel mas nenhuma agradou.

Vanda é diferente, pois consegue convencê-lo a apresentar as suas qualidades. Aliás, Vanda chegou muito atrasada à audição. Ela aparenta ser ignorante, distante, mas traz adereços e conhece muito bem o papel a ensaiar, além de saber a vida pessoal do encenador/dramaturgo. E aconselha-o a ser actor da sua própria peça, dominando a relação, que lhe era desfavorável de início.

O texto de Ives é sobre o masoquismo e o sado-masoquismo, o prazer obtido através da tortura. A parte final da peça tem uma enorme violência visual. Confesso que o tema não me agrada muito, pelo que saí desapontado, apesar de reconhecer a grande qualidade do texto e da representação, em especial de Ana Guiomar, que já vira em peça anterior do Teatro Aberto e que sublinhara a sua generosidade e envolvimento na personagem (Há Muitas Razões para uma Pessoa Querer Ser Bonita, Janeiro de 2013). Talvez porque esperasse um maior engajamento da companhia, depois da leitura dramática do texto de João Lourenço na estreia da peça O Preço, de Arthur Miller (29 de Junho de 2013).

4 Ad Hoc

Eugène Labiche(1815-1888) , comentador irónico da ascensão da burguesia, escreveu muitas peças de um só acto. A Cornucópia reuniu várias das suas comédias a que deu o nome de 4 Ad Hoc, em representação em Novembro e Dezembro de 2013. Fora da linha mais séria da companhia, a divertida representação levou o espectador a reflectir e a escrever já com algum tempo de atraso.

O teatro na época de Labiche era colaborativo, pelo que as peças atribuídas ao autor foram, na realidade, escritas por diversas mãos. Na altura, Paris dava o tom do espectáculo e os costureiros marcavam a moda.

Na representação apresentada, as peças escolhidas seriam A Escolha de um Genro, Dois Refinados Malandros, A Viagem, A Dama com as Pernas Cor de Mar. No caso da primeira, o futuro sogro procura conhecer o futuro genro, oferecendo-se para trabalhar com este, mas sem este o reconhecer. O crescendo de equívocos resulta bem. Já no caso da Viagem, os recém-casados chegam a um hotel que não oferece as mínimas condições, a começar pelo criado mal educado e preconceituoso. De novo, os equívocos sucedem-se. Dinarte Branco, Dinis Gomes, José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto, Luís Miguel Cintra (que também encenou), Manuel Romano, Ricardo Aibéo e Sofia Marques interpretaram e Nuno Lopes tocou ao piano.

A ascensão de uma marca


Recentemente, fui surpreendido pelo desaparecimento da marca TMN, os telemóveis da PT, e sua substituição pela marca Meo, que até então era a marca da televisão por cabo da PT. Quem acompanha os negócios diz que isso era inevitável: a lógica do mercado caminhar para marcas de telecomunicações de oferta integrada (Expresso, 1 de Fevereiro de 2014). Mas nem sempre foi assim. Por outro lado, a fusão da Zon e da Optimus pode criar uma nova marca, li na mesma notícia. Estaremos todos atentos a mais esta evolução. Eu retiro uma ilação: a marca é mortal mesmo quando líder, caso da TMN. Novos conceitos e novas tendências surgem - no caso, o telemóvel já não serve apenas para telefonar de um ponto móvel, mas é o ponto de encontro para ouvir música, fotografar e aceder a dados e imagens, o grande negócio hoje.

Televisão e internet

Um estudo recente sobre o consumo dos media no Reino Unido em 2013 indica que o tempo médio de visualização de televisão no computador, tablet e smartphone foi de 3,5 minutos por dia, enquanto a visualização na própria televisão foi de 3 horas e 55 minutos (fonte: Expresso, 22 de Fevereiro de 2014). Isto significa que a anunciada viragem no consumo dos media através dos novos suportes ainda não se concretizou.